TEMAS INEXPLICADOS

O misterioso caso do 'fantasma de Enfield', o fenômeno paranormal mais bem documentado do Reino Unido

fanenfield topo23/06/2018 - Até hoje, muitos acreditam que o fenômeno ocorrido com a família Hodgson se tratava realmente de um fantasma, ou poltergeist. O endereço 284 Green Street, em Enfield, no norte de Londres se tornou conhecido por uma razão macabra: é o local de atividade do poltergeist melhor documentado do Reino Unido. A palavra poltergeist - utilizada em inglês e conhecida em todo o mundo por causa do filme de terror Poltergeist - O Fenômeno, de 1982 - vem do alemão. Poltern é um verbo que significa fazer barulho e Geist, um substantivo que significa fantasma.

Durante 18 meses, começando no verão de 1977, Peggy Hodgson, seus quatro filhos e mais de 30 testemunhas presenciais (incluindo vizinhos, detetives de fenômenos paranormais e jornalistas) viram e ouviram, dentro da casa da família, incidentes em que havia móveis em movimento e objetos voando sem razão aparente, ruídos inexplicáveis e até levitação. A história atraiu o casal americano Ed e Lorraine Warren, investigadores de fenômenos paranormais retratados na série de filmes A Invocação do Mal. O enigma de Enfield é mostrado no segundo filme da série.

Na época, os fenômenos se concentraram nas filhas de Peggy, Janet e Margaret Hodgson. Em alguns momentos, Janet, que tinha apenas 11 anos, falava inexplicavelmente com uma voz misteriosa e rouca. A BBC reuniu três das testemunhas de primeira mão do mistério, que ficou conhecido como "O poltergeist de Enfield". Com a ajuda deles e de outros depoimentos da época, nossa reportagem reconta os fatos.

A penteadeira que se movia

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Na noite de 31 de agosto de 1977, Peggy Hodgson entrou no quarto de seus filhos e viu uma penteadeira movendo-se sozinha. "Eu não conseguia acreditar. Cheguei a empurrar (a penteadeira) duas vezes, mas na terceira vez não consegui movê-la", relembra, em uma entrevista gravada na época. O estranho episódio foi acompanhado de repetidos barulhos de batidas. Com medo, Hodgson pediu que um de seus filhos fosse chamar seu vizinho, Vic Nottingham. "Escutei as batidas quando entrava pela porta principal. Andei por toda a casa e não consegui entender o que estava acontecendo. Por isso, imaginei que só havia uma coisa a fazer: chamar a polícia", disse, também em depoimento na época.

A policial Carolyn Heeps foi a primeira a chegar ao local, e viu uma cadeira deslizar, sem explicação, pelo quarto. "A cadeira se levantou cerca de 1,5 cm do chão, e deslizou aproximadamente 1 a 1,2 metros para a direita, antes de parar", descreveu. No entanto, assim como Peggy Hodgson e Vic Nottingham, Heeps não sabia o que fazer.

As primeiras fotos

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O fotojornalista Graham Morris, que na época trabalhava para o jornal Daily Mirror, ainda se lembra do que aconteceu quando ele recebeu um telefonema de seu editor e foi enviado à casa dos Hodgson para um trabalho que, segundo ele, "mudou sua vida". Para ele, era claro que os acontecimentos estranhos ocorriam quando as crianças estavam em casa - especialmente Janet. Ao chegar na casa, ele parou na penumbra da cozinha enquanto adultos levavam, uma a uma, as crianças, que estavam dormindo.

"A última a entrar foi Janet. De repente, os objetos simplesmente começaram a voar... um pedaço de Lego, inclusive, me atingiu no olho direito".

Até hoje, Morris se diz convencido de que os objetos da cozinha não foram atirados nem levantados por ninguém. Ele diz ter se posicionado na esquina do cômodo para ter uma visão clara de todas as pessoas que estavam ali. "Nenhuma delas estava fazendo nada", afirma. Em uma das sequências de fotos que fez na casa, ele mostra um momento em que Janet "levitava" em seu quarto.

