CIÊNCIA E TECNOLOGIA

Moléculas orgânicas descobertas por Curiosity Rover consistentes com o início da vida em Marte: estudo

marmol103/05/2020 - Compostos orgânicos chamados tiofenos são encontrados na Terra no carvão, no óleo cru e, curiosamente, nas trufas brancas, o cogumelo amado pelos epicuristas e porcos selvagens. Os tiofenos também foram descobertos recentemente em Marte, e o astrobiólogo da Universidade do Estado de Washington, Dirk Schulze-Makuch, acredita que sua presença seria consistente com a presença de vida precoce em Marte.

Schulze-Makuch e Jacob Heinz com a Technische Universität em Berlim exploram alguns dos caminhos possíveis para as origens dos tiofenos no planeta vermelho em um novo artigo publicado na revista Astrobiology. Seu trabalho sugere que um processo biológico, provavelmente envolvendo bactérias em vez de uma trufa, pode ter desempenhado um papel na existência do composto orgânico no solo marciano.

"Identificamos várias vias biológicas para tiofenos que parecem mais prováveis ​​do que as químicas, mas ainda precisamos de provas", disse Dirk Schulze-Makuch. "Se você encontrar tiofenos na Terra, pensaria que eles são biológicos, mas em Marte, é claro, a barreira para provar isso deve ser um pouco mais alta."

As moléculas de tiofeno têm quatro átomos de carbono e um átomo de enxofre dispostos em um anel, e tanto o carbono quanto o enxofre são elementos bio-essenciais. No entanto, Schulze-Makuch e Heinz não puderam excluir processos não biológicos que levaram à existência desses compostos em Marte.

Os impactos de meteoros fornecem uma possível explicação abiótica. Os tiofenos também podem ser criados por meio da redução termoquímica do sulfato, um processo que envolve um conjunto de compostos sendo aquecidos a 248 graus Fahrenheit (120 graus Celsius) ou mais. No cenário biológico, as bactérias, que podem ter existido mais de três bilhões de anos atrás quando Marte era mais quente e úmido, poderiam ter facilitado um processo de redução de sulfato que resulta em tiofenos. Existem também outras vias onde os próprios tiofenos são decompostos por bactérias.

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Embora o Curiosity Rover tenha fornecido muitas pistas, ele usa técnicas que quebram moléculas maiores em componentes, de modo que os cientistas só podem olhar para os fragmentos resultantes. Outras evidências devem vir do próximo rover, o Rosalind Franklin, que deve ser lançado em julho de 2020. Ele levará um Mars Organic Molecule Analyzer, ou MOMA, que usa um método de análise menos destrutivo que permitirá a coleta de moléculas. Schulze-Makuch e Heinz recomendam usar os dados coletados pelo próximo rover para observar os isótopos de carbono e enxofre. Isótopos são variações dos elementos químicos que possuem números de nêutrons diferentes da forma típica, resultando em diferenças de massa.

"Os organismos são 'preguiçosos'. Eles preferem usar as variações de isótopos leves do elemento porque custa menos energia", disse ele.

Os organismos alteram as proporções de isótopos pesados ​​e leves nos compostos que produzem, que são substancialmente diferentes das proporções encontradas em seus blocos de construção, o que Schulze-Makuch chama de "um sinal revelador para a vida". No entanto, mesmo que o próximo rover retorne essa evidência isotópica, ainda pode não ser o suficiente para provar definitivamente que existe, ou existiu, vida em Marte.

"Como Carl Sagan disse, 'alegações extraordinárias exigem evidências extraordinárias'", disse Schulze-Makuch. "Acho que a prova realmente exigirá que enviemos pessoas para lá, e um astronauta olha através de um microscópio e vê um micróbio em movimento."

Fonte: https://phys.org/