VERDADES INCONVENIENTES

Imane Fadil. Há mortes convenientes

morconve126/03/2019 - Calou-se para sempre Imane Fadil, a modelo marroquina que foi uma das vozes ativas do processo Rubygate, o escândalo sexual que envolveu o ex-primeiro-ministro italiano, Silvio Berlusconi. As causas da morte estão a ser investigadas. Morreu no primeiro dia do mês, mas só passadas duas semanas é que o anúncio foi feito ao mundo. Imane Fadil, a modelo marroquina de 33 anos, que era uma testemunha chave no caso Rubygate, morreu em circunstâncias muito pouco claras. No passado dia quinze de março veio a público a notícia da sua morte, depois de ter dado entrada no hospital de Milão cerca de um mês antes, queixando-se de fortes dores de estômago.

Pouco antes demorrer, revelou a amigos e ao seu advogado ter a certeza de que tinha sido envenenada, fato que (ainda) não foi confirmado. O procurador chefe de Milão, Francesco Greco, adiantou à agência Reuters que «os médicos não identificaram com certeza nenhuma patologia que possa explicar a morte» da modelo, mas revela que algumas «anomalias» foram encontradas no organismo de Fadil.

Uma série de ‘jantares elegantes’ chamados ‘Bunga Bunga’

Com a cidade de Milão sempre como eixo central da sua exposição mediática, Imane Fadil foi uma frequentadora assídua da villa Arcore, a mansão de luxo onde o ex-primeiro-ministro italiano Sílvio Berlusconi dava as suas internacionalmente conhecidas festas ‘bunga bunga’. Sobre esses encontros, a modelo chegou a referir em tribunal ter visto, em Arcore, mulheres vestidas de freiras que faziam striptease, tendo chegado a admitir ter recebido dois mil euros para participar numa dessas festas.

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O mediatismo destas festas, onde alegadamente participavam mulheres pagas por Berlusconi, tomou proporções muito maiores quando veio a público que o ex primeiro-ministro italiano teria mantido relações sexuais com uma rapariga de 17 anos. Karima El Mahroug, mais conhecida como Ruby - nome dado a este caso - era também marroquina e, à data dos acontecimentos, em 2010, a jovem era menor de idade, o que motivou a abertura de um processo contra Berlusconi. Em 2012, Berlusconi afirmou em tribunal que as festas ‘bunga bunga’ eram apenas «jantares elegantes». «Vim assistir a esta comédia, uma grande operação mediática de difamação», disse, na época, quando finalmente foi a tribunal, depois de ter faltado a várias sessões.

O caso veio à tona depois de Ruby ter sido detida por furto, em Milão, e Berlusconi ter pedido a libertação imediata da menor, alegando que esta era sobrinha do presidente egípcio, Hosni Mubarak, e que tal detenção poderia trazer conflitos diplomáticos entre os dois países.

De sete a zero

A jovem foi então entregue a Nicole Minetti, antiga conselheira regional da Lombardia pelo partido de Berlusconi, também arguida neste processo. A esta mulher -que alegadamente também participava nas festas do antigo primeiro-ministro - juntam-se mais dois acusados: Lele Mora, agente do mundo do espetáculo, e Emílio Fede, jornalista e apresentador nos canais televisivos do milionário italiano. Este último deu uma entrevista, depois da morte de Imani, ao jornal italiano Corriere della Sera, onde admitiu ter dado uma vez boleia à modelo, à saída de Arcore. «Era uma boa miúda, mas tinha problemas do ponto de vista económico, a família dela tinha dificuldades económicas. Na breve conversa que tivemos no meu carro, fiz-lhe uma recomendação: Tenta proteger-te, não acabes em coisas estranhas».

Fadil acabou por tornar-se testemunha chave num processo que condenou Silvio Berlusconi, em 2013, a sete anos de prisão por prostituição infantil e abuso de poder, bem como ao impedimento de se voltar a recandidatar a qualquer cargo público. Quando acreditava finalmente ter conseguido justiça, eis que se dá uma reviravolta no caso: Silvio Berlusconi recorreu da sentença e, no ano seguinte, foi absolvido de todos os crimes. Na alegação consta que o ex primeiro-ministro não tinha como saber que a rapariga era ainda menor à data dos factos, decisão que foi posteriormente confirmada pelo Supremo Tribunal italiano, em 2015.

