CIÊNCIA E TECNOLOGIA

Bombas inteligentes têm guia

arminte1Por Michael Puttré - Uma equipe das forças especiais dos Estados Unidos e 1.000 combatentes afegãos anti-Taleban avançavam na escuridão no aeroporto de Kandahar em novembro de 2001, quando Tom Lawhead, um tenente-coronel da força aérea olhou para fora da cabine de seu caça-bombardeiro F-16. Mesmo usando óculos de visão noturna, o comandante do 389o esquadrão teve dificuldade para certificar- se de que as forças da coalizão, 4,6 mil metros abaixo, estavam fazendo progressos em direção ao seu objetivo. Para complicar as coisas, um dos líderes de vôo de Lawhead avistou um comboio se movendo por trás dos cumes de alguns morros próximos. Os afegãos anti-Taleban já tinham perdido contato por rádio com uma equipe enviada para fazer um reconhecimento avançado. Ninguém sabia se os veículos traziam os batedores de volta ou se eram de uma emboscada inimiga. A resposta veio em instantes. Assim que cruzaram os morros, os veículos do comboio apagaram seus faróis e dispararam uma granada. 

Irrompeu um intenso tiroteio. Os membros do Taleban estavam contra-atacando.

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"O controlador aéreo avançado das forças especiais ficou ocupado tentando descobrir onde terminavam os bandidos e onde começavam os mocinhos", recorda Lawhead. Menos de 300 metros separavam os oponentes. Ficamos esperando, observando o tiroteio do alto. Finalmente, o controlador conseguiu nos transmitir as coordenadas do local para lançamento das primeiras bombas." O esquadrão aéreo arremeteu e fez disparos de precisão, interrompendo o ataque inimigo. "Se a emboscada tivesse êxito", explica o líder do esquadrão, "poderia ter frustrado nossos planos de nos apoderarmos do sul do Afeganistão".

Os caças eram capazes de atingir um alvo importante na escuridão, a apenas algumas centenas de metros de distância de forças amigas, por disporem de uma tecnologia de armamentos nova e extremamente precisa. Os aviões não carregavam bombas "burras", sem instrumentação; transportavam a última palavra em bombas "inteligentes" e de baixo custo. O controlador aéreo avançado responsável havia transmitido por rádio à aeronave de patrulha um conjunto de coordenadas do Sistema de Posicionamento Global (Global Positioning System, ou GPS). Os pilotos dos F-16 digitaram as seqüências numéricas em seus computadores de controle de fogo, que por sua vez transmitiram esses números para os microcomputadores dos mísseis. Cada vez que uma bomba era lançada, o sistema de navegação inercial (INS) de bordo usava as informações do GPS para guiar a bomba até uma área dentro de um raio de 13 metros em torno do ponto definido no mapa com probabilidade de 50%.

O Afeganistão foi o primeiro lugar em que armas apoiadas por GPS foram usadas para auxiliar tropas em terra. Embora os EUA tenham utilizado quantidades limitadas dessas armas durante a intervenção em Kosovo em 1999 e em ataques posteriores nas zonas de exclusão aérea no norte e sul do Iraque, a vasta maioria das bombas lançadas durante o confronto afegão foi guiada por satélites. Os planejadores do Pentágono pretendem utilizar um número maior dessas armas inteligentes em um possível ataque contra o Iraque.

Ao contrário da geração anterior de armamentos guiados por laser e por sinais de televisão, uma bomba auxiliada por GPS não requer a permanência da aeronave lançadora nas imediações para iluminar o alvo e servir de guia. Depois de lançada, essa verdadeira arma do tipo "dispare e esqueça" funciona de forma autônoma. Dotada de autocorreção, ela é precisa mesmo sob mau tempo. Além disso, os atuais mísseis auxiliados por GPS são projetados para funcionar com os mais modernos sistemas de mira infravermelho e de radar existentes nas aeronaves de ataque ar-solo americanas. Elas também são diretamente interconectadas às infra-estruturas globais de navegação e de comunicações, que interligam as bases de controle de espiões orbitais, como o satélite fotográfico KH-11 e os satélites radares Lacrosse, a uma rede de plataformas de sensores aéreos de campo de batalha - todos capazes de ajudar a determinar as coordenadas GPS de um possível alvo. Entre esses sistemas estão os aviões de espionagem U-2, sempre úteis; e o E-8A J-Stars e a aeronave de reconhecimento RC-135 Rivet Joint, dotados de visão de longo alcance; os robustos e confiáveis aviões de patrulhamento EP-3 Aries, da marinha, e os RC-12, do exército; os famosos aviões AWACS e os recém-operacionais aviões teleguiados Predator e Global Hawk de reconhecimento (e, cada vez mais, de ataque) (ver ilustração na pág. oposta).

