RELIGIÃO, CULTOS E OUTROS

Yakuza

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A Yakuza é uma organização criminosa japonesa. Os Yakuza surgiram como bandos organizados e obedeciam a regras específicas. Com o tempo, passaram a influenciar diversos segmentos da sociedade japonesa. Foi no início do século XVII que nasceram, nos grandes centros urbanos de Osaka e Edo (atual Tóquio), sob a égide dos chefes de quadrilhas.  Os Yakuza agrupam diversas categorias: primeiro foram os jogadores profissionais, depois os ambulantes. A esses uniram-se alguns samurais que, a partir de 1603, com o fim das guerras .eudais e o reinado da "Paz Tokugawa" por 250 anos, viram-se sem mestres, ameaçados de banimento. Na hierarquia social Yakuza, depois dos samurais, dos artesãos e dos comerciantes vêm os hinin (não-humanos) e os eta (maculados). Os "hinin" são carcereiros, carrascos e pessoas ligadas à espetáculos.
Os "eta" estão vinculadas à profissão de abate de animais (no xintoísmo e no budismo consiste mácula todo trabalho ligado à morte e ao sangue). Os Yakuza criaram um estatuto e um código baseado nas relações de fidelidade entre o padrinho (oyabun) e seu protegido (kobun): a cerimônia de consagração consiste na troca do copo de saquê e representa a entrada na gangue e os laços de sangue. No grupo há regras bem específicas, como por exemplo, a proibição de tocar na mulher de outro membro ou revelar informações sobre a organização.

Sociedade

É uma sociedade exclusivamente masculina. Eles não confiam nas mulheres porque as consideram fracas e incapazes de lutar como os homens. Eles acreditam que as mulheres foram feitas para serem mães e para cuidarem de seus maridos, não devendo se meter nos negócios dos homens. Um outro motivo pelo qual as mulheres não são aceitas na yakuza é que não se deve falar sobre o grupo a ninguém de fora, e eles não acreditam que elas seriam fortes o suficiente para se manterem caladas caso fossem interrogadas pela polícia ou por algum inimigo.

A única mulher com maior prestígio é a esposa do chefe. Ela não é considerada um membro, mas é respeitada simplesmente por ser a esposa, não interferindo em qualquer ocasião. Quando o chefe morre e não há ninguém para substituí-lo imediatamente, é sua esposa quem assume temporariamente o comando do grupo, até outro membro assumir a posiçao.

Família

Os clãs são organizados à semelhança de uma família, possuindo talvez a mais rígida das hierarquias do mundo dos crimes. O oyabun (pai) é o chefe, wakashu são seus filhos e kyodai são seus irmãos. Todos devem total obediência e lealdade ao oyabun, e em troca ele oferece proteção a todos de seu clã. Os membros não devem ter medo de morrer pelo oyabun, e devem concordar com tudo o que ele diz.

Há dois tipos de yakuza: aqueles que pertencem a um clã/grupo e os autônomos. Os autônomos não pertencem a clã algum, por isso têm dificuldades para agir, pois os grupos não permitem que eles atuem em seus territórios. Os clãs costumam usá-los como bode expiatório ou pagá-los para realizar um serviço no qual não queiram envolver o grupo todo. Se o autônomo for realmente ambicioso e capacitado, pode até começar um grupo do zero, mas geralmente, quando não é morto, torna-se membro de algum já existente.

Principais famílias

 

yamabishi

Yamaguchi-gumi a Familia Untem - Criada em 1915 é a maior família da Yakuza, tem mais de 39 mil membros e é dividida em 750 clãs. Seu Oyabun (líder) é o Kenichi Shinoda

 

sumiyaxhi

 

Sumiyoshi-rengo as vezes chamado de Sumiyoshi-kai - É a segunda maior família da Yakuza, com mais de dez mil membros divididos em 177 clãs. Seu Oyabun atual é o Shigeo Nishiguchi. É inimiga de morte da Yamaguchi-gumi

 

inagawa

 

Inagawa-kaï e famila Seiju - É a terceira maior família da Yakuza, tem mais de 7 mil membros e é dividida em 177 clãs. Seu Oyabun atual é o Kakuji Inagawa. Foi a primeira Yakuza a operar fora e dentro do Japão

 

toua

 

Towa Yuai Jigyo Kumiai as vezes chamada de Towa-kai - É a quarta maior família da Yakuza, tem mais de mil membros e é dividida em 6 clãs. Seu Oyabun atual é o Satoru Nomura.. Foi a primeira Yakuza japonesa a ser criada na Coréia.


Obrigações

Entre as obrigações dos membros estão:

Não esconder dinheiro da gangue;

Não se envolver pessoalmente com narcóticos;

Não procurar a lei ou a polícia;

Não violar a mulher ou os filhos de outro membro;

Não desobedecer às ordens de um superior.

