CIÊNCIA E TECNOLOGIA

A Teoria dos Campos Mórficos do Biólogo Rupert Sheldrake

camor1Por Antonio Silvio Hendges - Rupert Sheldrake é um dos biólogos mais controversos de nosso tempo. As suas teorias não só estão revolucionando o ramo científico de seu campo (a biologia), mas estão transbordando para outras áreas ou disciplinas como a física e a psicologia. No seu livro Uma Nova Ciência da Vida (A New science of life, 1981), Sheldrake toma posições na corrente organicista ou holística clássica, sustentadas por nomes como Von Bertalanffy e a sua Teoria Geral de Sistemas ...

ou E. S. Russell, para questionar de um modo definitivo a visão mecanicista, que dá por explicado qualquer comportamento dos seres vivos mediante o estudo de suas partes constituintes e sua posterior redução para as leis químicas e físicas. Sheldrake propõe a idéia dos campos morfogenéticos, os quais ajudam a compreender como os organismos adotam as suas formas e comportamentos característicos.

Morfo vem da palavra grega morphe que significa forma; genética vem de gêneses que significa origem. Os campos morfogenéticos são campos de forma, campos padrões, estruturas de ordem. Estes campos organizam não só os campos de organismos vivos, mas também de cristais e moléculas. Cada tipo de molécula, cada proteína, por exemplo, tem o seu próprio campo mórfico – hemoglobina, insulina, etc. De um mesmo modo cada tipo de cristal, cada tipo de organismo, cada tipo de instinto ou padrão de comportamento tem seu campo mórfico. Estes campos são os que ordenam a natureza. Há muitos tipos de campos porque há muitos tipos de coisas e padrões dentro da natureza.

A contribuição de Sheldrake foi juntar noções vagas sobre os campos morfogenéticos (Weiss 1939) e os formular em uma teoria demonstrável. Desde que escrevera o livro no qual apresenta a Hipótese da Ressonância Mórfica, em 1981, foram feitas numerosas experiências que, em princípio, deveriam demonstrar a validade, ou a invalidade destas hipóteses. Você encontrará algumas mais relevantes ao término deste artigo.

Três enfoques sobre o fenômeno vital

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Tradicionalmente houve três correntes filosóficas sobre a organização da natureza biológica da vida: vitalismo, mecanicismo e organicismo.

VITALISMO

O vitalismo sustenta que em toda forma de vida existe um fator intrínseco, evasivo, inestimável e não sujeito a medidas que ativa a vida. Hans Driesch, biólogo e filósofo alemão precursor principal do vitalismo depois da mudança de século, chamou a esse fator causal misterioso enteléquia, que se fazia especialmente evidente em aspectos do desenvolvimento do organismo como a regulação, regeneração e reprodução.

A forma clássica do vitalismo como foi exposta por numerosos biólogos no princípio de século, especialmente por Driesch, foi criticado severamente pelo seu caráter acientífico: o fator causal (enteléquia) era incerto e não pôde ser demonstrado de modo algum.

Ernest Nagel, filósofo da ciência escreveu em 1951, no seu livro Filosofia e Investigação Fenomenológica: “O grosso do vitalismo […] é agora uma questão extinta […] não tanto talvez para a crítica filosófica e metodológica que se há revelado contra a doutrina, mas para a infertilidade do vitalismo em guiar a investigação biológica e pela superioridade heurística de focos alternativos.”

MECANICISMO

Embora numerosos biólogos identifiquem-se como vitalistas, na prática eles são mecanicistas, determinados pelas experiências de laboratório e as exigências da investigação científica de mostrar as experiências com parâmetros que possam ser medidos na física e química. Sheldrake afirma que o fracasso do vitalismo é devido principalmente a sua inabilidade para fazer predições demonstráveis e para apresentar experiências novas.

No momento, o enfoque ortodoxo da biologia vem determinado pela teoria mecanicista da vida: os organismos vivos são considerados como máquinas físico-químicas e todos os fenômenos vitais podem ser explicados, em princípio, com leis físico-químicas. Na realidade, isto é a posição reducionista que sustenta que os princípios biológicos podem ser reduzidos às leis fixas destes dois ramos da ciência.