Sobre a absolvição, Imane mostrou a sua incredulidade e desilusão ao jornal La Repubblica: «De sete anos a zero… como é que é possível?» Sobre a morte da modelo marroquina, Berlusconi afirmou que «é sempre uma pena quando morre uma pessoa jovem», mas que nunca a conheceu nem falou com ela. «O que li sobre as suas alegações fez-me pensar que tudo aquilo foi absurdo e inventado».

Imane tinha 25 anos quando entrou pela primeira em villa Arcore. Fez parte de um processo coletivo movido contra Berlusconi e lutou para se fazer ouvir até ao último dia. Antes de morrer, disse estar a escrever um livro onde contava a sua experiência naquelas festas, bem como sobre a sua vida antes e depois do julgamento. Esse manuscrito foi, entretanto, apreendido e vai ser investigado pelo Ministério Público. Já Silvio Berlusconi anunciou no início deste ano que será candidato às eleições europeias de maio.

 

Modelo que foi testemunha em processo contra Berlusconi morre com sinais de envenenamento

 

16/03/2019 - Modelo marroquina de 34 anos dizia que temia ser assassinada para não revelar segredos de festas com prostitutas. O Ministério Público de Milão abriu um inquérito para apurar as circunstâncias da morte de Imane Fadil, modelo marroquina de 34 anos que foi uma testemunha-chave da acusação nas investigações do caso conhecido como "Bunga Bunga", como foram chamadas as festas com prostitutas nas mansões do ex-primeiro-ministro da Itália Silvio Berlusconi.

Fadil faleceu no último dia 1º de março, no hospital Humanitas, de Rozzano, onde estava internada desde janeiro, mas a morte só foi divulgada nesta sexta-feira. Segundo o procurador Francesco Greco, a marroquina havia dito a advogados e parentes que temia ser envenenada. Fadil sentiu um mal-estar em janeiro passado, na casa de um amigo onde vivia, e foi internada no Humanitas. De acordo com Greco, ela apresentava sintomas típicos de envenenamento, como dor de barriga e no ventre e inchaço.

O hospital não fez nenhum comunicado à Justiça do estado de saúde da marroquina, inclusive no dia de sua morte. A Justiça já determinou a realização de uma autópsia e de exames de sangue no corpo da model, além da apreensão de objetos pessoais e documentos escritos. A hipótese do Ministério Público de Milão é de homicídio doloso, mas ainda não há nenhum suspeito investigado. Lele Mora, ex-agenciador de garotas de programa para as festas de Berlusconi, admitiu que levara Fadil para um jantar em Arcore, cidade onde fica a residência principal do ex-premier, mas descartou que os dois tenham mantido relações.

— Acho que ela foi só uma vez, e não acho que tenha ficado sozinha um segundo sequer com Berlusconi — disse Mora, que chamou a marroquina de uma "pobre garota" e "verdadeiramente insignificante".

O hospital alega que fez "todas as intervenções clínicas possíveis" para salvar a paciente. Exames toxicológicos realizados pelo Humanitas e obtidos pela ANSA constataram um "mix de substâncias radioativas" em seu organismo.

A marroquina era testemunha de acusação em um dos processos do inquérito que investiga Berlusconi por corrupção em atos judiciários. De acordo com o Ministério Público, o ex-primeiro-ministro desembolsou milhões de euros para comprar o silêncio de garotas de programa no processo "Ruby", no qual acabou absolvido das acusações de prostituição de menores e abuso de poder. O nome "Ruby" se refere a Karima el Mahroug, ítalo-marroquina pivô do escândalo sexual envolvendo Berlusconi. Em janeiro passado, no entanto, Fadil foi excluída do processo Ruby a pedido da defesa do ex-premier.