"Na imagem principal, ela estava no ar, no momento em que voava. E havia subido deitada com a boca para baixo", descreve.

Os investigadores de fenômenos paranormais

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Maurice Grosse, membro da Sociedade para a Investigação Psíquica, coordenou a investigação do que estava ocorrendo na casa dos Hodgson.

"Eu mesmo vi bolas de gude se movendo de um lado para outro. Vi a porta se mover sem ajuda. E senti uma diminuição na temperatura sem explicação", disse, em entrevista na época.

No início de novembro de 1977, ele confrontou a suposta presença na sala de estar.

"Quando perguntei: 'Você está brincando comigo?', me atirou uma caixa de papelão e uma almofada na cara."

No ano seguinte, o casal de americanos Ed e Lorraine Warren, que se consideravam demonologistas, também visitaram a casa e gravaram entrevistas com os Hodgson e outras imagens dos fenômenos aparentemente sobrenaturais. Richard Grosse, o filho de Maurice Grosse, era um advogado recém-formado quando começou o caso do poltergeist de Enfield. Como tal, ele é provavelmente o único membro da Sociedade de Direito inglesa que pode dizer que interrogou um fantasma.

"Todos os dias, no café da manhã, meu pai me mostrava uma ou duas das fitas cassete que ele tinha gravado (na casa)", diz à BBC News.

"Elas começavam com barulhos e batidas. Em seguida, as batidas respondiam ao interrogatório."

Quando o suposto fantasma começou a falar, Richard se tornou seu interlocutor.

A repórter de rádio da BBC

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Durante a investigação de Maurice Grosse, a repórter da BBC Rosalind Morris cobriu o caso para programas de rádio. Uma noite, ela e Grosse fizeram uma vigília noturna na casa enquanto a família dormia.

"Depois que as meninas foram dormir, ouvimos um barulho enorme vindo de seu quarto, no andar de cima", relembra.

Morris subiu as escadas e parecia que alguma coisa tinha empurrado uma cadeira para o outro lado do quarto - a uma distância de 2,7 metros de onde o móvel estava. Para ela, era impossível que as duas crianças, que estavam dormindo na cama, tivessem feito isso. Na época, Morris declarou que "estava convencida" de que "algo" tinha sido responsável.

A voz do 'fantasma'

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Uma voz rouca e masculina começou a ser ouvida quando as crianças estavam em algum cômodo. Ela parecia emanar de trás de Janet Hodgson, que dizia que a voz vinha da parte posterior de seu pescoço. A voz se identificou como um antigo morador da casa, Bill Wilkins, que morreu aos 72 anos de idade. Interrogado por Richard Grosse, ele disse que morreu de uma hemorragia. "Morri em uma cadeira que ficava em um canto do andar de baixo", afirmou. Quando lhe perguntaram por que Janet não podia vê-lo, a voz respondeu: "Sou invisível... porque sou um G.H.O.S.T. (a palavra fantasma, em inglês, soletrada)". A história de sua morte foi corroborada mais tarde por Terry, o filho do ex-morador da casa que, de fato, se chamava Wilkins.

Muitos acreditam que o "poltergeist" foi invenção das duas filhas adolescentes de Peggy Hodgson. Janet e Margaret Hodgson, as duas crianças no centro do caso, foram entrevistadas recentemente sobre suas experiências. De acordo com Margaret, "todos estávamos em um estado terrível, muito assustados e cansados, e isso piorou na medida em que passava o tempo". Já Janet diz que foi "usada e abusada, houve levitação, vozes e depois... a cortina que se enrolou no meu pescoço. Isso foi muito perigoso e me fez perceber que aquilo podia me matar".

Era realmente um poltergeist?

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Muitos acreditam que a família inventou tudo, usando truques básicos de magia, para conseguir uma casa nova e maior. Maurice Grosse chegou a ser criticado, depois de dizer que acreditava que parte dos fenômenos era brincadeira das meninas - Janet chegou a ser "pega na mentira" em alguns vídeos - mas que havia elementos genuínos que indicavam uma presença sobrenatural. Peggy Hodgson era uma mãe solteira com quatro filhos pequenos, mas Rosalind Morris não acredita que uma casa melhor tenha sido sua motivação.

