UFOLOGIA

Manobras de Acobertamento-Parte 1

acoberta1Por Reinaldo Stabolito, ufólogo e Coordenador Geral do INFA. O acobertamento oficial para o fenômeno UFO já foi alvo de dezenas de explanações, nos quais foram detectadas todas as possíveis causas de sua existência. E tudo indica que há um fator unânime na questão: os Estados Unidos parecem ser os responsáveis pela política adotada oficialmente para lidar com a questão UFO em todo planeta. A casuística ufológica brasileira possui fortes evidências de que os americanos já foram e são acionados pelo governo brasileiro, independente de qual partido e facção esteja no poder, para se envolver direta ou indiretamente. De fato, os americanos sempre mantiveram sua relação com nossos militares e os resultados de suas diligências conjuntas sempre foram mantidos no mais absoluto sigilo.

Um bom exemplo é o Caso Varginha. No entanto devemos nos perguntar e convidar nossas principais autoridades a se perguntarem: essa política ainda é válida de acordo com a atual realidade de nosso país? Para entendermos um pouco sobre a política de acobertamento ufológico, é necessário que entendamos como o governo norte-americano tem se comportado diante do fenômeno UFO. Afinal, parece que os Estados Unidos tem determinado o tom da orquestração mundial sobre essa questão, tal como o faz em muitos outros aspectos.

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A partir de 1947, os Serviços Militares de Informação já investigavam discretamente o fenômeno UFO. No último período daquele ano, criou-se a primeira comissão de pesquisa destinada a estudá-lo. Publicamente, quando a imprensa ainda utilizava o termo "disco voador", a principal teoria difundida era de que aqueles estranhos aparelhos poderiam ser armas secretas soviéticas. No entanto, com vários incidentes, como o de Roswell, a cúpula do poder norte-americano sabia muito bem da possível natureza extraterrestre do fenômeno. A hipótese extraterrestre era um incômodo para as autoridades, e era difundida por muitos ufólogos da época, entre eles o major Donald Keyhoe, que promoveu grande polêmica sobre o tema ao publicar seu histórico artigo "Os Discos Voadores São Reais", na revista True, em janeiro de 1950.

Naquele mesmo ano, o livro de Frank Scully assegurava que as autoridades americanas tinham em seu poder três discos voadores, os quais haviam se acidentados (um no Arizona e dois no Novo México) – fato que "incendiou" de vez a opinião pública para a "hipótese extraterrestre". Antes dessa data, mais precisamente em 1948, o projeto Sign já tinha levado ao conhecimento do Pentágono um volumoso relatório chamado "Estimativa da Situação", no qual se chegava à conclusão de que os UFOs eram reais e de origem extraterrena. Mas isso jamais foi admitido pelas autoridades. Apenas duas cópias foram salvas e classificadas como TOP SECRET.


O PROJETO SIGN

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O Secretário de Estado James Forrestal, em 30 de setembro de 1947, diante dos incontáveis relatos envolvendo a presença de UFOs no céu americano, firmou a ordem de constituição de uma Comissão de Pesquisa, que ficou designada como Projeto Sign (Sinal). Começava uma longa etapa que não deveria terminar até 1969, com o Relatório Condon, que sepultaria publicamente o assunto UFO nas esferas oficiais – obviamente que a nível secreto a coisa deveria ser bem diferente. Vale lembrar que, em 1947, os americanos já tinham colocado suas mãos em pelo menos um UFO, com o famoso incidente ocorrido em Roswell.

Daquele primeiro projeto surgiram conclusões que, em julho de 1948, se traduziram num relatório, chamado de "Estimativa da Situação", elevado ao Pentágono sob a indicação de "TOP SECRET", no qual se chegava à conclusão que os UFOs não só eram reais, como possivelmente naves interplanetárias. Este relatório foi rejeitado pelo general Hoyt S. Vandenberg, que era o então chefe do Estado-Maior da USAF. Vandenberg ordenou destruir todas suas cópias. Só uma ou duas cópias se salvaram, porém foram classificadas como TOP SECRET. Nascia ali o primeiro esboço da política de acobertamento ufológico, que foi ganhando corpo através dos anos e hoje está espalhada por nações do mundo inteiro, ou pelo menos onde os EUA têm seus tentáculos.

