CIÊNCIA E TECNOLOGIA

Casas sustentáveis e com bom desempenho

casasus1Jennifer Ramos Matos, 11/05/2018 - O conceito de casa sustentável vem atraindo a atenção de muitas pessoas, conscientes da situação atual de devastação ambiental, que querem fazer a sua parte para minimizar os danos da urbanização. Porém, muitos acreditam que construir uma casa sustentável depende de um alto investimento ou simplesmente não sabem como e o que pode ser feito para que esta tenha um desempenho satisfatório. Se identificou? Pensando nisso e incentivando a sustentabilidade na construção civil, citaremos algumas diretrizes e estratégias sustentáveis que poderão ser facilmente aplicadas durante a construção e a vida útil de sua casa.

Escolha materiais ecológicos

Utilizar materiais locais ou produzidos emregiões próximas, madeiras certificadas, materiais que geram pouca ou nenhuma energia para serem produzidos – como, por exemplo, o tijolo ecológico e o bambu - e aproveitar estruturas pré-existentes são atitudes simples que reduzem, e muito, o impacto ambiental. Priorizar materiais que não demandem muito tempo de transporte reduz a emissão de gases poluentes, escolher madeiras certificadas é uma garantia de que você não estará contribuindo para o desmatamento ilegal, e levar em consideração os processos de produção dos materiais utilizados reduz a degradação consequente do uso de energias não renováveis.

Racionalize a sua construção

A Racionalização é uma técnica muito importante para minimizar resíduos gerados durante a obra e combater o desperdício de materiais e de energia. Este método de gestão consiste em utilizar, da melhor forma, os recursos disponíveis em todas as etapas da construção. Para pôr em prática, é necessário apenas um bom projeto que vise a otimização de recursos através de ferramentas e planejamento estratégico.

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Aproveite ao máximo os recursos naturais

Os estudos de sombreamento, de ventilação e do sol são essenciais para construir uma casa sustentável, eficiente e confortável. A maior exposição dos ambientes à luz solar é uma estratégia que garante mais conforto em climas frios, devido ao aquecimento interno do ambiente, e proporciona luz durante o dia, favorecendo a economia de energia. Lembrando, também, que a luz solar pode ser utilizada para o aquecimento da água. Para climas quentes a estratégia é: muita vegetação! Plantar árvores próximas às aberturas da casa proporcionando sombreamento e investir em um telhado e/ou muro verde ajudam a climatizar os ambientes adjacentes e a controlar a umidade do ar. Optar por janelas grandes também é uma ótima alternativa para aproveitar a ventilação natural e a luz solar.

Aproveite a água da chuva e economize

Existem várias técnicas, muito acessíveis e de baixo investimento, para a captação da água da chuva em uma casa. Essa água pode ser utilizada nos jardins, em vasos sanitários, para lavar o carro, entre outras aplicações. Se quiser saber mais, leia este post que fizemos sobre o assunto!

Menor consumo, maior eficiência

Separamos algumas medidas que podem ser tomadas em prol do baixo consumo, que são: instalar interruptores com reguladores de intensidade luminosa (dimmer); utilizar lâmpadas LED (que são mais caras, porém muito mais econômicas) ou fluorescentes (que já garantem uma economia de 75% comparada com a lâmpada incandescente); optar por torneiras comfechamento automático ou do tipo “chuveirinho” – com menor vasão de água, mas sensação contrária; instalar válvulas de descarga do tipo duplo fixo; e comprar aparelhos eletrônicos com selo Procel, que indica melhor eficiência energética.

Energias Renováveis

Esse é o caminho para tornar sua casa autossuficiente. A captação de energia elétrica através de painéis solares está se difundindo cada vez mais e, apesar do alto investimento, em menos de 8 anos você já consegue economizar o valor que foi investido. Outra captação de energia renovável passível de ser aplicada é a captação de energia eólica, necessitando a instalação de um cata-vento associado a turbinas geradoras.

Existem várias especificações que certificam uma casa como sustentável ou não; porém, se forem aplicadas em seu projeto algumas dessas estratégias, de acordo com o seu orçamento e com os recursos disponíveis, você já estará impactando positivamente o meio ambiente sem abrir mão do conforto e bom desempenho de sua casa. Isto é sustentabilidade, suprir suas necessidades sem comprometer as próximas gerações. Vamos aderir a essa ideia?