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Com essas armas, diminui a necessidade de vôos de reconhecimento, reduzindo o desgaste de equipamentos e tripulações. Além disso, as aeronaves são capazes de atacar seus alvos permanecendo fora do alcance de sistemas de defesa aérea, poupando vidas e diminuindo o risco de captura de tripulações. Por último, mortes de civis e danos a propriedades e infra-estrutura podem ser evitados. A única desvantagem dessa tecnologia são sinais de rádio-interferência.
Uma Década de Diferença

As armas auxiliadas por gps possibilitam uma flexibilidade em combate quase inconcebível há apenas 10 anos. "Durante a operação Tempestade no Deserto, geralmente sabíamos com antecedência qual seria o alvo da missão\\`, observa Lawhead. Infelizmente, essas informações não podiam ser atualizadas prontamente. Hoje, os líderes das missões podem reagir mais rapidamente a mudanças nas circunstâncias, o que permite um uso muito mais flexível das tropas disponíveis.

Melhor eficiência tem outras implicações estratégicas. Antes da Guerra do Golfo, em 1990-91, acreditava-se que seis bombas "burras" - praticamente a carga total de um caça ar-solo típico - eram necessárias para destruir um alvo determinado. "Na operação Tempestade no Deserto, quando eu lançava bombas \\`burras\\`, mobilizávamos um esquadrão de 20 a 24 caças F-16 para atingir um único alvo com vários pontos de impacto", diz Lawhead. (Um alvo como uma base aérea pode ter diversos hangares, que precisam de pontos de mira individuais.) Mas com armamentos de precisão apontados para um mesmo alvo, "em vez de 24, hoje precisamos de dois a quatro jatos". Somente cerca de 6% de toda a artilharia lançada durante a Guerra doGolfo era dotada de navegação de precisão - e aquelas que dispunham desse tipo de sistemas eram, em sua grande maioria, bombas guiadas por laser, mísseis orientados por alvos televisionados e mísseis de cruzeiro com orientação inercial, todos, à época, representantes de tecnologias de ponta. O GPS estava começando a ser utilizado para fins de navegação, e não tinha função na orientação dos mísseis.

"Estamos começando a abandonar ao máximo o uso de bombas burras", diz o capitão Robert Wirt, gerente de programas de armamentos de ataque convencionais do U.S. Naval Air Systems Command (Navair), na Base Naval Aérea de Patuxent River, em Maryland. "Tendo em vista as preocupações com danos colaterais, a necessidade de permanente apoio de solo às operações aéreas e a proximidade com o inimigo sob as quais operamos, temos bons motivos para querer que a maioria de nossas armas tenha orientação precisa".

A produção está crescendo para satisfazer essa necessidade. Antes da campanha no Afeganistão, o arsenal do Pentágono contava com cerca de 10 mil JDAMs, o tipo predominante de bomba auxiliada por GPS. Atualmente a Boeing está produzindo cerca de 1.500 sistemas por mês, para atender pedidos da força aérea e da marinha norte-americanas num total de 230 mil JDAMs; até agosto, esse ritmo terá aumentado para 2.800 por mês.
Obstáculos Climáticos

O pentágono desenvolveu as armas baseadas no GPS para superar as limitações das armas de precisão da geração anterior, em sua maioria bombas guiadas por laser da época do Vietnã. Muitos desses sistemas mais antigos são equipados com rastreadores que se orientam pela energia do laser refletida pelo alvo. Os indicadores laser podem ser instalados na aeronave de ataque, em outro avião ou transportados por equipe de observação em terra.