"Ela achava que sua casa era boa, e ficou nela: foi o local onde ela morreu, em 2003", afirma.

A jornalista admite que, no início, ela mesma era extremamente cética em relação ao fenômeno e buscava diversas maneiras de explicar o "truque". No entanto, Hodgson lhe pareceu sincera e "muito assustada".

Richard Grosse também não acredita que o motivo da família pudesse ter sido financeiro: "Eles nunca ganharam dinheiro com isso". Ele também rejeita as afirmações de que Janet Hodgson sofria de Síndrome de Tourette - transtorno neuropsiquiátrico que pode se caracterizar por tiques vocais esporádicos.

"Quando a voz (que parecia vir da garota) começava, ela falava sem parar por duas, três horas", afirma.

Seu pai, Maurice Grosse, também não acreditava na possibilidade de que a menina estivesse fazendo um truque de ventriloquismo. "Manter esse tipo particular de voz por um período de tempo sem machucar as cordas vocais é absolutamente impossível", diz. Janet, por sua vez, mantém uma atitude firme diante dos céticos. "Não me importa o que pensem. Eu sei o que aconteceu e sei que foi real."

Até hoje não há uma explicação científica universalmente aceita para o caso de Enfield - que foi tema de diversos filmes e livros. A atividade do "poltergeist de Enfield", que começou em agosto de 1977, chegou ao fim em 1979. Em um balanço do caso, Rosalind Morris explica que "há um ponto de vista espiritual sobre o que aconteceu - que tem a ver com fantasmas e forças externas - e uma teoria sobre forças interiores, baseada na psicologia junguiana".

"Esta última diz que o que gera esta energia é uma pessoa jovem que está com problemas, muitas vezes relacionados à puberdade. Janet estava exatamente nesta fase da vida."

"Não sei o que causou isso. Só sei que algo muito estranho estava acontecendo", diz, em entrevista à BBC News.

Até hoje, não se sabe qual a explicação científica para o que ocorreu no endereço 284 Green Street, em Enfield, durante o verão de 1977.

 

O Caso Poltergeist de Enfield: A Verdadeira História de Invocação do Mal 2

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Quando Tudo Começou? Verão de 1977 no município de Enfield, Grande Londres, Reino Unido. Peggy Hodgson põe dois de seus quatro filhos para dormir. Esta quente e tudo parece presagiar outra longa e tranquila noite de sono. Mas algo aconteceu naquela noite, algo que foi o começo de uma longa e terrível temporada de acontecimentos tidos como paranormais que, ainda hoje, seguem sem explicação. A senhora Hodgson era uma divorciada de 40 anos que vivia com seus filhos em uma bonita casa anexa em um popular bairro operário de Enfield. Seus quatro filhos se chamavam: Margareth, de 13 anos; Janet, de 11; Jhonny, de 10, e Billy; de 7 anos. Naquela madrugada de 30 de agosto de 1977, os gritos de seus filhos Jhonny e Janet acordaram Peggy e esta alarmada, subiu até o quarto. Tudo estava calmo, mas seus filhos, entre soluços, contaram a sua mamãe que a cama de Janet havia começado a se mover por si só e Peggy, achando que se tratava apenas de um pesadelo, acalmou os garotos e ficou com eles até que voltassem a dormir.

Na noite seguinte, as crianças voltaram a gritar e nessa ocasião, relatam a sua mãe como depois de fortes ruídos, uma cadeira que estava em um canto do quarto começou a se mover sozinha. Peggy segue sem ver nada estranho na habitação e para tranquilizar às crianças, trata de levar a cadeira ao seu quarto, mas quando apaga a luz e está prestes a sair do dormitório das crianças, ela mesma escuta fortes ruídos procedentes do piso.

