O Álcool no Organismo - Parte 4

alcool topo 4Como o corpo responde ao álcool - O álcool age primeiro nas células nervosas dentro do cérebro. O álcool interfere na comunicação entre as células nervosas e outras células, impedindo as atividades das vias nervosas excitantes e aumentando as atividades das vias nervosas inibidoras. Por exemplo, o Centro Médico da Universidade de Chicago: Ações do Álcool e Anestesia (site em inglês) fala sobre a habilidade do álcool (e dos anestésicos inaláveis) de intensificar os efeitos do neurotransmissor GABA, que é um inibidor. Intensificar um inibidor teria o efeito de fazer as coisas lentamente, o que combina com o comportamento que você vê em uma pessoa bêbada. A glutamina é um neurotransmissor excitativo enfraquecido pelo álcool. Fazendo que esse neurotransmissor excitativo fique menos eficaz, você também consegue lentidão. O álcool faz isso interagindo com os receptores nas células receptoras nessas vias.

O álcool afeta vários centros no cérebro, tanto de baixa como de alta ordem. Os centros não são igualmente afetados pela mesma CAS: os centros de ordem mais alta são mais sensíveis que os de baixa ordem. Enquanto a CAS aumenta, mais e mais centros do cérebro são afetados.

A ordem na qual o cérebro afeta os vários centros cerebrais é a seguinte:

córtex cerebral
sistema límbico
cerebelo
hipotálamo e glândula pituitária
medula (haste do cérebro)


Como os nervos falam


As células nervosas falam entre si e com outras células (como músculos ou células de glândulas) enviando mensagens químicas. Essas mensagens são chamadas neurotransmissores.

Um sinal elétrico viaja pela célula do nervo, causando a liberação do neurotransmissor em um pequeno espaço entre as células chamado de sinapse. O neurotransmissor viaja pelo espaço, ligando uma proteína à membrana da célula receptora chamada de receptor e causando uma mudança (elétrica, química ou mecânica) na célula receptora. O neurotransmissor e o receptor são específicos para cada um, como fechadura e chave. Os neurotransmissores tanto podem excitar a célula receptora, causando uma resposta, ou inibir a célula receptora do estímulo.

Tempos altos

Córtex cerebral

O córtex cerebral é a parte externa do cérebro. O córtex processa a informação de seus sentidos, faz o processamento de seu "pensamento" e consciência em conjunto com uma estrutura chamada núcleos (gânglios) basais, inicia a maioria dos movimentos voluntários dos músculos e influencia os centros de baixa ordem do cérebro. No córtex, o álcool faz o seguinte:

enfraquece os centros inibidores de comportamento - a pessoa se torna mais falante, mais autoconfiante e menos inibida socialmente;

o processo de informação dos sentidos fica mais lento - a pessoa tem problemas com a visão, audição, olfato, tato e paladar; além disso, o limite da dor é elevado;

inibe os processos de pensamento - a pessoa não usa o bom senso ou pensa claramente.

Esses efeitos ficam cada vez mais evidentes à medida que a CAS aumenta.

Sistema límbico

O sistema límbico consiste em áreas do cérebro chamadas hipocampo e área septal. O sistema límbico controla as emoções e a memória. Como o álcool afeta esse sistema, a pessoa está sujeita a exagerar nos estados de emoção (raiva, agressividade, retraimento) e perda de memória.

Ato de equilíbrio

Cerebelo

O cerebelo coordena o movimento dos músculos. Os impulsos do cérebro que começam com os movimentos musculares são originados nos centros motores do córtex cerebral e viajam através da medula e do cordão espinhal para os músculos. Enquanto os sinais nervosos passam pela medula, são influenciados pelos impulsos nervosos do cerebelo. O cerebelo controla os movimentos finos. Por exemplo, você pode tocar normalmente seu nariz com seu dedo em um movimento suave com seus olhos fechados; se seu cerebelo não estiver funcionando, o movimento seria extremamente trêmulo ou espasmódico. Como o álcool afeta o cerebelo, os movimentos musculares se tornam descoordenados.

O cérebro também coordena o movimento muscular frio envolvido na manutenção de seu equilíbrio. Então, como o álcool afeta o cerebelo, uma pessoa perde o equilíbrio com freqüência. Nesse estágio, essa pessoa pode ser descrita como "caindo de bêbada".


O porteiro sabe

Hipotálamo e glândula pituitária

O hipotálamo é uma área do cérebro que controla e influencia muitas outras funções automáticas do cérebro por meio de ações na medula, e coordena muitas funções químicas e endócrinas (secreções sexuais, tiróide e hormônios do crescimento) por meio de substâncias químicas e impulsos nervosos na glândula pituitária. O álcool tem dois efeitos visíveis no hipotálamo e na glândula pituitária, que influenciam o comportamento sexual e a excreção urinária.