Liderança

O chefe dos filhos chama-se wakagashira, e o dos irmãos shateigashira. O wakagashira é o segundo em autoridade, vindo logo após o oyabun e servindo também como um intermediário para ver se as ordens deste estão sendo cumpridas. O shateigashira é o terceiro em autoridade.

Cada filho pode formar sua própria gangue e assim por diante, resultando em diversas subfamílias. Cada um obedece o líder de sua gangue, mas é sempre o oyabun que dá a palavra final.

Uma família típica tem de 20 a 200 membros, o que pode assegurar ao clã todo um número bem superior a 1000 homens. As familias em que existem membros yakuza são geralmente de raiz com nome shibatsu, yakasa, shiatsuta, tashiro, tonaco, shematse, tokesho entre outras diversas com membros na cultura japonesa.

Caso um indivíduo entre na sociedade dos yakuza, muitos clãs não permitem que ele saia do seu grupo, duvidando de que possa vazar alguma informação.

Como funciona a Yakusa

Yakuza é o nome dado às gangues criminosas organizadas do Japão. A Yakuza não é uma organização única, mas um conjunto de gangues separadas ou clãs parecidos com a máfia americana. Esses criminosos violentos deixaram seus vestígios em muitos aspectos da vida japonesa, desde a jogatina e esquemas de prostituição até os bastidores do poder político e financeiro de alto escalão.

As várias gangues que compõem a Yakuza têm diferentes origens, e as versões dessas origens divulgadas pelas gangues podem ser bem diferentes do registro histórico. Em sua própria visão, a Yakuza descende de personagens honrados, que defendiam de bandidos itinerantes seus povoados - da mesma forma que Robin Hood. Algumas até declaram que a linhagem da Yakuza vai até os Ronin, guerreiros samurai que se encontravam sem mestres após um período de conturbação política no Japão do século XVII [fonte: Biblioteca do Crime - em inglês]. Você pode ler mais sobre Ronin e samurai em Como funcionam os samurais.

Outras pessoas dizem que a Yakuza, em vez disso, se originou a partir dos kabuki-mono, "os loucos." Esses eram gângsters maltrapilhos que portavam espadas muito longas, intimidavam povoados inteiros e às vezes executavam os seus habitantes sem nenhuma razão [fonte: Kaplan]. A verdade é provavelmente uma combinação de duas histórias. Deixados sem uma hierarquia militar de orientação à sua vida, muitos samurais se voltaram para o crime. Outros partiram para atividades mercantis ou negócios mais escusos, como casas de jogos e prostituição [fonte: Seymour]. Esses criminosos, guerreiros sem mestre e novatos no sistema comercial japonês tinham uma coisa em comum: eles eram todos marginalizados.

O nome "Yakuza" reflete essa situação de marginalização. Ele é proveniente de um jogo de cartas japonês chamado Oicho-Kabu. Esse jogo é similar ao bacará, em que o valor em pontos de uma mão é baseado no dígito final da pontuação de uma mão. Uma mão de oito, nove e três é igual a 20, que não vale ponto: a pior mão possível no jogo. As palavras japonesas para oito, nove e três (ya, ku e za) formam a palavra "Yakuza", significando sem valor ou sem sentido. Confira esta página sobre o oicho-kabu (site em inglês) para saber mais sobre o jogo. ­

A palavra "Yakuza" originalmente se referia a uma pessoa que era um membro de uma gangue, mas hoje em dia se refere ao crime organizado japonês como um todo. Boryokudan, outra palavra para Yakuza, é considerada um insulto. Ela se refere a gângsteres degenerados e violentos sem nenhum senso de tradição ou honra. Essa é a maneira com a qual a polícia japonesa se refere à Yakuza.

Os ancestrais mais diretos da Yakuza são grupos de empresários clandestinos do século XVIII que comercializavam ou vendiam mercadorias nas ruas das grandes cidades. Conhecidos como bakuto e tekiya, respectivamente, esses biscates e camelôs ainda emprestam os seus nomes a alguns clãs atuais da Yakuza [fonte: Kaplan]. Esses grupos se organizaram gradualmente em gangues conhecidas como famílias ou clãs, que tinham hierarquias e regras formais.

No final do século XIX, a Yakuza se tornou associada a ideologias e políticas nacionalistas e militaristas. As gangues cultivaram alianças com políticos, e os políticos as usaram para assassinar adversários, grupos empresariais fortes ou mesmo em combates com nações próximas como a China [fonte: Kaplan]. A desordem no Japão Pós-Segunda Guerra Mundial também pode ter conferido à Yakuza uma presença ainda mais forte na economia e política do Japão.

