VERDADES INCONVENIENTES

Traição Virtual - Parte 1

virtual2Para algumas pessoas a traição virtual através da Internet tornou-se um entretenimento e para outras um pesadelo. Por este motivo 80% dos casos resolvidos por nós são de desconfiança por infidelidade conjugal. A maioria dos casais tem um e-mail em comum onde os dois tem a senha, mas na maioria dos casos isto é apenas para disfarçar e despistar o companheiro. Sempre descobrimos mais de um logim de e-mails abertos para sites de relacionamento, logins de messenger, msn. Conhecer alguém interessante via e-mail ou salas de bate papo, tem sido fascinante para muitas pessoas. E a cada dia se torna mais fácil. Fica menos complicado, pois a Internet é uma porta aberta para o mundo.  Muitos homens e também mulheres casadas, exibem páginas até com fotos em sites de relacionamentos.

Esta é a realidade.A busca de um novo amor pela Internet não é coisa somente de jovens, na realidade não tem limite de idade. É possível que a falta de comunicação entre os casais e a rotina, sejam alguns dos fatores que levam o indivíduo à procurar outra pessoa pela internet.

Leia também - Paraisos Fiscais


A traição virtual impera


Tornou-se um passatempo da moda e uma conduta socialmente aceita. A Internet tornou-se um meio de comunicação muito poderoso onde podemos trair sem culpa, pois muito provavelmente, nunca iremos conhecer de fato aquela pessoa. Nos tornamos mais amigos, mais íntimos, mais tudo de completos desconhecidos, pois com a proteção do monitor, podemos mostrar quem realmente somos. Caso a pessoa não goste, basta que nos abstenhamos de falar novamente com ela. Geralmente na Internet, as pessoas não mentem sobre o que na realidade importa, como a personalidade, humor, sensibilidade, etc.

Fica muito mais simples de nos apaixonarmos ou de escolhermos um parceiro(a) dessa forma. Primeiro nos atraímos pela pessoa e depois pelo seu físico, o que é totalmente contrário aos relacionamentos fora dela, onde a aparência vem quase sempre em primeiro lugar. Nenhum homem vai querer me conhecer por apenas supor que eu tenho uma boa cabeça, se meu traseiro não for, digamos, "apetitoso". Existe ainda a novidade de se interessar por alguém que não se vê. O mistério. Além da enorme gama de opções que se apresentam, pois qualquer pessoa que saiba se plugar pode de uma forma ou outra, conhecer milhões de pessoas, de todos os tipos. A idéia romântica do ser amado como um entre um milhão foi esquecida, além do que os bons partidos podem ser muitos, já que a Net não é assim tão acessível à classe menos privilegiada. Enfim, tudo é muito mais fácil.

 

 

E daí nascem os infiéis virtuais. Podemos até fazer sexo pelo computador. Na Net ainda acontece algo curioso: As pessoas não acham que sexo virtual seja traição. São amantes efêmeros, capazes de estratégias cada vez mais naturais e eficientes para preservar as escapadas em silêncio. A maioria acredita que a iniciativa não pode ser recriminada. Fazem do anonimato o álibi perfeito e do computador o esconderijo que lhes permite dar asas à imaginação. Mexeu com a fantasia, mexeu com tudo! Quando as possibilidades são infinitas, tudo se torna mais interessante.

Há quem defenda que a fantasia é a infidelidade mais correta que existe e pode até fortalecer o vínculo físico com o(a) parceiro(a). Só tome cuidado, pois aquela pessoa com a qual você trocou as maiores confidências da sua vida, e que lhe pareceu tão madura, na verdade pode ser um(a) adolescente cheio(a) de espinhas.

Não se pode negar que a entrada do virtual na vida dos casais tem que ser entendida como um mundo novo.
Neste território misterioso onde na verdade não se sabe o que o outro está fazendo, existe o ciúme, as expectativas dos parceiros e o medo.
Parece haver uma diferença entre o que os casais vivem na vida real e o que aparece de novo e de livre no espaço da rede.
É um mundo de sexualidade e faces novas que não se consegue colocar em prática com o companheiro real.
Não podemos negar ser fascinante imaginarmos milhões de pessoas sem máscaras ou repressões sociais estando completamente livre, isolado e solitário ao fazer isso, sentado em frente a uma tela.