O álcool enfraquece os centros nervosos no hipotálamo que controlam a excitação e o desempenho sexual. À medida que a CAS aumenta, o comportamento sexual aumenta, mas o desempenho sexual diminui. Essa observação foi feita há muito tempo e é mencionada por William Shakespeare em "Macbeth" (Ato 2 cena 3):

Macduff: Quais são as três coisas que a bebida provoca especialmente?

Porteiro: Ora, senhor, nariz vermelho, sono e urina. A lascívia, senhor, ela provoca e deixa sem efeito; provoca o desejo, mas impede a execução...

O porteiro, no trecho acima, também nota o efeito do álcool na excreção urinária. O álcool inibe a secreção pituitária do hormônio antidiurético (HAD), que age nos rins para reabsorver a água. O álcool age no hipotálamo/pituitária para reduzir os níveis de circulação de HAD. Quando os níveis de HAD caem, os rins não reabsorvem tanta água; conseqüentemente, os rins produzem mais urina.


Aviso: perigo à frente

Medula

A medula, ou a haste do cérebro, controla ou influencia todas as funções do corpo nas quais você não tem que pensar, como respiração, batimentos cardíacos, temperatura e consciência. À medida que o álcool começa a influenciar os centros superiores na medula, como a formação reticular, a pessoa começa a ficar sonolenta e pode eventualmente se tornar inconsciente à medida que a CAS aumenta. Se a CAS fica alta o suficiente para influenciar os centros da respiração, os batimentos cardíacos e a temperatura, a pessoa respira lentamente ou pára de respirar completamente, e tanto a pressão sangüínea como a temperatura do corpo cairão. Essas condições podem ser fatais.

Para mais informações sobre as partes do cérebro e suas funções, veja Como funciona o cérebro.

Efeitos do álcool em outros sistemas do corpo

Além do cérebro, o álcool pode afetar outros tecidos do corpo. Há os seguintes efeitos em outros sistemas do corpo:

irrita a parte interna do estômago e intestino - isso pode provocar vômito;

aumenta o fluxo sangüíneo do estômago e dos intestinos - isso aumenta as secreções desses órgãos, mais visivelmente da secreção ácida do estômago;

aumenta o fluxo sangüíneo da pele - isso faz com que a pessoa sue e fique corada. O suor faz com que o calor do corpo seja perdido, e a temperatura do corpo pode cair abaixo do normal;

reduz o fluxo sangüíneo dos músculos - isso pode causar dores musculares, na maioria sentidas quando a pessoa se recupera do álcool (a "ressaca").

Todos os efeitos do álcool continuam até que o álcool ingerido seja eliminado do corpo.


Abuso do álcool


Nos Estados Unidos, aproximadamente 8% da população de 18 anos para cima sofre por causa do abuso e/ou dependência do álcool. No Brasil, 12,3% da população que consome ou já consumiu álcool têm sinais de dependência.

O abuso de álcool tem sido um problema crescente nas três últimas décadas. Com a exposição contínua ao álcool, como o corpo humano responde ou se adapta? A tolerância ao álcool aumentada do corpo envolve as seguintes mudanças:

aumento no nível das enzimas do fígado que são usadas para quebrar o álcool

aumento da atividade cerebral e dos neurônios do sistema nervoso

Essas adaptações do corpo mudam o comportamento da pessoa.

Os níveis de álcool desidrogenase e aldeído desidrogenase no fígado aumentam em resposta à longa exposição ao álcool. Isso significa que o corpo se torna mais eficiente na eliminação de altos níveis de álcool no sangue. Entretanto, isso também significa que a pessoa deve beber mais álcool para experimentar os mesmos efeitos anteriores, que levam a beber mais e contribuem para o vício.

As substâncias químicas e funções elétricas normais das células nervosas aumentam para compensar pelos efeitos da exposição do álcool. Essa atividade nervosa aumentada ajuda as pessoas a funcionarem normalmente com uma CAS alta; entretanto, isso também as deixa irritadas quando não bebem. Além disso, a atividade nervosa aumentada pode fazer com que elas necessitem do álcool. Mais certamente, a atividade nervosa aumentada contribui para as alucinações e convulsões (ou seja, delirium tremens) quando o álcool é retirado, e torna difícil superar o abuso e a dependência.

Efeitos a longo prazo

Além das adaptações mencionadas na página anterior, há muitos efeitos físicos que resultam da longa exposição ao álcool:

a atividade aumentada no fígado causa a morte das células e o endurecimento do tecido (cirrose hepática);

as células cerebrais em vários centros morrem, reduzindo a massa ecefálica total;

úlceras estomacais e intestinais podem se formar por causa do constante uso do álcool, que irrita e degenera as partes internas desses órgãos;

a pressão sangüínea aumenta à medida que o coração compensa a redução inicial da pressão sangüínea causada pelo álcool;

a produção de esperma (célula sexual masculina) diminui por causa da redução da secreção hormonal sexual do hipotálamo/pituitária e, possivelmente, pelos efeitos diretos do álcool nos exames;

nutrição pobre reduz os níveis de ferro e vitamina B, levando à anemia;

como os alcóolicos perdem o equilíbrio e caem com freqüência, eles sofrem mais freqüentemente de hematomas e ossos fraturados, especialmente à medida que envelhecem.