Essas armas continuam sendo altamente valorizadas por sua precisão. Entretanto, uma espessa camada de nuvens, fumaça ou poeira podem torná-las ineficazes. "A única variável que não podemos controlar é o clima", afirma o capitão Wirt. "Se uma nuvem entrar no caminho entre o indicador e o alvo, um míssil normal guiado por laser perderá o rumo".

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Essa limitação levou Merrill Mc-Peak, na época tenente-general do Estado- Maior da Força Aérea, a pedir ao Pentágono, em maio de 1991, o desenvolvimento de um míssil autônomo que os pilotos pudessem lançar através de nuvens e sujeitos a outras condições adversas. Isso gerou a abertura de uma licitação visando a produção de armamentos auxiliados por GPS. Em 1995, a Boeing venceu uma concorrência entre 12 empresas. O resultado foi a Munição Comum para Ataque Direto (Joint Direct Attack Munition, ou JDAM) e equivalentes. Cada um dos tipos dessas chamadas armas J tem um alcance específico (o termo "munição comum" refere-se ao fato de que esses sistemas podem ser usados por aeronaves de qualquer uma das armas militares). Esses armamentos de precisão obtêm exatidão incomparável utilizando sistemas de mira complementares para corrigir a trajetória de vôo plotada pelo piloto automático a bordo do míssil. Um aparelho receptor de GPS triangula a posição do míssil usando sinais de navegação transmitidos por satélites. A tecnologia GPS funciona em associação com uma unidade inercial de mensuração (inertial measurement unit, ou IMU), que plota uma rota usando sensores de aceleração giroscópicos montados sobre um cardã. Uma bomba guiada por GPS-IMU gasta os primeiros 25 a 30 segundos de sua queda livre captando os sinais do GPS.

Essas coordenadas atualizam o IMU, que fornece dados de orientação ao piloto automático do armamento. Em seguida, esse computador de missão modifica a trajetória do vôo conforme exigido, mediante a deflexão de aletas na cauda ativadas eletricamente. Se os sinais do GPS forem perdidos devido a falha do receptor ou a rádio-interferência, o sistema inercial continuará direcionando o armamento rumo às coordenadas mais recentes.

A JDAM foi a primeira arma ar-solo guiada por GPS a entrar em serviço, em 1997 (ver box na página oposta). Não se trata de um armamento completo, mas de um kit opcional preso em torno de um míssil e que converte projéteis "burros" padrão (que custam poucos milhares de dólares cada) em bombas inteligentes baseadas em GPS. Os módulos de orientação de precisão da JDAM e suas aletas de orientação são fabricados a um custo relativamente baixo, de aproximadamente US$ 20 mil por míssil (comparado a US$1 milhão para um único míssil de cruzeiro do tipo utilizado na Guerra do Golfo). O kit de fixação à cauda tem um receptor e uma antena GPS, um IMU, um computador de missão, acionadores mecânicos para movimentar as aletas de cauda, uma fonte de alimentação elétrica e cabeamento de alimentação com conectores. O sistema compreende software para planejamento de missões e software complementar na aeronave. As JDAMs em serviço nos EUA têm um alcance de cerca de 13 km quando lançadas de uma altitude de 6 km.

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O primo letal da JDAM é o Lançador de Munição para Correção de Desvio Eólico (Wind Corrected Munitions Dispenser, ou WCMD), um kit de fixação à cauda de US$ 10 mil, apresentado em 2000 pela Lockheed Martin e compatível com a família de bombas de fragmentação padrão (ver box nas págs. 80 e 81). O WCMD não possui receptor de GPS, e portanto tem cerca de metade do alcance de uma JDAM.

Um membro mais complexo da série de armamentos J é o Armamento Remoto Conjunto (Joint Standoff Weapon, ou JSOW) (ver box nas págs. 80 e 81). Construído pela Raytheon, o JSOW é uma bomba planadora com uma ogiva de 227 quilos e asas com geometria e posicionamento variável. Seu alcance máximo varia entre 24 e 64 km, dependendo da altitude de que é lançada. O JSOW é um sistema totalmente novo, em contraposição a um kit de conversão. Cada uma dessas bombas pode ser disparada contra alvos a distância fora do raio de ação de sistemas de defesa de curto alcance. A intenção era produzir um "porta-bombas" multiuso, com muitas variantes. O JSOW-A, primeiro da série, começou a ser produzido em 1999. Carrega submunições (qualquer munição que executa sua tarefa separando- se da "munição-mãe") semelhantes ao WDMD - e custa US$ 220 mil. O JSOW-B, de US$ 375 mil, é portador de submunição antitanque.