A ortodoxia científica adere a esta teoria porque oferece um marco de referências satisfatórias, onde numerosas perguntas sobre os processos vitais podem ser respondidas e porque já muito tem se investido nela. As raízes do mecanicismo são mesmo profundas. De acordo com Sheldrake inclusive se admitir-se que o enfoque mecanicista está severamente limitado não só nas práticas, mas nos princípios, não pode ser abandonado e no momento é o único método disponível para a biologia experimental. Sem dúvida continuará a ser usado até outra(s) alternativa(s) mais positiva(s) surgir(em).

ORGANICISMO OU HOLISMO

O organicismo ou holismo recusam que os fenômenos da natureza possam ser reduzidos exclusivamente às leis físico-químicas, pois estas isoladas ou conjuntamente não podem explicar a totalidade dos fenômenos vitais. Por outro lado reconhece a existência de sistemas hierarquicamente organizados com propriedades que não podem ser entendidas por meio do estudo de partes isoladas, mas em sua totalidade e interdependência. Daí o termo holismo, da palavra whole = todo em inglês.

O organicismo foi desenvolvido através das influências de diversos sistemas filosóficos como os de Alfred North Whitehead e J. C. Smuts, psicologia Gestalt, conceitos como os campos físicos e parte do mesmo vitalismo de Driesch.

“O organicismo trata os mesmos problemas que Driesch disse que eram insolúveis em termos mecanicistas, mas enquanto ele propôs a enteléquia não física para explicar a totalidade e diretividade dos organismos, os organicistas propõem o conceito do campo morfogenético (ou embriônico ou de desenvolvimento)”. (Sheldrake 1981).

CAMPO MORFOGENÉTICO

“Os campos morfogenéticos ou campos mórficos são campos que levam informações, não energia, e são utilizáveis através do espaço e do tempo sem perda alguma de intensidade depois de ter sido criado. Eles são campos não físicos que exercem influência sobre sistemas que apresentam algum tipo de organização inerente.”

“[…] centrada em como as coisas tomam formas ou padrões de organização. Deste modo cobre a formação das galáxias, átomos, cristais, moléculas, plantas, animais, células, sociedades. Cobre todas as coisas que têm formas e padrões, estruturas ou propriedades auto organizativas.”

“Todas estas coisas são organizadas por si mesmas. Um átomo não tem que ser criado por algum agente externo, ele se organiza só. Uma molécula e um cristal não são organizados pelos seres humanos peça por peça se não que cristalizam espontaneamente. Os animais crescem espontaneamente. Todas estas coisas são diferentes das máquinas que são artificialmente montadas pelos seres humanos.”

“Esta teoria trata sistemas naturais auto-organizados e a origem das formas. E eu assumo que a causa das formas é a influência de campos organizacionais, campos formativos que eu chamo de campos mórficos. A característica principal é que a forma das sociedades, idéias, cristais e moléculas dependem do modo em que tipos semelhantes foram organizados no passado. Há uma espécie de memória integrada nos campos mórficos de cada coisa organizada. Eu concebo as regularidades da natureza como hábitos mais que por coisas governadas por leis matemáticas eternas que existem de algum modo fora da natureza.” (Sheldrake, 1981).

COMO FUNCIONAM OS CAMPOS MORFOGENÉTICOS?

Os campos morfogenéticos agem sobre a matéria impondo padrões restritivos em processos de energia cujos resultados são incertos ou probabilísticos. Por exemplo, dentro de um determinado sistema um processo físico-químico pode seguir diversos caminhos possíveis. O que o sistema faz para optar para um deles? Do ponto de vista mecânico esta eleição estaria em função de diferentes variáveis físicas e químicas que influenciam no sistema: temperatura, pressão, substâncias presentes, polaridade, etc., cuja combinação decantaria o processo para determinado caminho. Se fosse possível controlar todas as variáveis em jogo você poderia predizer o resultado final do processo. Porém, não é deste modo, mas o resultado final é sujeito ao acaso probabilístico, algo quantificável só por meio de análise estatística. O Campo Morfogenético relacionado com o sistema reduz consideravelmente a amplitude probabilística do processo, levando o resultado em uma direção determinada.