Estrutura da Yakuza

Uma família da Yakuza tem estrutura superficialmente similar a uma família da máfia. Um único patriarca (kumicho) domina o clã. Ele tem vários ajudantes de ordens, subchefes e líderes de gangue sob a sua influência em uma estrutura aproximadamente piramidal [fonte: Biblioteca do Crime - em inglês]. Os líderes, assistentes, conselheiros regionais e uma variedade de capangas complicam ainda mais a estrutura do clã Yakuza. Alguns clãs possuem uma estrutura diferente: eles agem como um amplo sistema de alianças que trazem muitas facções menores escondidas em um guarda-chuva [fonte: Kaplan].

A chave da hierarquia é o forte relacionamento oyabun-kobun, um conjunto de papéis de pai e filho que une todos os clãs da Yakuza. Como recompensa pela lealdade absoluta e obediência inquestionável de seu kobun, o oyabun dá conselhos e orientações juntamente com proteção e prestígio [fonte: Kaplan]. O foco na honra e tradição na sociedade japonesa consolida ainda mais esses relacionamentos. Do contrário, as punições por descumprir o oyabun variam desde humilhações (expulsão do clã) até a tortura (cortar parte de um dedo). Cada membro do clã pode desempenhar ambos os papéis - de oyabun e de kobun -, agindo como subordinado da Yakuza imediatamente superior a ele e como um chefe dos gângsters abaixo dele.

A iniciação em ambos os relacionamentos oyabun-kobun e um clã da Yakuza é marcada por uma cerimônia especial. Um terceiro enche os copos de saquê do novo membro e de seu chefe oyabun. O chefe e o novo membro bebem um pouco do saquê de seus próprios copos. Depois, eles trocam os copos e bebem um pouco do saquê do outro. O chefe bebe tudo enquanto o iniciado apenas beberica [fonte: Biblioteca do crime - em inglês].

Apesar de muitos clãs da Yakuza possuírem ideologias nacionalistas, os coreanos possuem uma forte presença dentro da Yakuza. Os coreanos são às vezes vistos com preconceito pela sociedade japonesa, o que contribui para a situação de segregação da Yakuza. A lucratividade do contrabando de mercadorias entre o Japão e a Coréia também reforça essa influência coreana.

Mulheres são marginalizadas pela Yakuza. Mesmo as filhas e esposas dos membros do clã tendem a ser pouco mais que servas na melhor das hipóteses, sendo por vezes usadas como prostitutas da gangue. As mulheres raramente detêm posições de poder (com uma notável exceção, que discutiremos depois) [fonte: The Guardian - em inglês].

Yubizume

A punição tradicional por falhar dentro de um clã da Yakuza é a amputação de parte do dedo mindinho. Esse ato de contrição é conhecido como yubizume. Quando o gângster tiver desagradado o seu chefe, ele apenas recebe uma faca e uma tira de gaze. Ele então deve cortar a junta superior do seu quarto dedo e apresentá-la ao chefe. Esse é um enfraquecimento simbólico da capacidade da Yakuza de empunhar uma espada, tornando-o mais dependente do seu clã para apoio e proteção. Novas infrações podem resultar na perda de uma parte adicional do dedo, passando aos outros dedos se necessário.

Atividades da Yakuza

A Yakuza é composta de gangues criminosas. Elas participam das mesmas atividades de geração de dinheiro, como fazem todas as gangues. Jogatina ilegal e prostituição são marcas da Yakuza, assim como é lucrativo o contrabando de mercadorias proibidas, como drogas, armas e pornografia. A antiga rede de proteção, na qual a Yakuza ameaça proprietários de negócios e outros cidadãos com violência a menos que eles paguem um tributo, é também uma tática comum da Yakuza.

Os gângsters também operam negócios legais usando os lucros provenientes dos ilegais. Imóveis, construção e entretenimento são todos setores nos quais a Yakuza tem se envolvido [fontes: Japan Times e Asahi - em inglês]. As ligas e locais de luta livre profissional do Japão são particularmente conhecidas pelo envolvimento da Yakuza.

A Yakuza de alto nível freqüentemente participa do mercado de ações japonês, às vezes legalmente. Ela também pode encontrar ou inventar informações incriminatórias sobre uma empresa e usar essas informações para chantagear o seu conselho de administração. Após comprar ações do capital de uma empresa, o clã envia alguns de seus membros para reuniões do conselho, onde eles ameaçam os representantes da empresa com a divulgação de provas. A Yakuza pode exercer uma grande influência sobre os negócios dessa forma ou simplesmente exigir propina [fonte: Biblioteca do Crime - em inglês].

