QUALIDADE DE VIDA

Pílula do dia seguinte: Tire suas dúvidas !

seguinteUma pesquisa publicada recentemente mostrou que a pílula de emergência, mais conhecida como pílula do dia seguinte (PDS), tem sido utilizada com muita freqüência pelas adolescentes brasileiras. Mas até que ponto esse método é realmente seguro? Quando deve ser utilizado? Se usada frequentemente perde o efeito? Quando a PDS esta indicada? Somente em situações de emergência como: falha do método anticoncepcional utilizado (por exemplo: a camisinha que rasgou ou saiu do lugar, ...

esqueceu de tomar mais de duas pílulas consecutivas, passou a data da aplicação da injeção); relações sexuais desprotegidas, ou nos casos de violência sexual (estupro). Pode ser usada com freqüência? Qual o intervalo de tempo mínimo para usar a PDS novamente? O uso freqüente é desaconselhável, pois além de ser muito menos eficaz na proteção da gravidez do que um método usado regularmente ( a PDS, quando usada nas primeiras 24 horas, oferece até, no máximo, 90% de proteção) , ela pode desregular muito a menstruação da mulher, fazendo com que ela perca as contas do ...

seu período fértil naquele mês. Não existe um intervalo mínimo de tempo para se utilizar a PDS novamente, mas uma coisa é certa: cada PDS vale para aquela relação sexual que foi motivo do seu uso e se você esta precisando usar uma vez por mês, ou mais, isso já não é mais emergência. Virou rotina! Nessa situação vale muito mais a pena procurar o ginecologista para te ajudar a escolher um método mais seguro para que você não fique tomando sustos por ai ! Se eu estiver tomando a pílula anticoncepcional comum, eu preciso usar a PDS também? Se você usa a sua pílula anticoncepcional regularmente e de forma correta (um comprimido por dia, de preferência no mesmo horário), você esta protegida da gravidez durante todo o mês, incluindo no intervalo de pausa entre as cartelas. Nesses casos, o uso da PDS é totalmente desnecessário. Agora, se você esquecer de tomar a pílula por mais de dois dias seguidos, a coisa muda de figura e o melhor a fazer é contatar o seu ginecologista para te orientar como proceder. E não deixe de usar a camisinha até receber a orientação necessária, pois ela te deixara protegida não só da gravidez mas também das doenças sexualmente transmissíveis. 

E se eu atrasar o horário da tomada da PDS? Corro o risco de engravidar?

O risco de gravidez com o uso da PDS sempre existe, e, sem dúvida, é bem maior do que quando se usa um método mais seguro como a camisinha, a pílula anticoncepcional, o DIU ou a injeção. Se você atrasa ou esquece de tomar a segunda dose, é claro que esse risco aumenta. Por isso, o recomendado atualmente é a sua utilização em dose única.

Tem muitas garotas tomando a pílula do dia seguinte como se fosse um método anticoncepcional. E, pior, sem orientação médica. Elas nem sabem que, mal usada, a fórmula oferece riscos.

"Namorava há três anos e sempre tomei anticoncepcional. Só que me esqueci da pílula duas vezes no último mês e acabei transando sem camisinha. Com medo de engravidar, usei a pílula do dia seguinte."
Carol, 23 anos

Troquei a camisinha pela pílula do dia seguinte duas vezes. Na primeira, um ex-namorado insistiu para transarmos sem nada e eu cedi. Na hora, não me preocupei com a Aids ou outras doenças. Na segunda vez, um novo namorado me convenceu a transar sem camisinha. Mas percebi que isso poderia me prejudicar. Hoje, com namorado fixo, optei pela pílula. Sai bem mais barato e é bem menos estressante."
Laura, 25 anos

"Fazia um mês que estava saindo com um surfista bonitão, que conheci num feriado. A noite foi mágica, a não ser por um detalhe: a camisinha estourou. Com medo de engravidar, tomei a pílula do dia seguinte."
Ana, 26 anos

Das três garotas, Ana foi a única que usou a pílula do dia seguinte de acordo com a recomendação. “Administrada de maneira responsável, ela é um bom método para evitar uma gravidez indesejada”, diz a ginecologista e obstetra Andréa Campos, do Coletivo Feminista Sexualidade e Saúde, ONG paulistana especializada em saúde da mulher. O contraceptivo de emergência, cujo princípio ativo é o levonorgestrel, tem indicações precisas. Serve para situações como quando o método preventivo que você escolheu falha, em casos de violência sexual ou estupro.