“Os Campos Mórficos funcionam , tal como eu explico em meu livro, a presença do passado, modificando eventos probabilísticos . Quase toda a natureza é inerentemente caótica. Não é rigidamente determinada. A dinâmica das ondas, os padrões atmosféricos, o fluxo turbulento dos fluidos, o comportamento da chuva, todas estas coisas são corretamente incertas, como são os eventos quânticos na teoria quântica. Com o declínio do átomo de urânio você não é capaz de predizer se o átomo declinará hoje ou nos próximos 50.000 anos. É meramente estatístico, Os Campos Mórficos funcionam modificando a probabilidade de eventos puramente aleatórios. Em vez de uma grande aleatoriedade, de algum modo eles enfocam isto, de forma que certas coisas acontecem em vez de outras. É deste modo como eu acredito que eles funcionam “. (Sheldrake, 1981).

ONDE SE ORIGINAM OS CAMPOS MORFOGENÉTICOS?

Um campo morfogenético não é uma estrutura inalterável, mas que muda ao mesmo tempo, que muda o sistema com o qual está associado. O campo morfogenético de uma samambaia tem a mesma estrutura que os campos morfogenético de samambaias anteriores do mesmo tipo. Os campos morfogenéticos de todos os sistemas passados se fazem presentes para sistemas semelhantes e influenciam neles de forma acumulativa através do espaço e o tempo.

A palavra chave aqui é “hábito”. Este é o fator que origina os campos morfogenéticos. Através dos hábitos os campos morfogenéticos vão variando sua estrutura dando causa deste modo às mudanças estruturais dos sistemas em que estão associados.

Por exemplo, em uma floresta de coníferas é gerado o habito de estender as raízes mais profundamente para absorver mais (e/ou melhores) nutrientes. O campo morfogenético da conífera assimila e armazena esta informação que é herdada não só por exemplares no seu entorno, mas em florestas de coníferas em todo o planeta por efeitos da ressonância mórfica.

EXPERIÊNCIAS

De acordo com Sheldrake, um modo simples para demonstrar a existência dos campos morfogenéticos é criando um novo campo mórfico para logo observar seu desenvolvimento.

Código Morse

O Dr. Arden Mahlberg, psicólogo de Wisconsin, realizou experimentos que analisam a capacidade de duas pessoas para aprender dois códigos Morse diferentes. Um deles é o padrão clássico e o segundo, inventado por ele variando as seqüências de pontos e linhas de modo que fosse igualmente difícil (ou fácil) aprender o código. A pergunta é: será mais simples aprender o verdadeiro Morse que o inventado porque milhões de pessoas já aprenderam isto? A resposta, aparentemente, é sim.

Ratos em labirinto

Esta é uma das primeiras experiências realizadas por Sheldrake, recuperada do tempo em que ele começou a considerar os campos morfogenéticos. Consiste em ensinar a um grupo de ratos determinada aprendizagem, por exemplo, sair de um labirinto, em certo lugar, para logo observar a habilidade de outros ratos em outros lugares, deixarem o labirinto. Esta experiência já foi levada a cabo em numerosas ocasiões dando resultados muito positivos.

Organização dos cupins

Mesmo separando um cupinzeiro, alterando sua forma, criando uma espécie de ferimento, os cupins, mesmo cegos reconstroem a forma original. Explicação: há um campo morfogenético que dá forma ao cupinzeiro. Os campos estão presentes em todos os sistemas vivos e/ou organizados, incluindo-se os humanos (lembraram das células tronco?)

Muitas outras pesquisas são propostas pelo biólogo Rupert Sheldrake e outros biólogos organicistas (holistas), que enfatizam a contextualização da Biologia e das pesquisas relacionadas às ciências biológicas, psicologia, física, medicina e outras.

REFERÊNCIAS
www.fatimaborges.com.br/artigo.phd?code=84

Wikipedia.org/wiki/campo_morfogenetico

www.scribd.com/

www.pontodetransiçao.com.br/biblioteca/campos_morfogeneticos.pdf

Antonio Silvio Hendges, articulista do EcoDebate, é Professor de Biologia e Agente Educacional no RS. Email: as.hendges{at}gmail.com
EcoDebate, 14/03/2011


Como Sheldrake desafiou os consensos científicos

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Como o recente debate em torno da mediunidade de Guimarães Rosa e da Glândula que vê o Mundo Espiritual levantou polêmicas e questionamentos científicos aqui no blog, vale colocar mais lenha em busca de um pouquinho de luz. Abaixo pequeno trecho da entrevista do polêmico cientista Rupert Sheldrakre concedida a Daniel S. Hoffmann, professor da UERGS - Universidade Estadual do Rio Grande do Sul e membro do Grupo Interdisciplinar em Filosofia e História das Ciências da UFRGS.

