CURIOSIDADES

Aaron Swartz, o Menino da Internet - Parte 5

aaron 31Aaron Swartz. " É facil, por vezes, sentir-se impotente como quand você sai nas ruas, e marcha, e grita, e ninguem te ouve Mas eu estou aqui hoje para dizer: vocês são poderosos! Talvez as vezes você sinta como se não estivesse sendo ouvido, mas eu estou aqui para lhe dizer que você está, que você está sendo ouvido. Você está fazendo a diferença. Você pode parar este projeto de lei se você não parar de lutar. Pare PIPA! Pare SOPA! Algumas das maiores empresas de internet, francamente, se beneficiariam de um mundo em que os pequenos concorrentes pudessem ser censurados. Não podemos deixar isso acontecer."

Taren Steibrickner-Kauffman: "Para ele, era mais importante se certificar de que você fez uma pequena mudança do que jogar uma pequena parte em uma grande mudança. Mas SOPA era como jogar a maior parte em uma grande mudança. E assim, para ele, era uma espécie de prova de conceito. Certo, o que eu quero fazer coma minha vida é mudar o mundo.Eu penso sobre isso nesta maneira científica de medir meu impacto e isso mostra que é póssível. A única coisa que eu quero fazer da minha vida é possível. Eu ´provei que eu consegui. Qeu eu, Aaron Swartz, poderia mudar o mundo."

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Lawrence Lessig: "Um cara que nunca pensava que ele tinha feito muito, esse era Aaron. Esse foi um dos poucos momentos onde você podia realmente ver que ele se sentia como se tivesse feito algo de bom. Sentindo-se ue talvez estivesse na linha da vitória."

Aaron Swartz: "Todo mundo disse que não poderíams parar a SOPA. Nós paramos. São três vitórias incríveis e o ano ainda nem acabou. quero dizer, se há um momento para sermos positivos é agora."

Lawrence Lessig: "Ele derretou a SOPA um ano depois que ele foi preso. Não é um momento de felicidade ambíguo. Há muita coisa acontecendo."

Gabriella Coleman: "Ele estava muito antenado com a participação, nos porcessos políticos, não dava para pará-lo."

A lista de organizações que Swartz fundou ou cofundou é enorme. E anos antes de Edward Snowden expor sobre a vigilância generalizada na internet, Swartz ja estava preocupado.

Aaron Swartz: "É chocante pensar que a responsabilização é tão frouxa que eles não tem sequer estatísticas básicas sobre o quão grande esse programa de espionagem é. A resposta é: "Nós estamos espionando tantas pessoas que não podemos nem mesmo contá-las. Então isso é uma enorme quantidade de pessoas. Eles disseram: Olha, nós sabemos o número de telefones que estamos espionando, mas nós não sabemos exatamente quantas pessoas reais isso corresponde. Mas eles voltaram atrás e disseram que não podiam dar nenhum número. Isso é muito....quero dizer, muito assutador."

Matt Stoller: "E eles colocaram uma pressão incrível sore ele, tiraram todo o dinheiro que ele tinha feito. Eles ameaçaram tomar sua liberdade física.Por que eles fizeram isso? Por que eles estão indo atrás dos denunciantes? Por que eles estão indo atrás das pessoas que dizem a verdade sobre todas essas coisas, dos bancos á guerra, a uma espécie de transparêcia do governo."

David Sirota:"O sigilo serve aqueles que ja estão no poder, e nós estamos vivendo na era do sigilo que coincide com uma época onde o governo esta fazendo um monte de coisas que são provavelmnte ilegais e inconstitucionais. Então, essas duas coisas não são coincidências."

Aaron Swartz: "É muito claro que esta tecnologia foi desenvolvida não por pequenos paises no exterior, mas aqui, para uso nos EUA pelo governo dos EUA. O problema com o programa de espionagem é que ele é longo, comlenta expansão, voltando par a administração Nixon. Obviamente ficou grande após o 11/9, com George W Bush e o Obama continuou a expandi-lo e os problemas tem lentamente crescido e se tornado piores. Mas nunca houve um momento em que você pudesse dizer: tudo bem, nós precisamos galvanizar a oposição hoje, porque hoje isso importa."

David Sirota:" O processo, na minha estimativa, de Aaron Swartz foi uma forma de enviar uma mensagem para um grupo de pessoas que a administração obama vê como politicamente ameaçadora e que são essencialmente, os hackers, a comunidade ativista pela informação e democracia. E a mensagem que a administração de Obama queria enviar para esta comunidade em particular foi, na minha opinião: Nos sabemos que vocês tem a capacidade de criar problemas para a ordem estabelecida. E por isso nós vamos fazer de Aaron Swartz um exemplo para fazer com que o máximo de pessoas possíveis não criem problemas.!"

Aaron Swartz: "E o governo disse: Os pareceres jurídicos que estamos usando para legalizar o programa de espionagem também são sigilosos, por isso não podemos nem mesmo dizer quais as leis que estamos usando par espioná-lo. Eles dizem: Ah, isso é outor exemplo de guerra cibernética, os cyber-criminosos estão nos atacando de novo, estamos todos em perigo, nõs estamos todos sob ameaça.Eles usam essas desculpas para aprovar leis cada vez mais perigosas."


A Ultima entrevista de Aaron Swartz, para o documentario "War For The Web" , 10 de julho de 2012


Entrevistador (E): "Pessoalmente, com o você sente que a luta esta indo?"

Aaron Swartz (AS): "Voce decide (risos). Você sabe, ha uma espécie de duas perspectivas polarizadas. Tudo é maravilhoso, a internet criou toda esta liberdade e soberania, e tudo vai ser fantástico. Ou tudo é terrível. A internet criou todas essas ferramentas para reprimir, espionar e, você sabe, controlar o que dizemos. E eu acho ue essas duas visões são verdadeiras. A internet tem feito as duas coisas, e essas duas coisas são incríveis e surpreendentes e qual delas vai ganhar no longo prazo, depende de nós. Não faz sentido dizer: Uma está indo melhor do que a outra. Ambas são verdadeiras. E cabe a nós decidimos qual enfatizaremos e aproveitaremos porque ambas estão la e sempre estarão lá."