Pode servir para as pessoas re-aprenderem a se relacionar, conhecerem pessoas novas, terem a maravilhosa sensação de serem escutadas e a seduzirem.
Quem esta em frente a tela, sente-se invadido na sua privacidade; o que não está, tem medo de perder, de ser traído, de não saber como enfrentar esta competição. Será que o amor consegue viver a três? Eu, você e a Internet.

INDÍCIOS:

Ele(a) passa horas em frente ao micro, e fica até altas horas da madrugada.

Quando você se aproxima, ele(a) troca a tela ou pede para você não perturbar, pois, está tentando se concentrar em alguma reportagem interessante.

Nas contas de telefone aparecem algumas chamadas interurbanas, e pelo que sabe, não conhece ninguém naquela localidade.

Depois que ele(a) comprou o computador, suas noites conjugais não são mais as mesmas.

Quando você tenta enviar uma mensagem pelo Outlook e se depara com um pedido de senha.

O MSN dele(a), está Bloqueado ou seu “History” está totalmente limpo.

 

'Traição virtual' cresce rápido nos EUA, diz estudo

 

2003 - Um número crescente de pessoas casadas freqüenta salas de bate-papo na internet em busca de prazer, revela um estudo americano. A pesquisa mostra ainda que a maior parte dos casados e casadas que se envolveram com pessoas do sexo oposto virtualmente não pensavam estar fazendo nada de errado.Mas os pesquisadores da Universidade da Flórida revelaram que, por outro lado, os parceiros dessas pessoas se sentiam traídos, apesar de não ter havido contato físico."A internet vai se tornar rapidamente a forma mais comum de infidelidade, se já não for", disse Beatriz Mileham, autora da pesquisa."Nunca antes o mundo dos encontros esteve tão disponível para homens e mulheres casados que buscam uma escapadinha", disse ela."Com sexo virtual, não há mais necessidade de se dirigir a motéis obscuros. Um caso virtual pode ocupar inclusive o mesmo espaço que o parceiro real, o quarto do casal."

Crise

As salas de bate-papo se tornaram a causa de separações que mais cresce nos Estados Unidos, de acordo com grupos de aconselhamento.O problema tende a piorar se o número de pessoas online continuar a crescer, diz Mileham. Para o estudo, a pesquisadora entrevistou homens e mulheres que usaram sites na internet especialmente destinados a pessoas casadas. Ela descobriu que a maioria das pessoas disse que amava seus parceiros, mas que o caráter anônimo da internet ofereceu um ambiente favorável para a busca de um encontro erótico."Tudo o que eu tenho que fazer é ligar o meu computador e escolher entre milhares de mulheres", disse um homem questionado no estudo. "Não poderia ser mais fácil."

A maioria das pessoas se aventura em salas de bate-papo por causa da monotonia, falta de interesse sexual do parceiro ou desejo de variedade e diversão. "A maior reclamação dos homens é a falta de sexo no casamento", de acordo com a pesquisadora. "Muitos deles disseram que suas esposas estavam tão envolvidas com as crianças que não se interessavam mais por sexo."

De virtual para real

O estudo revela que conversas começadas apenas como amizade caminham rapidamente para algo mais sério. Quase um terço das pessoas que participaram do estudo acabou conhecendo a pessoa com quem manteve contato. Nesse grupo, apenas dois não tiveram casos na vida real. Um dos pesquisados se relacionou com 13 mulheres que conheceu pela internet. "Nós estamos ouvindo de terapeutas ao redor do país que a atividade sexual online está se convertendo na maior causa de problemas no casamento", disse Al Cooper, autor do livro Sex and The Internet: A Guide Book For Clinicians (Sexo e a internet: Um guia para os clínicos).