Ela acende novamente a luz e observa que tudo está em ordem; as crianças estão na cama e todos os móveis em seus lugares. Volta a apagar a luz e os ruídos seguidos de fortes pancadas começam de novo a soar...Ao acender de novo a luz, contempla assombrada como uma enorme cômoda que estava encostado contra uma parede lateral, se moveu dois palmos...Peggy, começa a suspeitar que o ocorrido não é uma coisa da imaginação das crianças. Ela volta a pôr a cômoda em seu lugar e apenas ao dar às costas, o móvel volta a se arrastar por si só até a posição anterior. Desta vez com a luz acesa e ante seus olhos.

Buscando Ajuda com os Vizinhos

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O medo se apodera imediatamente da senhora Hodgson que sem pensar duas vezes, tira os filhos da habitação e sai em busca de auxílio nas proximidades. Um grupo de vizinhos revistam a casa e o jardim em busca de algum possível intruso que estivesse causando os ruídos que Peggy lhes relatou completamente horrorizada, mas não encontram ninguém. Em vez disso, quando estão tranquilizando Peggy, todos escutam as pancadas que ocorrem em curtos intervalos e que provêm do interior da casa. Ato seguido, chamam à polícia que, em uma ata de serviço surpreendente, um policial deu testemunho em declaração escrita, de como uma cadeira se movia inexplicavelmente pela casa e como escutavam batidas de procedência desconhecida.

Durante os seguintes dias, os acontecimentos continuaram. Móveis que se mexiam sozinhos, brinquedos que volitavam pela habitação das crianças...

A Imprensa Descobre o Caso e Ajuda

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Os acontecimentos chegam à imprensa e o diário Daily Mirror envia uma equipe de experimentados repórteres para investigar o caso. Ali, a equipe do jornal pôde contemplar os acontecimentos inexplicáveis. Uma peça de lego saiu disparada e atingiu a testa do fotógrafo do Daily Mirror, Graham Morris quando este tentava tomar uma foto. A BBC foi até à casa, mas a equipe constatou que os componentes de metal de seus equipamentos de gravação, haviam sido entortados e as gravações apagadas. O repórter George Fallows, vendo que a coisa não era uma brincadeira, pôs a Peggy em contato com Maurice Grosse, membro da Society for Psychical Research.

Depois de uma semana sofrendo todo tipo de efeitos poltergeist inexplicáveis, em 5 de setembro chega à casa Grosse e os acontecimentos pausam durante os seguintes três dias até que, ao cair da noite do dia 8, retomam os som de pancadas procedentes da habitação de Janet. O pesquisador junto aos jornalistas subiram as escadas e ao abrir a porta do quarto, encontraram a Janet dormindo em sua cama e ao seu lado, uma cadeira levitando no ar a mais de meio metro de altura.

Imediatamente a cadeira baixou até seu lugar e não voltou a se mover até uma hora mais tarde, quando voltou a repetir o mesmo efeito. Desta vez o fotógrafo Morris capturou o acontecimento com sua câmera. Nesse mesmo momento, Grosse e seus acompanhantes puderam ver como as portas dos armários se abriram por si mesmas e como um brinquedo cruzou o quarto de um lado a outro suspenso no ar. Grosse também notou uma brisa fria percorrendo todo o seu corpo.

Dois dias mais tarde, o caso Enfield era capa do jornal Daily e todos os meios fizeram eco da notícia. Inclusive naquele mesmo dia, Grosse e a senhora Hodgson participaram em um programa de televisão. Grosse chegou a se comunicar em várias sessões com as supostas entidades inteligentes que estavam atormentando à família. As perguntas de Grosse eram respondidas com toques onde uma pancada queria dizer "sim" e duas para dizer "não". Grosse perguntou à entidade que afirmava ter morrido na casa, por quantos anos teria morado ali, ao que soaram 53 batidas. O parapsicólogo Guy Lyon Playfair se uniu à investigação de Maurice Grosse e os dois passaram os dois anos seguintes estudando o caso.

Janet Hodgson disse que ela e sua irmã Margaret estavam jogado com um tabuleiro Ouija pouco antes do início da atividade sobrenatural.

