RELIGIÃO, CULTOS E OUTROS

Por dentro da Maçonaria - Parte 2

mac1qEm Boston, berço de um ramo da maçonaria que busca refutar a alegação de que a ordem é só para velhos brancos cansados. A loja Prince Hall, que leva o nome de um soldado da guerra da independencia, de Massachusetts. Ha 230 anos, quando a maioria dos afro americanos ainda era de escravos, Prince Hall e mais 14 negros livres foram convidados a integrar a irmandade maçônica. Sua iniciação foi aprovada em 1784 pela Grande ...

Loja da Inglaterra. Ironicamente, a potencia colonialista contra quem Prince Hall recém lutara. Lesley A Lewis é grão mestre da Grande Loja Prince Hall Número Um.

 

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"Meu nome é Lesley Alan Lewis, grão mestre da Grande Loja Prince Hall, em Massaschusetts. Prince Hal, em sua juventude, observava os maçons e conheceu maçons como Benjamim Franklin, George Washington e outros. Ele solicitou ingresso na maçonaria, na grande Loja dos brancos, mas não obteve permissão. A maioria dos maçons brancos não queira se sentar na sala da loja com escravos, nem com alforriados, enfim, negros."

 

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Quando Prince Hall fundou a prinmeira loja afro-americana, 9 anos antes, em 1775, ela começou com restriç/oes severas. No inicio, nao tinha permissão para recrutar nem trazer novos integrantes, mas a grande loja da inglaterra acabou lhe concedendo autorização para fundar uma loja normal.Lesley Alan Lewis: "A carta de autorização foi concedida. Existem mais de 49 grandes lojas no hemisfério ocidental e quase 400 mil maçons Prince Hall.

Assim, a maçonaria Prince Hall prosperou desde então." O fim da escravidão possibilitou a expansão da maçonaria Prince Hall para o sul. Lesley: "Conhecendo a história de Price Hall, como nós conhecemos, Prince Hall era um homem que nao desistia. E acho que se Prince Hall estivesse vendo os maçons Prince Hall atuais, ele ficaria satisfeito. "

Para alguem de fora, impressiona ver uma loja com quase todos os membros afro americanos, levando em conta a noção do público de que a maçonaria é um clube de homens brancos. A Realidade é que a maioria das lojas maçonicas aceita membros de qualquer cor ou religião.


Queda no número de participantes


Como movimento, a pratica da maçonaria tende a promover boas relações entre as raças no mundo todo. Suas aspirações samaritanas estão ameaçadas. A queda do número de participantes levou muitas lojas do mundo todo a promover esforços de recrutamento. John Hamill: " O número de integrantes tem diminuido. Acreditamos estar chegando ao numero mínimo neste pais, e que, em alguns pontos, esse número esta aumentando de novo. Na Europa, a participação parece estar aumentando novamente. Nos EUA, ela tem diminuido. Caiu algo como 3,5 milhões ou 4 milhões há 15 ou 20 anos para pouco menos de 2 milhóes."


Um Jovem Grão-Mestre


Em Richmond, Virgínia, 500 maçons Prince Hall elegeram um novo grão mestre para o estado e analisaram um conjunto de integrantes que esta envelhecendo e diminuindo. Aos 48 anos, Curtis Vaughan é o grão mestre mais jovem do estado.

 

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"Meu nome é Curtis S Vaughan Jr., maçom Prince Hall. Constantemente, eu observava meu pai e seu ritual, com gente que eu não conhecia chegando em casa e permanecendo cerca de duas horas. Eu nunca podia ir aonde eles estavam, nem ouvir a conversa deles, mas sabia que todos tinham livrinhos pretos, e que, de vez em quando, vestiam terno preto e avental branco e saiam. Ao atingir a maioridade, preenchi um requerimento entreguei-o a meu pai, que o apresentou e fui aprovado para iniciação na loja maçonica Prince Hall da Virgínia."

