SÍMBOLOS E OBJETOS

Aterrorizante e Real: A Saga da Caixa Dibbuk e Suas Vítimas Inocentes

macter12017 - Quem assistiu ao filme A Possessão (2012), produzido por Sam Raimi, certamente se viu intrigado pela trama, na qual uma garota adquire uma caixa de madeira em um bazar, desenvolve um vínculo com o objeto e, consequentemente, passa a manifestar comportamentos peculiares que afetam seu entorno. Neste texto, abordaremos a narrativa verídica que inspirou a produção cinematográfica.

Tudo teve início em setembro de 2001, quando Kevin Mannis, proprietário de uma loja especializada em restauração de móveis, deparou-se com uma venda de garagem em busca de novos itens. Foi ali que sua atenção foi capturada por uma antiquada caixa de vinho, anteriormente pertencente à falecida esposa do Sr. Havela, organizador do evento.

A neta de Havela, que nutria um afeto especial pela caixa, negociou o objeto com Mannis. Ao abri-la, Mannis deparou-se com uma série de itens intrigantes: duas moedas, duas mechas de cabelo (uma loira e uma morena) presas com elástico, um pedaço de granito com a palavra "shalom" inscrita em hebraico, uma taça de vinho dourada e um candelabro de ferro.

Algum tempo depois, Mannis ausentou-se em uma viagem a trabalho, deixando Jane Howerton, sua funcionária, responsável pela loja. Rapidamente, eventos estranhos começaram a ocorrer após sua partida. Jane relatou ouvir o som de vidro se quebrando, perceber um odor desagradável, testemunhar objetos pesados caindo e observar oscilações nas lâmpadas. Desesperada, ela tentou contatar Mannis, mas do outro lado da linha, tudo o que ele ouviu foi uma voz apavorada sem compreender o que acontecia. Jane, profundamente abalada, demitiu-se e mudou-se para outra cidade.

Kevin, impactado pelos eventos, manteve segredo, porém, decidiu-se por se livrar da caixa. À aproximação do aniversário de sua mãe, ele a presenteou com o objeto misterioso. No entanto, ao abri-lo, a senhora Ida Mannis sofreu um derrame que a deixou paralisada pela metade, incapaz de se expressar verbalmente. Por meio de gestos, ela apontou para a caixa, indicando-a como a causa de seu infortúnio.

Um casal adquiriu a caixa da loja de Mannis, mas logo a devolveu acompanhada de um bilhete que dizia: "Isso possui uma estranheza sombria." Em uma nova tentativa, Kevin buscou repassar a caixa para seu irmão, que alegou sentir odores terríveis em casa quando o objeto estava presente, recusando-se a aceitá-lo. No ano seguinte, durante um fim de semana em casa, a família Mannis experimentou sonhos sinistros envolvendo uma bruxa agressiva. Kevin, inclusive, acordou com marcas pelo corpo.

Desesperado, Kevin optou por leiloar a caixa no eBay. O comprador, identificado como spasmolytic, cuja verdadeira identidade é Iosif Nietzke, pagou 140 dólares, mesmo após ser alertado sobre os efeitos da caixa. Como estudante universitário em Kirksville, Missouri, Iosif compartilhou suas experiências no blog, incluindo o forte odor, comportamento peculiar de insetos, danos a dispositivos eletrônicos e falhas na visão periférica.

O próximo a adquirir a caixa foi Jason Haxton, diretor do Museu de Medicina Osteopática em Kirksville, Missouri, que desembolsou 280 dólares. Impressionado pelas histórias relacionadas ao artefato, ele aspirava analisá-lo de perto para desvendar os estranhos eventos. Pouco tempo depois, acordou com o olho direito inchado, fadiga, congestão, tosse intensa e um persistente gosto metálico na boca, além dos aromas de flores e urina de gato.

Jason, agora preocupado com sua família, entrou em contato com Kevin Mannis, o primeiro comprador, buscando compreender o que estava ocorrendo. Determinados, ambos dirigiram-se à residência onde a caixa foi inicialmente adquirida, em busca de desvendar suas origens.

A história 

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O que Jason e Kevin encontraram na residência dos Havela foi algo bastante inquietante. A origem da caixa remontava precisamente ao ano de 1938, na Polônia. Naquele período, o nazismo estava em pleno crescimento e, embora só tenha alcançado o território polonês no ano seguinte, os judeus já enfrentavam perseguições e mortes nas mãos do Terceiro Reich.

Em busca de auxílio para o sofrimento de seu povo, um grupo de mulheres decidiu realizar um ritual - uma espécie de tabuleiro de Ouija com um pêndulo - para estabelecer comunicação com os espíritos do além. Após várias sessões, o espírito com o qual elas se comunicavam solicitou ser libertado das trevas e vagar novamente no mundo dos vivos. O pedido foi atendido, mas as mulheres perceberam tardiamente que lidavam com uma entidade maligna e tentaram corrigir o equívoco de tê-la libertado.