Assim podemos dizer que o General Vandenberg foi um dos primeiros ocultadores do fenômeno UFO. Mas, na verdade, a atitude do General Vandenberg era apenas o reflexo da "situação UFO" nas esferas oficiais, alarmadas com a confirmação a realidade do fenômeno. Temia-se pânico por parte da população e tentava-se evitar a todo custo que se soubesse que os Estados Unidos, uma super potência, estavam fragilizados e incapacitados de fazer frente ao que os militares consideravam uma "nova ameaça". Dentro do próprio sistema de Informações da Força Aérea, diante os resultados iniciais do projeto Sign, existiam duas facções bem claras:

01 – Os que opinavam que os crescentes informes sobre avistamentos de UFOs tinham que ser levados a sério e, ainda, que poderia se tratar de uma intrusão extraterrestre.

02 – Os que opinavam que esses informes não eram dignos de quaisquer credibilidades, em virtude do avançado conhecimento da física que nos rodeia. A física era um conhecimento científico e responsável que levava à convicção de que esses informes eram simplesmente absurdos e improváveis.

O doutor Allen Hynek comenta em seu livro, "O Relatório Hynek" (Editora Portugália), que a postura de não aceitar o fenômeno UFO tomou força em sucessivos projetos até chegar a uma posição amplamente contrária à liveração de qualquer indício de sua realidade. Essa situação culminou com os resultados do Relatório Condon, que resolvia as pressões que a Força Aérea vinha sofrendo dos cidadãos americanos com relação ao fenômeno UFO. Esta atitude influiu notavelmente sobre os cientistas que se envolveram nas investigações oficiais do fenômeno – a tal ponto que o próprio Hynek confessa ter sempre procurado explicações naturais e humanas para cada um dos informes recebidos, inclusive naqueles que deixavam claro que havia algo muito incomum acontecendo.

Um exemplo dessa postura antiufológica é uma observação difundida pelo TIMES NEWS, de Twin Falls (Idaho), do dia 15 de agosto de 1947, que descrevia um avistamento de dois discos voadores se deslocando, a grande velocidade, e com um som semelhante a um eco de um motor. Hynek se perguntou se aquilo não seria possível de ser explicado pela presença de um turbilhão atmosférico deslocando-se com rapidez. E as Forças Armadas concordaram imediatamente e desqualificaram o caso com esta explicação absurda – que, para desespero de Hynek, era apenas um comentário inocente e sem compromisso que tinha feito sem maiores investigações.

Hynek disse que nunca viu em nenhum livro algo que descreva um fenômeno tal qual as testemunhas tinham relatado. Mas não adiantou e a USAF (Força Aérea Americana) não voltou atrás – o que, vindo a se repetir outras vezes. Não é a toa que Hynek viria colaborar com os ufólogos civis posteriormente: ele viu que o objetivo dos trabalhos não era descobrir tudo o que fosse possível do fenômeno, mas desqualificá-lo totalmente e, algumas vezes, de forma claramente arbitrária.

Apesar de toda essa atmosfera negativa diante do estudo científico do fenômeno, o Projeto Sign catalogou 243 avistamentos americanos e 30 estrangeiros, servindo-se para isso de assessoria de diversos departamentos, tais como a Universidade Estadual de Ohio, a qual deveria identificar os fenômenos astrofísicos, o Rand Corporation, que iniciou um estudo especial para avaliar a possibilidade de que alguns objetos puderem ser naves espaciais ou satélites, e os serviços de alguns membros da Junta de Assessoramento Científico da USAF. Na verdade, tais instituições, soube-se depois, receberam instruções claras para aplicarem protocolo de sigilo aos casos a serem analisados. Seu esforço era para invalidar qualquer chance de se constatar que o fenômeno UFO fosse legítimo.