Muitos esquemas de extorsão e chantagem da Yakuza são cuidadosamente projetados para manter a tradição japonesa de polidez. A Yakuza pode pedir às empresas que participem de torneios de golfe, façam doações a instituições de caridade falsas ou comprem determinados itens, todos a preços ridiculamente inflacionados. Os líderes das empresas sabem que existe uma ameaça implícita em tais solicitações, portanto, eles freqüentemente participam, mesmo que a Yakuza nunca faça uma ameaça ou exigência direta [fonte: Biblioteca do Crime - em inglês].

A Yakuza nas telas

A Yakuza é um assunto cinematográfico popular. No Japão, esses filmes são ainda mais populares do que os filmes sobre gângsters nos Estados Unidos. Na maioria dos filmes sobre a Yakuza, os seus membros são guerreiros honrados (apesar de violentos) que se apegam à tradição e que lutam para preservar aquilo em que acreditam. Esses membros mitológicos da Yakuza são descendentes diretos dos guerreiros samurai cinematográficos do passado japonês [Jingai - em inglês].

Em 2006, a Sega lançou um videogame chamado Yakuza. O jogo permite que o jogador assuma o papel de um jovem gângster da Yakuza, participando de lutas de rua e tiroteios.

Vários chefes da Yakuza usaram seus impérios criminosos para obter poder político. Na verdade, alguns poucos membros da Yakuza desempenharam papéis importantes na história do Japão. Yoshio Kodama fez fortuna durante a 2ª Guerra Mundial vendendo suprimentos de guerra. Ele comprou esse material da China, e a China o vendeu sob pressão.

­Inicialmente preso como criminoso de guerra, Kodama fez várias conexões no submundo antes da sua libertação por forças de ocupação americanas. Usando a sua própria rede de espionagem, um pequeno exército de seguidores leais da Yakuza e várias negociações escusas com a CIA, Kodama consolidou o seu poder político. Fervoroso nacionalista de direita, Kodama usou seu dinheiro e influência para moldar a política e os negócios japoneses de maneiras que talvez nunca sejam reveladas. Ele acabou sendo acusado de vários crimes financeiros, mas morreu de uma doença antes de ser julgado [Fontes: Kaplan e Biblioteca do Crime - em inglês]. Ryoichi Sasakawa foi contemporâneo de Kodama e teve uma carreira similar.

Kazuo Taoka foi outro chefe influente na Yakuza. Ele foi o líder do maior clã, o Yamaguchi-gumi. Ele desempenhou o seu poder desde o fim da 2ª Guerra Mundial até o início da década de 80, quando morreu de ataque cardíaco. Sua esposa, Fumiko Taoka, ocupou o vácuo do poder e manteve o clã por um período de vários meses. Fumiko Taoka não foi a única mulher a agir como oyabun, mas a única que o fez na maior e mais poderosa gangue Yakuza do Japão [fonte: Kaplan].

No Japão moderno não existe mais tanta tolerância às evidentes demonstrações de poder que a Yakuza antigamente exibia. Em 1992, o governo japonês aprovou uma lei bem similar à lei RICO, dos EUA. Essa lei inclui várias penas para crimes cometidos pela gangue e faz com que os líderes da gangue sejam responsabilizados por crimes de seus membros. No entanto, a lei não reduziu significativamente a quantidade de membros nessas gangues: analistas estimam que a quantidade de membros da Yakuza em todo o Japão ultrapasse 80 mil e que o clã Yamaguchi-gumi, agora com seis gerações, possua 20 mil membros em várias gangues afiliadas [Fontes: Asahi e Japan Times - em inglês].

A lei também levou à reestruturação de alguns clãs, o que pode ter causado mais danos. A pressão da polícia fez com que algumas gangues se mudassem para novas áreas, provocando guerras sangrentas entre gangues. Os críticos também argumentam que a lei dificulta à polícia obter informações confiáveis dos informantes da Yakuza.

Quantias enormes de dinheiro continuam a entrar e sair dos cofres da Yakuza todo ano, com estimativas que ultrapassam mais de um trilhão e meio de ienes (mais de US$ 13 bilhões de dólares) apenas em 2004 [fonte: Japan Times - em inglês]. Esse volume de dinheiro sempre gera influência, portanto há poucas dúvidas de que a Yakuza ainda exerce uma poderosa influência sobre os negócios e a política no Japão.

Tatuagens da Yakuza

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O aspecto mais visível da participação na Yakuza são as grandes tatuagens exibidas por membros dedicados do clã. Freqüentemente, essas tatuagens cobrem todo o torso. Elas tipicamente exibem símbolos do clã, imagens nacionalistas ou cenas da glória tradicional japonesa, como guerreiros samurai. A Yakuza usa essas tatuagens como símbolos da situação externa da Yazuka e seu compromisso vitalício em relação ao clã.

 

Fonte:http://pt.wikipedia.org/wiki/Yakuza
http://pessoas.hsw.uol.com.br/yakuza.htm