 

A ultima entrevista de Fadil, ao jorna italiano "El Fato Cotidiano" em abril de 2018

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Na época de sua morte Fadil estava prcurando uma editora corajosa o suficiente para imprimir o seu livro "Eu conheci o Diabo!". Imediatamente após a sua morte o rascunho do livro foi apreendido pelos promotores. O Jornal italiano "El fato Cotidiano" publicou uma pequena parte do livro compartilhado por Fadil em 2018, aqui uma tradução aproximada:

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Fadil morreu dia 1 de março de 2019 depois de uma longa agonia, quando suas funções vitais se desligaram progressivamente. Ela experimentao seus primeiros sintomas em 29 de janeiro. Foi hospitalizada por quase um mês, onde passou por uma longa série de exames enquanto os médicos procuravam a causa de sua dor. Durante este período ela disse ao seu irmão e advogados que temia ter sido envenenada. Depois de sua morte foi revelado que ela provavelmente foi envenenada por um coquetel muito estranho de elementos radioativos que causou a deterioração de seus órgãos internos. Esses elementos não estavam disponíveis gratuitamente para o publico em geral. No dia de sua morte a autoridade judicial apreendeu o seu corpo e a totalidade de seus registros médicos.

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Quando as notícias sobre a morte de Fadil surgiram, Berlusconi comentou:

"É sempre triste quando uma jovem morre, no entanto, eu nunca conheci esta pessoa."

 

Ruby, Imane Fadil não foi envenenado: morreu de causas naturais

 

12/07/2019 - Ainda não foram depositados os resultados do exame no corpo da testemunha do processo judicial, falecido há 4 meses após uma longa agonia. Imane Fadil teria morrido de causas naturais, provavelmente por causa de uma doença violenta e fulminante que a consumiu em pouco mais de um mês de sofrimentos atrozes. Quase cinco meses após a morte do ex-modelo marroquino de 34 anos, nomeado entre as testemunhas do julgamento de Ruby por Silvio Berlusconi, os resultados iniciais da longa autópsia ainda são completamente parciais, excluindo a hipótese de envenenamento.

O trabalho dos especialistas nomeados pelos promotores Luca Gaglio e Antonia Pavan, coordenado pela acrescentada Tiziana Siciliano, que começou em 16 de março, está chegando ao fim e deve ser concluído na próxima semana com o depósito das conclusões finais. Eles terão que esclarecer as causas da morte da mulher, ocorrida em 1º de março na clínica Humanitas em Rozzano, após quase um mês de hospitalização, durante o qual ela foi submetida a inúmeros testes que não conseguiram identificar um diagnóstico preciso.

Excluídas imediatamente após a morte, a hipótese de que Imane Fadil foi morta por metais radioativos, suspeita que havia alarmado os magistrados a ponto de exigir a intervenção dos técnicos do Corpo de Bombeiros e da Enea para rastrear o corpo, disseram os especialistas. eles se concentraram em uma doença, talvez uma neoplasia, que poderia ter atacado a medula óssea e ser uma das principais causas de morte. Um mal que não havia sido identificado na hospitalização.

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Assim, a hipótese de homicídio voluntário com o qual o Ministério Público de Milão havia aberto um processo de investigação contra pessoas desconhecidas e, consequentemente, também a de um envenenamento, induzido ou acidental, que, além disso, havia sido rejeitado pelos testes toxicológicos realizados pouco antes de morte do Centro de Controle de Venenos de Pavia. As últimas dúvidas permaneciam sobre a presença de alguns metais pesados ​​nos resíduos de amostras de sangue e urina, mas devemos aguardar as conclusões para entender como isso foi explicado, também porque ainda haveria alguns pontos controversos entre os especialistas. A notícia de uma morte por causas naturais não surpreende o advogado dos parentes de Imane Fadil, o advogado Mirko Mazzali: «Não estou surpreso. Agora a família está esperando para saber as causas exatas da morte e entender se algo pode ser feito para salvar a vida de Imane, para a qual, depois de muita espera, eles querem fazer um enterro lamentável ".

 

Caso Ruby: Imane Fadil morreu de aplasia da medula, excluindo falhas médicas

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04/09/2019 - A procuração concede permissão para o enterro até 6 meses após a morte, a investigação vai para o arquivamento. Raiva do irmão. Imane Fadil, uma das principais testemunhas dos julgamentos do caso Ruby contra Silvio Berlusconi, morreu de uma aplasia da medula óssea da qual, no entanto, as causas exatas ainda estão sendo investigadas. Foi o que foi explicado no Ministério Público de Milão pelos investigadores que hoje, mais de seis meses após a sua morte, deram permissão para o enterro. A investigação, pelo que se sabe, vai para o arquivo porque, além da hipótese de morte por envenenamento malicioso, também foram excluídas as responsabilidades médicas.