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Em 12 de setembro de 2012, os promotores federais adicionaram uma nova acusação contra Swartz, fraude eletrônica, acesso nao autorizado a computadores e fraude de computadores. Agora, em vez de 4 crimes, Swartz estava enfrentando 13. A alavancagem da acusação tinha aumentado dramaticamente, assim como os anos na prisão e multas.

Elliot Peters: "Eles entraram com um novo processo para adiciona mais acusações e eles tinham uma teoria sobre porque essa conduta constituida tantos crimes federais e eles tinham uma teoria sobre porque essa conduta constituía tantos crimes federais e que um número significativo de sentenças poderiam ser anexadas a essa lei. "

Essa teoria e grande parte da acusação contra Swartz envolveu uma lei criada originalmente em 1986. Ela é chamada de "Lei de abuso e fraude de computador" CFAA.

aaron Cindy Cohn

Cindy Cohn: "Essa lei foi inspirada no filme "Jogos de Guerra" com Matthew Broderick, que era um grande filme. Neste filme, um garoto consegue através da magia das redes de computadores lançar um ataque nuclear. Agora isso não é realmente possível e certametne não era possível na década de 1980. Mas, aparentemente, este filme assutou muito o Congresso porque eles aprovaram a Lei de Abuso e frande de computador."

aaron Ron Wyde

Senador Ron Wyden: " Esta é uma lei que está perdida no tempo, por exemplo, ela penaliza os termos de serviços de sited como eHarmony ou match.com, pois se alguém meio que inflar alguma de suas próprias características pessoais, de repente, dependendo da jurisdição e da promotoria, ela pode arranjar uma série de problema."

Nós todos sabemos o que são os Termos de USO. A maioria das pessoas não os leem, mas não cumprir com os seus termos poderia significar que você está cometendo um crime.

Cindy Cohn: "Os termos de serviço dos sites costumam dizer coisas como "seja legal com os outros" ou "não faça nada que seja impróprio". A idéia de que o dierito penal não tem nada a dizer sobre esses tipos de violações, acho que deixa a maioria das pessoas loucas."

Os exemplos ficam cada vez mais loucos. Até ser mudado em março de 2013, os Termos de Uso do site da revista Seventeen dizia que você tinha que ser maior de 18 para ler.

Cindi Cohn: "Eu diria que o Departamento de Justiça interpretou pela CFAA que provavelmente todos nós estaríamos violando a lei."

Vaga e propensa a abusos, a CFAA tem se tornado um "martelo que serve para tudo" em uma ampla gama de disputas relacionadas com computadores. Apesar de ão ser o único fator em seu caso, 11 de 13 acusações contra Swartz envolveram a Lei de Abuso e Fraude de Computador. A pergunta "Por quê?" paira sobre grande parte da história de Aaron Swartz. Aepnas qual era o motivo do governo e o ue esse caso teria sido. O Departamento de Justiça recusou pedidos de respostas. Mas o Professor Orin Kerr é um ex promotor que estudou o caso.

aaron Orin Kerr

"Acho que eu entendo esse caso por uma direção diferente de outras pessoas por uma série de razões. Eu fui promotor federal no Departamento de Justiça por 3 anos antes de começar a ensinar. O governo veio para a frente com uma acusação com base nos crimes que eles pensaram que foram cometidos somente como um assunto puramente de advogados, olhando para os precedentes, olhando nas estátuas, olhando para a história, olhando para os casos que estão lá fora, até agora. Eu acho que foi uma acusação injusta com base nisso. Você pode discutir se eles deveriam ter acusado neste caso. Existiam muitos desacordos. Algumas pessoas estão lado do "Acesso Abeto", algumas não.

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Eu acho que o governo levou o "Manifesto guerrrilheiro de acesso livre" de Swartz muito a sério e eu acho qu eeles o viram como alguém que estava empenhado, como um imperativo moral, em quebrar a lei par superar a lei que Swartz viu como injusta. E em uma democracia, se você acha que uma lei é injusta existem maneiras de mudar essa lei. Você pode ir ao Congresso, como Swartz fez magistralmente com a SOPA ou você pode violar essa lei na tentativa de anulá-la. E eu acho que o que estava motivando a acusação foi o sentido de que Swartz estava cometido não apenas em quebrar a lei, mas realmente tenho certeza de que a lei seria anulada. Que todo mundo teria acesso a base de dados de uma forma que você não poderia colocar o creme dental de volta no tubo, isso seria feito e o lado de Swartz ganharia.

Há uma grande divergência na sociedade quanto ao fato do que é uma lei injusta e isso é uma decisão para o povo americano tomar trabalhando através do Cogresso. E o segundo problema é que ainda estamos tentando descobrir qual é a linha entre crimes menos graves e delitos mais graves. Estamos agora entrando neste ambiente diferente de computadores e usos indevidos de computadores e nós ainda não temos um sentido muito forte do que exatamente são essas linhas porque estamos trabalhando nisso agora."

Cindi Cohn: "Este é um mau uso do Ministério Público. O martelo que o Departamento de Justiça tem para assutar pessoas fica cada vez maior e maior e maior...e é por isso que a maioria das pessoas não conseguem continuar com suas vidas.

Elliot Peters: "Devemos grampear o telefone de alguém? Devemos filmá-lo? Devemos transformar alguém e levá-lo a testemunhar contra essas outras pessoas? É assim ue os agentes federais e os promotores pensam. Eles controem casos, eles fazem casos."

Swartz foi apanhado nas emgrenagens de um brutal sistema de justiça criminal que não poderia voltar atrás. Uma máquina ue fez da América o país com a maior taxa de encarceramento do mundo.

aaron Bryan Stevenson

Bryan Stevenson: "Nós temos neste país nos permitido sermos capturados pela política do medo e da raiva e qualquer coisa que tenhamos medo, como o fruto da internet e do acesso. E qualquer coisa que nos deixa com raiva instintivamente cria uma intervenção da justiça criminal. E nós usamos a cadeia, a prisão e a punição para resolver toda uma série de problemas que, historicamente, nunca foram vistos como um problema de justiça criminal. O impulso para ameaçar, acusar, julgar, que é a parte do que criou este debate e controvérsia sobre o acesso on-line a informação na internet é muito coerente com o que vimos em outras áreas. Uma diferença é que as pessoas que são geralmente alvo e vítima desses tipos de acusaçoes criminais são geralmente pobres e minorias."

