Ordem Rosa Cruz

rosacruz 3A Ordem Rosacruz, AMORC é uma organização internacional de caráter místico-filosófico, com sede mundial em São José na Califórnia, EUA, fundada em 1915 por Harvey Spencer Lewis. A AMORC tem por missão despertar o potencial interior do ser humano, auxiliando-o em seu desenvolvimento, em espírito de fraternidade, respeitando a liberdade individual, dentro da Tradição e da Cultura Rosacruz. O nome AMORC, siginifica: Antiga e Mística Ordem Rosa Cruz e foi adotado para diferenciá-la de outras ordens filosóficas com nomes semelhantes, mas diferentes em essência.


ORIGENS


Segundo seus adeptos, as origens da Ordem Rosacruz AMORC, remontam às antigas escolas egípcias de mistérios, há 3.360 anos. E o faraó Tutmés III, da XVIII dinastia, é tido como seu fundador por volta de 1350 a.C. Teria o faraó fundado uma fraternidade secreta, com o objetivo de estudar os mistérios da vida. A Fraternidade Rosacruz ainda não se auto denominava assim, sendo oficialmente estabelecida em El Amarna pelo faraó Amenófis IV, conhecido também como Akhenaton, porém essas informações não podem ser comprovadas históricamente. A primeira menção histórica da ordem data de 1614, quando surgiu o famoso documento intitulado "Fama Fraternitatis", onde são contadas as viagens de Christian Rosenkreuz pela Arábia, Egito e Marrocos, locais onde teria adquirido sua sabedoria secreta, que só seria revelada aos iniciados.

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A LENDA DE CHRISTIAN ROSENKREUZ

Segundo a lenda, exposta no documento "Fama Fraternitatis" (1614), essa fraternidade teria suas origens em Christian Rosenkreuz (de início apenas designado por "Irmão C.R.C."), nascido em 1378 na Alemanha, junto ao rio Reno. Os seus pais teriam sido pessoas ilustres, mas sem grandes posses materiais. Sua educação começou aos quatro anos numa abadia onde aprendeu grego, latim, hebraico e magia. Em 1393, acompanhado de um monge, visitou Damasco, Egito e Marrocos, onde estudou com mestres das artes ocultas, depois do falecimento de seu mestre, em Chipre. Após seu retorno a Alemanha, em 1407, teria fundado a "Fraternidade da Rosa Cruz", de acordo com os ensinamentos obtidos pelos seus mestres árabes, que o teriam curado de uma doença e iniciado no conhecimento de práticas do ocultismo. Teria passado, ainda, cinco anos na Espanha onde três discípulos redigiram os textos que teriam sido os iniciadores da sociedade. Depois, teriam formado a "Casa Sancti Spiritus" (a Casa do Espírito Santo) onde, através da cura de doenças e do amparo daqueles que necessitavam de ajuda, foram desenvolvendo os trabalhos da fraternidade, que pretendia, no futuro, guiar os monarcas na boa condução dos destinos da humanidade. Segundo o texto "Fama Fraternitatis", C.R.C. morreu em 1484, e a localização da sua tumba permaneceu desconhecida durante 120 anos até 1604, quando teria sido, secretamente, redescoberta.

Uma outra lenda menos conhecida, veiculada na literatura maçônica, originada por uma sociedade secreta altamente hierarquizada do século dezoito na Europa central e do leste, ao contrário dos ideais da Fraternidade que se encontra exposta nos manifestos originais, denominada "Gold und Rosenkreuzer" (Rosacruz de Ouro), que tentou realizar, sem sucesso, a submissão da Maçonaria ao seu poder, dispõe que a Ordem Rosa-cruz teria sido criada no ano 46, quando um sábio gnóstico de Alexandria, de nome Ormus e seis discípulos seus foram convertidos por Marcos, o evangelista. A Ordem teria nascido, portanto, da fusão do cristianismo primitivo com os mistérios da mitologia egípcia. Segundo este relato, Rosenkreuz teria sido, apenas um Iniciado e, posteriormente Grão Mestre da Ordem e não seu fundador.

