CIÊNCIA E TECNOLOGIA

Cornell Engineers criam um material robótico que exibe três características essenciais para a vida

biomate121/04/2019, por David Nield - A linha entre os materiais feitos pelo homem e os organismos vivos acaba de ficar mais tênue. Os pesquisadores criaram um novo biomaterial que não está vivo, mas que exibe três características essenciais para a vida: metabolismo, automontagem e organização. O novo material pode rastejar para a frente como um bolor limoso, criando novos fios na frente enquanto os antigos na parte de trás se deterioram e caem. Os cientistas até montaram corridas entre amostras de materiais concorrentes no laboratório.

A base disso é um mecanismo que os cientistas estão chamando de DASH: Montagem e Síntese de Materiais Hierárquicos baseados em DNA. Tal como acontece com o DNA nos organismos vivos, as instruções para metabolismo e regeneração são codificadas no biomaterial.

"Estamos apresentando um conceito de material totalmente novo e real, movido por seu próprio metabolismo artificial", disse um membro da equipe, Dan Luo, da Universidade Cornell, em Nova York.

"Não estamos fazendo algo que está vivo, mas estamos criando materiais que são muito mais realistas do que nunca."

No núcleo do DASH estão os blocos de construção em nanoescala que podem reorganizar os materiais em polímeros e, eventualmente, em formas maiores, tudo a partir de cadeias de DNA repetidas de apenas alguns milímetros ou centésimos de polegada de comprimento. O material é cultivado a partir de uma sequência de sementes de base de 55 nucleotídeos, que quando combinada com uma solução de reação, fornece um fluxo líquido de energia para permitir que o DNA sintetize novas fitas próprias.

“Tudo, desde sua capacidade de se mover e competir, todos esses processos são independentes”, diz Luo. "Não há interferência externa. A vida começou a bilhões de anos, talvez com apenas alguns tipos de moléculas. Isso pode ser o mesmo."

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Este biomaterial que imita a vida ainda é muito básico, mas estabelece a base para um dia ser capaz de desenvolver robôs capazes de se construir, sem muito envolvimento humano. Eles podem até mesmo se auto-replicar um dia, dizem os pesquisadores.

Vimos no passado como os biomateriais podem ser úteis para aumentar a maquinaria e a robótica e até mesmo reparar o corpo humano - isso parece ser mais um importante passo em frente para o campo. Mais adiante, os engenheiros esperam que o material possa ser programado para evitar ou ser atraído por estímulos como comida e luz. Uma maior longevidade para o material também está prevista, conforme os pesquisadores desenvolvem o DASH.

"Os projetos ainda são primitivos, mas mostraram uma nova rota para criar máquinas dinâmicas a partir de biomoléculas", disse um dos pesquisadores, Shogo Hamada, da Universidade Cornell. "Estamos na primeira etapa da construção de robôs semelhantes à vida por meio do metabolismo artificial."

"Mesmo a partir de um design simples, fomos capazes de criar comportamentos sofisticados, como corrida. O metabolismo artificial pode abrir uma nova fronteira na robótica."

A pesquisa foi publicada na Science Robotics.