O isolamento de Swartz de amigos e da familia aumentou.

Ele basicamente parou de trabalhar em qualquer outra coisa. E o caso foi, de fato, tomando conta de sua vida. E o caso foi, de fato, tomando conta de sua vida.

Elliot Peters: "Um dos advogados de Aaron aparentemente disse aos promotores que ele era emocionalmente vulnerável. E isso era algo que eles necessariamente deveriam ter em mente, eles sabiam disso."

Susan Swartz: "Estava pesando muito fortemente sobre ele. Ele não gostava ter suas ações e movimentos limitados de qualquer maneira, e a ameaça de prisão, na qual eles insistiram bastante, foi terrível para ele. Esgotou completamente seus recursos financeiros e nos custou muito dinheiro também, ele levantou uma quantidade substancial de dinheiro. Então foi em milhões de dólares, a defesa legal custou ! "

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"Eu acho que ele não queria ser um fardo para as pessoas. Eu acho que foi um fator como se eu tivesse a minha vida normal, e eu tivesse essas coisas de merda e eu tenho que lidar com elas. E eu tento manter os dois indipendnetes quanto possível. Mas elas estavam começando a se misturar e tudo estava se tornando uma merda."

Elliot Peters: "Swartz enfrentou uma escolha difícil que só foi ficando mais difícil. Admitir a culpa e seguir em frente com sua vida ou lutar contra um sistema falido. Com o seu caso legal, a resposta foi simples. Ele rejeita o acordo judicial final e uma data para o julgamento foi definida. Aaron estava decidido que não queria ceder e aceitar algo que ele não acreditava que era justo, mas eu também acho que ele estava com medo. Eu não acho que eles iriam condenar Aaron. Eu acho que nós teríamos tirado ele de lá e eu teria lhe dado um grande abraço e teríamos atravessado aquele pequeno rio em Boston para tomar umas cervejas. Eu realmente pensei que estávamos certos. Eu pensei que íamos ganhar o caso. Eu pensei que poderíamos ganhar o caso."

Pai de Aaron: "Ele não falav muito sobre isso, mas você podia ve a dor enorme que ele estava passando."

Noah Swartz: "Aaron não teve mudanças de humor na infância, ou passou por algum episódio de depressão. ou qualquer coisa que eu descrevia como uma depressão grave. E é possível que ele estivesse deprimido, as pessoas ficam deprimidas."

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Muito cedo na nossa relação, com 3 ou 4 semanas, ou algo assim, lembro-me dele me dizendo que eu era muito mais forte do que ele. Ele era frágil em muitos aspectos, as coias eram muito mais difícies para ele do que para outras pessoas. Isso era parte de seu brilho também. Eu acho que, provavelmente, ele teve algo com uma depressão clínica, no início de seus 20 anos. Eu não acho qu ele teve enquanto eu estava com ele. Ele não era uma pessoa alegre, mas isso é diferente de estar deprimido. Ele viveu dois anos sob enorme pressão. Ele só nao queria mais fazer isso. ele estava apenas...eu acho que foi demais.....(emoção)"

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"O cofundador do site de notícias e entreterimento "Reddit" foi encontrado morto. A polícia diz que Aaron Swartz, 26 anos, se matou ontem em seu apartamento, no Brooklyn."

Peter Eckersley: "Eu recebi um telefonema tarde da noite. Eu pude perceber que havia algo errado e então eu me dei conta do que tinha acontecido. Eu apenas pensei que nós perdemos uma das maiores mentes criativas da nossa geração."

Ben Wikler: "Era como se o mundo inteiro tivesse desmoronado naquele momento....(emoção)....Foi uma das noites mais difícies da minha vida."

Susan Swartz: "Eu gritava: Eu não posso ouvi-lo. O que você acabou de dizer? Eu não posso ouvi-lo......(emoção).....Não dá...ja chega!"

Noah Swartz: "Nada disso fazia sentido, e realmente ainda não faz."

Lawrence Lessig: "Eu estava tão frustrado e irritado.....(emoção).....Você sabe, eu tentei explicar para meus filhos. Meu fiho de tres anos me disse que os médicos iam conseguir curá-lo. Eu conheço muita pessoas que ja morreram, mas eu nunca perdi ninguém assim. Porque todo mundo sente, e eu também, que poderíamos ter feito muito mais por ele. Eu só não sabia que ele estava lá. Eu não sabia que ele estava sofrendo tanto."

Quinn Norton: "Ele era parte de mim.....(emoção) e eu só queria que não fosse real. E então eu apenas olho para a página da Wikipédia e vejo a data do término: 11/01/213......(emoção)....."

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Aaron está morto. Vagante neste mundo louco, perdemos um mentor, um sábio ancião. Hackers pela justiça, nós temos um a menos, nós perdemos um dos nossos. Zelosos, cuidadores, ouvintes, alimentadores, pais de todos. Perdemos um filho. Vamos todos chorar.

Lawrence Lessig: "Meu primeiro pensamento foi: E se alguém sequer notar". Não estava claro para mim o quão saliente ele era."

A rede se iluminou. Todo mundo estava tetando explicar a sua maneira. Pessoas se afligiam no twiter. As pessoas visivelmente estavam sofrendo on-line.

Lawrence Lessig: "Ele era o menino da internet....e o mundo todo o matou. Nós estamos no meio de um tempo em que as grandes injustiças não são tocadas. Arquitetos da crise financeira jantam com o Presidente regularmente. No meio desse tempo, a idéia de que isto er o que o governo tinha que processar. Só parece um absurdo, se não fosse trágico."

Pai de Aaron: "A questão é que podemos fazer alguma coisa, dado o que aconteceu, para tornar o mundo um lugar melhor. E com podemos continuar esse legado. Essa é a única questão que se pode fazer. "

Brewster Kahle: "Em todo o mundo estão acontecendo hackathons, encontros e Aaron Swartz, de alguma forma, trouxe o melhor de nós na tentativa de dizer "como é que vamos resolver isso"."

