VERDADES INCONVENIENTES

Governo Obama monitora telefones, e-mails e tráfego da internet - Parte 2

espionagemEUA querem ter o maior banco de dados do mundo - 12/06/2013 - Por João Ozorio de Melo. Figura central no escândalo de violação da privacidade e vigilância do governo Obama, PRISM é o codinome que a Agência Nacional de Segurança dos EUA (NSA) deu a seu programa clandestino de coleta de dados de cidadãos de todo o mundo. Não é um software, nem é, oficialmente, um programa de grampeamento de comunicações por meio de telefones, e-mails, redes sociais ou programas como o Skype, por exemplo. É um programa de vigilância da internet, que faz parte da ambição da NSA de criar o maior banco de dados de habitantes do mundo. Uma vez que os serviços de inteligência dos EUA e do Reino Unido identificam um "suspeito", basta uma consulta ao banco de dados para obter informações sobre todos os seus contatos e colocar todos os "suspeitos" sob investigação.

O objetivo da NSA com o PRISM e outras iniciativas similares é o de colher metadados de milhões de pessoas no mundo, para ajudar no desmonte de grupos "terroristas" ou de "inimigos dos EUA", sempre que necessário. Metadados incluem nomes das pessoas que se comunicam e suas localizações, números de telefones de quem faz e recebe ligações e endereços de IP (para futuras investigações de computadores pessoais).

Nessa fase, os órgãos de inteligência não têm interesse no conteúdo das comunicações. Bastam os metadados, que servem como pontos que precisam ser ligados para se começar a desenvolver as investigações iniciais. Se os órgãos de segurança conseguirem construir um caso, em que há razoável suspeita de atentado contra os EUA, com informações suficientes para convencer um juiz, o processo passa para a segunda fase, a de obter conteúdo das comunicações.

Aí começam as discussões do que precisa e do que não precisa de mandado judicial. O governo americano interpreta que a coleta de metadados pode ser feita com uma simples intimação às empresas de Internet, emitida pelo próprio Executivo, como funciona na Inglaterra. Nos EUA, isso estaria em conformidade com a Lei de Vigilância de Inteligência Estrangeira (FISA – Foreign Intelligence Surveillance Act), que é filha do Patriot Act.

No caso da obtenção de metadados das companhias de telecomunicações, os órgãos de segurança americanos têm conseguido ordens judiciais de um "tribunal secreto". Para operações de obtenção de conteúdo ou de quebra de sigilo, como grampeamento de comunicações por telefone, e-mails, bate-papos, redes sociais e GPS, os órgãos de segurança têm, teoricamente, de obter mandado judicial para fazer "buscas e apreensões", na forma protegida pela Constituição.

As notícias do fim de semana, publicadas pelo The Guardian e pelo Washington Post, informaram que a NSA e o FBI obtêm metadados de nove empresas: Google, Yahoo!, Microsoft, Facebook, Apple, AOL, PalTalk, Skype e YouTube. Mas, para os jornais, é óbvio que a coleta de dados não se restringe a essas marcas, porque a maior parte do tráfego da Internet passa pelos EUA e são facilmente acessados pelos órgãos de segurança. Um segundo programa da NSA, o UPSTREAM, permite aos órgãos de segurança coletar dados diretamente dos cabos de fibra óptica, que interligam toda a rede de computadores do país. Isso garante ao país uma capacidade quase ilimitada de espionagem.

Além da Internet e das telecomunicações, os órgãos de segurança têm capacidade para vasculhar contas de cartão de crédito, contas bancárias e qualquer meio de movimentação de dinheiro, que possa estar relacionada com atividades terroristas ou criminosas, como financiamento de grupos suspeitos ou compra de material para fabricação de bombas ou qualquer outro artefato.

Capacidade do software

No caso das provedoras de serviços de Internet, a NSA usa preferencialmente, segundo os jornais, a máquina Narusinsight, equipada com um software chamado Narusinsight Intercept Suite. Um única máquina pode monitorar o tráfego combinado de milhões de usuários de banda larga. De acordo com a Narus, esse é "o único sistema de inteligência de tráfego de rede do setor que dá suporte à captura, em tempo real, de tráfegos de webmail, como o Gmail da Google, o Hotmail da MSN e o Mail da Yahoo!". No entanto, como a maioria do tráfego de webmail, atualmente, é feito através de HTTPS criptografado, o conteúdo das mensagens só pode ser monitorado com o consentimento das provedoras de serviço.

