LUGARES EXTRAORDINÁRIOS

Mercado de las Hechiceras, o mercado das feiticeiras de La Paz

mercadobruxa12023 - Nas vias de Santa Cruz, Calle Jimisez, Illampu, Linares, Sárnaga e nas estreitas ruelas de paralelepípedos, situadas no topo da colina de Cumbre, em um bairro histórico de La Paz, uma das cidades mais elevadas do mundo, na Bolívia, desdobra-se um dos mercados mais incomuns do planeta. Este é o Mercado das Feiticeiras (Mercado de las Brujas) ou Mercado de Feitiçaria. Neste peculiar mercado, uma infinidade de pequenas lojas se alinha lado a lado, oferecendo uma ampla gama de itens empregados por curandeiros, praticantes de magia e aqueles envolvidos com o ocultismo, incluindo talismãs, ervas medicinais, talismãs de boa fortuna, figuras de cerâmica de casais despidos, sapos mumificados (para atrair sorte), tartarugas (para promover longevidade), bicos de tucano (para curar males e ferimentos), penas de coruja e uma variada seleção de produtos inusitados destinados a rituais, feitiços e encantamentos.

Os comerciantes também asseguram que possuem remédios naturais para uma ampla variedade de enfermidades. Além disso, é possível encontrar lembranças tradicionais dos Andes, como cardigans de tricô, agasalhos de lã de lhama ou alpaca, instrumentos musicais e joias.

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Muitos desses objetos são empregados em cerimônias religiosas que reverenciam os espíritos da civilização aimará, que ocuparam o sul do Peru, Chile, Argentina e Bolívia desde os tempos pré-colombianos, sendo também reconhecidos como Quollas ou Kollas. Outros artigos peculiares são destinados a promover bem-estar, afeto, perspicácia, prosperidade e uma existência prolongada para aqueles que creem na possível influência desses produtos. Entre os produtos mais comercializados nessas lojas, encontram-se ervas originárias do Brasil e do Peru, supostamente benéficas para a vida amorosa.

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A despeito da grande maioria dos cidadãos bolivianos professar o catolicismo, a prática do cristianismo é rara entre eles. Em vez disso, os habitantes seguem práticas ancestrais e buscam orientação com videntes, curandeiros e especialistas em ocultismo, conhecidos como yatiri. Esses praticantes das artes místicas podem ser prontamente identificados na multidão por seus chapéus escuros e bolsas repletas de folhas de coca. Eles interpretam o destino das pessoas através da leitura das mãos e comercializam uma variedade de amuletos e talismãs, prometendo atrair boa sorte, beleza e fertilidade.

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Por um determinado valor, esses praticantes do vodu lançam encantamentos sobre os inimigos daqueles que desejam prejudicar outras pessoas ou realizam rituais para garantir que seus filhos obtenham boas notas na escola, ou para concretizar qualquer desejo que alguém possa ter. Alguns desses curandeiros comercializam elixires e feitiços pré-fabricados para abordar uma variedade de questões de saúde ou para causar danos a alguém. Entre os itens mais notáveis encontrados nesse mercado estão os fetos de lhamas mumificados. Segundo a crença local, as famílias devem fazer uma oferenda à deusa andina Pachamama, a Mãe Terra, enterrando um feto de lhama sob os alicerces de suas novas moradias como meio de obter proteção, saúde e boa fortuna. Geralmente, essas oferendas são acompanhadas de bebidas destiladas, folhas de coca, tabaco e dinheiro. Em algumas ocasiões, os fetos de lhamas são incinerados junto com folhas de coca para atrair as bênçãos da deusa.

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No entanto, a tradição original estipula que somente se considera válido o feto de lhama proveniente de um sacrifício da mãe que, posteriormente, se descobre estar grávida. Este feto é considerado uma "representação de pureza e inocência". Acredita-se que quase todas as residências na Bolívia abrigam um feto desse tipo enterrado sob suas fundações. Os vendedores argumentam que esses fetos não são sacrificados intencionalmente para a prática dessa tradição, sendo, em grande parte, resultado de abortos naturais. No entanto, dado o número significativo desses fetos utilizados, é difícil não questionar essa afirmação.

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Os rituais de sacrifício de animais são uma prática bastante difundida na Bolívia e desempenham um papel significativo em diversas cerimônias bolivianas. Por exemplo, anualmente, os mineiros sacrificam lhamas como uma oferenda a El Tio, o governante do mundo subterrâneo. O sangue do animal é então derramado na entrada da mina, sobre as máquinas e nos depósitos minerais. Esta é a razão pela qual é possível encontrar fetos de lhamas de variados tamanhos disponíveis no Mercado das Feiticeiras.

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Recentemente, as principais pessoas que frequentam as lojas do Mercado das Feiticeiras não são os habitantes locais em busca de soluções alternativas para suas questões de saúde e espirituais, mas, sim, os visitantes que adquirem os produtos mais extravagantes como souvenires, assim como as poções mágicas.

REFERENCIAS:  https://www.amusingplanet.com

                        https://es.wikipedia.org/

                        https://www.atlasobscura.com