Ele foi na minha humilde opinião, um dos verdadeiros revolucionários mais extraordinários que este pais ja produziu.

Carl Malamud: "Quando nós miramos os agentes armados da lei sobre os cidadãos tentando aumentar o acesso ao conhecimento, nós quebramos o Estado de Direito, nós profanamos o templo da justiça. Aaron Swartz não era um criminoso. A mudança não chega pelas rodas da inevitabilidade. Ela vem através da luta contínua.

"Aaron realmente podia fazer magica e eu estou dedicada a fazer com que sua magia não termine com sua morte. Ele acreditva que ele poderia mudar o mundo. E ele estava certo. Fora da última semana, a Fênix ja esta renascendo."

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Desde a morte de Swartz, Zoe Lofgren e o senador Ron Wydena apresentaram uma legislação que reformaria a Lei de abuso e fraude de computador. a lei antiga que se formou a maioria das acusações contra Swartz. Ela é chamada "Lei do Aaron". Aaron acredita que você deve literalmente estar se perguntando o tempo todo "Qual é a coisa mais importanteue eu poderia estar fazendo no mundo agora?"; "E se você não esta trabalhando nisso, porque você não começa?"

Carl Malamud: "Eu gostaria que pudéssemos mudar o passado, mas nós não podemos. Mas nós podemos e devemos mudar o futuro. Devemos fazê-lo por Aaron. Devemos fazê-lo por nos mesmos. Devemos fazê-lo para tornar o nosso mundo um lugar melhor, um lugar mais humano. Um lugar onde a justiça funciona. E o acesso a conhecimento torna-se um direito humano."

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Cory Doctorow: "Então havia um garoto, por volta de fevereiro, de Baltimore, 14 anos. Ele teve acesso a JSTOR e ele tinha fuçado por la depois de ler alguma coisa. E ele descobriu uma maneira de fazer testes iniciais de câncer de pâncreas. E câncer de pâncreas te mada de verdade. Porque nós detectamos muito tarde. No momento em que ja é tarde demais para fazer qualquer coisa.E ele envia um eamil a todo o Departamento de Oncologia da John Hopkins, você sabe, centenas deles. 14 anos de idade? sim, 14 anos. E a maioria deles o ignorou. Mas um deles enviou-lhe um email de volta e disse: Esta não é uma idéia completamente estúpida. Porque você não vem aqui? Esete garoto trabalhou noites e fins de semana com este pesquisador e em fevererio eu ouvi nas notícias, apenas algumas semanas depois da morte de Aaron, quando Aaron estava em muitas notícias....(emoção),,,,desculpe....

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E ele disse que a razão pela qual ele estava nas notícias é porque eles tinham feito isso. Eles estavam enviando testes iniciais para câncer pancreático qu eia salvar vidas. E ele disse: É por isso que o que Aaron fez foi tão importante. Porque você nunca sabe, né? Esta verdade do universo náo é apenas algo que os decisores politicos usam para descobrir, o que o limite de velocidade deveria ser, voce sabe. É de onde vem as coisas que vão impedir que seu filho morra de câncer de pâncreas. E sem o acesso, a pessoa que pode chegar coma coisa que tem o seu número nele nunca pode achar essa resposta."

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Uma Reflexão sobre a morte de Aaron Swartz

13/01/2013 - O (suposto) suicídio do gênio da programação e ativista Aaron Swartz não é somente uma tragédia, mas um sinal da enorme dimensão do conflito político e ideológico envolvendo defensores de uma Internet livre e emancipatória, de um lado, e grupos organizados dentro do sistema que pretendem privatizar e limitar o acesso à produção intelectual humana, de outro. Neste sábado (12/01), colunistas de cultura digital de diversos jornais escreveram sobre a morte do jovem Swartz, aos 26 anos, encontrado morto em um apartamento de Nova Iorque (cf. os textos de John Schwartz, para o New York Times; Glenn Greenwald, para o The Guardian; Virginia Heffernan, para o Yahoo News; e Tatiana Mello Dias, para o Estadão). Diante da turbulenta vida do jovem Swartz e seu projeto político de luta pela socialização do conhecimento, difícil crer que o suicídio tenha motivações estritamente pessoais, como uma crise depressiva. A morte de Swartz pode significar um alarme para uma ameaça inédita ao projeto emancipatório da revolução informacional. O sistema jurídico está sendo moldado por grupos de interesse para limitação da liberdade de cidadãos engajados com a luta de uma Internet livre. Tais cidadãos são projetados midiaticamente como inimigos desestabilizadores da ordem (hackers). Os usuários da Internet, sedados e dominados pela nova indústria cultural, pouco sabem sobre o que, de fato, está acontecendo mundo afora.

A visão pública da Internet do wiz-kid Swartz: os anos de formação

Nascido em novembro de 1986 em Chicago, Aaron Swartz passou a infância e juventude estudando computação e programação por influência de seu pai, proprietário de uma companhia de software. Aos 13 anos de idade, foi vencedor do prêmio ArsDigita, uma competição para websites não-comerciais "úteis, educacionais e colaborativos". Com a vitória no prêmio, Swartz visitou o Massachusetts Institute of Technology (MIT), onde conheceu pesquisadores da área de Internet. Aos 14 anos, ingressou no grupo de trabalho de elaboração do versão 1.0 do Rich Site Summary (RSS), formato de publicação que permite que o usuário subscreva a conteúdos de blogs e páginas (feed), lendo-o através de computadores e celulares.

Aos 16 anos frequentou e abandonou a Universidade de Stanford, dedicando-se a fundação de novas companhias, como a Infogami. Aos 17 anos, Aaron ingressou na equipe do Creative Commons, participando de importantes debates sobre propriedade intelectual e licenças open-sources (cf. a participação de Swartz em um debate de 2003). Em 2006, ingressou na equipe de programadores da Reddit, plataforma aberta que permite que membros votem em histórias e discussões importantes. No mesmo ano, tornou-se colaborador da Wikipedia e realizou pesquisas importantes sobre o modo de funcionamento da plataforma colaborativa (cf. 'Who Writes Wikipedia?'). Em 2007, fundou a Jottit, ferramenta que permite a criação colaborativa de websites de forma extremamente simplificada (veja aqui). Em pouco tempo, Swartz tornou-se uma figura conhecida entre os programadores e grupos de financiamento dedicados a start-ups de tecnologia. Entretanto, a inteligência e o brilhantismo de Swartz pareciam não servir para empreendimentos capitalistas. Tornar-se rico não era seu objetivo, mas sim desenvolver ferramentas e instrumentos, através da linguagem de programação virtual, para aprofundar a experiência colaborativa e de cooperação da sociedade.

