VERDADES INCONVENIENTES

Como funciona a lavagem cerebral aplicada em grupos

lavacerta116/08/2016 - Por Carolina Canossa. O efeito da técnica pode ser ainda maior quando ela é aplicada em grupos: uma pessoa comum pode virar um fanático capaz de matar. Imagine perder o controle de seus pensamentos e virar uma espécie de robô que age da forma desejada por um político, um religioso ou uma empresa. Esqueça, porém, a imagem de alguém alterando seu cérebro com choques, cirurgias ou pílulas. Não há fórmula mágica na lavagem cerebral. “Trata-se de uma aplicação de técnicas psicológicas comuns, mas em um nível muito extremo e coercitivo”, diz Kathleen Taylor, pesquisadora da Universidade de Oxford, no Reino Unido, ...

e autora de Brainwashing – The Science of Thought Control (“Lavagem cerebral, a ciência do controle do pensamento”, sem edição no Brasil). O conceito de lavagem cerebral remete a um termo do mandarim, “hsi-nao“, usado na meditação para definir a limpeza da mente ou do coração. Ele surgiu nos anos 1950, quando o jornalista norte-americano Edward Hunter buscava uma explicação para a súbita mudança de comportamento de soldados de seu país. Eles haviam sido reféns de chineses e norte-coreanos na Guerra da Coreia e, ao voltarem aos EUA, tornaram-se comunistas ferrenhos.

1. O primeiro passo é escolher a vítima. Jovens, ainda em busca de uma identidade própria, são um alvo fácil, assim como pessoas emocionalmente abatidas. Um exemplo são os europeus filhos de imigrantes, sem oportunidade nem emprego, que acabam engrossando as fileiras do Estado Islâmico

2. O acolhimento ocorre de diversas formas, como uma conversa em tom de desabafo, uma palestra, convites para um jantar ou uma festa onde se conhecem outros membros. Quando menos espera, a pessoa já está inserida no grupo

3. O caminho está aberto para as tentativas de convencimento. Ensina-se que a ideologia do grupo é cientificamente correta e moralmente a melhor que existe. Essa crença coletiva é mais importante do que opiniões e experiências individuais

4. Respeito ao líder é essencial. Por isso, muitos grupos terroristas, extremistas políticos e seitas fundamentalistas têm uma espécie de messias, liderança carismática, que defende ideais revolucionários e cuja autoridade jamais pode ser contestada

5. Gradativamente, a pessoa é isolada. Ela se envolve com as tarefas do grupo que demandam cada vez mais tempo, deixando, aos poucos, a vida anterior para trás. As tarefas são desgastantes, como treinamentos militares e trabalhos em plantações. Assim, a pessoa não tem tempo nem forças para refletir a respeito. Somente quando essa imersão fica intensa é que amigos e parentes se dão conta de que algo está estranho com ela.

6. Uma vez que a pessoa aceitou o novo contexto na sua vida, ela chega ao último estágio, em que pode ser apresentada às posições mais radicais do grupo. No caso do terrorismo religioso, primeiro a pessoa é convencida de que Deus a ama, para depois receber sua missão, como um ataque armado. Caso as ideias extremas sejam apresentadas antes que a vítima esteja “preparada”, ela pode se assustar e deixar o grupo

7. A lógica reinante é a do pensamento binário, ao melhor estilo “nós contra eles”, como se houvesse só uma verdade no mundo. Isso leva os membros a atitudes extremas, já que eles se sentem no direito (e, muitas vezes, no dever) de controlar a vida e o destino dos outros

8. Em um ambiente restrito como o de tais grupos, a paranoia dá as caras e qualquer deslize deve ser reportado. Quando a lavagem cerebral é muito intensa, aquele que contestar consigo mesmo o que está fazendo ali pode passar a se considerar um traidor da causa

9. Totalmente convencida dessas ideias utópicas e inserida em um ambiente no qual tem pouco acesso a informações contrárias ou de fora, a pessoa acha que qualquer sacrifício é justificável. Assim, ela toma atitudes até então impensáveis. Está feito o estrago

DUAS CURIOSIDADES:

– Um novo nome pode ser providenciado, de forma que a vítima se separe do seu “eu” do passado

– O controle da informação leva à criação de termos próprios, que dificultam a compreensão de quem não faz parte do grupo

Hollywood adora esse assunto

Vários filmes retratam a reprogramação cerebral aplicada em grupos. Em A Onda (2008), um professor de escola transforma o comportamento da classe com técnicas de manipulação de massas. Já O Mestre (2012) retrata como um veterano de guerra fica cada vez mais dependente de uma organização religiosa conhecida como A Causa. Na literatura, o clássico 1984 (1949), de George Orwell, é um ótimo caminho para entender como regimes totalitários agem e tentam esmagar seus opositores.