Alguns dos Acontecimento na Casa

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Mesmo com vários investigadores, polícia e vizinhos diretamente envolvidos, os acontecimentos continuaram e inclusive chegaram a se converter em algo bastante perigoso para a família.

- Os objetos que se moviam ou desapareciam mudando de lugar
- interferências elétricas avariavam os sistemas de gravação dos repórteres
- poças d'água que apareciam sem motivo algum
- móveis que eram lançados escadas abaixo ou gavetas que saíam disparadas de seus lugares. Qualquer objeto da casa era suscetível de sair voando a qualquer momento, com o perigo de chocar contra alguém na sua rota...
- De vez em quando, focos de incêndio surgiam do nada e do mesmo modo, se extinguiam sem deixar marca alguma de queimaduras

Janet: O Principal Foco

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Janet era o principal alvo das manifestações. Quando entrava nesses transes, era preciso que segurassem forte a Janet porque ela adquiria uma força descomunal para uma criança de apenas 11 anos. Às vezes saía correndo e chocava a cabeça contra a parede enquanto praguejava e amaldiçoava com sua verborreia sórdida. Uma vez inclusive derrubou de um só golpe a um assistente social que era ex -policial e muito corpulento, ao tentar tranquilizá-la junto a sua cama.

Alguns dos eventos mais marcantes ocorridos com ela:

- Estrangulamento pela Cortina: Em uma ocasião, Janet afirmou que a cortina próxima a sua cama se retorceu várias vezes em espiral para depois se enrolar em seu pescoço tentando estrangulá-la. Segundo contou Janet, tudo isso depois de sentir uma força invisível puxá-la da cama e jogá-la contra às cortinas e ante a presença de sua mãe.

- Dormindo no Móvel: Certa noite em que se encontrava em mau estado, um médico lhe administrou 10 miligramas de Valium (Diazepam), que em condições normais é algo excessivo para qualquer criança. Ao lhe injetar o tranquilizante, puderam ver como saía dela uma luz suave. Deitaram-na em sua cama e todos ficaram no salão do andar térreo. Quarenta minutos depois, escutaram o som de uma forte explosão que procedia da habitação da criança. Quando abriram à porta, viram que Janet não estava na cama, ela havia sido lançada sobre uma cômoda que se encontrava a três metros de distância e permanecia sobre ela, completamente desacordada. O mesmo voltou a se repetir 3 vezes mais naquela noite.

- A Levitação: Quando a imprensa descobriu o caso, o Daily Mirror enviou o repórter Graham Morris para o local para testemunhar os acontecimento. E ele fez uma das fotos mais famosas: a levitação de Janet. Graham estava no quarto das meninas junto a mãe das mesmas quando Janet foi atirada de sua cama pela "entidade". Nesse momento ele fez a imagem e foi essa imagem e seus relatos que convenceram a Sociedade de Pesquisas Psíquicas a enviar Maurice Grosse para investigar o caso.

As Mudanças de Voz de Janet

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Outro dos fenômenos que costumava ocorrer era a mudança na voz da pequena Janet, que contava com 11 anos na época dos acontecimentos. De sua garganta saíam às vezes, uma voz áspera e masculina que dizia pertencer a várias entidades e que costumava falar em linguagem Inapropriada e obscena. Quando isso acontecia, a pequena Janet entrava em uma espécie de transe. Uma das vozes afirmava pertencer a um homem que havia morrido naquela casa.

Assombrosamente, a voz voz rouca masculina entregou uma mensagem de além-túmulo, descrevendo em detalhes o momento de sua morte. "Apenas antes de eu morrer, eu fiquei cego, e então eu tive uma hemorragia e eu adormeci e eu morri na cadeira no canto sob às escadas", disse a tal voz.

A voz misteriosa - que ainda pode ser ouvida em áudio hoje em dia - é supostamente a de Bill Wilkins, vários anos após a sua morte.