Ser feito "todas as verificações possíveis"

Como foi explicado, de fato, na investigação aberta por assassinato voluntário pela morte de Fadil, que morreu em 1º de março no Humanitas em Rozzano após uma longa agonia de mais de um mês, foi realizada nos últimos meses pelos médicos forenses, nomeados pela vice-promotora Tiziana Siciliano e pelos promotores Luca Gaglio e Antonia Pavan, "todas as investigações possíveis". As amostras de tecidos e órgãos coletados também foram criopreservadas, caso sejam necessárias análises adicionais e, portanto, hoje o Ministério Público decidiu assinar a autorização para devolver o corpo do modelo marroquino aos familiares para o funeral.

O relatório de especialistas ainda está ausente

Enquanto isso, o relatório do pool de especialistas, liderado pela anatomopatologista Cristina Cattaneo, ainda não foi apresentado aos investigadores, mas emergiu com certeza das complexas análises que vêm ocorrendo há meses que a jovem morreu porque a medula não podia mais produzir glóbulos vermelhos, ou seja, para aplasia medular. A perícia ainda está trabalhando para entender, se possível, o que causou essa aplasia e os investigadores também pediram algumas adições a esse ponto. A apresentação do relatório está prevista para os próximos dias. O que é certo, como já havia surgido nas últimas semanas, é que Fadil morreu de causas naturais, que não era um envenenamento deliberado (também foram inicialmente encontrados vestígios de radiação no sangue e na urina) e, tanto quanto é possível. Como também foi explicado, também não há responsabilidades médicas.Portanto, após a apresentação do relatório final sobre os autópsias, os promotores poderiam decidir pedir que a investigação fosse encerrada.

Raiva do irmão

"Queremos uma resposta clara, queremos entender como ela morreu, isso não é uma resposta, não é possível que em pouco tempo tenha desaparecido assim". Com essas palavras, Tarek, irmão de Imane Fadil, comentou os resultados das investigações dos médicos forenses. "Com a autorização para o enterro - acrescentou ele -, teremos nosso funeral, preciso conversar com minha família novamente para entender como e onde, seja aqui na Itália ou no Marrocos".

 

Morte de Imane Fadil, a família: "Precisamos de novas pericias sobre o corpo"

 

11/09/2019 - O funeral não será comemorado para permitir mais investigações. "Enquanto aguardam os resultados do relatório elaborado pelo Ministério Público, os familiares não pretendem celebrar o funeral, a fim de permitir uma avaliação mais aprofundada do corpo de seu pobre ente querido, pois não se consideram completamente satisfeitos com os resultados vazados". Os parentes de Imane Fadil, uma das principais testemunhas das investigações do caso Ruby, morreram no dia 1º de março. A família é representada pelo advogado Mirko Mazzali.

Há uma semana, mais de seis meses após a morte da jovem, que chegou após uma hospitalização de mais de um mês e uma terrível agonia, os promotores públicos de Milão deram o aval para a restituição do corpo aos membros da família, a fim de permitir, finalmente, celebrar o funerais do modelo marroquino de 34 anos, que foi uma das principais testemunhas das investigações do caso Ruby, incluindo o mais recente que vê Silvio Berlusconi em julgamento por corrupção em processos judiciais. Enquanto isso, os resultados do relatório médico forense (ainda não arquivado), também foram divulgados do Ministério Público: sem envenenamento malicioso, os juristas estabelecidos pela anatomopatologista Cristina Cattaneo estabeleceram, mas uma forma de aplasia da medula óssea ainda no entanto, as causas exatas não são conhecidas. Além disso, a investigação, explicou-se, que havia sido aberta para homicídio voluntário, vai para um pedido de demissão, também porque, de acordo com os investigadores, também não foram identificadas responsabilidades médicas.