Como funciona a lavagem cerebral soft

lavacerta2


Por Carolina Canossa, 21/07/2016 - Sabe aqueles momentos em que a publicidade parece estar manipulando a gente? Para especialistas, essa é a lavagem do tipo “soft”

É ou não é?

O ponto é polêmico, porque não há isolamento nem ameaça física, tampouco a pessoa é obrigada a se expor a essas mensagens. Por isso, muitos especialistas defendem que isso é mais persuasão que lavagem cerebral

Um minutinho do seu tempo?

A tentativa de convencimento geralmente não é feita de forma direta, mas por indução, levando a pessoa a crer que a decisão final é dela. Por exemplo, vendedores que abordam potenciais consumidores com opções pré-prontas, como “quer economizar?” Ora, quem não quer? Talvez nem haja uma promoção, mas isso já induz a pessoa a parar e pensar que pode haver algo vantajoso ali

O filtro da política

A distorção ou simplificação extrema de informações é outra forma de levar as pessoas a conclusões predeterminadas. Campanhas eleitorais são craques nisso. Enquanto os partidos de situação nos fazem pensar que vivemos em um paraíso, os programas da oposição dão a impressão de que estamos às portas do inferno

“Filma a cara dele!”

Programas policiais também exageram nas simplificações. Segundo Laura Dauden, pesquisadora do tema, “telespectadores se sentem tranquilos ao dividir pensamentos violentos quando os identificam nesses jornais”. Por isso, o público é induzido a ter opiniões simplórias sobre questões complexas, como: “A solução para o crime é fácil, bandido bom é bandido morto”

Exposição demais

A força da lavagem”light” está no combo. Um único comercial de guloseima não engorda ninguém, mas ser bombardeado por isso pode comprometer a alimentação da pessoa. Outro exemplo: as coberturas sensacionalistas de quedas de avião criam a sensação de que viajar de carro é muito mais seguro, o que está longe de ser verdade

Gato por lebre

Propagandas trabalham com a imposição de necessidades. Muitas vezes, elas sequer remetem diretamente ao produto que vendem, mas ao preenchimento de um desejo. Ao usar belas mulheres para promover carros, a ideia é dar ao possível comprador a sensação de que a vida sexual melhoraria se ele tivesse aquele veículo

Repressão pra valer

Governos, claro, também fazem uso de propaganda para manipular as pessoas. Um caso extremo é a Coreia do Norte. Na escola, as crianças sabem da existência de poucas nações no mundo. E, quando sabem, muitas vezes o que aprendem é deturpado. O país ensina que a rival, Coreia do Sul, era colônia dos norte-americanos, que estupravam mulheres e matavam crianças.

Dormindo com o inimigo

Relacionamentos abusivos também podem incluir esse tipo de controle

Relações afetivas conturbadas podem ser vistas como esse tipo de manipulação mental. No início, ela é “soft”, pois o algoz tenta ganhar a confiança da vítima ao estabelecer uma imagem de harmonia por meio da criação de vínculos. A dominação chega aos poucos, minando a autoconfiança do alvo (como o marido que diz frequentemente que a esposa é feia) e criando uma relação de dependência psicológica e, muitas vezes, financeira (quando repete que ela não é capaz de viver sem ele). Mesmo diante de fatos concretos, como a mulher ter um emprego que paga mais, ele afirma que a esposa só conseguiu isso por sorte e que é questão de tempo para conseguir superá-la e ganhar mais grana que ela. Ainda que perceba algo de errado, a vítima sempre dará uma desculpa (“Não foi isso o que ele quis dizer” etc.). Em um segundo momento, o abuso pode se assemelhar à lavagem cerebral por força, com agressão física e isolamento de familiares e velhos amigos.

O lado bom (e polêmico)

Há quem defenda que ela possa ser usada para recuperar pedófilos ou assassinos seriais. Já pensou?