 

Como construir uma casa de baixo custo usando o sistema ‘earthbags’

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Por Mayra Rosa, 6 de maio de 2017 - O método de construção conhecido como ‘earthbags’ é antigo e ao mesmo tempo, atual, e consiste em nada mais que empilhar sacos de terra, também conhecidos como sacos de areia, para construir edifícios. Os sacos de areia têm sido usados há muito tempo, particularmente pelos militares, para criar barreiras fortes e protetoras, ou para controle de inundações. As mesmas razões que os tornam úteis para essas aplicações se transferem para a criação de uma habitação. Uma vez que as paredes são tão substanciais, fornecendo massa térmica ou isolamento, elas resistem à temperaturas severas, são à prova de balas e também resistentes a calamidades naturais, como terremotos e inundações. Essas construções podem ser erguidas de forma simples e rápida com matéria prima de fácil acesso, e com muito pouco dinheiro.

Os sacos podem ser preenchidos com materiais locais e naturais, o que reduz a energia incorporada comumente associada à fabricação e transporte de materiais de construção. O material de enchimento é geralmente de composição mineral e não é sujeito a decomposição, em outras palavras, é extremamente durável. Para ilustrar o quão fácil a construção Earthbag pode ser, Owen Geiger, um dos maiores especialistas no mundo em construções do tipo, desenvolveu um passo a passo em seu site, que é totalmente dedicado ao assunto. Segundo Owen, seguindo estes simples passos, você e meia dúzia de amigos poderão construir uma casa de 58m2 em no máximo dez dias. As instruções que Owen separou, pressupõe que você tenha limpado e nivelado o local da construção, fazendo fundação onde a casa será construída, que pode ser feita de diversos métodos, inclusive sustentáveis.

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Materiais necessários:

Você precisará de sacos de polipropileno, conhecidos como sacos de areia no mercado, caçamba de balde (balde com fundo cortado), 4 ou 5 baldes de cimento pesado de 2 galões, fio de alinhamento, cinzel de metal, arame farpado de 4 pontas, martelo, guia de canto, chapa metálica, arame galvanizado de calibre 15, faca, cortadores de fio, fita métrica, enxadas, nível, soquete de compactação, sacos de papel e pá.

Passo 1: Encha os sacos com cascalho ou brita: use baldes de cimento para medir o material de enchimento. Use o mesmo número de baldes para cada saco. Encha aproximadamente 90% do saco, deixando apenas o suficiente para fechá-los costurando. Os sacos devem ser do mesmo tamanho, o que ajuda a manter as paredes em nível. O tamanho do saco é importante, voc6e pode usar o de 18 “x 30″, um maior, usa mais materiais e requer trabalho extra. Não use sacos com menos de 18” de largura, pois podem deixar a parede instável.

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Passo 2: Para fechar os sacos, dobre sua extremidade e use fio de calibre 15. Esta técnica facilita o manuseio, evita derramamentos e permite que os sacos sejam preenchidos em toda a sua capacidade.

Passo 3: Coloque os sacos cheios de cascalho de dois em dois a partir dos cantos e aberturas para o centro. Comprima os dois primeiros sacos uns contra os outros, sempre colocando as costuras uma contra a outra, nunca voltada para fora ou em cantos e extremidades. Alinhe os sacos ao fio; Pressione os sacos com o soquete para que fiquem nivelados e compactados.

Passo 4: Adicione arame farpado: use duas fileiras de arame farpado de 4 pontas entre cada alinhamento de sacos; Use tijolos ou pedras para temporariamente segurar o arame farpado no lugar.

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Passo 5: Utilize uma chapa metálica para encher os sacos, sem que eles fiquem presos ao arame farpado na confecção das próximas fileiras. Costure os sacos já no local que ficarão, colocando-os novamente uns contra os outros. Depois de alinhados, retire a chama metálica deslizante. Continue com os sacos cheios de cascalho até que você obtenha segurança acima do grau para evitar o risco de danos causados pela umidade.

Passo 6: Repita o processo agora usando sacos cheios de terra, porém com algumas pequenas mudanças: vire os sacos pelo avesso para evitar cantos protrusos; Use solo levemente umedecido; Pressione o conteúdo ligeiramente depois de cada carga de balde ser adicionada; Soque cada saco depois que ele é alinhado na posição. É importante garantir uma boa sobreposição, para que a estrutura se mantenha estável.

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Passo 7: Faça sacos de tamanho personalizado para preencher espaços de tamanhos diferentes, em meio à parede. Encha o saco até o nível aproximado e corte o excesso de material do saco; Dobre cada lado da abertura em direção ao centro e dobre sob o saco; Coloque o saco na parede.

