VERDADES INCONVENIENTES

Freud: "Pacientes são lixo" e o sexo como controle social

fredas1Por Ricardo Hashimoto, 23/09/2016 - No dia 23 de setembro de 1939, Sigmund Freud prestou contas a Deus. A julgar pelos seus detratores, a conversa foi longa. Quando o assunto é Freud, a conversa logo pega fogo. Louvado por seus admiradores como gênio e demonizado por quem dele discorda, o criador da psicanálise tem como maior mérito despertar paixões e confusões. "Falem mal mas falem de mim". 

O mais famoso vídeo do mais famoso intelectual brasileiro – Gilberto Freyre – foi gravado no Colégio Freudiano do Rio de Janeiro durante o 2o. Congresso Brasileiro da Psicanálise d’A Causa Freudiana do Brasil, em 1985. Palavras iniciais de Freyre: “Creio poder considerar-me um dos veteranos da aplicação da perspectiva psicanalítica a uma reinterpretação da formação social do Brasil.”

Por outro lado, escreveu Olavo de Carvalho no artigo Pior para os fatos: “Marxismo, pragmatismo, nietzscheanismo e freudismo nada nos dizem a respeito da realidade, mas tudo a respeito da mentalidade de seus adeptos. São os quatro pilares do barbarismo contemporâneo.”

Face à divergência mostrada por esses monstros da intelectualidade brasileira – e, para o nosso orgulho, mundial – eu logo me coloquei no meu cantinho e, desistido de tão altos assuntos, continuei buscando a compreensão do nosso tempo nos livros de História. E eis que o homem veio, sozinho, até mim.

Estava lendo Libido Dominandi – expressão de Santo Agostinho -, livro de E. Michael Jones, quando Freud apareceu no capítulo Zürich, 1914. O livro mostra como sexo e controle social estão profundamente unidos. No citado capítulo, Freud, Jung e a família Rockefeller aparecem num verdadeiro barraco ocasionado por grana. Escreve E. Michael Jones:

Freud havia dito várias vezes que os americanos só eram bons para uma coisa: dinheiro; e agora o discípulo se mostrava superior ao mestre na exploração de americanos ricos para ganho financeiro. Freud não era estranho à idéia de explorar seus pacientes visando ganho financeiro. “Freud,” de acordo com Peter Swales,

tinha na psicoterapia algumas das mulheres mais ricas do mundo. No dia 1 de agosto de 1890, ele escreveu para Wilhelm Fliess, declinando um convite para visitá-lo em Berlim e certamente ele estava aludindo a Anna von Leiben, a quem apelidou de “prima-dona” ao explicar “Minha principal cliente está passando agora por um tipo de crise nervosa e durante a minha ausência pode ser que ela fique boa.” [ênfase minha]

Freud tinha medo que a sua paciente “pudesse ficar boa” durante a ausência dele. Uma atitude curiosa para um médico. A atitude, entretanto, não é curiosa se a psicanálise nada mais é do que controle psíquico cripto-iluminista. Dizer que Freud estava envolvido com a medicina mascara a sua real intenção. Pacientes, disse Freud a Ferenczi no fim da vida, eram “lixo”, “bons apenas para tirar dinheiro deles e para matéria de estudo, certamente, nós não podemos ajudá-los”; a psicanálise como terapia, concluiu Freud, “pode ser inútil”.

Fim da citação.

Compre o livro, leia com os seus próprios olhos e vá às fontes. Está tudo documentado lá.
Isso põe fim à confusão. Ou, como diria o já citado Santo Agostinho:
– Causa finita est.


Sexo e controle social

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2014 - Assim, um homem bom, mesmo sendo um escravo, é livre; mas um homem mau, mesmo sendo um rei, é um escravo. Pois ele serve, não apenas a um homem, mas, o que é pior, serve a tantos senhores quantos vícios tem.
Santo Agostinho, em 'A Cidade de Deus'.

Santo Agostinho, escrevendo na época do colapso do império romano, alterou extraordinariamente e encerrou a discussão sobre a idéia de liberdade da Antiguidade. O homem não era escravo pela natureza ou pela lei, como dissera Aristóteles. A liberdade era função do seu estado moral. O homem tinha tantos senhores quantos eram os seus vícios. Este insight proveria a base para a mais sofisticada forma de controle social conhecida pelo homem.

Quatorze séculos depois, em um mundo ávido por rejeitar o patrimônio intelectual do Ocidente, um aristocrata francês decadente inverteu esta tradição quando escreveu “as pessoas mais livres são aquelas mais dispostas a cometer assassinatos”. Como Santo Agostinho, o Marquês de Sade concordaria que a liberdade era função da moralidade. Entretanto, liberdade, para o Marquês de Sade, significava disposição para rejeitar a lei moral. Diferentemente de Santo Agostinho, Sade propôs uma revolução nas tradições e costumes sexuais para acompanhar a revolução política então em andamento na França. Libido Dominandi – o termo é tirado do Livro I d’A Cidade de Deus de Santo Agostinho – é a história definitiva dessa revolução sexual, de 1773 até hoje.

Ao contrário do pregado pela versão clássica da revolução sexual, Libido Dominandi mostra como a liberação sexual foi, desce o início, uma forma de controle. A lógica é suficientemente clara: aqueles que queriam liberar o homem da ordem moral precisavam impor controles sociais tão logo tivessem sucesso, pois o instinto sexual livre de regras conduz inevitavelmente à anarquia. Ao longo de duzentos anos, essas técnicas tornaram-se cada vez mais refinadas, resultando em um mundo onde as pessoas seriam controladas, não pela força militar, mas pela hábil manipulação de suas paixões. Aldous Huxley escreveu em seu prefácio para a edição de 1946 de Admirável Mundo Novo que “à medida em que as liberdades política e econômica diminuam, a liberdade sexual tende a aumentar na mesma proporção”. Este livro é sobre esta afirmação. Explica como a retórica da liberdade sexual foi usada para engendrar um sistema de controle político e social dissimulado. Ao longo dos dois séculos cobertos por este livro, o desenvolvimento de tecnologias de comunicação, reprodução e controle físico – incluindo psicoterapia, behaviorismo, propaganda, sensitivity training, pornografia e, no momento decisivo, a chantagem pura e simples – permitiram ao Iluminismo e aos seus herdeiros inverter o insight de Santo Agostinho e converter os vícios humanos em senhores para os homens. Libido Dominandi é a história de como isso aconteceu.


(O texto acima foi publicado na contra-capa do livro Libido Dominandi: Sexual Liberation & Political Control, de E. Michael Jones.)
Tradução: Ricardo Hashimoto


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