CIÊNCIA E TECNOLOGIA

As TVs 3D estão finalmente mortas

tv3d topo2016 - LG e Sony eram as únicas gigantes que resistiam no segmento, mas elas acabam de desistir. A indústria bem que tentou. E tentou mais de uma vez. Mas não teve jeito: as TVs 3D até geraram algum interesse no início, mas depois que o ar de novidade se desfez, nada nesse tipo de tecnologia conseguiu atrair os consumidores. Eis o resultado: LG e Sony, as duas últimas companhias que ainda produziam TVs 3D, deixaram o segmento de vez.

Há uma percepção generalizada de que toda tecnologia nova, pela carga de modernidade que traz, vale a pena. Mas não é assim. Muitas vezes, o que é mais antigo ou simples oferece uma experiência mais rica. Essa talvez seja a principal razão para os televisores 3D não terem emplacado: uma experiência “morna”. Ou ruim mesmo. Para começar, a falta de um padrão único sempre atrapalhou. Houve TVs lançadas com 3D passivo, que se baseiam em óculos com lentes polarizadas, essencialmente. Outras foram disponibilizadas com 3D ativo, cujos óculos utilizam lentes com tecnologia LCD ou mesmo Plasma, o que explica os preços mais elevados desses modelos.

Até entre TVs que utilizavam a mesma tecnologia (passiva ou ativa), era comum perceber imagens boas em determinado modelo e imagens ruins (mais distorcidas ou escuras, por exemplo) em outro. Mas o pior mesmo é a falta de conteúdo que faça a reprodução tridimensional valer a pena. A maioria das produções compatíveis com 3D consite meramente em adaptações de conteúdo “normal”. Quase sempre é melhor assistir ao filme em 2D mesmo — isso tem validade inclusive para o cinema, você sabe.

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Diante da falta de perspectiva, os fabricantes foram pulando do barco aos poucos. Samsung e Philips, por exemplo, deixaram de fabricar TVs 3D no ano passado. Panasonic e Sharp trilharam o mesmo caminho um pouco antes, assim como companhias menores, como CTL e Vizio (esta parou a produção em 2013). LG e Sony resistiram bravamente no segmento, mas ambas confirmaram à CNET que estão deixando os televisores 3D de lado neste ano. Tim Alessi, diretor de desenvolvimento de novos produtos da LG, justificou a decisão dizendo que “a capacidade 3D nunca foi universalmente aceita na indústria para uso doméstico, tampouco é um fator decisivo no momento da compra de uma TV”.

A resposta da Sony, dada por um porta-voz, foi bem mais vaga, mas no fundo também indica que a decisão é mesmo motivada pelo fracasso da tecnologia: “com base nas tendências atuais do mercado, decidimos não dar suporte ao 3D em nossos modelos 2017”. Sabe o que é mais curioso? Há uma petição online, com mais de 6 mil apoiadores, pedindo para a LG voltar a fabricar TVs 3D. Bom, pode até ser que esse tipo de tecnologia volte um dia, mas agora os fabricantes estão focados em outras ideias, como TVs com resolução 4K e suporte a HDR. Enquanto isso, outro tipo de produto segue para o corredor da morte: a TV com tela curvada.

 

Panasonic culpa Hollywood pelo fracasso das TVs 3D

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2011, por João Brunelli Moreno - Ainda que o filme Avatar, de 2009, tenha formado filas literalmente quilométricas nas portas dos cinemas e que desde então diversos estúdios estejam investindo maciçamente na produção de títulos em três dimensões (mesmo que o público não mostre mais o interesse de antes), a popularidade e o interesse pelo formato nas salas de TV de todo o mundo não tem correspondido às expectativas das fabricantes de aparelhos de televisão. A queixa é da Panasonic, que culpa os estúdios de Hollywood por suas televisões 3D estarem encalhadas nas prateleiras de todo o mundo.”Os estúdios danificaram o formato, correndo para lançar tantos títulos mal convertidos para o formato desde a estreia de Avatar“, afirmou Andrew Denham, o diretor de marketing da empresa japonesa, à revista Wired.

O mais incrível é que alguns membros da indústria do cinema reconhecem a culpa pela falta de interesse no formato. “O 3D está no meio de uma crise”, disse Jeffrey Katzenberguer, diretor de animação da Dreamworks, ao site Hollywood Reporter. “Nós decepcionamos o público diversas vezes com vários filmes ruins, então acredito que agora exista uma desconfiança genuína, enquanto há um ano e meio tínhamos interesse e excitação”, diz. “Isso não representa a morte do 3D, mas até a experiência em três dimensões superar as expectativas do público, ele será desafiado”, finaliza.

O filme dirigido por James Cameron utilizou em suas filmagens uma então nova tecnologia de câmeras estereoscópicas, em que duas lentes, dispostas lado a lado, fazem a captação de maneira parecida com a de nossos olhos, deixando para a tecnologia a tarefa de simular o efeito de três dimensões. Já outros títulos menos nobres podem ser captados em 2D, então mapeados digitalmente e então convertidos em 3D (deixando os elementos “em camadas” na tela).