A empresa Narus foi fundada por dois israelenses em 1997 e, posteriormente, comprada pela Boeing. Seu software de monitoramento e análise de tráfego em tempo real tem capacidade de "classe empresarial" de spyware (um programa espião, capaz de coletar secretamente informações de usuários de computadores. Tem capacidade para vigilância em larga escala, incluindo de redes complexas de IP (como a Internet). Com desempenho de processamento de pacotes em alta velocidade, pode vasculhar vastas quantidades de informações que viajam pela Internet.

Com recursos de "normalização, correlação, agregação e análise", o programa fornece um modelo de usuário, elemento, protocolo, aplicação e comportamento da rede, em tempo real. Isto é, ele pode rastrear um usuário individual, monitorar que aplicativos está usando (como navegador, aplicativo de mensagens, e-mail) e o que está fazendo com esse aplicativo (por exemplo, sites que visitou, o que escreveu nos e-mails ou nas mensagens de IM), além de conectar usuários uns com os outros, não apenas pelos sites que visitam, mas também pelas palavras ou frases que usam em suas comunicações. O programa também pode reproduzir vídeos transmitidos por streaming, interpretar páginas de sites, examinar e-mails e seus arquivos anexados, além de protocolos de transferência de arquivos.

É uma versão moderna do Echelon, que foi bastante utilizado por países de língua inglesa (EUA, Reino Unido, Canadá, Austrália e Nova Zelândia) no princípio dos anos 60, nos tempos da Guerra Fria contra a União Soviética. O programa possibilitava a interceptação de comunicações feitas por satélite e por rádio a longas distâncias. Mas evoluiu para interceptação de comunicações por micro-ondas, celular e fibra óptica. Em 2006, 99% de todas do tráfego mundial de voz e de dados era feito por fibra óptica. Ainda pode interceptar comunicações por telefone, fax e tráfego de dados feitas por satélite. Os Estados Unidos foram acusados, nos anos 90, de usar o Echelon para espionagem industrial, em vez de militar e diplomática. Em 2000 e 2011, o software foi investigado por um comitê do Parlamento Europeu.

Monitoramento de dados traz implicações para o mundo

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11/06/2013 - O diretor da inteligência americana e a Casa Branca finalmente confirmaram o que algumas pessoas com conhecimento interno já sabiam há muito tempo: o governo Obama está espionando o mundo todo. Políticos na Alemanha estão exigindo respostas. Ao sul do Grande Lago Salgado de Utah, a Agência de Segurança Nacional (NSA), uma agência de inteligência estrangeira dos Estados Unidos, mantém sob vigilância um de seus segredos mais caros. Aqui, em 100 mil metros quadrados próximo do Campo Williams das forças armadas americanas, a NSA está construindo enormes prédios para abrigar computadores super-rápidos. Ao todo, o projeto custará em torno de US$ 2 bilhões, e os computadores terão capacidade de armazenar um volume gigantesco de dados --pelo menos 5 bilhões de gigabytes. A energia necessária para alimentar o sistema de refrigeração apenas dos servidores custará US$ 40 milhões por ano.

Ex-funcionários da NSA, Thomas Drake e Bill Binney, disseram à "Spiegel" em março que a instalação em breve armazenaria dados pessoais de pessoas de todo o mundo e os manteriam por décadas. Isso inclui e-mails, conversas pelo Skype, buscas no Google, vídeos do YouTube, postagens no Facebook, transferências bancárias --dados eletrônicos de todo tipo.

"Eles têm tudo a seu respeito em Utah", diz Drake. "Quem decide se olharão seus dados? Quem decide o que farão com ele?" Binney, um matemático que já foi um influente analista da NSA, calcula que os servidores são grandes o bastante para armazenar todas as comunicações eletrônicas da humanidade pelos próximos 100 anos --e isso, é claro, dá aos seus ex-colegas muita oportunidade para lerem e escutarem. James Clapper, o diretor de inteligência nacional do país, confirmou a existência de um programa de vigilância de grande escala. O presidente Barack Obama explicou que o Congresso autorizou o programa, mas que os cidadãos americanos estão isentos dele.