Aos 21 anos, Aaron ingressou em círculos acadêmicos (como o Harvard University's Center for Ethics) e não-acadêmicos de discussão sobre as transformações sociais e econômicas provocadas pela Internet, tornando-se, aos poucos, uma figura pública e um expert no debate sobre a "sociedade em rede". O vídeo abaixo, gravado em São Francisco em 2007, mostra o raciocínio rápido e preciso de Swartz sobre a arquitetura do poder na rede e as mudanças fundamentais da transição da mídia antes e depois da Internet.

Ativismo cívico e projetos políticos na rede: para além de empresas e lucros

A partir de 2008, Aaron Swartz - um "sociólogo aplicado", como ele se autodenominava - engajou-se em uma série de projetos de cunho político, voltados ao ativismo cívico de base (grassroots) e ao compartilhamento de conteúdo on-line. Dentre eles, destacam-se três projetos específicos: (i) Watchdog, (ii) Open Library e (iii) Demand Progress.

O Watchdog é um website que permite a criação de petições públicas que possam circular on-line. Trata-se de um projeto não lucrativo, cujo mote é Win your campaign for change. O objetivo é fomentar a prática cidadã de monitoramento de condutas ilícitas, como se todos fossem "cães de guarda" da democracia. O segundo projeto, Open Library, pretende criar uma página da web para cada livro já publicado no mundo. O objetivo é criar uma espécie de "biblioteca universal" com bibliotecários voluntários, sendo possível o empréstimo on-line de e-books. Trata-se de um projeto sem fins lucrativos, nos quais programadores são responsáveis pelo registro e criação das páginas (em códigos abertos) para todos os livros (como diz o site: "Open Library is an open project: the software is open, the data are open, the documentation is open, and we welcome your contribution. Whether you fix a typo, add a book, or write a widget--it's all welcome. We have a small team of fantastic programmers who have accomplished a lot, but we can't do it alone!"). O terceiro e mais interessante projeto é o Demand Progress, plataforma criada por Swartz para conquistar mudanças progressistas em políticas públicas (envolvendo liberdades civis, direitos civis e reformas governamentais) para pessoas comuns através do lobbying organizado de base. A atuação do DP se dá de duas formas: através de campanhas on-line para chamar atenção das pessoas e contatar líderes do Congresso, e através do trabalho de advocacia pública em Washington "nas decisões por trás das salas que afetam nossas vidas".

Em 2008, indignado com a passividade dos cientistas com relação ao controle das informações por grandes corporações, Swartz publicou um manifesto intitulado Guerilla Open Access Manifesto. Trata-se de um texto altamente revolucionário, que encerra-se com um chamado: "Não há justiça em seguir leis injustas. É hora de vir para a luz e, na grande tradição da desobediência civil, declarar nossa oposição a este roubo privado da cultura pública. Precisamos levar informação, onde quer que ela esteja armazenada, fazer nossas cópias e compartilhá-la com o mundo. Precisamos levar material que está protegido por direitos autorais e adicioná-lo ao arquivo. Precisamos comprar bancos de dados secretos e colocá-los na Web. Precisamos baixar revistas científicas e subi-las para redes de compartilhamento de arquivos. Precisamos lutar pela Guerilla Open Access. Se somarmos muitos de nós, não vamos apenas enviar uma forte mensagem de oposição à privatização do conhecimento – vamos transformar essa privatização em algo do passado" (cf. 'Aaron Swartz e o manifesto da Guerrila Open Acess').

A força criadora do jovem Aaron Swartz residia em um profundo espírito crítico e questionador. Nesta entrevista abaixo (sobre o Progressive Change Campaign), Swartz explica como seu ativismo começou: "Eu sinto fortemente que não é suficiente simplesmente viver no mundo como ele é e fazer o que os adultos disseram o que você deve fazer, ou o que a sociedade diz o que você deve fazer. Eu acredito que você deve sempre estar questionando. Eu levo muito a sério essa atitude científica de que tudo que você aprende é provisional, tudo é aberto ao questionamento e à refutação. O mesmo se aplica à sociedade. Eu cresci e através de um lento processo percebi que o discurso de que nada pode ser mudado e que as coisas são naturalmente como são é falso. Elas não são naturais. As coisas podem ser mudadas. E mais importante: há coisas que são erradas e devem ser mudadas. Depois que eu percebi isso, não havia como voltar atrás. Eu não poderia me enganar e dizer 'Ok, agora vou trabalhar para uma empresa'. Depois que percebi que havia problemas fundamentais os quais eu poderia enfrentar, eu não podia mais esquecer isso". Nesta entrevista, Aaron (aos 22 anos), esclarece que livros como Understanding Power (de Noam Chomsky) foram fundamentais para compreender os problemas sistêmicos da sociedade contemporânea. Todavia, a situação não é imodificável. O primeiro passo é acreditar que é possível fazer algo.

A luta e a resposta do sistema: do movimento Anti-SOPA à batalha judicial do JSTOR

No final de 2010, Aaron Swartz identificou uma anomalia procedimental com relação a uma nova lei de copyright, proposta por Republicanos e Democratas em setembro daquele ano. A lei havia sido introduzida com apoio majoritário, com um lapso de poucas semanas para votação. Obviamente, segundo o olhar crítico de Swartz, havia algo por trás desta lei. O objetivo camuflado era a censura da Internet.