Para que o terceiro século da maçonaria Prince Hall nao seja o ultimo, os mais jovens deverão se inspirar a seguir o caminho de seus avós. Para cultivar uma nova geração de maçons, as lojas Prince Hall promovem uma ala jovem denominada Cavaleiros de Pitágoras, cuja sigla em ingles é KOP. O jovem Sydney completou o programa: "Um dos valores da KOP...existem muitos, mas um dos principais que sempre observei foi o serviço a comunidade. Os homens chegam e ajudam os meninos, ensinando-os como retriguir a comunidade. Com 12, 15 anos de idade, retriguimos aos adultos. E isso é grandioso, poe-nos num grande pedestal."


Novos Membros


Lojas maçonicas do mundo todo estão tentando obter mais participantes. Numa loja de Washington DC, possiveis futuros maçons assistem a uma palestra dada por Ackram Elias: "A franco maçonaria náo é algo em que se ingressa. Uma pessoa não ingressa na franco maçonaria, ela se torna maçom. Ela é recebida e aceita na fraternidade. A maçonaria não é pra todos. Ela é elitista? Não. É seletiva? Sim, certamente é. Porque ela é seletiva? POrque temos critérios que a pessoa deve satisfazer para ser iniciada na maçonaria. Da maneira coo entendemos, ateus não são aceitos em nossa loja. Exigimos que a pessoa acredite, professe sua fé na divindade. Não perguntamos em que religião ela cre, mas a crença na divindade é requisito para ser iniciado na maçonaria."

 

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O ingresso nessa fraternidade não é algo a ser considerado levianamente. Justin Poltak ainda não é maçom: "Meu nome é Justin Poltak e ainda não sou maçom. Ja faz algum tempo que estou interessado em maçonaria e venho pesquisando sobre ela na internet ha 6 meses." Justin sente que os valores da maçonaria completariam sua forma de pensar. "O que li sobre a maçonaria e que me interessou tinha muito a ver com a formação de caráter e passar a fazer parte de uma comunidade maior que voce."


As mulheres maçons


Enquanto rapazes como Justin são incentivados a ingressar na comunidade maçõnica tradicional, as mulheres, que representam 50% da população, não são. Grupos maçonikcos só de mulheres continuam sem o reconhecimento das lojas masculinas tradicionais, mas sua quantidade esta aumentando.  John Hamill: " Há duas grandes lojas para mulheres em operação na Inglaterra e em Gales e, até onde sabemos, funcionam nas mesmas bases que nós: seguem os mesmos principios, as mesmas cerimônias, usam os mesmos paramentos que usamos, fazem bastante caridade. Elas querem ser formalmente reconhecidas, mas não querem participar de nossas reuniões, nem que participemos das delas."Na América isso não impediu que as mulheres exigissem o direito de usar aventais como os homens. June Lennon, de Atlanta, na Geórgia, participa de um ramo chamado franco maçonaria mista, em que homens e mulheres são aceitos.

 

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"Sou June Elizabeth Lennon, mulher maçom de Atlanta, Geórgia. A experiencia de ter homnes e mulhers trabalhando em conjunto na mesma loja é valiosa, porque se percebem bem o yin e o yang, percebem-se bem o branco e o preto. Percebe-se bem a opinião masculina em contraste com a feminina. Pessoalmente, acretido que existe diferença entre os sexos. Pensamos de maneiras diferentes."

Assim, há as irmandades maçonicas femininas secretas que não aceitam homens. Susan Gonzales pertence a loja Universalis de Nova York, uma organização baseada em ritos antigos que antecedem a maçonaria moderna.

 

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"Sou Susan Gonzales, mulher maçom de Nova York. As mulheres participam de ritos místicos antigos durante milhares de anos, e a maçonaria como que emprestou esses símbolos ao longo do tempo, junto com seus símbolos operativos.As mulheres nunca foram totalmente excluídas do processo. Portanto, não encaro como algo sendo copiado, e sim, de certa forma, como uma evolução."