Previsto para 2005, o JSOW-C tem uma ogiva penetradora "unitária" para destruição de casamatas e outros alvos blindados; seu custo é estimado em US$ 400 mil. O uso de GPS e IMU para orientação inicial se assemelha ao da JDAM, mas o JSOW-C também possui um rastreador de imageamento infravermelho para sua orientação final (de "último segundo") rumo ao alvo. O rastreador permite que o computador de bordo execute uma função denominada comparação de cenários, mediante a qual uma imagem infravermelha é comparada com uma fotografia do alvo previamente armazenada.

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A arma de maior alcance e sofisticação da primeira série de armamentos da família J é o Míssil Remoto Ar-Solo (Joint Air-to-Surface Standoff Missile, ou JASSM), fabricado pela Lockheed Martin (ver página seguinte). Os testes com o JASSM foram concluídos em 2001 e o míssil deverá estar em operação este ano. Um motor a jato impulsiona o míssil de cruzeiro até uma distância de cerca de 320 km. A ogiva penetradora de 454 quilos foi projetada para atacar alvos de alto valor e bem defendidos. Assim como o JSOW-C, o JASSM - com custo estimado em mais de US$ 700 mil - possui um buscador baseado em imageamento infravermelho para orientação terminal, além de seus recursos GPS-IMU de orientação durante o trecho de cruzeiro do trajeto.

Agressão Passiva

Além de sinais de gps, os armamentos de precisão também podem tirar proveito de emissões feitas pelo inimigo. Praticamente todas as unidades ou sistemas militares modernos emitem algum tipo de sinal no decurso de sua missão, e esses sinais podem ser interceptados e analisados para identificar localização e identidade. Recentemente, essas técnicas tornaram possível localizar um emissor adversário na superfície terrestre dentro de um raio suficientemente preciso para que uma arma auxiliada por GPS seja enviada àquelas coordenadas para destruí-lo. Essa capacidade de geolocalização corrobora uma doutrina americana que defende a substituição dos radares ativos das aeronaves de ataque por sensores "passivos" mais modernos, que não emitem sinais reveladores de sua presença. Sistemas receptores passivos de detecção de radares de aeronaves táticas medem as variações Doppler produzidas por um radar inimigo. Um algoritmo especial para determinação de distâncias compara a alteração Doppler com o GPS e o INS da aeronave para calcular rumo e localização. Além disso, três ou mais aeronaves podem computar triangulações em relação ao emissor e compartilhar essas informações. A próxima geração de aeronaves táticas norte-americanas - o caça F-22 e o Joint Strike Fighter F-35 -, terá capacidade maior porque foi projetada para incorporar sensores passivos, podendo atingir alvos por geolocalização. O F-22 deverá começar a operar no início de 2006.

Interferências Eletrônicas

Os mesmos sinais de gps, tão essenciais às tecnologias de batalha de precisão são também seu maior ponto fraco. Por serem muitos débeis, esses sinais são extremamente suscetíveis a rádio-interferência. Eles são transmitidos de modo a assegurar um nível de potência de sinal de no mínimo 160 a 166 decibéis abaixo de um watt na superfície terrestre. Isso é comparável à luz de uma lâmpada de 25 watts vista de 16 mil km de distância. Em outras palavras, os sinais de GPS têm um bilionésimo da potência dos sinais recebidos por uma antena de televisão. É fácil interferir em sinais tão fracos, por isso os fabricantes de armas incorporam uma ou mais funções anti-rádio-interferência ao projeto do receptor.

