HISTÓRIA E CULTURA

Museu na Argentina expõe múmias de crianças incas de 500 anos

mumin121/08/2016 - Corpos de meninas mortas em sacrifícios foram encontrados intactos no alto do vulcão Llullaillaco. Foi no alto do vulcão Llullaillaco, que pesquisadores argentinos chegaram ao túnel do tempo. Fizeram uma grande descoberta: três múmias intactas da civilização inca. São três crianças com mais de 500 anos. A arqueóloga Constanza Ceruti escalou 150 montanhas com mais de 5.000 metros de altitude, até encontrar as múmias de Llullaillaco.  "Chegamos ao cume do vulcão, a 6.739 metros de altura. Isso significa que é o sítio ...

arqueológico mais alto de todo o planeta. Foi como encontrarmos com embaixadores do passado. Foi um momento muito especial” contou Constanza Ceruti, arqueóloga da Universidade Católica de Salta. As três múmias retiradas do alto da montanha, foram trazidas para o museu da cidade de Salta. No museu não pode acender nenhum tipo de iluminação. A menina do raio fica em uma área que parece um freezer porque a temperatura dentro do lugar onde ela está é abaixo de 20°C.

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Globo Repórter: Por que chamam ‘la nina del raio’ (a menina do raio)? Gabriela Recagno Browning, diretora do Museu de Arqueologia de Alta Montanha: Porque sabemos, por estudos arqueológicos e pelos objetos que a rodeavam, que em algum momento dos 500 anos em que esteve enterrada um raio atingiu a tumba, penetrou na terra e queimou parte do seu rosto e parte do seu corpo, por isso chamam menina do raio.

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A diretora do Museu de Salta confirma que as crianças foram mortas no altar de sacrifícios, em cerimônia inca. "Esse tipo de cerimônia se chamava capacocha ou obrigação real, em que eram feitas em situações especiais. Quando um inca que subia ao governo, ou de uma catástrofe climática. Então tinha que dar à terra, a maior das oferendas, que era a vida de uma criança" explicou Gabriela Recagno Browning.

As múmias foram estudas minuciosamente durante cinco anos por cientistas da Universidade de Salta. “Os três niños são as múmias melhor conservadas do mundo. Conservam todos órgãos internos, sua última comida, absolutamente tudo, como se estivessem ficado em uma cápsula do tempo por 500 anos”, Gabriela Recagno Browning afirmou. Enigmas de uma região extrema, longe de qualquer civilização.

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Um lugar inóspito e isolado, bonito, que se destaca pelo colorido dos paredões, mas essa região desértica é também a farmácia do povo de Uquia, um povoado com 1780 habitantes. Léo é uma espécie de guru e farmacêutico da região. Ele é quem prepara os medicamentos. No quintal da casa de Léo, em Uquia, ele cultiva quase todas as espécies medicinais encontradas no deserto. A mulher dele, Dona Olga, tem uma horta. Dona Olga é uma especialista. Ela prepara uma das comidas mais fortes que o ser humano pode ter: quinoa, um cereal usado desde o tempo dos incas. Ela compara a quinoa com a carne, em valores de proteínas.

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"Nós deixamos de comer carne, comemos uma porção de quinoa e é como se comêssemos os mesmos nutrientes que tem na carne, nas mesmas proporções”, disse a dona de casa Olga Romero. Dona Olga e Léo são muito hospitaleiros, como a maioria daqueles que se aventuram viver no deserto de Puna. Não deve ser fácil. No extremo norte da Argentina, uma cadeia de montanhas coberta de gelo. Por lá podem ser encontrados oito vulcões, todos inativos. E do outro lado das montanhas de gelo, está a fronteira com o Chile, onde começa o deserto de Atacama.

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O povoado de Tolar Grande parou no tempo. As casas estão cercadas pelas montanhas geladas. Pilhas de madeira são fornecidas pela prefeitura para serem usadas nas lareiras das residências, como aquecedores. Uma estação ferroviária desativada há 25 anos. Desde que o trem deixou de vir a Tolar Grande, houve uma mudança radical na cidade: a população, que era de mais de duas mil pessoas, hoje não passa de 300 habitantes. O trem deixou de transportar o produto de sustentação básica econômica de toda a região, o enxofre.

Muitas casas, abandonadas, são relíquias do passado. Nas ruas, uma sequência de portas fechadas. Os filhos de dona Elza Rios também partiram. Mas ela resolveu ficar. Além do isolamento, os moradores enfrentam um inverno rigoroso. Na vila de San Francisco de Alfarcito vivem apenas noventa pessoas. Dona Ernestina, a artesã mais famosa da vila, faz roupas a partir da lã extraída das lhamas e ovelhas. Tudo é feito à mão.

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No extremo sul do deserto de sal da Argentina, uma formação rochosa impressionante. O cone de Arita, que tem a forma de vulcão, mas não é vulcão. Alguns autores consideram que é a forma de pirâmide natural mais perfeita do mundo. Lembra a imponência dos faraós, mas é esculpida pelo vento e resiste ao tempo. É mais uma obra de arte da natureza, no deserto da Cordilheira!


Fonte: http://g1.globo.com/