1. Tal solução está muito mais próxima da realidade do que você imagina. Recentemente, estudos feitos pela Universidade Northwestern (EUA) e pela Universidade de Leiden (Holanda) mostraram ser possível minimizar o racismo e o sexismo em voluntários por meio de estímulos cerebrais

2. No estudo norte-americano, quando as pessoas atingiam o estágio profundo do sono, um alto-falante repetia frases que ligavam negros a palavras boas ou mulheres a termos de ciência. Quando acordava, o grupo refazia um teste em que se associam rapidamente imagens com palavras. Antes, o exame apontava um nível de preconceito de 0,55. Depois, o índice caiu para 0,17

3. Na pesquisa holandesa, a queda no nível de preconceito ocorreu após as pessoas receberem choques elétricos de baixa intensidade no córtex pré-frontal. Ainda não se sabe ao certo o mecanismo cerebral que provoca essa alteração nem quanto tempo ela dura. Mas já tem polêmica na área, pois os especialistas debatem sobre os limites éticos para esse tipo de terapia. “Vai depender das circunstâncias e das crenças das pessoas que julgarão isso”, diz a pesquisadora Kathleen Taylor.


Como funciona a lavagem cerebral forçada

lavacerta3


21/07/02016. Por Carolina Canossa - Há três tipos de lavagem. A forçada, como o nome diz, é a mais radical e eficaz

1. Na quebra da identidade individual, o perpetrador mergulha a pessoa em um ambiente de extrema pressão, com torturas físicas e psicológicas. A intenção é evocar sentimentos como culpa e auto-traição até que a vítima não aguente e peça ajuda

2. O algoz introduz a ideia de salvação e apresenta uma saída, sempre ligada à aceitação da nova crença (religiosa, política, ideológica etc.). Ele então manipula a pessoa a pensar que ela é a única responsável por estar ali, mas, se confessar seus “pecados”, pode “se ajudar”. Isso serve para que o torturado acredite que, apesar de tudo, ele ainda controla suas próprias ações

3. Hora de reconstruir a identidade individual. Gradativamente, a tortura é substituída por um ambiente mais amigável, em que favores são concedidos para que a sensação de bem-estar fique associada à nova crença. Mais ou menos como os adestradores de animais, que dão comida quando eles acertam um movimento

Plantando a semente

As técnicas típicas da lavagem forçada

Alternância entre mau e bomDeixa a vítima confusa, sem saber como agir para melhorar a própria situação

Ameaça física e psicológica Serve para desestabilizar a vítima e mantê-la com medo e obediente

Autoridade Domínio do agressor, que determina o que a vítima faz ou deixa de fazer

Cantos ou repetição de frasesAjuda a fixar o novo conteúdo que se quer impor

Necessidade de aprovação O agressor alternadamente pune ou recompensa atitudes similares, o que confunde a vítima

Sensação de culpa Fazer a vítima se sentir responsável por tudo que ela está sofrendo

Novos trajes Impor uma outra maneira de se vestir ajuda a quebrar a individualidade da pessoa

Falta de privacidadeAtrapalha o processamento de tudo o que está acontecendo e fragiliza a vítima

IsolamentoEvita a a influência de ideias ou opiniões que possam atrapalhar a reprogramação

Dieta e drogasA pessoa é forçada a mudar o que come e bebe e, às vezes, a se drogar. Isso deixa seu sistema nervoso mais vulnerável

Sem perguntas Permitir questionamentos incentiva o pensamento individual, algo a ser combatido

Privação de sonoQuem não descansa não raciona direito

NEM A CIA CONSEGUIU

Na Guerra Fria, a CIA investiu em um modo 100% confiável de lavagem cerebral- e falhou. As memórias das cobaias até foram apagadas, mas impor novas crenças se revelou mais difícil do que o esperado. Mesmo que se dominem os métodos apresentados aqui, não é simples manipular totalmente o cérebro de uma pessoa. É o que mostra o clássico filme Laranja Mecânica (1971), em que as convicções do protagonista (submetido à lavagem forçada) não são inteiramente manipuladas

UMA ÚLTIMA CURIOSIDADE A lavagem cerebral pode apagar a memória. Na ficção, quem sofre com isso é o Wolverine


Doze indícios de lavagem cerebral

lavacerta4


12/10/2015 - Lavagem cerebral não é algo restrito apenas aos movimentos e organizações religiosas. Ela pode estar acontecendo com qualquer pessoa, em qualquer lugar, em qualquer tipo de organização seja ela espiritual, militar, política, educacional ou empresarial. Por isso, analise e teste os doze indícios citados abaixo, com sorte você poderá acordar a tempo de se livrar ou amenizar os danos causados por uma sutil – mas danosa- lavagem cerebral .