A partir da união de três amigos, Swartz formulou uma petição on-line para chamar a atenção dos usuários da Internet e de grupos políticos dos Estados Unidos. Em dias, a petição ganhou 10.000 assinaturas. Em semanas, mais de 500.000 assinaturas. Com a circulação da petição, Democratas adiaram a votação do projeto de lei para uma analise mais profunda do documento. Ao mesmo tempo, empresas da Internet como Reddit, Google e Tumblr iniciaram uma campanha massiva para conscientização sobre os efeitos da legislação (a lei autorizaria o "Departamento de Justiça dos Estados Unidos e os detentores de direitos autorais a obter ordens judiciais contra sites que estejam facilitando ou infringindo os direitos de autor ou cometendo outros delitos e estejam fora da jurisdição estadunidense. O procurador-geral dos Estados Unidos poderia também requerer que empresas estadunidenses parem de negociar com estes sites, incluindo pedidos para que mecanismos de busca retirem referências a eles e os domínios destes sites sejam filtrados para que sejam dados como não existentes", como consta do Wikipedia).

Em outubro de 2011, o projeto foi reapresentado por Lamar Smith com o nome de Stop Online Piracy Act. Em janeiro de 2012, após um intenso debate promovido na rede, a mobilização de base entre ativistas chamou a atenção de diversas organizações, como Facebook, Twitter, Google, Zynga, 9GAG, entre outros. Em 18 de janeiro, a Wikipedia realizou um blecaute na versão anglófona, simulando como seria se o website fosse retirado do ar (cf. 'Quem apagou as luzes em protesto à SOPA?' e 'O apagão da Wikipedia'). A reação no Congresso foi imediata e culminou na suspensão do projeto de lei. Vitória do novo ativismo cívico? Para Swartz, sim. Uma vitória inédita que mostrou a força da população e da mobilização possível na Internet. Mas não por muito tempo. Em um discurso feito em maio de 2012 - que merece ser visto com muita atenção -, Aaron foi claro: o projeto de lei para controlar a Internet irá voltar, com outro nome e outro formato, mas irá voltar...

Mas não foi somente através da liderança no movimento de peticionamento on-line que culminou nos protestos contra o SOPA que Swartz chamou a atenção das autoridades estadunidenses. Em 2008, Aaron foi investigado pelo FBI por ter baixado milhões de documentos públicos do Judiciário mantidos pela empresa Pacer (que cobra pelo acesso a documentos públicos!). A investigação, entretanto, não resultou em processo criminal ou civil.

O processo kafkiano que pode estar relacionado com a morte de Swartz teve início em Julho de 2011, quando o ativista foi processado por "fraude eletrônica, fraude de computador, de obtenção ilegal de informações a partir de um computador protegido", a partir de uma acusação da companhia JSTOR - uma das maiores organizações de compilação e acesso pago a artigos científicos. O ocorrido foi o seguinte: Aaron programou um dos computadores públicos da Massachussets Institute of Technology (MIT) para acessar o banco de dados da JSTOR e fazer download de artigos científicos de diversas áreas do conhecimento. Em poucos dias, Swartz baixou mais de 4 milhões de artigos científicos (e não se sabe qual era o plano inicial de Swartz, ou seja, de que modo ele pretendia publicar esses documentos de acordo com a tese do open acess movement). Pelo fato de Swartz ter feito o download de muitos documentos ao mesmo tempo (mas o acesso pelo computador da instituição não permite isso?), foi processado por fraude eletrônica e obtenção ilegal de informações.

O sentido de um processo kafkiano (referente ao Processo da obra literária de Franz Kafka) deve ser melhor explicado. A questão é que Aaron Swartz não cometeu, a princípio, nenhum ato ilícito (ele poderia fazer o download de artigos científicos como qualquer acadêmico logado a uma máquina com acesso ao JSTOR pode). E mesmo depois de acusado, entregou-se à Justiça e afirmou que não tinha intenção de lucrar com o ato. Diante do aviso de que a distribuição dos arquivos infringiria leis nacionais, Aaron devolveu os arquivos digitalizados para a JSTOR, que retirou a ação judicial de caráter civil. Ou seja: caso encerrado, correto?

Errado. Após o acordo entre Aaron e a JSTOR, a Promotoria de Justiça de Boston, através da US Attorney Carmen Ortiz, indiciou Aaron Swartz por diversas ofensas criminais, pedindo a condenação do ativista em 35 anos de prisão (sic!) e o pagamento de 1 bilhão de dólares de multa. O processo penal teve início, sendo oferecido a Swartz a oportunidade de fazer um acordo penal que reconhecesse sua culpa (plead guilty). Irredutivelmente - mesmo sendo aconselhado por alguns advogados -, Swartz recusou-se a declarar-se culpado, por não considerar seus atos como ilícitos. Mesmo com a intervenção da JSTOR, que reconheceu não se sentir prejudicada pelos atos de Swartz, a Promotoria continuou a amedrontar Aaron Swartz. O processo penal - extremamente custoso nos Estados Unidos - esvaziou suas poucas reservas financeiras e gerou um enorme trauma psicológico. O julgamento da ação penal estava marcado para Abril de 2013 e Aaron Swartz recusava-se a comentar o assunto em entrevistas, palestras e eventos. Alguns especulam que o suicídio está ligado com o processo penal, considerado por muitos como uma resposta do governo dos Estados Unidos contra o ativismo libertário de Aaron (na opinião de Greenwald, "Swartz was destroyed by a "justice" system that fully protects the most egregious criminals as long as they are members of or useful to the nation's most powerful factions, but punishes with incomparable mercilessness and harshness those who lack power and, most of all, those who challenge power").

Até o momento, não há cartas ou posts de Swartz sobre o assunto. Não há, aliás, confirmação concreta de que houve suicídio (ou se foi uma morte herzogiana, comum na história brasileira). Trata-se de um grande mistério. Para a família de Swartz, uma coisa é clara: se houve suicídio, o bullying judicial realizado pelo Judiciário estadunidense foi um fator que levou o jovem ativista a encerrar a própria vida, em um sinal de protesto contra todo o injusto sistema.

As lições de um jovem revolucionário

Há muito o que extrair das falas, dos textos e das ações do gênio da informática Aaron Swartz. Ativista político, sociólogo aplicado, defensor da Internet livre, criador de mecanismos de compartilhamento de dados e crítico da forma como a sociedade global está se estruturando contra as liberdades básicas, Swartz deixa aos jovens da era da Internet um forte recado revolucionário: a mudança começa em cada um. Todo indivíduo possui autonomia para pensar e contestar o que está posto. Além de contestar, a ação colaborativa pode modificar as instituições existentes em uma perspectiva pós-capitalista. O conhecimento pode ser compartilhado, softwares podem ser desenvolvidos em conjunto e projetos podem ser executados com o financiamento coletivo.