"Precisamos entender melhor os fatores que contribuem para a situação, se poderemos alertar as pessoas para a avalanche que começa com flerte online e muito freqüentemente termina em divórcio", disse ele. Para o estudo, Mileham entrevistou 76 homens e dez mulheres, com idades entre 25 e 66 anos, que usaram salas de bate-papo para casados dos portais Yahoo e Microsoft.


Internet pode tornar infidelidade conjugal mais freqüente

virtual4

 

(2005) -BEATRICE BRETONNIEREda AFP , em Paris. O computador é hoje um elemento quase onipresente, tanto no plano pessoal quanto no profissional, e pode tornar-se a forma mais freqüente de infidelidade conjugal, apontam as pesquisas mais recentes sobre os sites de conteúdo adulto.

"Em pouco tempo, a internet será a forma mais freqüente de infidelidade. Qualquer um pode constatar isso; o computador já perturbou as relações familiares", afirma Yannick Chatelain, especialista em novas tecnologias, que lançou na França um livro com o psicólogo Loick Roche chamado "In Bed with the Web, Internet et le Nouvel Adultère" (sem tradução para português).

Leia também - As Operações dos Bancos "Fantasmas" Internacionais

"A infidelidade sempre existiu, mas a internet facilita as coisas, desinibe e permite passar do sigilo virtual à realidade", diz o psicólogo. "Essa prática envolve, a princípio, pessoas de 35 a 45 anos, ou seja, aqueles que já estão um pouco cansados da vida conjugal, que têm vontade de fazer outras coisas e não temem as novas tecnologias", explica Roche.

"Para os jovens, os encontros --inclusive sexuais-- pela internet são algo completamente normal", acrescenta.

A infidelidade virtual pode ganhar formas variadas e insuspeitas, que, segundo os autores, colocam em risco a relação de um casal. O fenômeno é estudado pelo Instituto Britânico de Estatísticas, segundo o qual a internet é um fator-chave para o aumento do número de divórcios.

Desde os chats com desconhecidos até os fóruns especializados ou os encontros na vida real, passando por diversos artifícios para tornar o computador mais erótico, como as experiências de "gender switching", ou mudança virtual de sexo, as possibilidades são muitas.

Segundo o especialista Yannick Chatelain, o mercado mundial de sites pornográficos pagos (atualmente há 400 mil) "representará, em 2006, US$ 70 bilhões". O cibersexo é mais praticado pelos homens, que representam 80% dos visitantes de sites pornográficos, embora a participação feminina esteja crescendo, aponta a sociedade Netvalue, que mede a audiência na rede.

Em 2001, a Espanha liderava a lista, seguida de Alemanha, Reino Unido, Dinamarca e França, segundo um estudo europeu sobre a freqüência desses sites. Levando em conta o tempo de navegação em páginas de conteúdo adulto, os alemães lideram a lista, com 70 minutos por mês, seguidos dos franceses, com 45 minutos.

Outro estudo, realizado pelo site MSNBC e que ouviu 15 mil internautas, revela que, em 2004, 32% das mulheres e 13% dos homens temiam que a internet facilitasse o adultério. Este medo foi confirmado por outra pesquisa americana, publicada na página do canal de TV britânico BBC News, segundo a qual 30% dos internautas ouvidos já haviam se encontrado pessoalmente com seus namorados virtuais.

Para os dois especialistas franceses, o fenômeno é agravado pelas novas tecnologias. Vários países, como Austrália, Suíça e Noruega, tentaram regulamentar essa expansão proibindo, por exemplo, celulares com câmeras em piscinas públicas, centros esportivos e vestiários.

 

Mulher pede divórcio alegando traição virtual


2005 - Uma mulher romena pediu o divórcio sob alegação de adultério virtual depois que flagrou seu marido navegando na internet atrás de pornografia. Geta M., 45 anos, é casada com Ion há 23 anos, mas disse perante Corte que ela não poderia seguir com o marido, pois se sentia traída.