Um documento altamente secreto publicado na semana passada pelos jornais "The Washington Post" e "Guardian", do Reino Unido, mostra onde a NSA pode estar obtendo a maioria de seus dados. Segundo um documento que foi supostamente vazado por Edward Snowden, um ex-funcionário da CIA, a inteligência americana começou a ter acesso direto e em grande escala aos servidores pertencentes às empresas de internet americanas em 2007. A primeira dessas empresas a aderir foi a Microsoft, seguida meio ano depois pelo Yahoo, depois Google, Facebook, PalTalk, YouTube, Skype e AOL. A empresa mais recente a declarar sua disposição de cooperar foi a Apple, em outubro de 2012, segundo o documento secreto do governo, que declara orgulhosamente que esse acesso aos dados é obtido "diretamente dos servidores" das empresas. As empresas em questão negaram a alegação na sexta-feira. Mas, se o que o documento diz é verdade, a NSA tem potencial de saber o que cada pessoa no mundo que faz uso dos serviços dessas empresas está fazendo, e isso supostamente inclui milhões de alemães.

'Monitoramento total dos alemães é impróprio'

Na segunda-feira, a chanceler alemã Angela Merkel confirmou por meio de um porta-voz que planeja discutir o controverso programa de monitoramento de dados da NSA com o presidente Obama durante a visita dele a Berlim na semana que vem. Um porta-voz do Ministério da Justiça alemão também disse que conversações estão em andamento com as autoridades americanas. As discussões incluirão as implicações para a Alemanha e a "possível violação dos direitos dos cidadãos alemães". A ministra da Proteção do Consumidor alemã, Ilse Aigner, pediu por "respostas claras" das empresas implicadas no documento, e o Partido Verde alemão exigiu que o governo investigue as circunstâncias imediatamente. "Monitoramento total de todos os cidadãos alemães pela NSA é totalmente impróprio", disse Volker Beck, secretário da bancada do Partido Verde no Parlamento, na segunda-feira. O partido propôs que o assunto seja discutido em uma sessão parlamentar na semana que vem.

Raízes mórmons, alcance internacional

A instalação do programa em Utah é cheia de cercas de segurança, cães de guarda e câmeras de vigilância, assim como equipamento de identificação biométrica. Dois informantes disseram que a localização para a instalação dos servidores não foi por acaso. Utah é lar do maior número de mórmons no mundo. Essa comunidade religiosa altamente patriótica envia seus membros jovens para o mundo como missionários --e muitos deles são recrutados pela Guarda Nacional de Utah, cuja 300ª Brigada de Inteligência Militar emprega 1.600 linguistas. A NSA tem acesso a esses linguistas o tempo todo, e uma pessoa com conhecimento interno acredita que eles são usados para "analisar as telecomunicações internacionais".

No documento secreto, o programa de monitoramento da NSA é chamado de "Prisma". Um prisma também é uma forma que reflete a luz nos cabos de fibra óptica --os mesmos cabos que formam espinha dorsal do tráfego mundial de internet. O documento, que foi elaborado para uma apresentação interna da NSA, mostra que até mesmo os fluxos de dados que viajam da Europa para a Ásia, para a região do Pacífico ou para a América do Sul frequentemente passam por servidores nos Estados Unidos. "Uma chamada telefônica, e-mail ou bate-papo de um alvo percorrerá o caminho mais barato, não o caminho fisicamente mais direto", diz o documento. O governo Bush legalizou essa nova dimensão de espionagem do governo, mas foi o governo Obama que renovou a lei em questão em dezembro de 2012. A lei permite, por exemplo, a vigilância de todos os usuários do Google que não morem nos Estados Unidos, assim como as comunicações entre cidadãos americanos e pessoas em outros países.

Base legal ampliada para espionagem

O documento também mostra que, com programas como o Prisma, a NSA está reinterpretando a base legal para suas ações em um ponto crucial. Por décadas, os serviços de inteligência precisavam da ordem de um tribunal especial com especificações precisas sobre o suspeito caso quisessem monitorar uma conta de e-mail, por exemplo. Agora, basta a NSA ter evidência razoável de que um alvo vive no exterior ou se comunica com alguém que vive fora dos Estados Unidos. Isso expande o círculo de suspeitos potenciais, reduz os obstáculos burocráticos e reduz os controles e salva-guardas democráticos, tornando mais fácil e mais rápido obter dados de um número maior de pessoas.

