VERDADES INCONVENIENTES

Começamos com os lockdowns. E estamos indo para "O Grande Reset"

lockreset120/10/2020 - A "elite" de Davos já fala abertamente na criação de uma poderosa e centralizada tecnocracia global. O confinamento (lockdown) imposto na esteira da pandemia do novo coronavírus acelerou a implementação de antigos planos para estabelecer a chamada "nova ordem mundial". E isso não é teoria da conspiração. Já se tornou um objetivo abertamente declarado. Sob os auspícios do Fórum Econômico Mundial (WEF - World Economic Forum), os formuladores de políticas globais estão abertamente defendendo um plano intitulado "O Grande Reinício" (The Great Reset), com a explícita intenção de criar uma tecnocracia global.

Não é por acaso que, em 18 de outubro de 2019, na cidade de Nova York, o WEF participou do "Evento 201", uma "conferência de alto nível", sobre reações à pandemia, organizada pelo John Hopkins Center for Health Security. Pelo que se depreende do manifesto, essa vindoura tecnocracia envolverá uma estreita cooperação entre os chefes da indústria digital e os governos. Com programas como "renda mínima garantida" e "assistência médica para todos", o novo tipo de governança combina um estrito controle da sociedade com a promessa de "justiça social abrangente".

Essa nova ordem mundial organizada por uma tirania digital virá com um abrangente e astuto "sistema de crédito social". A República Popular da China é pioneira neste método de vigilância e controle de indivíduos, corporações e entidades sociopolíticas. Para o indivíduo, sua identidade seria reduzida a um aplicativo ou chip que registra praticamente toda sua atividade pessoal. Para obter alguns direitos individuais, como o de viajar para um determinado local, a pessoa terá de contrabalançar esses privilégios aparentes com sua sujeição a uma rede de regulações que define em detalhes o que vem a ser um "bom comportamento", o qual deve ser considerado benéfico para a humanidade e para o meio ambiente.

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Por exemplo, durante uma pandemia, esse tipo de controle se estenderia desde a obrigação de usar uma máscara e praticar o distanciamento social até vacinações compulsórias para poder se candidatar a um emprego ou viajar. Trata-se, em suma, de um tipo de engenharia social que é o oposto de uma ordem espontânea. É a antítese daquilo que se pode considerar 'desenvolvimento'. Como o engenheiro mecânico com uma máquina, o engenheiro social — ou tecnocrata — trata a sociedade como um objeto. Diferentemente das brutais supressões do totalitarismo de épocas anteriores, o engenheiro social moderno tentará fazer a máquina social funcionar por conta própria, de acordo com o projeto original.

Para esse propósito, o engenheiro social deve aplicar as leis da sociedade da mesma maneira que o engenheiro mecânico segue as leis da natureza. A teoria comportamental atingiu um estágio de conhecimento que tornou possível praticamente todos os sonhos da engenharia social. As maquinações da engenharia social operam não pela força bruta, mas sutilmente por meio de "cutucões", como sempre apregoou seu papa, Richard Thaler. Sob a ordem imaginada pelo "Grande Reinício", o avanço da tecnologia não visa a aprimorar as condições das pessoas, mas sim a submeter o indivíduo à tirania de um estado tecnocrático. "Nossos especialistas sabem o que é melhor" é a justificativa.

A Agenda

O plano para uma revisão e uma reforma geral do mundo é criação de uma elite de megaempresários, políticos e sua comitiva intelectual que costumavam se reunir em Davos, na Suíça, em janeiro de cada ano. Criado em 1971, o Fórum Econômico Mundial (WEF) tornou-se um evento megaglobal desde então. Mais de três mil líderes de todo o mundo participaram da reunião em 2020. Sob a orientação do Fórum, a agenda do "Grande Reinício" afirma que a concretização da atual transformação industrial requer uma renovação completa da economia, da política e da sociedade. Dado que uma transformação tão abrangente requer a alteração do comportamento humano, o "transhumanismo" obviamente faz parte do programa.