Ela admitiu que Ion é um bom companheiro, volta para casa pontualmente e cuida da família, mas afirmou que não poderia aceitar ser substituída por "amantes virtuais". "Quando eu o vi assistindo a filmes pornôs e olhando fotos de mulheres nuas, eu soube que teria que me divorciar", contou Geta.

Ion contou que se sentiu tentado depois que seu filho comprou um novo computador com acesso à Internet. Ele disse que não quer se separar da mulher. A justiça resolveu dar a Geta um tempo para reconsiderar o pedido, segundo o jornal local 7 Plus.

 

Trair e teclar, é só começar

 

(2006) - A internet criou uma nova maneira de ser infiel: começa com mensagens, evolui para confidências, logo entra no reino das fantasias sexuais. Quando menos se espera, o marido ou a mulher já estão teclando sem parar com um desconhecido. Mesmo que nunca se transfira para a vida real, a traição machuca do mesmo jeito.

Tal como acontecia com as mulheres que, no passado, nunca, jamais pensaram em revistar os bolsos do companheiro – as mãos deslizavam sozinhas, imaginem –, nem sequer passava pela cabeça da administradora de empresas carioca Janaína Porto violar a correspondência eletrônica do marido. "Foi acidental, juro", diz. No dia do tal acidente, ele estava no trabalho e ela checava os próprios e-mails no computador da família quando uma luzinha piscou avisando a chegada de uma nova mensagem. "Ele tinha esquecido o Messenger aberto. De repente, leio: 'Oi, lindo, ainda não foi para o escritório?' Eu gelei", conta. Atormentada pelo recado, buscou mais pistas no Orkut do marido. O conteúdo parecia inofensivo. "Ainda assim, eu sabia que precisava ir fundo porque ele jamais havia comentado comigo sobre aquela pessoa que parecia tão íntima", diz Janaína, que, numa atitude que ela mesma considera "bizarra", contratou um detetive virtual. Em uma semana, teve em suas mãos um relatório com todos os e-mails e mensagens de MSN, Orkut e ICQ trocados pelo marido. "Fiquei chocada. Além dela, ele falava com outras mulheres. Chamavam-se por apelidos, tinham conversas de sentido dúbio, passavam até três horas seguidas teclando. Pelo que deu para perceber, ele nunca foi para a cama com nenhuma, mas havia uma troca de confidências, uma cumplicidade e uma intensidade que havia anos nem eu provava mais", lamenta. O casamento de dez anos sofreu forte impacto. O marido não comenta o assunto, mas Janaína não tem dúvidas: "Sim, considero que ele me traía".

Qualquer pessoa normal – o que exclui da lista os não ciumentos – tende a concordar com Janaína. A traição não é apenas o contato físico, mas também, e de forma tão ou mais insuportável para o traído, a miríade de detalhes que apontam para a intimidade emocional: o sentimento de cumplicidade, a deliciosa excitação de esperar pelo chamado do outro, as confidências sobre segredos e fantasias, o prazer de ir para a cama pensando que amanhã tem mais. Na era pré-eletrônica, dificilmente esses componentes deixariam de desaguar em seu destino natural – a cama. Hoje, os serviços de bate-papo pelo computador, como e-mail, Messenger e Orkut, criaram novos paradigmas de traição e sua contrapartida, o ciúme. Existe a forma mais básica: conhecer alguém pela rede, marcar um encontro e trair. Existe o sexo virtual, que dispensa explicações. E, por fim, a forma mais complexa de relacionamento, talvez a única inovação real num campo em que não parecia haver nada de novo sob o sol desde os primórdios da humanidade, que poderia ser chamada, numa espécie de neologismo, de e-infidelidade. Começa com a troca de mensagens eletrônicas, o envolvimento vai crescendo, estabelece-se um vínculo íntimo. Tem todos os ingredientes de um caso extraconjugal, mas, na maioria das vezes, o contato físico pode nem ocorrer. Usa-se até um termo do vocabulário eletrônico – teclar – para descrever o contato. Nos consultórios médicos e de terapeutas, esse tipo de comportamento está se tornando uma das maiores queixas de maridos e mulheres. Cresce também o ambiente de paranóia eletrônica: cônjuges inseguros passam a espionar mensagens, investem contra o outro no Orkut e chegam a usar programas de hackers.