Assim como ocorre com o Mestre Hiram Abif da lenda maçônica, a existência real de Christian Rosenkreuz divide a opinião dos grupos que se intitulam Rosacruzes. Alguns a aceitam, outros o vêem apenas como um pseudônimo usado por personagens realmente históricos como, Francis Bacon, por exemplo.


A ORDEM ROSA CRUZ E A MAÇONARIA

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O Rosacrucianismo, assim como a Maçonaria, é um sincretismo de diversas correntes filosóficas-religiosas: hermetismo egípcio, cabalismo judaico, gnosticismo cristão e alquimia. Existe ligação entre a Maçonaria e os rosacruzes e essa ligação começou já na Idade Média. No fim do período medieval e começo da Idade Moderna, com inicio da decadência das corporações operativas (englobadas sob rótulo de maçonaria de Ofício ou operativa), estas começaram, paulatinamente, a aceitar elementos estranhos à arte de construir, admitindo, inicialmente, filósofos, hermetistas e alquimistas, cuja linguagem simbólica assemelhava-se à dos francos-maçons.

Como a Ordem Rosa-cruz estava impregnada pelos alquimistas, deu-se a ligação do rosacrucianismo e da alquimia com a Maçonaria. Leve-se em consideração, também, que durante o governo de José II, imperador da Alemanha de 1765 a 1790, e co-regente dos domínios hereditários da Casa d'Áustria, houve um grande incremento da Ordem Rosa-cruz e sua comunidade, atingindo até a Corte e fazendo com que o imperador proibisse todas as sociedades secretas, abrindo exceção , apenas aos maçons, o que fez com que muitos rosacruzes procurassem as lojas maçônicas para alí poder continuar com os seus trabalhos.

Ambas as Ordens são medievais, se for considerado o maior incremento da Maçonaria de Ofício durante a Idade Média e o início de sua transformação em "Maçonaria dos Aceitos" (também chamada, indevidamente, de "Especulativa"). Se, todavia, considerarmos o início das corporações operativas, em Roma, no século VI antes de Cristo, históricamente a maçonaria é mais antiga. Isso, é claro, levando em consideração apenas, as evidências históricas autênticas e não as "lendas", que faz remontar a origem de ambas as instituições ao Antigo Egito.

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A maçonaria é uma ordem totalmente templária, ou seja, os ensinamentos só ocorrem dentro das lojas. Seus graus vão do 1 ao 3 nas "Lojas Base" e do 4 ao 33 nas "Lojas de Graus Filosóficos". Já a Antiga e Mística Ordem Rosa-cruz dá ao estudante o livre arbítrio de estudar em casa ou em um templo Rosa-cruz. O estudo em casa é acompanhado à distância, e assim como na maçonaria, é composto de vários graus, que vão do neófito (iniciante) ao 12º grau, conhecido como grau do ARTESÃO.

O estudo no templo, mesmo não sendo obrigatório, proporciona ao estudante além do contato social como os demais integrantes, a possibilidade de participar de experimentos místicos em grupo, e poder discutir com os presentes os resultados, e por último, a reunião templária fortalece a egrégora da organização, o que também ocorre na maçonaria.

A maior evidência de uma ligação histórica entre a Ordem Rosa-Cruz e a Maçonaria é a existência do "Capítulo Rosa-Cruz" que é o 18º Grau do "Rito Escocês Antigo e Aceito" da Franco-Maçonaria, (representando simbolicamente a 9ª Iniciação Menor no grau de "Cavaleiro Rosa-Cruz"), que tem como símbolos principais o Pelicano, a Rosa e a Cruz.


AS INICIAÇÕES


Uma singularidade entre a AMORC e a Maçonaria, são as iniciações nos seus respectivos graus, sendo que para ambas, a primeira é a mais marcante. No caso da Maçonaria a iniciação é no grau de Aprendiz, na AMORC, a admissão se dá no Primeiro Grau de Templo. As iniciações têm o mesmo objetivo, impressionar o iniciante, levá-lo à reflexão, para que ele decida naquele momento se deve ou não seguir adiante, e se o fizer, assumir o compromisso de manter velado todos os símbolos, usos e costumes da instituição de que fará parte.