1. OS OPOSITORES SÃO O “MAL”

Nesse tipo de estratégia , qualquer pessoa que se oponha ou critique o grupo- ou o líder- é considerado alguém sob o domínio do mal, da ilusão ou do “ego”. Já os adeptos da organização- e seu(s) lídere(s)- se consideram “livres” disso. Esta atitude, dá a si mesmo uma sensação de liberdade e consequente felicidade. Pois se os outros são escravos do tal “ego” que bom fazer parte de uma organização livre de tal “mal”. Essa ilusória sensação de felicidade e liberdade torna a pessoa emocionalmente vulnerável e disposta a trabalhar para a organização/líder “salvador (a)” como forma de agradecimento e reconhecimento.

2. RENDA-SE!

Essa é uma das frases preferidas dos líderes espirituais mal intencionados: “renda-se, não resista!” O motivo é óbvio. Se você não se rende como poderá ser manipulado? E se você , por algum motivo, demonstrar algum traço de resistência, eles tentam derrubá-la com o velho clichê: “é seu ego que tá resistindo! Abandone-o e renda-se!”. Ou seja, é um assalto espiritual descarado.

3. O ABANDONO DA MENTE REFLEXIVA

Outra estratégia sutil é confundir propositadamente a mente com o pensamento. Tradicionalmente, na cultura oriental, os mestres verdadeiros pregam o silêncio da mente- que surge naturalmente- como pré-requisito ao despertar. Isso nada tem a ver com desprezar ou endemonizar a mente. Os líderes charlatães usam dessa estratégia de forma deturpada para impedir o pensamento reflexivo, a dúvida e a desconfiança que podem surgir na mente dos candidatos, neófitos e seguidores.

4. VOCÊ NUNCA VAI ENTENDER UM MESTRE!

Outra estratégia comum nas organizações e movimentos religiosos- principalmente os de inspiração oriental. Essa frase é usada para justificar alguma atitude estranha ou suspeita por parte do tal “mestre” ou “guru”. Ou seja, se o mestre é infinitamente superior a você, quem é você para criticar, julgar ou analisar as atitudes dele? É assim que o líder se sente à vontade para cometer todo tipo de abusos incluindo pedofilia, estupros, bacanais, orgias, roubos, enganações, explorações etc etc etc.

5. “VOCÊ É LIVRE”… SÓ QUE NÃO!

Em geral os tais gurus fajutos pregam a liberdade- contanto que a pessoa obedeça as diretrizes do grupo e esteja sob o comando do líder. Ou seja, você é livre para fazer o que quiser, desde que continue na organização mantendo-a com seu trabalho, dedicação e dinheiro- caso tenha. Em suma não é liberdade, pois ela está condicionada a sua permanência no grupo, movimento ou organização. Inconscientemente a vítima é levada a acreditar que enquanto fizer parte do grupo estará livre- se sair cairá na escravidão da mente, das ilusões, do mal etc etc.

6. A VERDADE ÚNICA E ABSOLUTA!

Os líderes carismáticos querem fazer crer que são detentores da verdade única e absoluta, por isso desprezam os ensinamentos de qualquer outra fonte. Através desta estratégia, eles se previnem contra ensinamentos que poderiam -de alguma forma -confundir, alertar ou influenciar alguém contra a organização. É bom lembrar que mesmo aqueles que aparentemente são mais tolerantes e universalistas- no fundo concentram em si a exclusividade das interpretações e direcionamento espiritual.

7. DESPREZO PELO CONHECIMENTO

Saber os limites e funções do conhecimento não é o mesmo que desprezá-lo. Os verdadeiros mestres e líderes sempre alertam para os limites do conhecimento. Os mestres fajutos enfatizam seu total desprezo. A razão é simples: a leitura abre a mente para novas percepções e visões. Isso seria um risco para o domínio mental exercido pelo tal “mestre” e sua organização . Estes desprezam as leituras para se certificarem que a vítima terá apenas o líder e seus ensinamentos como principal e único referencial.