Quando se desconfia ou se descobre um aspecto da vida da cara-metade sobre o qual não se tinha a menor idéia, sobretudo se envolve um laço com alguém do sexo oposto, a maioria das pessoas quer saber mais. Aí, em geral, se repete um padrão de comportamento que não tem nada de novo: o desconfiado solta indiretas, lê e-mails, vasculha a vida virtual do cônjuge e faz marcação cerrada sobre a vida real, em busca de pistas da traição. Cria-se um círculo estressante, cada vez mais amplo, quando se passa a espionar também a vida de todo mundo que é, de alguma maneira, ligado ao infiel em potencial. Pode ser quem mandou a mensagem, quem conhece a pessoa que mandou, os parentes dela, e por aí vai. "Dito assim, parece que estamos cercados de obsessivos descontrolados, mas o que ocorre é que realmente a internet despertou nas pessoas um ciúme desmedido uma vez que permite que se vigiem coisas que sempre ficaram trancadas na privacidade de cada um", afirma o sexólogo carioca Amaury Mendes Júnior.

Entender o romance sem sexo envolve conceitos subjetivos, mas qualquer um que tenha passado pela infidelidade emocional, ou branca, como chamam os especialistas, não tem a menor dificuldade em identificá-la. "Ela tem um potencial tão devastador para afetar uma união quanto se um dos cônjuges tivesse sido pego na cama com outra pessoa", diz o psiquiatra Ronaldo Pamplona da Costa, da Sociedade Brasileira de Estudos em Sexualidade Humana. Classificar uma conversa por e-mail como infidelidade só parece exagero para quem ainda não sentiu na pele – ou na tela. Uma pesquisa apresentada na última conferência anual da Sociedade Britânica de Psicologia mostrou que 84% dos entrevistados consideravam esse tipo de comportamento traição, sim. "Ele falava com umas três mulheres todos os dias", conta Ráissa Ribeiro, 19 anos, modelo, sobre a crise que a levou a ficar quatro meses separada do marido, Adyr Bandeira Júnior, 25, empresário. "Todo o meu ódio era porque eu percebi que havia uma intimidade, quase um compromisso. Se fosse uma coisa boba, com desconhecidas, uma vez só, acho que eu não me importaria." A separação abalou o marido. "Ela tem razão na crítica. Eu realmente extrapolava", reconhece Adyr, que diz continuar teclando com desconhecidas, mas sob a supervisão de Ráissa – o que equivale mais ou menos a assistir a um filme erótico com a sogra ao lado. "De vez em quando ela entra de outro computador na sala em que estou, para dar uma conferida."

"Falar que não teve relação sexual é sempre uma boa defesa. Mas é grave dividir uma parte significativa da vida emocional com alguém e criar um vínculo que exclua o marido ou a mulher. Esse costuma ser o primeiro passo para a traição", afirma a psicóloga brasileira Beatriz Ávila Mileham, da Universidade Santa Clara, na Califórnia, coordenadora de uma pesquisa sobre o assunto. A infidelidade branca abre uma ferida no coração, sem dúvida – mas a traição de fato arranca sangue. É impossível avaliar com certeza quantos dos casos virtuais redundam em sexo real. Uma pista: segundo a revista americana Psychology Today, estudos recentes indicam que, em 60% dos casos, um relacionamento contínuo e profundo pela internet termina na cama. "É por isso que muitos escondem essa relação do cônjuge. Eles sabem que, no fundo, há uma tensão sexual ocorrendo", diz Magdalena Ramos, coordenadora do núcleo de terapia de casal e família da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo.