O SIMBOLISMO

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Vários são os símbolos comuns às duas instituições, a começar pela disposição dos mestres com cargos, lembrando os pontos cardeais, e a passagem do Sol pela Terra, do Oriente ao Ocidente. Cada ponto cardeal é ocupado por um membro. A figura do venerável mestre na maçonaria, ocupando sua posição no Oriente, encontra similar na Ordem Rosa-cruz, na figura de um mestre instalado, que ocupa seu lugar no leste. A linha imaginária que vai do altar dos juramentos ao Painel do Grau, e a caminhada somente no sentido horário, também é similar. Em ambos os casos o templo é pintado na cor azul celeste, e a entrada dos membros ocorre pelo Ocidente.

O altar dos juramentos encontra semelhança no Shekinah na ordem Rosa Cruz, sendo que neste último não se usa a bíblia ou outro livro, mas sim 3 velas dispostas de forma triangular, que são acesas no início do ritual e apagadas ao final deste, simbolizando a luz, a Vida e o Amor.

Outra semelhança é o uso de avental por todos os membros iniciados ao adentrarem o templo, enquanto que os oficiais, (equivalente aos mestres com cargo), usam paramentos especiais, cada qual simbolizando o cargo que ocupa no ritual.

O avental usado pelos membros não diferencia o grau de estudo.

Algumas das diferenças ficam por conta da condução do ritual, onde na rosa cruz tem caráter místico-filosófico.

Os iniciantes na Ordem Rosa Cruz recebem seus estudos em um templo separado, anexo ao templo principal, enquanto que os aprendizes maçons recebem suas instruções juntamente com os demais irmãos e, finalmente, o formato físico da loja maçônica lembra as construções greco-romanas, enquanto que a Ordem Rosa Cruz (AMORC) lembra as construções egípcias.


ROSACRUZES FAMOSOS


Ramon Llull, Dinis de Portugal (o Rei-Poeta), Rainha Santa Isabel (alquimia das Rosas), Leonardo da Vinci, Paracelso, Nostradamus, Michael Servetus, Luís Vaz de Camões, John Dee, Giordano Bruno, Heinrich Khunrath, Lutero, Caspar Schwenckfeld, Sebastian Franck, Valentin Weigel, Johann Arndt, Francis Bacon, William Shakespeare, Michael Maier, Robert Fludd, Coménio (Jan Amos Komenský), René Descartes, Elias Ashmole, Isaac Newton, Gottfried Wilhelm Leibniz, Alessandro Cagliostro, Johann Wolfgang von Goethe, Conde de St. Germain, Johann Sebastian Bach, Vitor Hugo, Paschal Beverly Randolph, Edward Bulwer-Lytton, Franz Hartmann, William Wynn Westcott, Samuel Liddell MacGregor Mathers, Richard Wagner, Rudolf Steiner, Max Heindel, Arnold Krumm-Heller, Reuben Swinburne Clymer, Harvey Spencer Lewis, George Alexander Sullivan, Hermann Hesse, J. van Rijckenborgh,Corinne Heline, Manly Palmer Hall, Elsa M. Glover


A ROSA CRUZ NA ATUALIDADE


Além da AMORC, existem atualmente diversas Organizações Rosacrucianas. Apresentamos à seguir uma breve descrição das mais conhecidas:


FRATERNIDADE ROSACRUZ

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No Brasil e em Portugal (em inglês, The Rosicrucian Fellowship), foi fundada por Max Heindel entre 1909 e 1911, nos Estados Unidos, e não reivindica o título de "Ordem Rosacruz". Considera-se apenas uma uma escola de exposição de suas doutrinas e de preparação para o indivíduo para ingresso em caminhos mais profundos na Ordem espiritual, sendo que a verdadeira Ordem Rosacruz funciona apenas nos mundos espirituais. Ao contrário da maioria das demais organizações rosacruzes, as escolas de Max Heindel se consideram indissociáveis do Cristianismo considerando-o como a única verdadeira religião universal e Cristo como o único salvador, daí ser mais propriamente chamada de Cristianismo Rosacruz, ou, por vezes, Cristianismo Esotérico. Outras organizações rosacruzes também consideram-se cristãs, mas não com este ênfase.