O Grande Reinício será o tema da 51ª reunião do Fórum Econômico Mundial em Davos, em 2021. A agenda proposta será o compromisso de direcionar a economia mundial para "um futuro mais justo, mais sustentável e mais resiliente". O programa clama por "um novo contrato social" que seja centrado na igualdade racial, na justiça social e na proteção da natureza. Segundo o documento, as "mudanças climáticas" exigem que "descarbonizemos a economia" e que o pensamento e o comportamento humano passem a estar "em harmonia com a natureza". O objetivo é construir "economias mais iguais, inclusivas e sustentáveis". Essa nova ordem mundial deve ser implementada "urgentemente", pois a pandemia "deixou nua a insustentabilidade do nosso sistema", que carece de "coesão social".

Os defensores do Reinício afirmam que a ONU falhou em estabelecer ordem no mundo e não foi capaz de impor forçosamente sua agenda de desenvolvimento sustentável — conhecida como Agenda 2030 — por causa de sua maneira burocrática, lenta e contraditória de trabalho. Por outro lado, as ações do comitê organizacional do Fórum Econômico Mundial são rápidas e inteligentes. Quando um consenso é formado, ele pode ser rapidamente implantado pela elite global em todo o mundo.

Engenharia social

Esse projeto do Grande Reinício é engenharia social na mais pura definição do termo. No entanto, vale ressaltar que a ideologia do Fórum Econômico Mundial não é nem de esquerda nem de direita, nem progressista e nem conservadora; também não é fascista ou comunista. Ela é tecnocrática. Como tal, inclui muitos elementos de ideologias coletivistas anteriores. Nas últimas décadas, o consenso que surgiu nas reuniões anuais de Davos é o de que o mundo precisa de uma revolução e que reformas sempre demoram muito tempo. Por isso, seus membros querem uma profunda transformação a curto prazo. O intervalo de tempo deve ser tão breve que a maioria das pessoas dificilmente perceberá que está acontecendo uma revolução. A mudança deve ser tão rápida e dramática que aqueles que reconhecerem que uma revolução está acontecendo não terão tempo para se mobilizar contra ela.

A idéia básica do "Grande Reinício" é o mesmo princípio que conduziu as transformações radicais das revoluções francesa, russa e chinesa. É a idéia do racionalismo construtivista incorporado ao estado. Só que projetos como o "Grande Reinício" não oferecem resposta para a pergunta: quem governa o estado? O próprio estado não governa. Ele é apenas um instrumento de poder. Não é o estado abstrato que decide, mas sim os líderes de partidos políticos específicos e de certos grupos sociais. Os antigos regimes totalitários precisavam de execuções em massa e campos de concentração para manterem seu poder. Hoje, acredita-se que, com a ajuda de novas tecnologias, os dissidentes poderão ser facilmente identificados e marginalizados. Aqueles que não se ajustarem serão silenciados; opiniões que divirjam do "consenso da maioria" serão desqualificadas como moralmente desprezíveis (tipo como já ocorre hoje).

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Os lockdowns de 2020 possivelmente oferecem uma prévia de como esse sistema funciona. O lockdown funcionou tão perfeitamente — no sentido de condicionar a população a adotar uma mentalidade bovina — que parece ter sido orquestrado — e talvez tenha sido. Como se seguissem um único comando, os líderes de grandes e pequenas nações — de diferentes estágios de desenvolvimento econômico — implementaram medidas praticamente idênticas. Muitos governos não apenas agiram em uníssono, como também aplicaram essas medidas com sem ter qualquer consideração pelas terríveis consequências de um bloqueio econômico global.

Meses de paralisia econômica imposta pelos estados destruíram a base econômica de milhões de famílias. Conjuntamente com o distanciamento social, os lockdowns produziram uma massa de pessoas incapazes de cuidar de si mesmas. Primeiro, os governos destruíram o direito ao próprio sustento; depois, os políticos (os próprios destruidores) se ofereceram como salvadores. A demanda por assistência social não está mais limitada a grupos específicos, mas tornou-se uma necessidade das massas. Antigamente, dizia-se que a guerra era o que alimentava e dava forças ao estado. Agora, é o temor de doenças. O que temos pela frente não é o aparente aconchego de um benevolente e abrangente estado de bem-estar social, com uma renda mínima garantida e assistência médica e educação para todos. O lockdown e suas consequências trouxeram um aperitivo do que está por vir: um estado de permanente medo, de controle comportamental rigoroso, de perda maciça de empregos e de crescente dependência da "benevolência" de políticos.