Os sistemas de precisão também não são imunes a falhas humanas. Em outubro de 2001, o Pentágono divulgou que um F/A-18 Hornet errou seu alvo depois de lançar uma bomba auxiliada por GPS. Uma JDAM atingiu uma área residencial a 1,5 km do alvo no aeroporto de Cabul. Pelo menos quatro pessoas morreram e outras ficaram feridas. O acidente foi atribuído a "erro no processamento do alvo". Em dezembro do mesmo ano, três americanos e cinco soldados aliados afegãos foram mortos quando a bateria do receptor de um controlador aéreo avançado foi trocada durante um vôo de bombardeio. A interrupção no fornecimento de energia reinicializou as coordenadas calculadas, substituindo-as pelas coordenadas do próprio controlador, levando uma JDAM desorientada a atingir essa posição.

As montanhas do leste afegão foram um campo extremo de testes de mísseis auxiliados por GPS, comprovando as capacidades - e as limitações - dessa tecnologia. Mesmo sem ter passado pelo teste das contingências de um enfrentamento de rádio interferência versus anti-rádio-interferência, que só um adversário tecnologicamente avançado pode criar, a larga disponibilidade de armamentos GPS-IMU está aumentando a confiança do Pentágono na tese de que grupos menores de soldados portando equipamentos mais leves podem derrotar tropas inimigas mais numerosas, quando apoiados por um poder de fogo aéreo preciso.

Bomba orientada por GPS

Opcional inteligente: A Munição Comum para Ataque Direto (JDAM, ou Joint Direct Attack Munition) (acima) é o mais comum dos armamentos aéreos do Pentágono orientados por GPS. O JDAM vem na forma de um kit custando US$ 20,000 que os técnicos acoplam a bombas ?burras?, que custam alguns milhares de dólares, convertendo-as em bombas ?inteligentes? capazes de uma precisão extraordinária. O kit de conversão é constituído por aletas de cauda e um chapeamento do corpo, um receptor GPS e sua antena, um sistema de orientação inercial, um computador de missão (com um software especializado), acionadores elétricos para mover as aletas de cauda e uma fonte de alimentação elétrica, bem como um chicote de fiação e conectores. Tripulantes da marinha responsáveis pelas bombas a bordo do porta-aviões John C. Stennis armam uma aeronave com um JDAM no convés de pouso e decolagem (acima, à direita). O bombardeiro B-52 da Força Aérea norte- americana pode acomodar diversos JDAM em um bastidor sob suas asas.
RESUMO / Armamentos Auxiliados por GPS

- O Pentágono começou a usar uma família de armas ar-solo "inteligentes", que usa uma tecnologia de direcionamento inercial atualizado por coordenadas de Sistema de posicionamento Global (GPS) fornecidas por satélites, para atingir com precisão e à distância, tropas e bases inimigas. O sistema auxiliado por GPS é projetado para ajudar a guiar o tipo mais comum dessas munições de precisão até no máximo 13 metros de um alvo predeterminado em 50% das vezes.

- O custo relativamente baixo de muitos desses armamentos permite que eles sejam utilizados em grande número pelos Estados Unidos. Assim, aeronaves e tripulações podem atacar alvos perigosos a partir de uma distância segura. São necessários menos vôos de reconhecimento para alcançar os objetivos das missões e podem ser bastante reduzidos os danos justificados como acidentais - os denominados danos colaterais -, às vidas de civis e a propriedades, em comparação com o uso de bombas "burras" convencionais, ou "de ferro".


Smartguns: a era das armas inteligentes está chegando

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05/07/2014 - Elass estão presentes em várias produções cinematográficas de ação, principalmente naquelas que têm suas histórias desenroladas no futuro. “O Juiz”, “O Demolidor”, “Minority Report” e “No Limite do Amanhã” são apenas alguns exemplos de filmes nos quais os personagens contam com smart guns. Apesar disso, armas inteligentes como as retratadas nos longas-metragens não estão longe de virar realidade. Inclusive, algumas delas já existem e estão sendo usadas por exércitos mundo afora. Neste texto, nós vamos explicar o que é uma smart gun, trazer mais detalhes desses equipamentos bélicos e falar sobre como eles podem revolucionar os combates armados.

A esperteza na hora de atirar

De acordo com o site Engadget, o termo “smart gun” é uma marca registrada da empresa Mossberg, tradicional fabricante de armas dos EUA. Contudo, o conceito original é informalmente usado para designar qualquer arma de fogo que é projetada para permitir que somente o seu dono puxe o gatilho. Como o armamento faz isso, para fins conceituais, não faz diferença.