A Herança de 1717


A maioria concordaria que as lojas maçonicas atuais devem sua herança aquela fundada em 1717, quando 4 lojas uniram-se na zona bancária de Londres para formar o que hoje se conhece como Grande Loja da Inglaterra. Eles se reuniam em um pub chamado The Goose and Gridiron e autodenominaram-se franco maçons, para se distinguirem das demais associações de cavalheiros da época. Seis anos depois, ja tinham centenas de membros, várias filiais chamadas lojas e uma constituição escrita repleta de regras oficiais, regulamentos e símbolos maçônicos. O que os motivou a fundar uma sociedade secreta esta cercado de mistério. Uma das teorias é de que eles queriam criar uma plataforma para fortalecer as classes trabalhadoras. Usando conhecimento e informação, eles reduziam a distancia entre ricos e pobres. Uma vez que as mulheres do século 18 estavam na perifieria do mundo do trabalho, não foi considerada estranha sua não inclusão. Atualmente, os maçons reconhecem a necessidade de atualizarem-se.

John Hamill: "Acretido que um dos possíveis desafios no futuro esteja na relação das mulheres com a maçonaria e as organizações restritas aos homens. A maioiria... todas as grandes lojas oficiais do mundo tem somente homens como membros. Não por razões como não gostar de mulheres, ou acha-las de alguma forma, inferiores. É apenas porque historicamente sempre foi assim."


Um mundo exclusivamente masculino....não mais!


A maioria das mulheres compartilha não só o simbolismo, mas também o processo de iniciação e os níveis denominados graus. No entanto nem todas anseiam pela aceitação por parte das grandes lojas do mundo maçonico exclusivamente masculino.

Janet Wintermute: "Se uma mulher for a uma loja maçônica onde há homens presentes que não a querem ali só por ser mulher achance dela exercer bem a maçonaria ali é nula. Menos que nula, não é factível. As mulheres que se tornaram, maçons não estao interessadas nisso. Elas não estão preocupadas com questões de reconhecimento, nem em ser iguais aos homens. Na verdade, elas não encaram a maçonaria como algo ligado aos sexos."

Janet Wintermute

Janet Wintermute, de Washington, pertence a uma sociedade exclusivamente feminina, ainda mais exclusiva e secreta. "Nossa ordem é discreta ao extremo. Nossos rituais nunca foram publicados em datalhe em lugar nenhum. É possivel comprar um livro chamado O Ritual de Duncan e ler os principais rituais maçonicos para os 3 primeiros graus, os graus da loja simbólica. Não da para fazer isso com minha ordem. Somos extremamente discretas nesse aspecto."

Mas porque o sigilo é necessário?

Susan Gonzales: " Como maçom, fiz um juramento de não divulgar nenhuma informação sobre quem participa e o que se faz. Não porque querem segredos, mas porque elas precisam da oportunidade de esta la, sentindo-se livres para ser francas e abertas e esse é o seu direito." Será que ao se recusarem a comentar os detalhes do que acontece nas lojas com o mundo exterior, alguns maçons dificultaram  suas próprias vidas?

 

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Robert Cooper é um maçom da Grande Loja da Escócia. "Meu nome é Robert Cooper e sou o curador do museu e da biblioteca da Grande Loja da Escócia. A sociedade, principalmente a sociedade moderna, precisa de um bicho papão. E vivendo numa sociedade como a de hoje, com as teorias de conspiração desefreadas, em que pessoas não querem se responsabilizar pelos proprios atos, naturalmente tornamo-nos o bode expiatório."

John Hamill: "Acabou se tornando uma reação instintiva, quando algo dava errado: "Os maçons devem estar por tras disso".

Ian Markham: "Há perigos que as pessoas com poder tem de sabe reconhecer bem. E o maior perigo é que, quando não se é transparente, isso será mal interpretado."

PARTE 3