Os poderes de coleta de dados da NSA vão muito além dos servidores americanos de internet. A agência também conduz reconhecimento ao redor do globo, com satélites, por exemplo. Ela também instalou uma antena de alto desempenho em vários países para captar as comunicações por telefonia móvel. Nunca antes um governo coletou dados em tamanha escala.

A NSA é uma parceira útil das autoridades alemãs. O diretor da NSA, o general de quatro estrelas (maior patente militar) Keith Alexander, recebe regularmente delegações da Alemanha em seu quartel-general no Forte Meade. Essas reuniões geralmente são construtivas, em parte porque a hierarquia é clara: a NSA quase sempre sabe muito mais, enquanto os alemães atuam como assistentes. A agência de inteligência estrangeira alemã, a BND, conduz várias operações secretas em conjunto com a NSA, a maioria delas envolvendo coleta de dados em grande escala. As autoridades alemãs também ajudaram a agência de segurança alemã em várias atividades, especialmente em regiões em crise.

Por sua vez, a NSA compartilha regularmente com as agências de segurança da Alemanha as pistas que tem sobre suspeitos. Um plano de atentado a bomba em 2007 por parte de uma célula terrorista islamita na Alemanha, o chamado grupo Sauerland, foi descoberto devido às conversas por e-mail e telefone que a NSA monitorou e repassou aos seus pares alemães. Segundo Binney, o ex-funcionário da NSA, programas americanos também foram usados na Alemanha, apesar de um importante ex-alto funcionário de segurança do país ter dito que as autoridades alemãs não estiveram envolvidas no programa Prisma.

Parte 2: Excesso de informação?

Agora está claro que aquilo que os especialistas suspeitavam há anos é verdade --que a NSA monitora toda forma de comunicação eletrônica ao redor do mundo. Esse fato levanta uma questão importante: como uma agência de inteligência, mesmo uma tão grande e bem equipada como a NSA, com seus 40 mil funcionários, trabalha de modo significativo com tamanha enxurrada de informação? A resposta para essa questão faz parte de um fenômeno que atualmente também é um grande assunto na comunidade empresarial e leva o nome de "Big Data" (grandes dados). Graças às novas tecnologias de banco de dados, agora é possível conectar formas totalmente díspares de dados e analisá-los automaticamente.

Um raro vislumbre do que os serviços de inteligência podem fazer aplicando essa abordagem de "big data" foi dada no ano passado por David Petraeus. Essa nova forma de análise de dados é responsável por descobrir "relacionamentos não óbvios", explicou na ocasião o recém-nomeado diretor da CIA em uma conferência. Isso inclui, por exemplo, "encontrar conexões entre uma compra aqui, uma chamada telefônica ali, um vídeo com imagem granulada, informação alfandegária e de imigração". A meta, segundo Petraeus, é que o "big data" "leve a descobertas automáticas, sem depender do analista certo fazer a pergunta certa". Algoritmos encontram as conexões automaticamente no mar de dados desestruturados onde pescam. "A CIA e nossos parceiros na comunidade de inteligência precisam poder nadar no oceano de Grandes Dados. Na verdade, nós precisamos ser nadadores de ponta --de fato, os melhores", prosseguiu o diretor da CIA.

Estado de vigilância

monitorando

O valor da análise de grandes dados pelas agências de inteligência americanas pode ser visto no valor investido nisso pela NSA e CIA. Não apenas isso inclui contratos multimilionários com provedores especializados em serviços de mineração de dados, como a CIA também investe diretamente, por meio de sua empresa subsidiária, a In-Q-Tel, em várias novas empresas de "big data". Trata-se de tornar as pessoas e o comportamento delas previsíveis. Os projetos de pesquisa da NSA visam prever, com base em dados telefônicos e postagens no Twitter e no Facebook, quando levantes, protestos sociais e outros eventos ocorrerão. A agência também está pesquisando novos métodos de análise de vídeos de vigilância, na esperança de reconhecer comportamento suspeito antes de um ataque ser realizado.

Gus Hunt, o diretor chefe de tecnologia da CIA, fez uma confissão em março: "Nós tentamos fundamentalmente coletar e manter tudo para sempre". Quanto ao que ele quis dizer com "tudo", Hunt também deixou claro: "Está realmente próximo do nosso alcance poder computar toda informação gerada pelos seres humanos", disse. É difícil conciliar essa informação com a Quarta Emenda à Constituição dos Estados Unidos, que garante o direito à privacidade. Provavelmente foi por isso que Hunt acrescentou, quase como uma desculpa: "A tecnologia neste mundo está se movendo mais depressa do que os governos ou a lei podem acompanhar".