Entre as tecnologias mais utilizadas para isso estão a RFID, que usa a radiofrequência para troca de dados a curtas distâncias, e a leitura biométrica. Porém, existem projetos e protótipos de armamentos que usam diversos sensores para gravar e comparar a pressão com a qual uma determinada pessoa segura a arma — o melhor exemplo dessa técnica é o sistema Dynamic Grip Recognition, desenvolvido no New Jersey Institute of Technology. Além disso, mais recentemente começaram a surgir novas “categorias” de armamentos inteligentes. O caminho que está sendo traçado por esse segmento é o de proporcionar maior precisão de disparo, contando com acessórios que proporcionam quase miras automáticas ou que o atirador sequer esteja com o olho na luneta. É a combinação de armas e processamento computacional.

Meu nome é Bond...

Uma das smart guns mais conhecidas é a Armatix iP1, que funciona ao melhor estilo James Bond em "007: Operação Skyfall". A pistola de calibre .22 conta com um sistema batizado de Smart System, o qual estabelece uma comunicação via sinais de rádio de curta distância (RFID) entre a arma e um relógio de pulso que deve ser usado pelo atirador. Distância de restrição de disparo é mínima, ou seja, se o dono da arma não estiver com ela empunhada, o tiro não será efetuado. É possível ainda travar ou habilitar a arma a partir de um código PIN digitado no relógio. O armamento possui um sinal luminoso para indicar se está bloqueado ou não.

Na ponta do dedo

Outra tecnologia já disponível no mercado é a Intelligun, criada pela companhia Kodiak Industries. Diferente do equipamento da Armatix, esse dispositivo opera com um scanner de digitais adaptado a uma Colt 1911 — um dos modelos mais populares nos EUA e que já teve algumas de suas versões passadas adotadas pelo exército brasileiro. O leitor biométrico fica localizado na coronha, onde o dedo médio geralmente fica posicionado. Para permitir o disparo, o sistema realiza a leitura e a comparação da digital de quem está com a posse da arma. Se a digital não for identificada como a do dono, a arma é completamente bloqueada. Esse armamento é vendido por US$ 399, algo em torno de R$ 890 em uma conversão direta.

Deixa que eu miro para você

Quando o assunto é tiro de longa distância, um dos equipamentos mais avançados é o rifle da TrackingPoint — o qual está sendo testado pelas forças armadas dos Estados Unidos. O que chama atenção nesse armamento é a sua composição que traz funções presentes em computadores. A vantagem dessa arma está, na verdade, em sua mira telescópica. Ali estão localizados: bússola, microfone, servidor WiFi, calculador de balística, lentes, sensores de pressão, temperatura e infravermelho, além de um filtro para atirar sob condições climáticas ruins. Todos esses dispositivos coletam informações, as quais são processadas por um microchip comandado por um sistema baseado em Linux.

A compatibilidade de interação com dispositivos com tela sensível a toque é mais uma peculiaridade do rifle. Assim, basta o atirador tocar no alvo que surge na mira para marcá-lo e deixar que o rifle faça todo o trabalho de cálculo para que o tiro saia preciso e perfeito. Depois é só fazer com que a mira secundária exibida no display chegue até o ponto previamente marcado. Assim que esses dois elementos se encontram, a arma dispara sozinha. E o sistema da TrackingPoint já se mostrou bastante flexível, abrindo um leque enorme de aplicações. Recentemente, ele foi usado em testes para que atiradores pudessem mirar usando o Google Glass e um par de óculos de esqui equipado com Android. Tanta tecnologia resulta em um preço salgado. Os modelos desse rifle inteligente podem variar entre US$ 10 mil e US$ 27 mil.