Informação é poder. Swartz enxergou muito além do que seus contemporâneos e tentou mobilizar os usuários de Internet para construção de um outro mundo. Infelizmente, não foi apoiado da forma como precisava. A reverberação de suas ideias e suas ações ainda é muito fraca. Mas isso não é motivo para desistência. A brevíssima vida deste jovem estadunidense pode inspirar corações e mentes. Em tempos de discussão no Brasil sobre o Marco Civil da Internet, corrupção da política e agigantamento do Judicário, o resgate a seu pensamento é necessário. Ainda mais em um país que conta com mais de 80 milhões de usuários de Internet. A questão é saber se as pessoas terão curiosidade e interesse em compreender o projeto de vida de Swartz ou se irão continuar lendo matérias produzidas por corporações interessadas na limitação da liberdade na Internet.


Aaron Swartz e o manifesto da Guerrilla Open Access


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Talvez você já tenha ouvido a história: Aaron Swartz, o magrão aí da foto, estava pesquisando no centro de ensino da universidade em que estuda, o MIT de Cambridge, entre os dias de 24 de setembro de 2010 e 06 de janeiro de 2011, quando resolveu baixar alguns arquivos de uma página de repositório de artigos. Resultado: Swartz foi processado e enfrenta uma investigação que pode deixá-lo 35 anos na prisão, além de ter que pagar uma multa de US$ 1 milhão.

O site era o JSTOR, criado em 1995 e do qual participam atualmente 7 mil bibliotecas e organizações que formam um acervo de quase 350 mil artigos, segundo o The New York Times. Supostamente, é um serviço sem fins lucrativos [conforme a própria descrição], mas que cobra US$ 19 por mês de quem quer acessar os seus papers. Como indicou um leitor no caderno Link, a CAPES gastava R$ 75 milhões em 2007 com o repositório.

Swartz tem um currículo que fez o JSTOR desconfiar de suas intenções. Criador do Open Library, mantido pelo Internet Archive; criador do Watchdog.net, um portal Excelencias dos Estados Unidos; co-fundador do Reddit, um site de avaliação de links para conteúdo na web; co-autor do sistema de feeds de RSS. Ainda em 2009, tornou públicas 20 milhões de páginas do poder judiciário dos EUA.

Os caras do JSTOR não curtiram muito a ideia de ele baixar de seu laptop 4 milhões e 800 mil artigos e resumos da base de dados do serviço. Um “significativo mau uso”, nas palavras deles. Swartz não tinha nem divulgado o download, mas o JSTOR o acusou de “fraude eletrônica, fraude de computador, de obtenção ilegal de informações a partir de um computador protegido”.

Swartz se entregou na manhã de 19 de julho no Tribunal de Boston e se declarou inocente das acusações. Pra ser liberado, teve que pagar US$ 100 mil de fiança. As investigações seguem, mesmo que o jovem tenha devolvido os arquivos baixados. A próxima audiência está marcada para o dia 9 de setembro.

Muito se noticiou o enrosco de Aaron. O mais estranho foi ver inúmeros sites jornalísticos se referirem ao incidente como um “roubo” [né G1?], como se copiar dados fosse a mesma coisa que tirá-los de lá. O site QuestionCopyright lembrou muito bem da musica de Nina Paley: “Copiar não é roubar”. Agora, em defesa de Aaron foi criado também uma espécie de petição pública – em um site que ele mesmo criou, o Demand Progress [assina lá se você simpatiza com a ideia].

Outra forma de apoiar a causa foi a que vários sites começarem a republicar o Manifesto da Guerrilla Open Acces, um profético texto escrito por Aaron em seu blog, lá no ano de 2008. E é ele que republicamos e traduzimos abaixo. No texto, o autor critica a forma como o conhecimento ainda é travado tratado, mesmo com todos os recursos informacionais de hoje. E no fim também intica: de que lado tu vai ficar?

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“Informação é poder. Mas, como todo o poder, há aqueles que querem mantê-lo para si mesmos. A herança inteira do mundo científico e cultural, publicada ao longo dos séculos em livros e revistas, é cada vez mais digitalizada e trancada por um punhado de corporações privadas. Quer ler os jornais apresentando os resultados mais famosos das ciências? Você vai precisar enviar enormes quantias para editoras como a Reed Elsevier.

Há aqueles que lutam para mudar esta situação. O Movimento Open Access tem lutado bravamente para garantir que os cientistas não assinem seus direitos autorais por aí, mas, em vez disso, assegura que o seu trabalho é publicado na internet, sob termos que permitem o acesso a qualquer um. Mas mesmo nos melhores cenários, o trabalho deles só será aplicado a coisas publicadas no futuro. Tudo até agora terá sido perdido.

Esse é um preço muito alto a pagar. Obrigar pesquisadores a pagar para ler o trabalho dos seus colegas? Digitalizar bibliotecas inteiras mas apenas permitindo que o pessoal da Google possa lê-las? Fornecer artigos científicos para aqueles em universidades de elite do Primeiro Mundo, mas não para as crianças no Sul Global? Isso é escandaloso e inaceitável.

“Eu concordo”, muitos dizem, “mas o que podemos fazer? As empresas que detêm direitos autorais fazem uma enorme quantidade de dinheiro com a cobrança pelo acesso, e é perfeitamente legal – não há nada que possamos fazer para detê-los. Mas há algo que podemos, algo que já está sendo feito: podemos contra-atacar.

Aqueles com acesso a esses recursos – estudantes, bibliotecários, cientistas – a vocês foi dado um privilégio. Vocês começam a se alimentar nesse banquete de conhecimento, enquanto o resto do mundo está bloqueado. Mas vocês não precisam – na verdade, moralmente, não podem – manter este privilégio para vocês mesmos. Vocês têm um dever de compartilhar isso com o mundo. E vocês têm que negociar senhas com colegas, preencher pedidos de download para amigos.