Denúncias sobre monitoramento de comunicações reabre debate sobre privacidade e segurança

10/06/2013 - Por Alex Rodrigues - As denúncias sobre a existência de um programa que permitia aos serviços de segurança dos Estados Unidos monitorar telefonemas e e-mails de milhares de cidadãos, a pretexto de combater o terrorismo e garantir a segurança nacional, abriram um acalorado debate sobre a privacidade na internet.

Os jornais britânico The Guardian e norte-americano The Washington Post divulgaram na última sexta-feira (7), que servidores da Agência Nacional de Segurança dos EUA (do inglês, NSA) teriam acesso aos servidores de uma série de empresas privadas operadoras de redes de comunicações, de telefonia e internet, incluindo Google, Microsoft, Facebook, Yahoo, Skype e Apple.

Segundo os jornais, informações de milhares de pessoas eram coletadas de e-mails, históricos de navegação, conversas de chats e transferências de arquivos. Ainda segundo as duas publicações, a iniciativa faz parte de um programa de espionagem chamado Prism (sigla em inglês para Métodos Sustentáveis de Integração de Projetos).

Diante das revelações, o governo norte-americano se apressou a negar que as conversas telefônicas ou o conteúdo dos e-mails de todos os usuários monitorados estejam sendo verificados. No mesmo dia, o próprio presidente Barack Obama garantiu que o Congresso norte-americano autorizou a execução do programa de vigilância das comunicações e que “ninguém ouve” as chamadas telefônicas dos cidadãos.

Em sua primeira manifestação sobre o assunto, Obama afirmou que, com os Estados Unidos ainda sob ameaça de ataques terroristas, é indispensável ao país firmar um “compromisso” entre segurança e vida privada.

O diretor da NSA, James Clapper, tentou tranquilizar os norte-americano dizendo que o programa monitora apenas cidadãos de outros países – declaração que, conforme apontou a agência de notícias BBC Brasil, não contribuiu para reduzir as preocupações dos estrangeiros.

As empresas citadas pelo The Guardian e pelo The Washington Post negam ter conhecimento sobre o programa de monitoramento, garantindo que não oferecem acesso amplo a seus dados, fornecendo informações pessoais dos usuários apenas quando solicitadas por meio de intimações judiciais. O Google, por exemplo, divulgou em seu blog nota assinada pelo co-fundador e atual presidente da empresa, Larry Page.

“Não aderimos a qualquer programa que daria ao governo dos EUA ou a qualquer outro acesso direto a nossos servidores”, informa a nota, garantindo que, até a quinta-feira (6), os executivos da Google jamais haviam ouvido falar no programa Prism. “Os relatos da imprensa que sugerem que o Google está fornecendo acesso aos dados dos usuários são falsos. [Quando] Fornecemos aos governos os dados de usuários, [fazemos] de acordo com a lei. Nossa equipe de advogados analisa cada pedido e, frequentemente, quando as solicitações são excessivamente amplas ou não seguem o processo correto, as negamos”.

Na véspera de os jornais publicarem as denúncias, em Brasília, o Superior Tribunal de Justiça (STJ) determinou que a empresa Google Brasil cumpra ordem judicial de quebra de sigilo no seu serviço de e-mail, o Gmail. Era para apurar suspeita de crimes de formação de quadrilha, corrupção passiva e ativa, fraude à licitação, lavagem de dinheiro, advocacia administrativa e tráfico de influência.

EUA filtram dados de nove empresas de internet do país

11/06/2013 - No mesmo dia em que o governo americano admitiu ter o acesso a registros telefônicos de milhões de pessoas, o jornal “Washington Post” revelou que a Agência de Segurança Nacional (NSA) e o FBI estão conectados a servidores centrais das nove principais empresas de internet do país, extraindo áudios, vídeos, fotografias, e-mails, documentos e registros de conexão que permitem o rastreamento de movimentações e contatos de uma pessoa ao longo do tempo. Apple, Facebook e Google negaram ter conhecimento da ferramenta. As empresas de tecnologia, que participariam conscientemente das operações, incluem a maioria dos players globais dominantes do Vale do Silício: além das citadas, Microsoft, Yahoo, PalTalk, AOL, Skype e YouTube forneceriam livre acesso de seus bancos de dados ao governo. Embora tenha participação muito menor, a PalTalk teria enviado tráfego significativo na Primavera Árabe e atualmente durante a guerra civil da Síria.