As balas também “pensam”

Mais do que dar “inteligência” para as armas, as fabricantes de armas também estão investindo no desenvolvimento tecnológico das munições. Um exemplo disso são os cartuchos disparados pelo rifle XM25 — que já participou de alguns conflitos no Afeganistão. As cápsulas possuem 25 milímetros, sendo capazes de perfurar quase todo tipo de material. Mas isso não é o motivo da revolução trazida por esse equipamento. O destaque aqui é o fato de cada bala contar com uma espécie de microcomputador que promove explosões controladas. Basicamente, o atirador pode determinar o momento em que a munição deve explodir, liberando os estilhaços que podem atingir um inimigo que estava protegido ou escondido. Depois de usar a mira telescópica para indicar a distância do alvo, a qual pode inclusive ser determinada manualmente, o soldado só precisa pressionar o gatilho e aguardar que o sistema interno calcule a rota a ser percorrida e o momento exato de explodir — tudo isso em menos de cinco segundos. E essa não é a única iniciativa nesse sentido. Clicando aqui, você confere o projeto do Sandia National Laboratories. Essa munição inteligente mistura um pequeno computador de bordo e um sensor óptico permitindo que o atirador direcione o trajeto do projétil por meio de um feixe de laser.

Tá, mas qual a vantagem de uma smart gun?

Não é preciso pensar muito para encontrar alguns benefícios relevantes das armas inteligentes. No tocante ao uso civil de equipamentos bélicos, a principal vantagem é evitar acidentes domésticos. Não são poucos os casos em que crianças acabam encontrando armamentos mantidos por seus pais em casa e causam tragédias. Além disso, a adoção desse tipo de tecnologia evita que uma pessoa ou um policial, por exemplo, que tenha sido desarmado por um criminoso seja ferido por sua própria arma — uma situação que acontece mais do que imaginamos. Por fim, soldados em campo de batalha se expõem menos graças aos recursos que permitem a mira sem que necessariamente a cabeça do combatente esteja próxima à arma.

Nem tudo é positivo

As ideias de armas inteligentes são boas, as tecnologias empregadas são promissoras e os seus benefícios são claros. Contudo, há quem ainda aponte possíveis problemas com esse tipo de equipamento. A alegação é de que os mecanismos de segurança podem falhar na hora de serem desativados, e isso pode acontecer no momento em que o atirador mais precise que o armamento funcione.

Embora tais dispositivos tenham sido amplamente estudados e testados pelas fabricantes, não podemos negar que é relativamente comum que sistemas computacionais travem ou apresentem erros de funcionamento. Por exemplo, a câmera pode não obter o foco automático devido, o leitor biométrico pode encontrar dificuldade para executar leituras com a interferência do suor e a bateria que faz esses dispositivos adicionais funcionarem pode acabar. O mais preocupante nesse cenário é que tais problemas podem significar a morte de quem está se defendendo. Por isso, as smart guns ainda não são muito comuns, mesmo em países que possuem legislações mais abertas para o porte de armas. Mais do que isso, ainda é necessária muita discussão sobre possíveis alterações em leis para que as armas inteligentes sejam ampla.


EUA testam rifles incríveis com Linux e rastreamento de alvomente usadas

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a mistura de computador e arma pode ser a próxima geração de rifles do exército dos Estados Unidos. A empresa responsável pelo projeto é a Tracking Point, que apresenta toda a tecnologia envolvida no vídeo acima. O principal ponto das novas armas é o uso de uma tela sensível a toque: basta tocar no alvo que surge na mira para marcá-lo e deixar que o rifle faça todo o trabalho de cálculo para que o tiro saia preciso e perfeito. Aí é só segurar a arma do jeito sugerido e apertar o gatilho na hora certa. Com um sistema baseado em Linux e uma interface digital intuitiva, o rifle possui um sistema de comunicação para que toda a tropa tenha acesso a dados como os alvos a serem abatidos. Bússola, microfone, servidor WiFi, calculador de balística, lentes, sensores de pressão e temperatura e um filtro para atirar sob condições climáticas ruins são algumas das características da arma.

É só apertar o gatilho

O uso do WiFi permite que dispositivos móveis recebam transmissões da tela embutida no rifle, permitindo o download de sequências. No visor, é possível ativar um "modo avançado" que faz parecer que o atirador está dentro de um simulador de alta complexidade, mostrando todas as variáveis da hora do tiro. Até o momento, o exército norte-americano teria comprado seis dos rifles inteligentes, com o preço variando entre US$ 10 mil e US$ 27 mil cada. A tecnologia envolvida, entretanto, deve compensar em economia de munição. Fora o uso militar, colecionadores e fãs de safari já encomendaram milhares de unidades da TrackingPoint.

Fonte: http://www2.uol.com.br/
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