Para concluir

Com as medidas tomadas no rastro da pandemia de Covid-19, foi dado um grande passo para "reiniciar" a economia global (nas palavras de seus próprios proponentes). Se não houver resistência popular, o fim da pandemia não significará o fim dos lockdowns, das quarentenas e das medidas de distanciamento social. No momento, porém, os oponentes dessa nova ordem mundial organizada por uma tirania digital ainda têm acesso à mídia e a plataformas para discordar. No entanto, o tempo está se esgotando. Os criadores da nova ordem mundial são espertos. Declarar o coronavírus como uma pandemia foi útil para promover a agenda de seu "Grande Reinício". Somente uma maciça e contínua oposição pode desacelerar e, quem sabe, interromper a ampliação do poder dessa tecnocracia tirânica que está em ascensão.

 

Reset Mundial: a quem interessa o “novo normal” ?

 

31/08/2020, por Eduardo Morelli - A Pandemia do Novo Coronavírus não é um tema exclusivo de Epidemiologistas. A Pandemia do Covid-19 precipitou drásticas transformações sociais e econômicas em escala planetária e por esta razão está sujeita à apreciação de outros campos analíticos. Se por ventura acharmos que o Covid-19 é um infortúnio do acaso ou um tema exclusivamente médico-sanitário, estaríamos alienando a Medicina e as Ciências da Natureza dos próprios embates sociais e históricos. Esse tipo de raciocínio contribui para a própria falsificação da História do ser humano que é inteiramente forjada nas interações sócio-naturais na dimensão do tempo.

Por mais que Pandemias sejam eventos relativamente presentes ao longo da História da Humanidade, tais vicissitudes geram efeitos colaterais que chacoalham as estruturas de poder e do próprio sistema-Mundo. Obviamente isso expõe a novas tribulações. Analisar novos horizontes sociais, culturais e econômicos não raramente levam a um apelo à epistemologia dos processos. O Novo Coronavírus, embora fenômeno “novo” como o próprio nome diz, não escapa de contextualizações históricas. É importante lembrar que a Pandemia do Novo Coronavírus em 2020 é, antes de mais nada, um fenômeno político. E aliás, se é um fenômeno político, também é econômico. Não existe transformação econômica que não seja política e vice-versa e nenhuma destas estão livres da contextualização histórica.

Isto posto, devemos considerar que o conjunto de práticas e políticas que vieram no bojo do combate ao Covid-19 não surgiram do nada. As novas possibilidades da Globalização não só contribuíram para que o vírus se espalhasse por todo o Planeta em velocidade alucinante como também tornaram populares uma série de medidas que não seriam facilmente adotadas caso estivéssemos nas décadas de 1980 ou 1990, como a rápida difusão do uso de máscaras, o isolamento social preventivo, a higienização das mãos e dos braços e etc. A última Pandemia ocorreu há mais de um século e certamente as práticas preventivas não estavam na ordem do dia, ou seja, no linguajar popular atual. Estes conhecimentos e práticas foram resgatados por especialistas que, munidos de novos conhecimentos técnicos conseguiram em tempo recorde difundir para a Cultura de Massas globalizada o novo código de conduta sanitária requisitado. Se não tivéssemos a internet ou a popularização em escala planetária dos Meios de Comunicação, talvez os desafios no combate ao Covid-19 seriam muito maiores. Neste sentido, devemos “agradecer” que o Novo Coronavírus “resolveu” dar as caras em 2020 e não em 1985 ou 1990. Se o Covid-19 for um infortúnio do destino, não havia momento melhor que não a era Digital.

Os problemas do cenário Mundial jocosamente apelidados de “novo normal” não despertariam nenhum tipo de polêmica se o “novo normal” não estivesse sendo discutido antes de 2020 ou se o “novo normal” não se encaixasse num alinhamento sincronizado de interesses, em especial do Grande Capital. Afinal, por que o “novo normal” é importante? O “novo normal” é a expressão de um conjunto prático-teórico que se encaixa perfeitamente na ordem do dia. Do ponto de vista do poder, era necessário algum fato novo que obrigasse mudanças de hábitos em um grande número de localidades Mundo afora. Esses novos procederes se encaixam perfeitamente na conjuntura econômica Global e isso não pode ser visto como uma cadeia de eventos casuais. E isso também não pode ser visto como algo a ser “celebrado”. As mudanças que ocorrem se dão de forma a manter à fórceps a ordem como ela está e não provocar a superação do sistema-Mundo vigente. O “novo normal” é a nova forma de repressão em escala globalizada.