Da EPISTEME

CONVERSANDO COM RUPERT SHELDRAKE: OS DESAFIOS DA INOVAÇÃO CIENTÍFICA

EPISTEME - UMA REVISTA BRASILEIRA DE FILOSOFIA E HISTÓRIA DA CIÊNCIA

Porto Alegre, n. 22, p. 09-17, jul./dez. 2005.

..Tendo sido um pesquisador da Sociedade Real Britânica, Dr. Rupert Sheldrake estudou ciências naturais na Universidade de Cambridge (onde ele era Scholar of Clare College), graduou-se com honras e recebeu o Prêmio de Botânica da universidade. Ele então passou a estudar filosofia na Universidade de Harvard (onde era membro da Frank Knox) antes de retornar à Cambridge.

Foi lá que obteve seu Ph.D. em Bioquímica e se tornou membro do Clare College, no qual realizou pesquisas sobre o desenvolvimento de plantas e envelhecimento celular e foi, também, Diretor de Estudos em Bioquímica e Biologia Celular...

Hoffmann – Quem é Rupert Sheldrake, visto por ele mesmo?

Sheldrake – Sou um biólogo e um dos meus objetivos é tentar abrir o debate científico de forma que este não seja mais limitado por estreitos dogmas materialistas. Na medida em que nos movemos para uma visão mais holística da vida e da natureza, novas possibilidades para diálogo com tradições religiosas surgem, e novas formas de integrar a experiência espiritual com o resto de nossas vidas se abrem também. Porque meu trabalho é radical, isso significa que muito dele é controverso, e é considerado por alguns do meio científico como herético. Entretanto, meu objetivo é expandir a ciência, abrir novos diálogos com a filosofia e com as tradições espirituais e ajudar a encontrar novas maneiras de curar as fissuras na nossa psique causadas pelas teorias materialistas e mecanicistas da natureza.

Hoffmann – Recentemente assisti a um vídeo-documentário da BBC (creio que de 1994) contendo uma dramatização na qual seus livros aparecem sendo queimados e você é acusado de heresia. Isso tem obviamente relação com um editorial da revista Nature, escrito por John Maddox, muitos anos atrás, intitulado Um livro para queimar? Você se sente como um Galileu Galilei do século XXI, ou talvez mesmo um Giordano Bruno?

Sheldrake – Quando Maddox fez a observação sobre meus livros serem bons para se queimar e disse que eu merecia ser condenado pela mesma razão pela qual o Papa condenou Galileu, não penso que estava tentando me comparar com Galileu, mas sim se comparar, ele mesmo, com o Papa. Ele sentiu que devia proteger a ciência da heresia.

Hoffmann – Que cientistas, efetivamente, consideram seu trabalho como heresia? O que eles costumam dizer? Será a ofensa pessoal comum em instituições acadêmicas, à parte de quaisquer preocupações éticas?

Sheldrake – Muitos biólogos consideram meu trabalho herético por diversas razões: (a) Ele sugere que a abordagem corrente da biologia molecular é radicalmente inadequada. Centenas de bilhões de dólares têm sido investidos nessa abordagem e ela agora domina quase todo departamento universitário de Biologia; (b) A ressonância mórfica tolera a herança dos caracteres adquiridos. Essa é uma das grandes heresias clássicas da biologia. (c) Aquilo que estou sugerindo abala a teoria materialista de que a mente não é nada exceto o cérebro ou, para colocar mais precisamente, que a atividade mental não é nada mais que atividade cerebral. Isso significa que muitos psicólogos e filósofos também consideram herético meu trabalho. A resposta usual a ele é geralmente ou ignorá-lo ou depreciá-lo, em vez de lidar com os argumentos que estou oferecendo.

Eu tenho muitos amigos dentro de instituições acadêmicas e muitos cientistas têm de fato a mente aberta. Eles usualmente têm medo de dizer o que pensam a seus colegas. Portanto, é difícil saber quantas pessoas firmemente suportam o paradigma materialista e mecanicista oficial e quantas simplesmente fingem apoiá-lo. Sou freqüentemente atacado na mídia de uma forma pessoal, ad hominen. No entanto, isso usualmente é feito não por acadêmicos mas por “profissionais céticos” da mídia, que agem como “assassinos de aluguel” para o establishment acadêmico.