Mas tem muita mocinha merecendo um puxão de orelha por agir como Laura e Carol, que tomaram a pílula sem orientação médica e em substituição à camisinha. O alerta vem do Programa do Adolescente do Estado de São Paulo. Segundo pesquisa realizada pelo órgão, 33% das garotas que tomaram esses comprimidos não se preocuparam com nenhum método contraceptivo. A consultora de saúde Ana Fátima Galati, do Coletivo Feminista, acredita que a falta de informação começa dentro de casa. “Elas temem mostrar a pílula anticoncepcional para os pais e assumir que já iniciaram a vida sexual”, diz. Sem falar nas garotas que, como não estão com namorado fixo, não querem tomar hormônio todo dia e acham que é um bom negócio recorrer à pílula apenas quando rola a transa. Doce ilusão: dois comprimidos equivalem a meia cartela de um anticoncepcional de baixa dosagem. A seguir, acabe com todas as suas dúvidas sobre o assunto.

Modo de usar

A ginecologista Albertina Duarte, coordenadora do Programa do Adolescente do Estado de São Paulo, esclarece o que é mito e o que é verdade quando se trata do contraceptivo de emergência a pílula do dia seguinte pode ser tomada até 72 horas depois da relação

Verdade. Depois do incidente você tem, no máximo, três dias para checar se estava no período fértil ou não, buscar orientação e adquirir a pílula. São dois comprimidos: um a ser tomado de preferência nas primeiras 24 horas, quando sua eficácia é maior, seguido de outra dose após 12 horas.

a pílula funciona como um abortivo

Mito. Ela age antes que a gravidez ocorra. Se a fecundação ainda não aconteceu, o medicamento vai dificultar o encontro do espermatozóide com o óvulo. Agora, se a fecundação já tiver ocorrido, irá provocar uma descamação do útero, impedindo a implantação do ovo fecundado. Caso o ovo já esteja implantado, ou seja, já tenha iniciado a gravidez, a pílula não tem efeito algum.
 
preciso de receita médica para comprar a pílula

Verdade. Embora seja possível adquiri-la nas farmácias sem prescrição. No entanto, mesmo que você dispense a receita, procurar por orientação antes é indispensável. Só um ginecologista poderá dar certeza de que o medicamento é indicado para o seu caso.
 
ela pode causar efeitos colaterais

Verdade. O mais freqüente deles é a alteração no ciclo menstrual e do tempo de ovulação. Em outras palavras, vai ficar impossível calcular seu período fértil e o dia da sua menstruação será um verdadeiro enigma. Além disso, dor de cabeça, sensibilidade nos seios, náuseas e vômitos são sintomas comuns. No caso de vômito ou diarréia nas duas primeiras horas após a ingestão, a dose deve ser repetida. Quem tem organismo sensível a medicamento e está tomando a pílula com indicação médica deve pedir a indicação de um remédio contra enjôos para tomar ao mesmo tempo.

não há contra-indicação

Mito. A pílula é contraindicada para quem sofre de alguma doença hematológica (do sangue), vascular, é hipertensa ou obesa mórbida. Isso porque a grande quantidade de hormônio pode provocar pequenos coágulos no sangue que obstruem os vasos.

se eu tomar repetidas vezes, ela perde o efeito

Mito. Ela não perde o efeito, mas o risco de você engravidar aumenta. Normalmente, ele já é de 15% se você tomar depois de 24 horas de transar, contra uma média de 0,1% da pílula anticoncepcional comum.

posso trocar a camisinha pela pílula

Mito. Nem pense nisso. A pílula deve ser tomada apenas quando o método contraceptivo escolhido falha. Além de apresentar efeitos colaterais muito mais severos que a pílula comum, e ser bem mais cara (custa em média 16 reais), o contraceptivo de emergência não a protege das doenças sexualmente transmissíveis. Contra elas, só mesmo a boa e conhecida camisinha

Método Abortivo?