FRATERNITAS ROSAE CRUCIS - FRC

Também com sede mundial nos EUA, que se reinvindica a autêntica Ordem Rosa-Cruz fundada em 1614 na Alemanha, mas na verdade foi fundada por Reuben Swinburne Clymer por volta de 1920 e se diz representante de um movimento originalmente fundado por Pascal Beverly Randolph em 1856.

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FRATERNITAS ROSICRUCIANA ANTIQUA - FRA
Foi fundada pelo esoterista alemão Arnoldo Krumm-Heller por volta de 1927, e tem sede no Rio de Janeiro (está presente também nos países de língua hispânica).

LECTORIUM ROSICRUCIANUM

Ou "Escola Internacional da Rosacruz Áurea", é uma organização rosacruz que começou a se estruturar em Haarlem, Holanda, em 1924, através do trabalho de J. van Rijckenborgh (pseudônimo de Jan Leene) e Z.W. Leene, quando esses dois irmãos entraram para a Sociedade Rosacruz (Het Rozekruisers Genootschap), divisão holandesa do grupo americano Rosicrucian Fellowship. Este grupo se tornaria independente da Rosicrucian Fellowship em 1935 e, com o final da guerra em 1945 (quando seu trabalho foi proibido pelas forças de ocupação nazista), o trabalho exterior foi retomado e passou a adotar o nome Lectorium Rosicrucianum, ou Escola Internacional da Rosacruz Áurea, apresentando-se cada vez mais como uma escola gnóstica, "Gnosis" significando aqui o conhecimento direto de Deus, resultado de um caminho de desenvolvimento espiritual. Desde 1945, o grupo se expandiu por vários países da Europa, América, Oceania e África, além de publicar inúmeros livros, muitos dos quais com comentários sobre antigos textos da sabedoria universal, como os Manifestos Rosacruzes do Século XVII, o Corpus Hermeticum (textos atribuídos a Hermes Trismegistus), o Evangelho Gnóstico da Pistis Sophia, o Tao Te Ching, entre outros.


A Ordem Rosacruz e a Maçonaria


Ordem Rosacruz é a denominação da fraternidade filosófica que, de acordo com a tradição, teria sido fundada por Christian Rosenkreutz e representa uma síntese do ocultismo imperante na Idade Média. Mas para Harvey Spencer Lewis, organizador da Ordem Rosacruz na América a partir do início do século XX, a filosofia remontaria ao antigo Egito, à época do faraó Akenaton. Estudiosos do mundo todo tem aceitado essa hipótese com algumas reservas, pois os mais antigos documentos conhecidos sobre a existência dessa fraternidade remontam ao período medieval, embora a mesma apresente, em sua ritualística, muito do misticismo das antigas civilizações, como acontece com a maçonaria. Muitos maçons também querem fazer crer que a ordem maçônica já atuava no antigo Egito e na Pérsia, o que também carece de comprovação histórica. O fato é que o rosacrucianismo, assim como a maçonaria, é um sincretismo de diversas correntes filosófico-religiosas, como hermetismo egípcio, cabalismo judaico, gnosticismo cristão, alquimia medieval, doutrinas orientais, entre outras. A primeira menção histórica da fraternidade dos rosacruzes data de 1614, quando surgiu o famoso documento intitulado “Fama Fraternitatis”, onde são contadas as viagens de Rosenkreutz pela Arábia, Egito e Marrocos, locais onde teria adquirido sua sabedoria secreta, que só seria revelada aos iniciados. Uma outra corrente de estudiosos afirma que o nome Christian Rosenkreutz (cristão rosacruz) e sua saga são, na verdade, representações simbólicas com significado iniciático, e não uma história real de um personagem de carne e osso.