Um novo ritual foi realizado com o propósito de aprisionar a entidade em um objeto, no entanto, o grupo falhou, e o espírito permaneceu em liberdade. Coincidência ou não, esse ritual malsucedido ocorreu em 10 de novembro de 1938, data da Noite dos Cristais - uma série de atos violentos contra sinagogas, lojas e residências de pessoas judaicas na Alemanha e Áustria.

Após o término da Segunda Guerra Mundial, uma das participantes das sessões originais decidiu tentar novamente o ritual de aprisionamento. Desta vez, obteve sucesso, e a entidade foi contida na caixa de vinho. A dona da caixa imigrou para os Estados Unidos e, após seu falecimento, o objeto assombrado foi herdado por sua neta, que coincidentemente era a finada esposa do Sr. Havela. Conforme a narrativa, a Sra. Havela foi avisada por sua avó de que a caixa continha um "dibbuk" e que jamais deveria ser aberta. Além disso, a caixa deveria ser enterrada junto com ela, mas, devido à discordância com as práticas de enterro judaicas ortodoxas, permaneceu na casa da família até a neta realizar a venda de garagem.

Mas afinal, o que é um "dibbuk"? Um dibbuk ou dybbuk é, no folclore judeu, um espírito maligno condenado a vagar pelo mundo para expiar por seus pecados. Sua única salvação é quando se apossa do corpo das pessoas. Surpreendido pela história da caixa, Jason iniciou uma pesquisa e até conseguiu identificar uma possível entidade como o dibbuk contido na caixa: o médico eugenista Harry Hamilton Laughlin. O movimento eugenista teve origem nos Estados Unidos e influenciou o nazismo, fundamentando-se na ideologia da "pureza racial". Com a assistência de uma jovem judia, Jason descobriu uma possível maneira de encerrar os tormentos causados pela caixa: um enterro formal, com a presença de dez homens ou um grupo de oração. Contudo, não obteve êxito. A história só teve seu desfecho quando um exorcismo foi realizado em 2004.

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As imagens apresentadas nesta publicação correspondem a uma reprodução elaborada por Haxton com fins expositivos. Após a realização do exorcismo, a caixa de vinho original foi cuidadosamente guardada em um cofre revestido de acácia folheada a ouro, funcionando como uma forma de isolamento psíquico. Posteriormente, Haxton afirmou ter ocultado a caixa em um esconderijo à prova de balas, cuja localização nunca foi revelada. A pesquisa conduzida por Haxton resultou na publicação de um livro intitulado "The Dibbuk Box", além da criação de um site destinado a esclarecer as inúmeras perguntas que lhe foram dirigidas sobre o tema. O referido site inclui fotografias relativas à produção da réplica da caixa.

Abordando o caso com uma perspectiva cética, é possível suscitar questionamentos. Primeiramente, todas as pessoas que estiveram em posse da caixa e compartilharam suas experiências acabaram obtendo benefícios financeiros com a narrativa: Mannis e Nietzke por meio da plataforma eBay, e Haxton através da publicação de seu livro. Quando o filme baseado no caso, intitulado "A Possessão", foi lançado em 2012, tanto Mannis quanto Haxton foram creditados como "consultores de produção" – recebendo, sem dúvida, remuneração por tal colaboração.

O programa "Paranormal Witness", veiculado pelo canal SyFy, dedicou um episódio ao caso em 2015, no qual as testemunhas recontaram a história. Jane Howerton, Kevin Mannis, sua mãe Ida e Jason Haxton foram entrevistados. A narrativa permaneceu inalterada em relação ao exposto anteriormente, com a exceção de que o nome de Nietzke foi substituído por "Sam", e ele não foi entrevistado. Em vez disso, a produção conversou com um dos colegas de quarto de Nietzke, Brian Grubbs.

A credibilidade dessas histórias está intrinsecamente ligada à confiança depositada nas palavras dessas pessoas, pois não há evidências tangíveis que comprovem a ocorrência dos fatos mencionados. Ao analisar o caso, o escritor Brian Dunning enfatizou que, na mitologia judaica, um "dybbuk" é descrito como um espírito desencarnado que assume controle de uma pessoa, não sendo mencionado que ele possua objetos. Independentemente da veracidade dos eventos, a narrativa certamente desperta sentimentos de apreensão.

REFERENCIAS:    YOUTUBE

                           WIKIPÉDIA

                           INSÕNIA

                           JORNAL DO POVO

                           HISTÓRIAS DE TERROR

                           CLUBE DOS MEDOS