Hoffmann – Me pergunto o que são essas “fissuras na nossa psique” (às quais você aludiu anteriormente), que foram causadas pelas abordagens materialistas do mundo.

Sheldrake – Penso que a fissura na nossa psique, que é causada pela abordagem materialista do mundo, é o grande golfo entre nossa experiência subjetiva direta e a teoria materialista de que a mente está no cérebro. De acordo com a teoria materialista, como usualmente entendida, o livre arbítrio é uma ilusão e toda a nossa experiência está localizada dentro de nossas cabeças. Mas da forma com que verdadeiramente experimentamos nossas vidas, o livre arbítrio é considerado como certo e é a base do sistema legal e de como criamos nosso filhos, e nossa experiência subjetiva não parece estar localizada dentro de nossas cabeças. Cada vez que você olha para alguma coisa, as imagens que você vê parecem estar fora de você, onde o objeto realmente está.

Hoffmann – Quantas e quais tipos de armas intelectuais você utiliza ordinariamente para combater a concepção mecanicista predominante de mundo, a qual você tão enfaticamente condena? Quantas pedras você encontrou no seu caminho desde que decidiu desafiar o establishment?

Sheldrake – Minha atividade primária é a pesquisa. Tento explorar hipóteses holísticas, desenvolver suas implicações empíricas e fazer experimentos para testá-las. Tanto por inclinação quanto por necessidade, tenho de fazer experimentos que custam muito pouco, logo, parte do desafio consiste em pensar em maneiras simples de fazer pesquisas radicais. Essa idéia subjaz meu livro Seven experiments that could change the world: a do it yourself guide to revolutionary science, o qual delineou o programa de pesquisa no qual estou agora trabalhando. Entretanto, seguir por esse caminho significa que sou freqüentemente atacado por defensores da ortodoxia, os quais às vezes se autoproclamam “céticos”. Sou a favor do ceticismo como uma atitude de investigação, mas não como um sistema de crenças dogmático. Penso ser necessário realçar a diferença entre ceticismo saudável e dogmatismo insalubre, e fazer oposição à influência de grupos céticos ativistas que largamente buscam influenciar a mídia para esta adotar e disseminar seus pontos de vista.

Sou parte de um grupo que ajuda a manter um sítio eletrônico devotado a esse fim (www.skepticalinvestigations.org). Esse sítio eletrônico tem dois lados, um enfatiza a investigação positiva de mente aberta ou ceticismo genuíno. O outro investiga os céticos e expõe as decepções e as desonestidades que alguns deles perpetram por intermédio da mídia em defesa do seu sistema de crenças. É importante engajar jovens nesse debate, e eu freqüentemente dou palestras em escolas aqui na Inglaterra e organizo experimentos dentro das escolas. Tenho encontrado muitos obstáculos nesse caminho, não menos o fato de que eu não tive um salário ou trabalho regular por mais de 25 anos. Apenas ser capaz de sobreviver e obter fundos para pesquisar já tem sido um desafio. Mas, felizmente, as coisas sempre se desenrolaram de um modo que me permitiu continuar e sustentar a família.

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A situação mudou recentemente e eu fui nomeado para um posto de pesquisa, financiado pelo Trinity College (Cambridge), baseado em um financiamento para a pesquisa psíquica erigido na década de 1930, o fundo Perrott-Warrick. Isso agora significa que eu tenho um salário regular, e a conexão com Cambridge está tornando mais fácil levantar verbas para a minha pesquisa. Tenho sido submetido a muito preconceito, injustiça e hostilidade desde que adotei uma via diferente daquela da maioria dos meus colegas no mundo da ciência. Um dos desafios tem sido não me tornar amargo ou hostil, mas sim ver isso como uma conseqüência inevitável de uma mudança importante na nossa visão de mundo. Isso não é particularmente pessoal, já que os mesmos tipos de coisas acontecem com outros que desafiam a ortodoxia.

Mas significa que, quando jovens pedem meu conselho sobre carreiras, devo alertá-los sobre os perigos de se fazer qualquer coisa que possa ser vista como radical demais ou original demais.

Para ver entrevista completa: http://dc427.4shared.com/doc/sKg3twIK/preview.html


Fonte: http://jornalggn.com.br