 

A promotoria de Milão solicitou o cancelamento da investigação da morte de Imane Fadil

 

18/09/2019 - A promotoria de Milão solicitou o cancelamento da investigação da morte de Imane Fadil, o modelo de origem marroquina conhecido por ter sido uma das testemunhas no julgamento "Ruby Ter", do qual os jornais foram voltou ao trabalho após sua morte, que ocorreu em 1º de março em circunstâncias inicialmente pouco claras. Cerca de seis meses após sua morte, o promotor disse que agora há "certeza" de que Fadil morreu de aplasia da medula óssea. Anteriormente, os magistrados também haviam descartado qualquer responsabilidade dos médicos que os tratavam. Repubblica escreve que "os membros da família da modelo estão considerando se opor à solicitação de arquivamento".

Fadil havia sido internado na Humanitas em Milão em 29 de janeiro em condições clínicas muito graves. Ela foi encarregada por um grupo multidisciplinar que havia tentado todas as intervenções clínicas possíveis para o cuidado e assistência do paciente, sem ser capaz de entender a causa de sua condição. Após o início da investigação, várias teorias circularam nos jornais durante dias sobre a possibilidade de Fadil ter morrido por envenenamento por substâncias radioativas. Foi uma hipótese mais sugestiva, pelo menos para os jornais, pelo fato de Fadil ter sido envolvido como testemunha em um dos julgamentos sobre a alegada compra de testemunhos envolvendo Silvio Berlusconi.

 

"Vamos provar que nossa filha foi envenenada"

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13/10/2019 - Imane Fadil, macilenta e severamente icterícia, ferida luta pela vida em um hospital de Milão. Os olhos da ex-modelo que tiveram um papel crucial na exposição das infames festas da Bunga Bunga de Silvio Berlusconi estão afundados e, sob a máscara de oxigênio, o sangue do nariz congelou.Esta é a visão angustiante - assustadoramente semelhante à imagem do dissidente russo Alexander Litvinenko depois de ter sido envenenado em Londres em 2006 - que cumprimentou seu cunhado Cosimo Pasqualone em fevereiro. Ainda assombrada pela imagem de Imane, Cosimo disse na noite passada: 'Ela estava coberta de hematomas roxos e seus olhos e unhas eram amarelos. Sinceramente, não conseguia acreditar que estava olhando para a mesma pessoa. Era como se toda a vida estivesse sendo sugada dela.

Ele tentou entrar no quarto do hospital de Imane para se sentar ao lado da cama dela, apertar as mãos machucadas e oferecer palavras de conforto, mas foi impedido por médicos que temiam que ele estivesse contaminado pelos metais tóxicos encontrados no sangue dela. Em vez disso, ele só podia assistir impotente pela janela de uma sala vizinha e conversar com ela por telefone. Duas semanas depois, Imane estava morto. Hoje, em sua primeira entrevista completa, a família de Imane acusa as forças das trevas leais a Berlusconi de silenciar o garoto de 34 anos para evitar detalhes mais escandalosos de seus partidos hedonistas e o envolvimento com jovens mulheres se tornando públicas.

E, sete meses após sua morte, tendo conquistado apenas recentemente o corpo de Imane, eles desdenham uma investigação das autoridades italianas e exigem um novo post-mortem independente para estabelecer a verdade de como ela morreu. Sua determinação em garantir a justiça foi alimentada pelo retorno de Berlusconi à linha de frente da política e especulações de que ele possa tentar se tornar o primeiro ministro italiano pela quarta vez. Em 2013, ele foi banido do cargo público e condenado a sete anos de prisão após um julgamento sensacional no qual foi considerado culpado de pagar a prostituta menor Karima El Mahroug - conhecida como Ruby, a ladrão de corações - por sexo e por tentar encobri-la .

Imane foi a principal testemunha da acusação. A condenação do bilionário foi anulada em 2014 e a proibição de ocupar cargos públicos foi levantada em maio. No início deste ano, ele foi eleito deputado ao seu partido Forza Italia. Em meados de janeiro, quando ele anunciava sua candidatura, Imane cortou uma figura saudável e glamourosa ao participar de uma audiência em Milão. Além de se preparar para testemunhar em um novo caso de suborno contra Berlusconi, ela estava escrevendo um livro muito esperado sobre seus encontros com ele, intitulado I Met The Devil. Segundo as transcrições vazadas do livro, Imane escreveu sobre uma das partes: 'Era como um bordel. Havia garotas nuas em todos os lugares, mesmo na piscina. Alguns deles eram menores de idade. Estava claro que eles não tinham ideia do que estavam fazendo. As meninas foram convidadas a realizar atos sexuais em troca de partes em seus programas de TV.