Rosacruzes na América

Harvey Spencer Lewis foi quem reativou e organizou o rosacrucianismo na América do Norte no início do século XX, já que ela havia existido anteriormente, sob outras organizações. Personalidades famosas como Benjamim Franklin teriam pertencido à ordens mais antigas. Na ocasião, a Ordem Rosacruz era ativa em alguns países da Europa, como França e Alemanha, mas com rituais diferenciados. Spencer Lewis, ao fundar a Antiga e Mística Ordem Rosacruz (AMORC) na América, não o fez sem antes estudar por mais de 10 anos suas raízes, o que permitiu mais tarde unificar todas as outras ordens, cuja essência era a mesma. Em 1915 ele tornou-se o primeiro Imperator (dirigente supremo da organização), e inovações como a possibilidade de membros estudarem por correspondência permitiram a rápida expansão da AMORC em inúmeros países. A unificação com a as demais ordens ocorreu no início dos anos 30, tornando-se Lewis o primeiro Imperator mundial. No Brasil, os estudos foram introduzidos na década de 50, e o cargo hierárquico mais alto é o de Grande Mestre, que representa o Imperator junto ao resto da organização no país.

O Casamento Alquímico de Christian Rosenkreutz

O teólogo Johann Valentin Andréa, neto do também teólogo luterano Jacob Andréa, foi um dos homens que mais divulgou o rosacurcianismo. Andréa, que nasceu em Herremberg, no Werttemberg, em 1581, depois de viajar pelo mundo, retornou à Alemanha, onde se tornou pregador da corte e, posteriormente, abade. A sua principal importância, todavia, originou-se do papel que ele teve naquela sociedade alemã, que no princípio do século XVII, lutava por uma renovação da vida, com uma nova insuflação espiritual.

A popularidade alcançada por Andréa foi imensa ao publicar o seu romance satírico “O Casamento Alquímico de Christian Rosenkreutz”, que criticava jocosamente os alquimistas, numa época onde reinava a desinformação e a velha ordem religiosa desagregava-se. A partir de 1597, já aconteciam reuniões de uma liga secreta de alquimistas, que haviam ficado sem irradiações e sem significado espiritual. Foi então que a palavra “rosacruz” adquiriu, rapidamente, uma grande força atrativa, a ponto de, num escrito anônimo de 1614, chamado “Transfiguração Geral do Mundo”, ser incluído o conceito de “Fama Fraternitatis R.C.” sem a necessidade de se explicar a sigla usada. Uma outra pequena obra, surgida um ano depois e intitulada “Confessio”, publicava a constituição e a exposição dos fins a que a Ordem era destinada.

O herói viveu 150 anos, extinguindo-se voluntariamente

De acordo com o “Confessio”, a Ordem Rosacruz representaria uma alquimia de alto quilate, na qual em vez das pesquisas sobre a pedra filosofal e transmutação de metais inferiores em ouro, era buscada uma finalidade superior, ou seja, a transmutação interna e espiritual do homem, que ficaria apto a ver o mundo e os seus segredos com mais profundidade. As correntes dos alquimistas medievais, diante da necessidade espiritual da época incrementada pela disposição de renovação e organização secreta, tomaram enorme vulto com o aparecimento do romance satírico de Andréa.

O herói do romance é o mesmo Christian Rosenkreutz já descoberto pelo manifesto “Fama Fraternitatis” e que já tinha viajado pelo Oriente no século XIV e aprendido a “Sublime Ciência”; teria ele, ainda segundo a lenda que lhe cercou o nome, voltado para a Alemanha, onde sua idéia foi seguida por muitas pessoas, até chegar aos 150 anos de idade, quando, cansado da vida, extinguiu-se voluntariamente. No romance de Andréa, Rosenkreutz era velho e impotente, motivo pelo qual o seu casamento só poderia ser alquímico.

