CIÊNCIA E TECNOLOGIA

Droga pode apagar lembranças ruins

dorga_memorias_ruins01/06/2011 - Droga testada no Canadá conseguiu reduzir a capacidade do cérebro de se lembrar de memórias ruins. O estudo da Universidade de Montreal desafia a teoria de que as memórias não podem ser modificadas depois de geradas e lembra o enredo do filme “Brilho Eterno de Uma Mente Sem Lembranças”. Ao contrário da ficção, no entanto, não é possível selecionar exatamente datas específicas. A Metyrapone é uma droga que diminui significativamente os níveis de cortisol, um hormônio envolvido na lembrança das memórias. O que a equipe liderada pela pesquisadora Marie-France Marin descobriu ...

foi que manipular o cortisol perto do momento de formar novas memórias pode diminuir as emoções negativas associadas a ela - e este efeito pode ser duradouro.

No estudo, 33 homens tiveram que aprender uma história com eventos negativos e neutros. Após três dias, eles foram divididos em três grupos: um recebeu uma dose única de metyrapone, outro uma dose dupla e o terceiro recebeu placebo. Os homens tiveram que se lembrar da história após a droga e novamente, quatro dias depois, quando o medicamento não estaria mais no corpo.

O grupo que recebeu a dose dupla de metyrapone não se lembrou dos eventos negativos da história, embora não tivessem nenhum problema com os eventos neutros. Já o grupo do placebo lembrou-se de todos os eventos, sem problemas. O mais impressionante foi que a queda de memória das informações negativas continuou acontecendo mesmo quando os níveis de cortisol estavam normais no corpo, o que significa que a droga tem um efeito duradouro.

A pesquisa pode levar ao desenvolvimento de tratamentos para, por exemplo, pacientes que sofrem com estresse pós-traumático. A droga pode ajudá-los a reescrever a parte emocional da suas lembranças. "Nossa descoberta pode ajudar indivíduos a lidar com eventos traumáticos ao oferecer a elas uma oportunidade para ‘sobrescrever’ as memórias negativas durante a terapia", explicou Marie. Um grande problema, contudo, é que a metyrapone não é mais produzida comercialmente. No entanto, os resultados apontam uma direção para futuros testes clínicos. "Outras drogas reduzem o nível de cortisol e mais estudos com esses compostos vão melhorar o entendimento dos mecanismos do cérebro envolvidos na modulação das lembranças ruins", afirmou Marie.


Fonte: http://info.abril.com.br