Criado em 2007, o programa altamente secreto, de codinome Prism, nunca havia sido divulgado. Uma apresentação interna sobre seu funcionamento, destinado a analistas seniores da Agência de Segurança Nacional, descreveu a nova ferramenta como a “colaboradora mais produtiva do presidente Barack Obama”, que citou dados obtidos pela ferramenta em 1.477 relatórios no ano passado. Após a divulgação do Prism, um funcionário do governo afirmou que os americanos não são alvo do rastreamento.

– O programa foi recentemente autorizado pelo Congresso após muito debate. E é usado para proteger nossa nação de uma ampla variedade de ameaças – afirmou, sob condição de anonimato. Embora o documento obtido pelo jornal americano indique que o programa seja executado com a ajuda das empresas, Apple, Facebook e Google já negaram ter conhecimento do Prism.

“O Google se preocupa profundamente com a segurança dos dados de nossos usuários. Nós revelamos dados para o governo apenas de acordo com a lei, e revisamos todos os pedidos cuidadosamente. De tempos em tempos, alegam que nós criamos um serviço de “porta dos fundos” em nossos sistemas, mas o Google não permite que governo acesse dados particulares do usuário”, afirmou a empresa em comunicado. A Apple também disse desconhecer a ferramenta, segundo o jornal britânico “Guardian”, que também teve acesso às apresentações secretas para executivos. Em comunicado, o Facebook afirmou que não oferece ao governo o acesso direto aos seus servidores.

“Nós não disponibilizamos a qualquer organização governamental o acesso direto aos servidores do Facebook”, afirmou em nota o diretor de segurança da empresa, Joe Sullivan. “Quando são solicitados dados ou informações sobre indivíduos específicos, examinamos cuidadosamente qualquer pedido e fornecemos informações apenas na medida exigida pela lei.” A Prism foi instituída em 2007 e desde então ampliada, tendo se tornado a principal ferramenta de trabalho da NSA no monitoramento de atividades terroristas, de acordo com o “Washington Post”. Os analistas dariam prioridade a encontrar indivíduos estrangeiros e no exterior, a partir de palavras-chaves que criam 51% de certeza de que há motivos para suspeita.

Governo admite acesso a registros telefônicos

O funcionamento do programa ao longo de seis anos acontece em meio a um debate sobre os limites de vigilância e privacidade no país. Mesmo no ano passado, quando críticos ao estatuto de inteligência estrangeira defenderam mudanças, os únicos membros do Congresso que conheciam o Prism não revelaram sua existência. O governo americano admitiu nesta quinta-feira o acesso a registros telefônicos de milhões de pessoas e defendeu a prática como necessária para proteger os cidadãos contra ataques terroristas. A confirmação de um alto funcionário do governo veio depois que o jornal britânico “The Guardian” publicou em seu site uma ordem judicial secreta relacionada a dados de clientes da empresa de telefonia Verizon, acessados pela NSA.

As duas revelações chegam em um momento em que o governo Obama enfrenta fortes críticas por assuntos que afetam a privacidade dos cidadãos, como as práticas de espionagem a repórteres da agência AP e a e-mails de um jornalista da Fox reveladas recentemente. Este tipo de coleta de dados é permitida pela Lei de Vigilância e Inteligência Externa, do fim da década de 1970, mas teve o escopo consideravelmente ampliado pela chamada Lei Patriótica, aprovada em outubro de 2001 e à qual foram feitos adendos posteriormente. Esta contém uma sessão que permite às autoridades solicitar registros de negócios (como as chamadas realizadas por uma operadora de telefonia) às empresas em investigações de contraterrorismo. Obama solicitou e conseguiu do Congresso a renovação da lei, em 2011.

Fonte: Mídia Sem Máscara
http://www.viomundo.com.br
http://paginaglobal.blogspot.com.br/
Portal G1
http://www.tudocelular.com
The Guardian
TecMundo
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http://www.conjur.com.br
http://codinomeinformante.blogspot.com.br
Agência Brasil