O conceito da rosa mística provocou grande sedução

Com essa sátira, dirigida às sociedades secretas e à alquimia, Andréa havia desvendado tanto de positivo sobre a nova Ordem que restou a impressão de que ela já existia; o encontro dos convidados no tal casamento de Rosenkreutz vindos de todas as partes do mundo e a sua ligação dentro da nova ordem ilustram o desejo de dar corpo aos esforços no sentido de uma renovação espiritual da vida, valendo-se do sugestivo símbolo da rosacruz.

Esse símbolo corresponde à ansiedade da época. Alguns procuraram relacioná-lo com as armas de Lutero ou Paracelso; vale ressaltar que Andréa representou o seu Rosenkreutz com quatro rosas no chapéu, rosas essas que adornavam as armas de sua família. Robert Fludd, considerado como o primeiro rosacruz da Inglaterra, diz que o nome da ordem está ligado a uma alusão ao sangue de Cristo na cruz. A mística idéia da rosa, associada à lembrança da cor do sangue e aos espinhos que provocam o seu derramamento, contribuiu, certamente, para sua grande força de sedução. Os rosacruzes atuais tem uma interpretação mais mística a respeito da cruz e da rosa: a cruz representaria a parte material do ser humano, enquanto a rosa representaria a força espiritual aflorando em seu ser.

A junção dos sexos leva ao segredo da imortalidade

Como a preocupação máxima dos alquimistas que se ligaram à Ordem Rosacruz era o segredo da imortalidade e a regeneração universal, o símbolo rosacruciano está relacionado com essa preocupação. A rosa era uma flor iniciática para diversas ordens religiosas, sendo que, atualmente, a arte sacra continua a considerá-la como símbolo da paciência ou do martírio; Em outra análise, a rosa representaria a mulher, enquanto que a cruz simbolizaria o sexo masculino, pois para os hermetistas, a cruz é o símbolo da junção da eclíptica com o equador terrestre (eclíptica é a órbita aparente do Sol, ou a trajetória aparente que o Sol descreve, anualmente, no céu); ambos cruzam-se no equinócio da primavera e no equinócio de outono. Assim, a rosa simboliza a Terra, como ser feminino, e a cruz simboliza a virilidade do Sol, com sua força criadora que fecunda a Terra. A junção dos sexos leva à perpetuação da vida e ao segredo da imortalidade, resultando a regeneração universal, que é o ponto mais alto da filosofia rosacruz.

A alquimia evidencia a ligação entre as duas ordens

Maçons e rosacruzes estreitaram seus laços na Idade Média. No fim do período medieval e começo da Idade Moderna, com inicio da decadência das corporações de construtores (englobadas sob rótulo de maçonaria de ofício ou operativa), estas começaram paulatinamente a aceitar elementos estranhos à arte de construir, admitindo inicialmente filósofos, hermetistas e alquimistas, cuja linguagem simbólica assemelhava-se à dos franco-maçons. Como a Ordem Rosacruz estava impregnada pelos alquimistas, a ligação do rosacrucianismo com a maçonaria ocorreu naturalmente. Deve-se levar em consideração também que, durante o governo de José II, imperador da Alemanha entre 1765 e 1790 e co-regente dos domínios hereditários da Casa d’Áustria, houve um grande incremento da popularidade da Ordem Rosacruz e sua comunidade, atingindo até a Corte. Isso fez com que o imperador proibisse todas as sociedades secretas, abrindo exceção apenas aos maçons, o que provocou a migração de muitos rosacruzes rumo às lojas maçônicas.