Passo 8: Compacte o nível dos sacos após cada camada completa completo. Pressione os pontos altos em primeiro lugar, em seguida, uniformemente compacte toda a parede várias vezes continuamente, isso evita a criação de pontos baixos. Evite compactar por muito tempo o mesmo saco, 1 minuto por saco é o suficiente.

Vejam os videos explicativos aqui: https://www.youtube.com/user/naturalhouses/videos

 

Esta casa é feita de terra

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17/09/2018, por Cristiane Teixeira - A Quinta Gaby, nome dado a esta obra de 545 m² erguida em 2017 em Atlixco, na região de Puebla, é toda ela uma homenagem à arquitetura vernacular mexicana. Além das paredes tipicamente feitas de terra batida, a casa concebida pelos arquitetos David Tlaiye e Andrea Martínez, do escritório Taller Tlaiye, se configura ao redor de um pátio central. Possivelmente o elemento mais característico na história das habitações do México. “É um espaço ao ar livre, que distribui, comunica e conecta os ambientes da casa, agindo como o núcleo de todas as atividades, como costumava ser nas fazendas mexicanas, onde o interior e exterior têm um relacionamento íntimo”, explicam os autores em um texto sobre o projeto.

Ao mesmo tempo em que reverenciam a tradição, David e Andrea homenageiam um dos mais importantes nomes da arquitetura mexicana e mundial do século 20, Luis Barragán, conhecido pelas cores vivas de seus projetos. Na Quinta Gaby, o rosa alegre do mestre tinge a porta de entrada, que dá acesso ao pátio com árvore e espelho-d’água. Os espaços interiores são amplos e integrados, banhados de luz e ventilação naturais.

Por que construir com terra?

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Não foi só o resgate histórico que motivou a escolha dos arquitetos pela terra, mas também o conforto ambiental e a beleza de acabamento propiciados por ela. Por sua própria composição, paredes de taipa são termicamente isoladas, mantêm a umidade do ar constante e ainda fazem bom isolamento acústico, por serem grossas e densas. “Ela fornece possibilidades criativas e de design ilimitadas do ponto de vista estético”, afirmam David e Andrea a respeito da terra como material de obra. “A beleza natural da taipa transmite uma grande honestidade ao expor a forma irregular de suas camadas de diferentes cores e texturas que, com seus defeitos e peculiaridades, acrescentam beleza e caráter à casa.”

Existe, também, uma terceira razão para a casa ser como é, essa ligada à sustentabilidade: a matéria-prima é reciclável. Ou seja, as paredes podem ser demolidas, misturadas a água e dar origem a novas construções.

“Como arquitetos, queríamos romper com o preconceito limitante dos materiais que deveriam ser utilizados para a construção de um lar decente, reavaliando um sistema construtivo tradicional e sua articulação funcional com as necessidades e tecnologias atuais”, contam.

Como se faz a taipa de pilão

O nome é sinônimo para terra batida, técnica milenar de construção já foi – e ainda é, principalmente na África e na Ásia – usada em várias partes do mundo, incluindo o Brasil. O solo úmido, extraído do próprio lote ou de algum lugar próximo, vai dentro de formas de madeira e então é batido com pilões ou máquinas. A compactação é tamanha que o volume do material chega reduzir-se pela metade – daí a sua resistência. O desenho suave que se revela na superfície depois que se desenforma a estrutura resulta das marcas das formas e da própria composição do solo.

Como as paredes precisam se manter longe da umidade, são erguidas sobre uma base contínua de concreto, a chamada sapata corrida, que desenha um rodapé de cerca de 30 cm. O concreto também é necessário para travar as estruturas no alto, formando uma cinta de amarração sobre a qual é instalado o telhado. Neste projeto, piscinas, espelhos-d’água e banheiros foram cobertos de cimento branco colorido com pigmentos da casca de uma árvore.

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A Quinta Gaby leva o material, nossa terra, como ponto de partida para uma reinterpretação da arquitetura mexicana, aproveitando a relação significativa entre a terra batida e nossas culturas pré-hispânicas e seus benefícios estéticos e sustentáveis”, finalizam os arquitetos.

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Da arquitetura para a decoração

O jeito de construir mais natural, com terra, me fez pensar em móveis de madeira maciça, bem menos frequentes hoje do que já foram no passado, quando ainda não se pensava na necessidade de preservação das matas. Os modelos que integram esta seleção são todos de espécies de reflorestamento – exceto por uma luminária, que dá nova função a uma madeira usada.

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Fonte: https://www.ejeciv.com.br
           https://ciclovivo.com.br