Também contavam com a participação do Laboratório Aeromédico (AMC), o qual deveria encarregar-se de analisar os informes, com o objetivo de determinar os possíveis erros de explicação pela mente humana e, também, a biblioteca do Departamento de Climatologia, que subministrou informação sobre os relâmpagos em bola ou globular.

Mas a verdadeira natureza do interesse das Forças Armadas ficava refletida num dos parágrafos de suas conclusões, que dizia textualmente: "A avaliação dos informes de objetos não identificados é uma atividade necessária das agências de informações militares. Tais observações são inevitáveis e, em tempo de guerra, as condições favorecem a rapidez de soluções naturais convincentes, que são necessárias para manter a moral do pessoal civil e militar. Com relação a este ponto, considera-se que o estabelecimento de procedimentos e o treinamento do pessoal representa um esforço válido e digno de ser realizado". A tal "rapidez para soluções naturais convincentes para manter a moral do pessoal civil e militar" demonstra que o assunto tinha que ser explicado em termos naturais rapidamente como uma estratégia militar, ao invés de uma real busca de esclarecimento sobre o fenômeno.

Da mesma forma fazia uma recomendação para que nenhum tipo de análise fosse realizado antes de que se tivesse feito a análise sob um estreito conceito "psicológico", em virtude de que o fator psíquico poderia explicar tais observações. Ou seja: transformemos as testemunhas imediatamente em pessoas "perturbadas" psicologicamente.

Apesar das falhas na avaliação das informações, frutos de pressões internas antiufológicas, o Projeto Sign chegou a conclusão que havia um número de avistamentos que só poderiam ser explicado satisfatoriamente se admitirmos que são objetos interplanetários desconhecidos. O relatório final, como já foi dito, foi levado até o Pentágono, em julho de 1948. No entanto, ele foi rejeitado pelo general Vandenberg, Chefe do Estado-Maior. O general Vandenberg destruiu o original e quase todas as cópias do relatório e não aceitou as suas conclusões.

Fonte: http://www.infa.com.br

Com o Projeto Sign como antecedente e com uma certa disposição por parte da Força Aérea, em 11 de fevereiro de 1949, criou-se o Projeto Grudge (Rancor), dando seqüência ao Projeto Sign e cujo principal objetivo seria, nos meses da sua duração, o do descrédito do fenômeno UFO. Para este objetivo, o doutor Hynek seria contratado para tentar explicar a maior parte dos informes pelo ponto de vista astronômico. Após ter estudado 237 das melhores observações, os resultados foram claros:

01 – 32% dos casos tinham ou podiam ter uma explicação astronômica.

02 – 35% poderiam conter uma explicação não astronômica, como balões, sondas, aviões, foguetes, reflexos, etc.

03 – 13% não tinham explicação por falta e maiores detalhes que pudessem permitir identificação.

04 – 20% não tinham explicação e possuíam grandes evidências de que algo muito incomum e não identificado havia acontecido.

Em 27 de dezembro do mesmo ano, dez meses depois da sua criação, o Projeto Grudge foi dissolvido oficialmente. O Informe Técnico Nº 102-AC-49/15-100, com suas 600 páginas, deixava claro que, devido aos estudos de um grande número de casos, 20% deles tinham ficado sem explicação e se recomendava procurar uma explicação a todo custo, porque "... Discos Voadores simplesmente não existem". Embora outros departamentos, como o Serviço Meteorológico Nacional, confirmavam que nenhum dos informes era explicável pela manifestação de um raio, por exemplo, as últimas declarações asseguravam: "A Força Aérea anunciava que, depois de dois anos de investigações, pode afirmar que não existem discos voadores".

Apesar da manifestação da Força Aérea de que o fenômeno como tal não existia, novos avistamentos públicos foram sucedendo sem parar. Foram vários pilotos e pessoal técnico que tiveram a oportunidade de observar estranhos objetos voando e, boa parte das testemunhas, eram pessoas qualificadas e treinadas para observações aéreas. Com o agravamento da situação, a política de desinformação foi tomando corpo nos EUA. E como os UFOs apareciam também noutras partes do mundo, os diplomatas e militares norte-americanos trataram de acompanhar os casos no exterior, ora sugerindo, ora impondo que as autoridades das nações onde tais fatos aconteciam agissem de acordo com sua doutrina. Foi assim que países orientados politicamente com os EUA começaram a fazer parte do quadro internacional de acobertamento ao tema. Isso inclui o Brasil e países da América do Sul.