8. NÃO EXISTE “ALGUÉM” AÍ!

Ora, é preciso minar uma possível resistência desde o começo. Ao enfatizar a ausência de um “alguém” quebra-se parte da força da pessoa que já entra na organização como sendo um “objeto”, uma “coisa”- abalando assim sua auto-estima. Afinal de contas, coisas são facilmente manipuláveis- enquanto que uma “pessoa” é mais difícil de ser controlada. Isso nada tem a ver com o que foi dito pelos grandes mestres- pelo contrário- é a deturpação deliberada de verdades eternas a serviço da exploração e manipulação mental.

9. TESTEMUNHOS POSITIVOS

Essa é uma estratégia simples mas muito útil. Pede-se a alguém do grupo para fazer um breve testemunho sobre as vantagens e benefícios de se fazer parte do movimento. Esse testemunho pode ser presencial- durante as reuniões- ou escrito em blogs e propagandas de divulgação dos eventos da organização. O processo é o mesmo do conhecido jogo da “pretinha” em que a pessoa tem que descobrir onde está a bolinha ou a carta e no qual tem sempre alguém muito feliz ganhando muito dinheiro- previamente combinado- é claro. Inconscientemente a mente pensa assim “Ora, se os outros encontraram a felicidade, quero encontrá-la também”. E aí começa a desejar a mesma felicidade que os outros dizem sentir e para alcançar isso estarão dispostos a muita coisa.

10. SÍNDROME DO POVO ESCOLHIDO

Essa estratégia é famosa, antiga e poderosa pois reforça na mente do sujeito a sensação de ser alguém privilegiado, especial e superior- o que causa uma prazerosa sensação de satisfação. Algumas vezes isso é dito de forma explícita, noutras de forma velada e sutil. Frases como ” temos a sorte de ter encontrado tal mestre…”. ” Temos a o privilégio de fazer parte de tal grupo”, ” Foi Deus/a Graça que nos escolheu para este trabalho”, “Somos o futuro da humanidade…” E assim por diante , reforçam a síndrome do povo “eleito”.

11. ÊNFASE NA FELICIDADE!

Essa estratégia é uma das mais poderosas e perigosas. Ela apela para um sentimento universal: a busca pela felicidade. Ora quem não quer ser feliz? Então o que fazem os líderes e suas organizações? Usam e abusam desta palavra em seus sites, fotos, blogs, discursos, propagandas, folders e campanhas em geral. Não somente isso, o líder se apresenta sempre sorridente e feliz. E também os colaboradores e adeptos mais próximos. A ideia é passar a imagem de que a felicidade está ali . O pior de tudo é que quando a pessoa entra no grupo, passa a se sentir “out” caso não sinta a mesma coisa. Então sua mente usa um mecanismo de defesa para não se sentir-se mal: passa a produzir uma felicidade mental fajuta e superficial que durará um bom tempo até que- por alguma graça, acidente ou sorte- a pessoa de repente acorde para o fato de estar ela mesma criando um sentimento que no fundo é falso.

12. TUDO É UMA BRINCADEIRA!

Quando os líderes e colaboradores são confrontados e não têm para onde correr, se saem com essa pérola: “tudo é uma brincadeira! Nada é real! Não estamos aqui. Tudo é uma ilusão!” É o último recurso de quem não tem mais argumentos: desqualificar a realidade óbvia! Ora, se tudo é uma grande “brincadeira” e nada está acontecendo então não tem porque sair da organização, ou desmascarar o charlatão! Vamos comer uma pizza, beber um refrigerante e rir juntos! Esqueça toda essa história de exploração, gurus, organização etc etc. Vamos festejar e celebrar… Uma forma simples de desarmar qualquer sujeito mais esperto, desconfiado e resistente.

Faça você mesmo o teste: se a tal organização, movimento ou grupo que você faz parte tiver pelo menos cinco das dez características apontadas, cuidado: você pode estar sendo vítima de uma lavagem cerebral. É claro que, dependendo do nível de domínio mental a que você foi submetido, você não vai perceber nada e, talvez, até condene e critique este artigo. Possivelmente o líder irá rir e fazer chacota, juntamente com você e alguns dos seus companheiros. Todavia, se um dia você “acordar”, “despertar” para a realidade dos fatos, não vai poder dizer que ninguém o avisou.


Fonte: http://mundoestranho.abril.com.br/
         http://alsibar.blogspot.com.br/