Enquanto isso, aqueles que foram bloqueados não estão em pé de braços cruzados. Vocês vêm se esgueirando através de buracos e escalado cercas, libertando as informações trancadas pelos editores e as compartilhando com seus amigos.

Mas toda essa ação se passa no escuro, num escondido subsolo. É chamada de roubo ou pirataria, como se compartilhar uma riqueza de conhecimentos fosse o equivalente moral a saquear um navio e assassinar sua tripulação. Mas compartilhar não é imoral – é um imperativo moral. Apenas aqueles cegos pela ganância iriam negar a deixar um amigo fazer uma cópia.

Grandes corporações, é claro, estão cegas pela ganância. As leis sob as quais elas operam exigem isso – seus acionistas iriam se revoltar por qualquer coisinha. E os políticos que eles têm comprado por trás aprovam leis dando-lhes o poder exclusivo de decidir quem pode fazer cópias.

Não há justiça em seguir leis injustas. É hora de vir para a luz e, na grande tradição da desobediência civil, declarar nossa oposição a este roubo privado da cultura pública.

Precisamos levar informação, onde quer que ela esteja armazenada, fazer nossas cópias e compartilhá-la com o mundo. Precisamos levar material que está protegido por direitos autorais e adicioná-lo ao arquivo. Precisamos comprar bancos de dados secretos e colocá-los na Web. Precisamos baixar revistas científicas e subi-las para redes de compartilhamento de arquivos. Precisamos lutar pela Guerilla Open Access.

Se somarmos muitos de nós, não vamos apenas enviar uma forte mensagem de oposição à privatização do conhecimento – vamos transformar essa privatização em algo do passado. Você vai se juntar a nós?
Aaron Swartz
Julho de 2008, Eremo, Itália.


Quem se beneficia com a morte de Aaron Swartz? As hipóteses sobre seu possível assassinato


Neste fim de semana, esta espécie de mundo paralelo que é a Internet se comoveu pela morte de Aaron Swartz, um jovem americano de 26 anos, que era considerado um dos personagens mais visionários e geniais das últimas décadas e, por suposto, uma promessa de inovação para os anos próximos. Entre outros destaques, Aaron é reconhecido por ter participado no desenvolvimento da tecnologia RSS, dos sites Reddit e Open Library e do conceito Creative Commons, entre outros vários projetos. O jovem era um entusiasta ativista da liberdade no interior da Internet que leis como SOPA e PIPA tentaram limitar.

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No sábado passado, no entanto, Aaron foi encontrado morto em seu apartamento em Crown Heights, Brooklyn, segundo a polícia local como resultado de um suicídio. Não demorou, no entanto, para que esta hipótese fosse amplamente questionada tanto por familiares, como por amigos e simpatizantes do jovem, pela importância que tinha Aaron dentro do mundo da Internet mas, sobretudo, por seu potencial na oposição aos grandes poderes, tanto públicos como privados, que todos os dias buscam maneiras para reduzir a margem de liberdade que até agora temos na rede.

Primeiramente, há quem assinale que por suas opiniões, mas sobretudo por suas ações, Aaron era um objetivo claro do sistema, uma pessoa perigosa para a estabilidade do status quo -favorável por definição a uma minoria privilegiada e poderosa-. Neste sentido cabe perguntar-se se há algum beneficiado com a morte de Aaron, se alguma empresa, corporação, líder ou organização política recolhe algum tipo de proveito de que o jovem programador já não possa fazer mais nada neste mundo. Falam, por exemplo, das grandes companhias de entretenimento, em especial das que estão agrupadas em torno da MPAA (Associação Estadunidense de Filmes, por suas siglas em inglês) e de seu atual CEO e ex senador Christopher Dodd, ambos com antecedentes de práticas quase mafiosas de intimidação e ameaças a seus inimigos.

Em outro aspecto, vários analistas dos Estados Unidos notaram um incremento nas mortes de pessoas que questionam tanto o governo como o establishment e que, ademais, por seu trabalho ou sua capacidade intelectual, têm um poder de convocação nada desdenhável e poderiam suscitar realmente uma mudança positiva e de amplo alcance. Faz um tempo, por exemplo, um colega de Aaron, Ilya Zhitomirskiy, co-fundador de Diaspora, uma rede social de tecnologia descentralizada e gratuita que foi apresentada como o "assassino de Facebook", supostamente também se suicidou, apesar de sua juventude e seu futuro também brilhante.

John Noveske, conhecido fabricante de rifles, morreu em um acidente automobilístico há poucos dias após ter postado uma análise detalhada sobre o fato de que todos os participantes recentes de tiroteios em escolas andaram tomando medicamentos psiquiátricos. Alex Jones, um dos blogueiros mais populares da gringolândia, também apresentador de rádio e crítico frequente da política americana, quase foi baleado por capangas que o acossaram em Nova Iorque em um dia que foi convidado a falar para a CNN.

Por último caberia passar pelos antecedentes psicológicos de Aaron, para verificar se realmente o processo milionário que enfrentava (com possibilidade de cárcere) por ter baixado mais de 4 milhões de artigos acadêmicos da JSTOR, desde a rede do MIT, era motivo suficiente para que tirasse a própria vida, se seu estado emocional recente para tendia para condutas como esta.

Como dado adicional reproduzimos a advertência que Mike Adams faz no site Natural News, dedicada a ativistas de todo tipo que, em muitos casos, são pessoas que nem sempre têm esse grau de desconfiança que beneficia a segurança pessoal. Como aconselha Adam num tom justificadamente conspiranoico, aprender técnicas de autodefesa, olhar e se mover pelos meios cotidianos com maior perspectiva tática, deixar de usar cartões de crédito ou telefones celulares (pela localização imediata de uma pessoa que estes possibilitam), poderia sem dúvida significar a diferença entre viver ou ser suicidado.


Fonte: Filmbuff
Escrito e dirigido por: Brian Knappenberger
https://www.youtube.com/watch?v=2uj1EeiuK5U#t=74
Compilação em forma de texto e imagens: O Arquivo
http://pt.wikipedia.org/
http://revistaepoca.globo.com/
http://rafazanatta.blogspot.com.br/
http://baixacultura.org/
http://www.ndig.com.br
Natural News