Finalmente, o abuso e a dependência do álcool causam problemas emocionais e sociais. Como o álcool afeta os centros emocionais no sistema límbico, os alcóolicos se tornam ansiosos, depressivos e até mesmo suicidas. Os efeitos emocionais e físicos do álcool podem contribuir para problemas conjugais e familiares, incluindo violência doméstica, bem como problemas relacionados ao trabalho, como faltas excessivas e fraco desempenho.

Embora o alcoolismo tenha efeitos devastadores no ambiente social e na saúde de uma pessoa, há tratamentos médicos e psicológicos para solucionar o problema.


Bebida e gestação: uma combinação nada boa


Por Bruno Rodrigues - O uso do álcool durante a gestação pode ser muito perigoso para a mamãe. Não existe uma dose limite pré-estabelecida para a ingestão do álcool pela gestante que não prejudique o bebê.

O álcool é uma substância com livre passagem pela placenta e, portanto, livre passagem para o feto. O fígado do bebê que está em formação metaboliza o álcool duas vezes mais lentamente que o fígado da sua mãe, isto é, o álcool permanece por mais tempo no organismo do bebê do que da sua mamãe. Viu o perigo?

O aborto espontâneo e o trabalho de parto prematuro, assim como outras complicações da gravidez, também estão relacionados com o uso do álcool, mesmo em quantidades menores. O risco de aborto espontâneo quase dobra quando a gestante consome álcool.

Os prejuízos causados no feto pelo álcool podem causar desde gestos desajeitados até problemas de comportamento, falta de crescimento, rosto desfigurado e retardo mental, dependendo da fase da gravidez e também da quantidade de álcool ingerido.

A Organização Mundial da Saúde estima que a cada ano 12 mil bebês no mundo nascem com a Síndrome Fetal do Álcool ou Síndrome do Alcoolismo Fetal (SAF) ou 2,2 de cada mil nascimentos vivos.

Síndrome do Álcool - A SAF é a conseqüência no feto do consumo de álcool durante a gravidez e é irreversível. Caracteriza-se por retardo no crescimento intra-uterino, retardo do desenvolvimento neuropsicomotor e intelectual, distúrbios do comportamento (irritabilidade e hiperatividade durante a infância), diminuição do tamanho do crânio (microcefalia), malformações da face como nariz curto, lábio superior fino e mandíbula pequena, pés tortos, malformações cardíacas, maior sensibilidade a infecções e maior taxa de mortalidade neonatal.

Por vezes, o bebê ao nascer não apresenta algum defeito físico, mas alguns sintomas podem não serem óbvios até que o bebê complete entre 3 e 4 anos.

Alteração no peso - O peso de um bebê que foi exposto ao álcool é normalmente inferior ao dos bebês de mães que não beberam durante a gravidez. O peso ao nascimento de bebês afetados pelo álcool é de aproximadamente 2 quilos e dos bebês saudáveis é de 3,5 quilos.

Conforme a criança cresce, outros prejuízos começam a aparecer, entre os quais a memória fraca, falta de concentração, raciocínio fraco e incapacidade de aprender com a experiência.

A exposição do feto, seja em que época da gravidez, ao álcool não tem como conseqüência necessariamente a SAF. Como já foi falado, não se conhecem níveis seguros de consumo de álcool durante a gravidez.

Na maioria dos recém-nascidos prejudicados pela ação do álcool antes do nascimento não ocorre anomalias faciais e a deficiência do crescimento que identificam a SAF. Mesmo assim, todos os pequenos que são expostos ao uso de álcool portam danos cerebrais e outros comprometimentos tão significativos quanto os que ocorrem nos portadores da SAF.

Nem todas as mães que bebem terão bebês com algumas seqüelas. Qualquer quantidade de álcool é um risco, mas qualquer abuso exagerado do álcool é prejudicial para o feto, principalmente durante os primeiros três meses.

Dicas

- O álcool deve ser evitado durante a gestação e durante todo o período de amamentação, pois o álcool pode passar para o bebê através do leite materno.

- Como o álcool passa rapidamente para o sangue, o drinque da mamãe já atua sobre o bebê após 10 minutos.

- A extensão do dano causado pelo álcool no feto está relacionada com a duração e quantidade da ingestão de álcool.

 


Fonte: http://www.virtual.epm.br/
       http://www.consciencia.net/
       http://www.todabiologia.com/
       DETRAN
       http://www.papodebar.com/
       http://saude.hsw.uol.com.br/alcool.htm
       http://guiadobebe.uol.com.br/