LUGARES EXTRAORDINÁRIOS

Uma bela “aldeia” para morar

aldemar1Por Philipe Kling David, 2018 - Aqui está uma curiosa ideia. Um sujeito da letônia, cansado de morar na cidade resolveu comprar um pedaço de terra e se mudar de mala e cuia para o campo. Até aqui, tudo normal, estamos testemunhando uma virada nas migrações de volta ara o campo, na medida em que a tecnologia tornou a vida no interior melhor que nas grandes cidades, hoje sinônimo de confusão, barulho, poluição e stress. Em busca de uma vida mais harmoniosa com a natureza, Aivars Zvirbulis resolveu construir sua própria “aldeia”. O lugar é praticamente um condado de hobbits. O rico empresário mandou escavar uma série de pequenos riachos, formou ilhas artificiais e edificou sua mansão perto da água.

Pra lá ele levou toda a família e logo que recebeu visitas, amigos (ricos) começaram a perguntar se poderiam morar no pequeno pedaço do paraíso. Logo, sua ideia começou a atrair mais e mais pessoas interessados em desfrutar das as belezas locais, da paisagem cuidadosamente planejada e do ambiente familiar. Assim, nas proximidades da cidade de Cesis, surgia essa aldeia inteira, que mais tarde ficou conhecida como a “Rublevka” ou a “aldeia dos milionários”.

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A aldeia ocupa cerca de 300 hectares. O território é organizado por “fazendas”, não há cercas altas em absolutamente nenhum lugar. A separação dos espaços é definida pelo relevo criado no plano original desse condomínio. Cercas aqui são estritamente proibidas pelas regras internas do condomínio, que foram desenvolvidas pelo próprio empresário. Há regras para tudo: desde padrões estáticos nas construções até a proibição de fazer barulho à noite. A ausência de cercas não é uma definição estética. É que sem elas, os cervos, raposas e outros animais se movem livremente por todo o território.

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A eletricidade é fornecida para cada uma das moradias, e há um sistema centralizado de abastecimento de água (proveniente de um poço de 175 m de profundidade), um sistema de tratamento de esgoto e uma central de segurança. Todo um sistema de cabos de fibra ótica dá acesso à Internet em banda larga, e permite aos moradores a oportunidade de viver na floresta sem interromper seus negócios. Aqui vigilância por vídeo é realizada 24/7, com cãmeras ocultas disfarçadas nas árvores, pedras e elementos paisagísticos.

A maioria das residências usa um sistema de aquecimento ecológico, o que reduz as emissões para a atmosfera. Ao pedir para construir uma casa lá, as pessoas podem escolher um dos três tipos de edifícios – uma estrutura de madeira, um palafita ou estrutura de tijolos, complementada com pedra, painéis decorativos de madeira e acabamento das paredes externas com reboco pintado e vidro. Há 5 tipos de coberturas possíveis. As casas são construídas exclusivamente a partir de materiais ecológicos e são projetadas de tal forma que os edifícios dos vizinhos não são visíveis a partir das janelas de cada casa individual. Até nisso o cara pensou.

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Tive a ideia de construir uma aldeia assim quando percebi que queria morar em minha própria casa confortável perto da água, localizada em um lugar pitoresco na floresta. Como resultado, criei Amatciems, onde minha família mora hoje – eu e meus filhos e netos, meus amigos e pessoas que pensam da mesma forma – pessoas com visões semelhantes sobre a vida, requisitos para o local de residência e o meio ambiente. Confesso que no início criei um projeto a partir de motivos puramente egoístas – eu queria ter um “habitat” confortável para mim ”.

Logo, ele começou o planejamento seguindo o exemplo de assentamentos similares de outros países. O autor do projeto diz que tem uma visão de como, vivendo em um lugar confortável, você pode estar em harmonia com seus vizinhos e natureza, não violando a vida dos animais silvestres. MAs para que isso aconteça é preciso um controle rígido. As regras são criadas para pessoas que compartilham dessa visão. Assim, as pessoas que moram lá nem consideram essas regras proibições, porque são pessoas que estão prontas para uma atitude respeitosa em relação aos outros e com a natureza principalmente. Isso envolve cultivar o silêncio ou a manutenção da área circundante. As regras, por exemplo, estipulam que não é permitido construir cercas dentro da aldeia, e você não pode fazer barulho à noite. Há inclusive regras que proíbem que você acorrente seu cão. Afinal, o cachorro não deve ser prisioneiro do Homem.

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Atualmente no site da aldeia existem meia dúzia de casas e vários terrenos ainda estão à venda. Eles não são baratos, é óbvio. Um valor médio ali para uma área de 460 m² o valor e de 265.000 euros. A casa mais salgada vale mais de um milhão de euros. Ela tem três andares e 3 quartos (um localizado em dois níveis), um escritório, 3 banheiros, uma espaçosa sala de estar com lareira, um grande aquário e uma área de cozinha totalmente equipada. A casa tem uma piscina interior aquecida com área de estar, três tipos de banheiros e uma garagem fechada. Ao redor da casa há espaçosos terraços e área ajardinada com um parque infantil, uma estufa e até um gazebo. Nos arredores há uma cachoeira e uma ponte sobre o riozinho.

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Várias casas são alugadas. Alugar uma casa inteira por uma semana custa algo em torno de de 700 euros. Além disso, aqui você pode alugar um andar ou um quarto, o que, naturalmente, custará menos. Eu achei a ideia ótima, e imagino que poderia facilmente ser aplicada no Brasil, com a exuberância ambiental que existe por aqui. Mas sem visão, nego logo desmata a porra toda, aterra a nascente do rio, taca um murão pra evitar bandido, mete uma laje, empilha tijolo, queima o lixo e chama a parentada pra tocar pagode em volta da fogueira até o sol raiar.

 

Fonte: http://www.mundogump.com.br