Da regeneração e imortalidade à reformadora social

A partir da metade do século XVIII, com a maciça entrada dos rosacruzes nas lojas maçônicas, tornava-se difícil, de uma maneira geral, separar maçonaria e roscrucianismo, tendo a instituição maçônica incorporado aos seus vários ritos a simbologia dos rosacruzes, como no 18º grau do Rito Escocês Antigo e Aceito, no 7º grau do Rito Moderno, no 12º grau do Rito Adoniramita etc. A sua origem hermetista e a sua integração na maçonaria, durante a segunda metade do século XVIII, leva a marca dos ritualistas alquímicos, que redigiram naquela época os rituais dos Altos Graus. O hermetismo atribuído ao grau 18 é perceptível no símbolo do grau, que tem uma rosa sobreposta à cruz, representando o sacrifício e o segredo da imortalidade, que é também o significado oculto do esoterismo cristão, manifestado na ressurreição de Jesus Cristo.

A maçonaria, em alguns casos, modificou a simbologia rosacruz, reescrevendo-a em termos menos místicos e mais práticos. Assim, o segredo da imortalidade está, na maçonaria, associado ao aperfeiçoamento contínuo do homem, que é visto como uma pedra bruta que precisa ser lapidada. Todavia, uma parte do misticismo original dos rosacruzes foi mantida, pois embora a maçonaria não seja uma ordem mística, utiliza-se da simbologia de várias correntes filosóficas, ocultistas e metafísicas para perpetuar seus ensinamentos.

As iniciações

Uma singularidade entre a Ordem Rosacruz e a maçonaria são as iniciações nos graus, sendo que para ambas, a primeira é a mais marcante. As iniciações têm o mesmo objetivo: impressionar o neófito levando-o à reflexão, para que ele decida naquele momento se deve ou não seguir adiante. Se assim o decidir, assume o compromisso de manter em segredo todos os símbolos, usos e costumes da instituição, trabalhando em busca de seu auto-aperfeiçoamento, bem como em prol da ordem.

Semelhanças e diferenças

A maçonaria é uma ordem exclusivamente templária, ou seja, os ensinamentos só ocorrem dentro das lojas. Já a Ordem Rosacruz dá ao estudante o livre arbítrio para estudar em casa ou participar das atividades em um Templo Rosacruz. O estudo em casa é acompanhado à distância e, assim como a maçonaria, é composto de vários graus. Apesar de não obrigatória, a reunião templária rosacruz é incentivada, pois proporciona ao estudante o contato com os demais integrantes e a participação em rituais e experimentos místicos em grupo são fatores de desenvolvimento pessoal e fortalecimento da egrégora da organização.

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Vários são os símbolos comuns às duas instituições, a começar pela disposição dos oficiais nos templos, lembrando os pontos cardeais, e a passagem do Sol pela Terra, do Oriente ao Ocidente. Cada ponto cardeal é ocupado por um membro-oficial. A figura do Venerável na maçonaria, ocupando sua posição no Oriente, encontra similar na Ordem Rosacruz, na figura do Mestre, que ocupa seu lugar no Leste. Em ambos os casos o templo é pintado na cor azul celeste, e a entrada dos membros ocorre pelo Ocidente. O altar dos juramentos maçônico encontra semelhança no shekinah da Ordem Rosacruz, sendo que neste último não se usa a Bíblia ou outro Livro de Lei, mas sim três velas dispostas de forma triangular, que conservam um simbolismo específico. Outra semelhança é o uso de avental por todos os membros iniciados ao adentrarem o templo, enquanto que os oficiais usam paramentos especiais, cada qual de acordo com o cargo que ocupa no ritual. Porém, o avental rosacruz não diferencia o grau dos membros, o que ocorre na maçonaria. Os iniciantes na Ordem Rosacruz recebem seus estudos em um templo separado, anexo ao templo principal, enquanto os aprendizes maçons recebem sua instruções juntamente com os demais irmãos, no mesmo espaço.

Algumas das maiores diferenças ficam mesmo por conta da condução do ritual, onde na Ordem Rosacruz há um forte caráter místico-filosófico, inclusive com a condução de experimentos místicos e meditações. Finalmente, o formato físico da loja maçônica lembra as construções greco-romanas, enquanto que a Ordem Rosacruz inspira sua arquitetura nas construções do antigo Egito.

Fonte: http://www.magiadourada.com.br
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