Entre as transformações monumentais trazidas pelo advento da internet, talvez as mais surpreendentes sejam as ocorridas no campo do comportamento sexual. O acesso instantâneo a informações e contatos praticamente sem limites trouxe à tona uma torrente de desejos que, décadas depois da revolução sexual, ainda surpreendem. O anonimato e a multiplicação de oportunidades alimentam o furor erótico, seja para procurar parceiros, reais ou virtuais, seja para escarafunchar todas as variantes sexuais já inventadas pelo ser humano – e algumas outras das quais ninguém nunca tinha ouvido falar. Liberados, ainda que momentaneamente, dos freios que delimitam o eterno embate entre pulsões sexuais e civilização, os usuários aproveitam. "O homem que diz que não gosta de entrar num site pornográfico está mentindo", diz o empresário R.F.L. em seu depoimento sobre experiências variadas na rede (veja quadro). Um levantamento da Yankelovich Partners Inc mostra que 60% das páginas visitadas na internet têm algum conteúdo sexual. A palavra sex é a mais escrita nos sites de busca em todo o mundo.

O acesso ilimitado a contatos com parceiros reais ou virtuais é contrabalançado pela possibilidade de que a parte que se sente enganada parta para a espionagem eletrônica. No Orkut, 9 milhões de brasileiros expõem suas informações a quem queira ver. Assim, o marido vasculha o Orkut da mulher, a mulher o do marido, o ex o da ex, a ex o da atual do ex, e todo mundo tira suas próprias conclusões. As crises de ciúme são praticamente inevitáveis. No próprio Orkut, há mais de 200 comunidades tratando do assunto. "Minha namorada vigia meu Orkut" tem inacreditáveis 25.000 participantes. "Você começa olhando uma vez por dia, depois duas, três. Eu cheguei ao ponto de olhar a página dele de cinco em cinco minutos para ver o que as mulheres escreviam para ele. Depois ia lá tomar satisfação", conta a assistente de marketing paulistana Patrícia Basílio, 33 anos, casada há dezoito, autora da instigante comunidade "Peruas no Orkut do meu marido". Antes convencida de que não havia nada que pudesse fragilizar seu casamento, ela ficou insegura. A cada mensagem feminina para o marido, um temporal desabava sobre o casal. "Olha, eu me sentia ridícula porque nunca fui ciumenta, mas aquilo me devastava. Não sabia o que era tudo aquilo, quem eram aquelas mulheres. Um dia, uma escreveu para ele: 'Saudades, você sumiu'. Se ele sumiu é porque um dia apareceu, não é? Eu me descontrolei", conta. Para evitar mais confusões, o marido cancelou seu registro. "Foram tantas brigas, tanta choradeira, tanto escândalo que eu preferi sair daquilo", diz o empresário Dener Basílio, 37 anos. Se no Orkut boa parte da conversa é pública, no MSN é possível mantê-la em total privacidade. "Eu passava muito tempo em conversas com um amigo. É óbvio que havia um clima sério. Eu me sentia viva, sedutora, desejada. Nunca nos tocamos. Mas, quando você fica empolgada com a situação, quando sente que está fazendo algo errado, acho que isso é o indicador de que você está traindo", diz a administradora de empresas carioca Patrícia Perrett, 32 anos, que manteve esse vínculo diário paralelamente a um sólido relacionamento.

O anonimato e a privacidade propiciados pela internet são poderosas ferramentas de indução à quebra de barreiras. Diante do computador, você pode ser quem quiser, falar o que tiver vontade sem passar pelos sucessivos julgamentos que o contato frente a frente propicia. Tudo fica mais explícito e exposto. Para paquerar pessoalmente, é preciso decifrar muitos sinais, vencer a timidez e ainda se assegurar de que ninguém vai descobrir nada. No ciberespaço, o contato é rápido, seguro e fácil. Para os especialistas, as razões do crescimento desse tipo de vínculo entre adultos comprometidos têm a mesma matriz: o prazer de exercitar o poder de sedução e conquista, aspectos que compreensivelmente desaparecem do casamento. Os efeitos sobre a vida do casal podem ser enormes. "A paquera passa a ocorrer na sala da sua casa. Isso é assustador", diz a fotógrafa carioca Margaret Manta, 44 anos. Desde que ela e o marido, Wagner Rios, 32, se inscreveram no Orkut, as cenas de ciúme se tornaram constantes. "Ver todo aquele movimento de mulheres mexe com a relação, sim", diz ela. Wagner corrobora a tese: "Eu fico com raiva quando leio algumas mensagens porque acho que a pessoa, no caso ela, dá liberdade para os outros falarem com um tom de intimidade acima do normal entre amigos."

