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Carne processada pode causar câncer: tire suas dúvidas

carpro1Por Mariana Lenharo, 26/10/2015 - Nesta segunda-feira (26), a Agência Internacional de Pesquisa do Câncer (IARC, na sigla em inglês) da Organização Mundial da Saúde (OMS) anunciou a classificação das carnes processadas como produtos carcinogênicos, ou seja, que causam câncer, e das carnes vermelhas como produtos “provavelmente carcinogênicos”. O risco maior do consumo de produtos como bacon, toucinho, salame e outros embutidos, ...

é em relação ao câncer colorretal, que afeta o intestino e o reto, mas existem associações com outros tipos de câncer. Mas de que forma essa classificação deve impactar a vida das pessoas? Tire suas dúvidas sobre o consumo desse tipo de alimento e o risco de câncer:

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As carnes processadas foram colocadas na lista do grupo 1 de carcinogênicos, que já inclui tabaco, amianto e fumaça de diesel. Porém, segundo os especialistas, isso não significa que esse produto é tão perigoso quanto o cigarro, por exemplo. A carne processada foi incluída nessa categoria, pois existem evidências claras de sua relação com o câncer. Porém o aumento de risco do câncer ocasionado pelo tabaco é muito mais significativo.

“Ao colocar a carne processada no grupo de carcinogênicos, ela fica no mesmo patamar que o fumo, por exemplo, em que a recomendação é não consumir”, diz o cirurgião oncologista Samuel Aguiar Junior, diretor do Departamento de Tumores Colorretais do A.C.Camargo Cancer Center. “Porém, o consumo esporádico e em pequenas quantidades de carne processada não leva a um aumento do risco de câncer comparável ao tabaco”, afirma. Segundo o Cancer Research UK, enquanto 86% dos casos de câncer de pulmão estão ligados ao uso de tabaco, 21% dos casos de câncer de intestino estão ligados ao consumo de carne processada e vermelha.

A classificação não significa que as pessoas devem parar de comer carne. Aguiar Junior observa que a carne vermelha fresca, não processada, é um componente importante da alimentação e o consumo adequado traz benefícios para a saúde. Segundo o oncologista, uma quantidade considerada segura é 70 gramas por dia para homens e 55 gramas por dia para mulheres. Para o médico Gilberto Lopes, oncologista clínico do Grupo Oncoclínicas do Brasil e membro da Sociedade de Oncologia Clínica Americana (Asco), a dieta do brasileiro é caracterizada por ser rica em carne vermelha: o ideal seria reduzir o consumo a no máximo três vezes por semana.

Já em relação à carne processada, não se sabe qual seria uma quantidade segura. O que a revisão de estudos provida pelo IARC concluiu foi que o consumo de uma porção de 50 gramas por dia de carne processada aumenta o risco de câncer colorretal em 18%. Para se ter uma ideia, uma única salsicha pesa 50 gramas, três fatias finas de presunto pesam 40 gramas, sete fatias de salame pesam 40 gramas e uma linguiça pode chegar a 100 gramas. Segundo a classificação da IARC, carne vermelha são todos os tipos de carne de mamíferos como vaca, porco, cordeiro, carneiro, cavalo e cabra.

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Já as carnes processadas, também conhecidas como embutidos, são aquelas com adição de sal ou outros produtos para realçar o sabor e aumentar o tempo de conservação, ou que tenham sido fermentadas ou defumadas. Esses produtos geralmente contêm carne de vaca ou de porco, mas também incluem os produzidos com carnes de aves e outros produtos relacionados à carne, como sangue. Entre eles estão bacon, toucinho, presunto, salsicha, linguiça e salame. Não. Segundo o oncologista Aguiar Junior, a carne vermelha não é o único vilão do câncer de intestino. Para se prevenir a doença, além de moderar o consumo de carnes vermelhas e processadas, é indicado adotar uma dieta mais rica em verduras, frutas e cereais, além de aumentar as atividades físicas.

Para o médico Gilberto Schwartsmann, chefe do Serviço de Oncologia do Hospital de Clínicas de Porto Alegre (HCPA), as técnicas de conservação destes alimentos contam com produtos potencialmente causadores de tumores e, por isso, devem ser consumidos com muita moderação:

— Esta é uma recomendação que já se encontra em publicações científicas, pois os malefícios destes produtos já foram comprovados. O hábito de comer muitos alimentos processados deve ser evitado pelo potencial de causar principalmente tumores no trato intestinal, onde esses produtos são processados e ficam mais tempo.

COMBINAÇÃO

A evidência mais sólida do relatório intitulado IARC Monographs evaluate consumption of red meat and processed meat está na associação entre o consumo de embutidos e o câncer colorretal. Presidente da Sociedade Brasileira de Coloproctologia, Fábio Guilherme Campos explica que esse tipo de tumor é uma combinação de genética e alimentação. “Ter uma alimentação saudável não necessariamente garante ao indivíduo o não surgimento de um tumor. Estudos que fazem uma relação matemática entre um hábito e o risco de câncer devem ser avaliados com muita parcimônia. Sabemos que é muito difícil manter uma dieta específica durante muito tempo e o desenvolvimento do câncer colorretal pode demorar de cinco a 15 anos. Já é de conhecimento da medicina que o consumo em excesso de gordura, carne vermelha e carne processada (embutidos) aumenta o risco não apenas de câncer, mas de outras doenças”, diz.

Segundo ele, o relatório da OMS não muda as orientações gerais para prevenção de câncer colorretal. “A redução no consumo tanto dos embutidos quanto de carne vermelha já constava como item de prevenção”, salienta. O especialista pondera, entretanto, que, por fator ambiental, entende-se não apenas a alimentação, mas também a obesidade, o sedentarismo e o tabagismo, por exemplo. “Quando a causa é multifatorial, é muito difícil afirmar quanto um fator ambiental isolado pode ser significativo para uma pessoa ou se terá um efeito individual”, observa.

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A constatação do especialista não quer dizer, porém, que o cuidado com a alimentação não seja importante para evitar esse tipo de tumor. Segundo Fábio Campos, entre as formas simples de prevenir o câncer colorretal, está a ingestão de 30 gramas de fibras diariamente e o equivalente a duas xícaras e meia por dia de frutas e verduras. A dieta deve contemplar, ainda, um baixo consumo de gordura, presente tanto nos embutidos quanto na carne vermelha.

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É importante destacar, ainda, que o indivíduo com algum caso da doença na família – parentes de primeiro ou segundo graus – deve fazer a colonoscopia aos 40 anos. Para a população em geral, o exame é indicado a partir dos 50. É esperado que 33 mil brasileiros recebam o diagnóstico da doença em 2015. “O câncer colorretal já é o terceiro tipo mais comum no Brasil”, afirma Fábio Campos. Entre os sintomas da doença, estão as dores abdominais, alteração no hábito intestinal e sangue ao evacuar.

Fonte: http://g1.globo.com/
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