No fervor das circunstâncias, com UFOs sendo avistados em todo o planeta, e temendo os rumos da situação, o Major-General Charles P. Cabell, diretor do Serviço de Informação da Aviação Militar, deu ordens oportunas para que se fizesse um novo estudo da questão UFO – trabalho que caiu nas costas do Capitão Ruppelt, que, após concluído, apresentou os resultados para o substituto do General Cabell, o General-Major Samford.


O PROJETO BLUE BOOK

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Como resultado disso, foi criada uma agência especial para estudos dos UFOs, a qual começou a funcionar sob direção do capitão Ruppelt, chamada de Projeto Blue Book (Livro Azul). Ao longo da sua vida como projeto ativo, o Blue Book teria a oportunidade de analisar interessantes observações e muitos casos que podem ser considerados clássicos da ufologia. Claro, sempre mantendo uma postura cética e visando associar todos os fenômenos com causas naturais e humanas. Em muitos casos, as explicações oficiais oferecidas chegavam a ser uma atrocidade ao bom senso.

Só que os fatos e incidentes ufológicos superavam as explicações dos responsáveis da Força Aérea. Com o grave incidente de 1952, onde vários UFOs violaram o espaço aéreo de Washington, a CIA decidiu intervir mais diretamente nessa questão. A CIA lançou um programa de investigação: formou um grupo de cientistas renomados para que analisassem as provas que existiam sobre o fenômeno UFO. Esse programa, ou "painel", era formado por:

01 – Doutor H. C. Robertson, professor de física matemática do Instituto de Tecnologia da Califórnia (presidente da comissão – daí o nome "Painel Robertson").
02 – Doutor Samuel A. Goudsmit, físico teórico e decano do departamento de Física dos Laboratórios Nacionais de Brookhaven.
03 – Geofísico Lloyd V. Berkner, presidente da Associated Universities, Inc.
04 – Doutor Luis W. Alvarez, físico especialista em partículas, ganhador do prêmio Nobel e professor dessa disciplina na Universidade de Berkley.
05 – Doutor Thornton L. Page, astrônomo e mestre da Universidade John Hopkins.

Esta impressionante constelação de sábios reuniu-se durante dois dias apenas para examinar uma seleção de meia-dúzia de casos fornecidos pelo projeto Blue Book. Com esse número reduzido de casos, o Painel Robertson estabeleceu três tópicos como conclusão:

01 – Não existem provas de nenhuma ação hostil no fenômeno UFO.
02 – Não existem provas sobre a existência de "aparelhos de uma potência estrangeira hostil em nenhum dos casos que foram analisados".
03 – Recomenda-se um programa educativo para informar ao público sobre o caráter dos diversos fenômenos naturais vistos nos céus (meteoros, esteiras de vapor, halos, balões, etc), com o objetivo de eliminar o "status de mistério" que o fenômeno adquiriu.

Mas, a estas três recomendações, frutos de uma análise rápida, superficial e precipitada de cinco cientistas de indiscutível competência, foi acrescentado um quarto tópico secreto – a pedido dos representantes da CIA. Os representantes da CIA foram doutor H. Marshall Chadwell, Mr. Ralph L. Clark e Mr. Philip G. Strong. Além desses representantes da CIA, também estavam presentes na reunião que acabou estipulando um quarto tópico secreto brigadeiro Garland (chefe do ATIC), tenente Coronel F. C. Durant e doutor J. A. Hynek.

Este quarto tópico secreto, imposto pela CIA, exigia um sistemático descrédito aos "discos voadores". O objetivo deste descrédito consistia em reduzir o interesse do público pelo fenômeno.

PARTE 2