O relatório de patologia e toxicologia de Imane - visto pelo The Mail no domingo - detalha como ela começou a se sentir mal depois de jantar em um restaurante com seu advogado em 13 de janeiro, na noite anterior à sua foto no tribunal. Seu colega de apartamento John Pisano disse à polícia que havia consumido uma salada e um copo de vinho e que sua condição se deteriorou rapidamente nos dias seguintes.

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Suas evidências no relatório de patologia e toxicologia afirmam: "Por duas semanas, ela não dormiu, suou muito, reclamou de fortes dores musculares, especialmente nas pernas, teve refluxo, palpitações e fraqueza geral". Imane acabou sendo levada ao hospital em 29 de janeiro, onde, segundo sua família, um médico disse que ela provavelmente havia sido envenenada. Os testes posteriores mostraram níveis inexplicáveis ​​e perigosamente altos de cádmio e antimônio em seu corpo. O cádmio é usado em baterias recarregáveis ​​e hastes de reatores nucleares, mas pode danificar os rins, os sistemas esquelético e respiratório.

Aqueles expostos a altos níveis de antimônio, usados ​​como semicondutores na eletrônica, podem sofrer problemas nos pulmões e no coração. Uma investigação policial sobre se a morte de Imane era suspeita foi arquivada devido à falta de evidências. Um post-mortem descobriu que ela havia sucumbido à anemia aplástica, uma doença que fez com que a medula óssea parasse de produzir glóbulos vermelhos. Embora possa ocorrer naturalmente, também pode ser causado por radiação, drogas farmacêuticas, pesticidas e solventes. Os investigadores admitem não ter idéia de como ela o contratou, mas a irmã de Imane, Fátima, sua mãe Sayeeda e Cosimo estão convencidas de que ela foi envenenada para silenciá-la para sempre. 'Por que ela morreu? Porque ela escolheu falar a verdade '', disse Fátima, 45 anos, quando sua mãe idosa concordou.

Berlusconi, 83 anos, negou ter conhecido Imane e sempre insistiu que ele não tem nenhum vínculo com ela. "Eu nunca conheci essa pessoa, nunca falei com ela", disse ele após a morte dela. "O que eu li das declarações dela me fez pensar que tudo foi inventado, absurdo." Fátima é torturada por não estar com a irmã quando morreu. Tendo sido tranquilizada por Imane, ela ficou em sua casa em Neuchâtel, na Suíça, para cuidar dela e do filho doente de Cosimo. Foi só quando o marido ligou para dizer que a irmã estava morrendo que Fátima correu para Milão no dia 1º de março - chegando tragicamente 30 minutos depois da morte de Imane. "Quando finalmente cheguei ao hospital, ela já estava morta", disse Fátima. Cosimo veio à recepção para me encontrar e parecia verde. Eu disse: 'Quero ver Imane' e ele não conseguiu dizer nada. Mas ele não precisava. Eu sabia o que tinha acontecido e caí de joelhos. Eu continuava dizendo: 'Onde está minha irmã?' Eu não podia acreditar que ela estava morta. Na noite anterior, conversamos por telefone e a última coisa que ela disse foi: 'Até amanhã'.

- Trouxe algumas coisas legais para tentar animá-la, mas cheguei tarde demais. Como isso pode acontecer?

Fátima lembra o dia quase dez anos atrás, quando a vida de Imane mudou para sempre. A família, originária do Marrocos, havia se mudado para Turim quando Imane tinha dois anos e Sayeeda abriu um pequeno hotel. Em 2009, Imane, então com 25 anos, mudou-se para Milão para morar com sua irmã, que estava trabalhando como modelo. Obcecado com o futebol, Imane sonhava em se tornar jornalista de esportes, mas trabalhou como modelo e anfitriã em festas para pagar as contas. Em um evento, ela conheceu Emilio Fede, personalidade de TV e associado de Berlusconi, que sugeriu que ela se juntasse ao então primeiro-ministro e proprietário de vários canais de TV italianos em um de seus saraus.