Existem muitas controvérsias sobre este assunto. Alguns julgam que a partir do momento em que o óvulo foi fecundado, gerou-se um novo ser humano, que já tem uma identidade genética própria, uma autonomia biológica, uma capacidade de diferenciação e uma capacidade de comunicação química com o organismo materno, portanto consideram que o uso da pílula do dia seguinte não passa de um método abortivo disfarçado, já que na maioria das vezes em que a pílula é tomada, ou seja, em pleno período fértil, atua não impedindo a ovulação, mas sim após ter se dado a concepção. Por outro lado, alguns consideram que um medicamento passa a ser abortivo somente se impedir o desenvolvimento da gravidez após a nidação do óvulo, tendo em vista que a mulher só é considerada grávida após ter sido detectado o hormônio específico da gravidez (HCG), o que só é possível após a nidação.
As chances de uma gravidez indesejada praticamente foram a zero com a pílula do dia seguinte. Atualmente, existem dois tipos de cartela: uma de dosagem maior, com apenas um comprimido de 1,5mg de levonorgestrel. Ou na versão com dois comprimidos, cada um com 0,75mg de levonorgestrel. Mas este é um recurso que vale para casos de emergência , alerta a ginecologista Mirna Ugarte, do Hospital Juscelino Kubitschek, em Brasília. A dosagem de hormônios presente na pílula do dia seguinte é muito maior do que a contida na pílula tradicional .

E isso traz alguns problemas. O primeiro deles é uma desregulada geral no seu ciclo, o que interfere no cálculo do próximo período fértil e, em conseqüência, no início da sua próxima cartela de anticoncepcional. Há ainda outros efeitos negativos de curto prazo, como náuseas, vômito e dor de cabeça.

Algumas mulheres, inclusive, sentem-se tão mal que precisam de um remédio anti-enjôos combinado à pílula. Se houver vômito até duas horas depois de tomar a pílula, a dose deve ser repetida , alerta a ginecologista.

Quanto à ação do medicamento, ela vai variar de acordo com a fase do ciclo menstrual em que ele for consumido. O levonorgrstrel pode inibir ou retardar a ovulação; dificultar a passagem do óvulo ou do espermatozóide; provocar alterações no endométrio, bloqueando a implantação do óvulo , afirma a médica.

Por isso é importante ingerir a pílula no máximo 24 horas após a relação sexual com risco de gravidez. Caso o ovo já tenha sido implantado, o remédio não surte efeito algum , explica Mirna Ugarte. É isso mesmo o que você pensou: a pílula do dia seguinte, como a tradicional, tem ação preventiva. E não abortiva, como muita gente pensa.
Isso sem esquecer a média de eficiência do anticoncepcional de cartela, muito maior: o risco de falha não passa de 0,1%, contra 5% da pílula do dia seguinte índice que vale apenas para a ingestão feita, no máximo, 24 horas após a relação.

Se você já tomava anticoncepcional e esqueceu o comprimido, volte a tomá-lo normalmente assim que lembrar. A pílula do dia seguinte não interfere na ação da tradicional. Mas, na dúvida, agende uma visita ao ginecologista. Seu médico certamente saberá dizer se vale a pena continuar a cartela ou esperar a menstruação para recomeçar , diz a especialista de Brasília.

Vale lembrar que a pílula do dia seguinte só vale como alternativa excepcional. Isso porque, fora os desconfortos trazidos pelos efeitos colaterais, ela não protege você contra as doenças sexualmente transmissíveis. Tenha sempre em mãos um bom preservativo e não ponha a sua saúde, nem a do seu parceiro, em risco.


Fonte: http://www.bolsademulher.com/ - Mariana Maldonado, ginecologista e obstetra.
      
http://boaforma.abril.com.br/ - Monique dos anjos
      
http://www.minhavida.com.br/