Na busca para amenizar os conflitos gerados pela internet, muitos casais passaram a exigir as senhas pessoais do (a) parceiro (a). A senha do e-mail assumiu o significado que tinha a senha de banco anos atrás – como se fosse a expressão mais enfática de compromisso. Algo do tipo: "Se você não apronta, então me dá sua senha". Quem chega ao exagero de se propor a realmente investigar o outro encontra muitas ferramentas disponíveis. Há uma série de programas de computador para todos os fins e bolsos capazes de grampear mensagens e replicá-las para outras pessoas. Programas como Spector Pro 5.0, eBlaster, Keylogger e ScreenLogger são instalados nas estações de qualquer computador por meio de um e-mail. Passam, então, a enviar informações de tudo o que se faz na máquina. Pode-se baixar o programa em casa, mas quem não entende de informática costuma procurar um serviço especializado. Por cerca de 2.000 reais, o detetive vai até o computador do casal, instala o programa e passa a acompanhar a correspondência. Se a máquina está no trabalho, opta-se por outra estratégia. "Descobrimos os hábitos da pessoa. Se ela gosta de gastronomia, por exemplo, mandamos uma mensagem sobre esse assunto. Se ela abrir, o computador já passa a ser monitorado", explica o detetive Francisco Aguiar, da Philadelphia Investigações, em São Paulo, com 22 anos de experiência em apurar casos de infidelidade. Embora esses programas sejam eficazes para desvendar as infidelidades virtuais, seu uso pode virar caso de polícia, já que se trata de um crime de violação de uma forma de intimidade que é garantida por lei.

Leia também - Multimistura X Multinacionais

Esse tipo de prova, porém, se tornou comum em casos de separação. Nos grandes escritórios de advocacia, em 90% das separações são apresentadas cópias de e-mails e mensagens de Messenger e Orkut para configurar o que se chama de "quase-adultério". É preciso que um dos cônjuges autorize a violação do computador da casa para não criar problemas com a Justiça. Por exemplo: se a esposa acessa o computador doméstico e acha mensagens gravadas .– sem nenhuma proteção de senha – que demonstram que o marido foi infiel, nesse caso a prova é válida e legal. "Para configurar o adultério é necessário provar a conjunção carnal. Já essa figura jurídica do 'quase-adultério' significa toda situação amorosa na qual você não prova o sexo, mas prova o envolvimento amoroso", afirma a advogada Priscila Corrêa da Fonseca, uma das maiores especialistas em direito de família do país.

Evidentemente, não é a internet que estraga os relacionamentos. Mas que potencializa o dano, potencializa. O clima de suspeita e desconfiança também transforma qualquer casamento num inferno – sem contar que não redunda em nada positivo. "Ler mensagem, vigiar conversa, nada disso funciona. Não se consegue entrar na cabeça do outro. É lá que mora o desejo. E isso ninguém nunca vai conseguir localizar", explica o psicanalista e colunista Alberto Goldin, autor do livro Histórias de Amor e Sexo. Na opinião dos estudiosos do assunto, uma coisa é clara: o uso da internet já se tornou um dos assuntos inescapáveis na vida dos casais (além de dinheiro, valores morais, quem fica com o controle remoto). "É uma discussão tão importante para o relacionamento quanto a intenção de ter ou não filhos", afirma a psicóloga Beatriz Mileham

PARTE 2