Fede teria dito a ela que isso garantiria um emprego de apresentador de esportes, então ela concordou. Segundo Fátima, Imane voltava das festas de Berlusconi com histórias de noites cheias de champanhe, onde as mulheres se despiam em discotecas secretas subterrâneas e realizavam atos sexuais em uma enorme estátua do deus grego Priapus.

Fátima disse: 'Quando ela chegava em casa, ela me acordava dizendo:' Você não vai acreditar nas coisas que eu vi, nas coisas que as pessoas farão por dinheiro '. "

Imane afirmou que Berlusconi entregaria às mulheres envelopes cheios de dinheiro e bandejas de jóias falsas.

"Ele lhe dava milhares de euros e Imane dizia: 'Não quero o seu dinheiro, só quero um emprego, é por isso que estou aqui.'

Imane nunca teve que se despir, mas depois de participar de nove jantares, era óbvio que o trabalho prometido não iria se concretizar e ela decidiu parar de ir. A história provavelmente chegaria ao fim naquele ponto, mas a mídia italiana identificou Imane como uma 'Olgettina' - o nome dado às mulheres que moravam na mansão de Berlusconi na Lombardia. Cercada por repórteres, Imane tornou-se reclusa e começou a sofrer de depressão. Ela se recusou a sair de casa. Ela estava absolutamente furiosa e só queria que a verdade saísse - disse Fátima.

“Eu saía para trabalhar de manhã e voltava para casa mais tarde e a encontrava na mesma posição no sofá. A vida dela começou a se desfazer.

Impulsionada pelo desejo de limpar seu nome e expor Berlusconi, Imane lançou uma ação civil para restaurar sua reputação, ganhando um pagamento de € 40.000. Fátima afirma que os associados de Berlusconi ofereceram 1 milhão de euros por seu silêncio, mas sua irmã recusou.

"Eles lhe ofereceram dinheiro, mas ela queria defender sua honra e limpar seu nome", disse ela.

Ela queria mostrar que tipo de homem Berlusconi é. Ela costumava dizer: 'Quero que as pessoas saibam quem ele é, como ele é'. "

Preocupados com a crescente obsessão por Berlusconi, Fátima e Cosimo pediram que ela se juntasse a eles na Suíça, onde administram um negócio.

"Ela disse que iria, mas tinha que ver os negócios de Berlusconi até o fim", disse Cosimo.

No julgamento de Berlusconi em 2012, as evidências de Imane - incluindo a descrição de um strip-tease de duas mulheres vestidas de freiras imitando o filme Sister Act - foram manchetes em todo o mundo. "Tive muito orgulho dela", disse Fátima.

"Havia duas outras garotas dando provas e Imane a abraçava e dizia: 'Estamos apenas dizendo a verdade.' Ela deu a eles a coragem de que precisavam.

Imane fazia viagens ocasionais à Suíça, mas mesmo quando Cosimo se ofereceu para encontrar um emprego lá, ela insistiu que precisava se concentrar em seu livro. A devastação de Fátima por não ter ficado com a irmã no final é muito evidente: 'Eu nunca acreditei, mesmo no nível mais baixo, que Imane morreria. Ela tinha todo o seu futuro pela frente. Ela estava aprendendo inglês e queria passar um tempo nos EUA.

“Dos 25 aos 34 anos - durante nove anos - isso tomou conta de sua vida. Como ela pode morrer aos 34 anos? Não está certo.'

A família está determinada a obter respostas, qualquer que seja o risco. "Não podemos deixar que isso seja esquecido, a verdade deve sair", disse Fátima.

“É incrível pensar que tudo se resume a nove jantares. Se você olhar para a história dela, ela saiu para trabalhar e acabou morta.

- As autoridades estão nos dizendo para realizar um funeral para Imane, mas estamos determinados a ter outro post-mortem. Imane estava sempre procurando a verdade. A única maneira de honrar sua memória é fazer a mesma coisa.

Berlusconi não respondeu a um pedido para comentar as alegações da família.

 

Fonte: https://sol.sapo.pt/
           https://oglobo.globo.com/
           https://www.youtube.com/watch?v=ipqlN7Cnvq8
           http://www.rainews.it/
           https://www.ilgiorno.it/
           https://www.dailymail.co.uk/
           https://milano.corriere.it/