 

TV 3D, a tecnologia que não pegou

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07/07/2018, por Clóvis Cézar Pedrini Jr. - “Não pegou”, assim resumiu o mestre em hipermídia Lucas Thimóteo a respeito da tecnologia 3D. “Cara e desconfortável”, são outros adjetivos utilizados pelo publicitário autor da dissertação ‘Através do espelho: cenas da pós-modernidade na ficção de Lost’ defendida na Universidade Estadual do Centro Oeste (UNICENTRO) e autor da dissertação Ele explica que ao lado do Blu-Ray, o 3D compete pelo posto da tecnologia que teve a menor vida útil no mercado. Foram menos de oito anos desde o lançamento até o anúncio do fim da produção “Em um momento em que busca-se eliminar o material em prol de suportes cada vez mais leves, o 3D foi na direção oposta, trazia um pesado e custoso aparato material, ou seja surgiu no momento errado, na hora errada ”, comenta Thimóteo.

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A verdade é que mesmo esta própria reportagem esteja obsoleta. O anúncio de que televisores 3D deixariam de ser fabricadas aconteceu em fevereiro de 2016 pela Samsung. Os óculos já foram descontinuados em 2015. A LG e a SONY, outras fabricantes da tecnologia, diminuirão gradativamente a fabricação até encerrá-la definitivamente em 2017.
Em nota enviada ao site sul-coreano especializado em tecnologia etnews.com, a Samsung anunciou em 4 de fevereiro de 2016 que desde 2015 a Samsung já não atendia pedidos para óculos 3D e que estava concentrada em novas tecnologias, como a SmarTV e a 4k.

Tim Alessi, diretor de desenvolvimento de novos produtos da LG, disse à CNET que o 3D “ainda continua a ser um importante recurso para muitos consumidores”, e por isso, “o recurso estará disponível apenas em aparelhos top de linha que serão modelos 4K OLED e LED LCD de alta qualidade”. Ele ainda afirma que “a tecnologia 3D nunca chegou a ser abraçada pelos consumidores e o recurso não se mostrou ser um fator determinante de compra. Nós decidimos deixar o 3D em 2017 para concentrar nossos esforços em novas capacidades, como o HDR, que tem um apelo muito mais universal”.
A Sony seguiu na mesma linha. Ao mesmo site, o porta-voz disse que “baseado nas tendências de mercado nós decidimos descontinuar nossos modelos 3D para 2017”.

Passo a passo de um fracasso

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Apesar de nunca ter emplacado com força, a decadência do 3D começou definitivamente quando a BBC definiu cancelar suas produções que disponibilizavam o recurso. Logo em seguida foi a vez da Sky relegar o 3D a um serviço OnDemand. De acordo com pesquisa realizada pelo NPD group, a venda dos aparelhos 3D vem diminuindo ano a ano, desde 2010, ano do lançamento mundial. No seu ápice, em 2012, a TV 3D chegou a representar 23% dos aparelhos vendidos nos Estados Unidos. Em 2015, foi de 16% e em 2016, apenas 8% do total de aparelhos comercializados.

Lucas Thimóteo atribui outro fator para explicar o fracasso da tecnologia 3D, o alto custo das produções e dos aparelhos. “A indústria percebeu muito rapidamente que o retorno do investimento em um filme produzido em 3D não valia a pena. Os cinemas também não viram grandes vantagens em ter de reformular suas salas ”. Esse alto custo nas produções era repassado ao consumidor final.

O consumidor pagou a conta

A assistente social Alini Cristini Neves é uma das que investiu mais de R$ 3.000,00 em uma televisão 3D há quatro anos atrás. “Na verdade, a TV foi um dos presentes de casamento que ganhamos e na época optamos pela 3D”, justifica-se. Quanto ao uso da TV, até hoje é um enigma para Alini. “No começo tudo era novidade. Assistimos dois ou três filmes em 3D, mas ficar com aqueles óculos por quase duas horas chegava a me dar dor de cabeça”, afirma. “Depois ficou cada vez mais difícil encontrar programas que ofereciam o recurso e hoje os óculos devem estar em alguma gaveta da casa”, afirma Alini que termina dando uma sugestão bem clara. “Não comprem” (risos).

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A reportagem visitou algumas lojas de eletrodomésticos em Curitiba para fazer ao menos uma foto de um televisor 3D, porém sem sucesso. Aquelas que ainda trabalham com o modelo aceitam apenas encomendas mediante consulta do estoque. Para quem ainda busca uma TV 3D, saiba que até mesmo o suporte técnico especializado será aos poucos abandonado pelas fabricantes. Ou seja, os televisores 3D estão se acomodando ao lado do videocassete e dos aparelhos de DVD no museu da tecnologia sucateada. Ou como definiu o site britânico pocket-lint, o 3D está oficialmente morto.

Fonte: https://tecnoblog.net
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