Se encararmos todos estes fatos como situações aleatórias podemos deixar a Sociologia, a Geografia e a História de lado porque tais ciências não teriam a menor importância, a vida do ser humano seria regida por um encadeamento de fatos randômicos que não se conversam e que não possuem interferência da consciência humana. É claro que enxergar o Mundo desta forma, se não for ingenuidade semi-religiosa é, pelo menos, má fé. E aliás, é assim que desejam certas correntes da Filosofia irracionalista que alegam a impossibilidade do ser humano em tornar inteligíveis as mudanças estruturais da História. Talvez, se jogarmos as coisas “para o alto” e ignorar a análise coesa dos fatos estaremos fazendo exatamente o que o Capital quer, uma sociedade cada vez mais alienada e acrítica. E é precisamente isso que ocorre em vários círculos acadêmicos.

Esta expressão “Reset Mundial” indica uma necessidade de redefinição e reorganização Capitalista Mundial. Qualquer indivíduo conectado com a realidade econômica do passado e do presente consegue identificar que as transformações estruturais são irrefreáveis. Não há como retroceder ao período pré-Digital. A era da informação e da automação exige um novo patamar de crescimento econômico e de conservação da ordem ao mesmo tempo. Nem sempre uma coisa caminha junto com a outra, daí o foco dos problemas. Os objetivos de manutenção da ordem não são obtidos na ausência de um novo código de hábitos difundidos em escala global como o isolamento projetado da sociedade, o desmantelamento das relações sociais perigosas para o sistema (aquelas forjadas na unidade na diversidade) e na superexploração do Capital variável, que passa a confrontar o chamado Capital constante nas forças produtivas.

A tecnologia e a automação como previsto por Marx não gera Mais-valia. Isso não significa que a lógica de acumulação, repressão e dominação não possa encontrar novas válvulas de escape. Se houver uma válvula de escape para o atual estágio do Capitalismo marcado pela evolução tecnológica extraordinária da Quarta Revolução Industrial, esta válvula só poderá ser atingida no bojo de uma era de regimes totalitários de novo tipo. Nunca a análise do sistema de Pan-Óptico de Michel Foucault fez tanto sentido para o que vivemos na atualidade. Foucault decifrara que a lógica da repressão em ascenso era uma tendência da Ordem do Capital. Esta lógica privilegia um amplo sistema de vigilância e controle social, temas tão em voga na atualidade.

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O Mundo Digital criou um imenso banco de dados para um enorme Pan-Óptico global. Foucault foi certeiro ao identificar que estas tendências estavam em ascenso. Na era das redes sociais e da Aldeia Global, a política do “Vigiar e Punir” ganha desenvoltura inédita. Que momento melhor para estabelecer o “novo normal” que não este atual? Diante de uma situação exógena como o Novo Coronavírus, há uma janela valiosa de contenção dos ânimos Mundo afora. Que tal o medo? Que tal o encarceramento coletivo? Que tal a difusão irrefreável dos softwares e meios de comunicação? Que tal o Big Data? Que tal o Vigiar e Punir?

É importante observar que o Novo Coronavírus é uma janela de oportunidade maliciosa, um veículo pelo qual é possível empurrar uma cultura de distanciamento social na mesma proporção em que a tecnologia amplia a sua capilaridade na Ordem do Capital monopolista global. Um fato inconteste é que sendo oportunidade valiosa ou não, no timing correto ou não, o palavra de ordem “Reset Mundial” já ocupa espaço no vocabulário do poder global desde ao menos 2014, se quisermos utilizar fatos de curto prazo para corroborar o que se vê na atualidade. O aceno para uma situação nova em larga escala é um objetivo perseguido pelo Fundo Monetário Internacional. Esta expressão que já ganhou o vocabulário de muitos Mundo afora é a válvula de escape que o Capital financeiro em crise desejava atingir. Não podemos assistir à tudo isso sem espírito crítico. Todas estas mudanças e o famigerado “novo normal” não estão sendo empurrados goela abaixo porque seriam práticas “republicanas”. Estas práticas são o veículo pelo qual a sociedade mundial será conduzida a um cabresto globalizado, um cenário onde a Ordem do Capital mantém-se intacta. O verdadeiro “novo normal” deveria ser aquele que pudéssemos superar o Capital e não reforçá-lo.

Fonte: https://www.mises.org.br/