Psiquiatras e doutores locais estudaram Janet, que parecia ser o epicentro dos fenômenos e inclusive, chegaram a realizar estudos laringográficos para descartar que as vozes que saíam de sua garganta não tinham sido fabricadas conscientemente por ela mesma.

Como tudo Terminou?

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Janet passou seis semanas no Maudsley Hospital no Sul de Londres onde realizou provas precisas para detectar qualquer anomalia tanto física como mental, mas não foi encontrado nada. Durante esse tempo a atividade poltergeist da casa cessou completamente. Janet Hodgson acredita que foi a visita de um padre 1978 a casa acalmou as coisas, embora as ocorrências não tenham terminado completamente. Em 1980, Guy Lyon Playfair publicou o livro This House is Haunted: The True Story of the Enfield Poltergeist, contando toda a história.

A senhora Peggy continuou morando na casa até a sua morte e disse que ainda ouvia barulhos na casa de vez em quando. Seu filho Billy, que viveu com sua mãe até seu falecimento, sempre sentia como se estivesse sendo vigiado. Atualmente, Clare Bennett vive na mesma casa com seus 4 filhos e diz ter a sensação de sempre estar sendo observada... Agora com 45 anos, Janet vive em Essex com o marido, um leiteiro aposentado.

O que Dizem os Céticos

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Dois especialistas da Sociedade de Pesquisas Psíquicas (SPR) pegaram as crianças dobrando colheres. Eles também acharam estranho porque ninguém era permitido no quarto quando Janet estava falando em sua voz de possuído, que era supostamente a de Bill Wilkins (entre outros).

O mágico americano Milbourne Christopher investigou o caso, não conseguindo observar qualquer evento que poderia ser chamado de paranormal e ficou perplexo ao sentir que eram atividades suspeitas por parte de Janet. Christopher mais tarde concluiria que "o poltergeist era nada mais do que as travessuras de uma menina que queria causar problemas, e que era muito, muito, inteligente."

O cético Joe Nickell criticou os investigadores paranormais por serem excessivamente crédulos: Ao ouvir uma voz demoníaca supostamente desencarnada, Guy Lyon Playfair observou que, "como sempre os lábios de Janet dificilmente pareciam estar se movendo." Nickell por conseguinte, escreveu que uma avaria no gravador de Grosse fora atribuída à atividade sobrenatural e também o psicólogo e presidente da sociedade para pesquisa psíquica, David Fontana, descreveu como uma ocorrência "que aparentemente desafia às leis da mecânica" era meramente uma peculiar interferência comum nos gravadores mais antigos de modelo tape deck de rolo.

Nickell notou que o suposto poltergeist "tendia a agir apenas quando não estava sendo vigiado" e concluiu que os incidentes seriam melhor explicados como brincadeiras infantis. De acordo com Nickell:

"Certa vez e novamente, em mais um surto 'poltergeist', testemunhas relataram um objeto saltando do lugar de onde repousava, supostamente por conta própria, quando é provável que o perpetrador teria obtido secretamente o objeto em algum momento mais cedo e esperado por uma oportunidade para arremessá-lo, mesmo quando do lado de fora do quarto, assim, supostamente provando que ele ou ela era inocente."

Nickell afirma que uma câmera fotográfica de controle remoto (o fotógrafo não estava presente na sala com as meninas) programada para tomar uma foto a cada 15 segundos, que supostamente "registrou atividade poltergeist em movimento pela primeira vez", foi apresentada pelo investigador Melvin Harris apenas para revelar as travessuras da menina.

Uma foto supostamente representando Janet levitando, na verdade, mostra ela saltando em cima da cama, como se fosse um trampolim. Harris chamou as fotos de exemplos comuns de "ginástica", e disse:"É bom lembrar que Janet era uma campeã de esportes na escola!" Nickell também escreveu que o demonologista Ed Warren (O mesmo da boneca Anabelle) era "notório por exagerar e até mesmo distorcer tais casos, frequentemente transformando um fenômeno 'assombrado' em um incidente de possessão 'demoníaca'."

A Confissão das Irmãs

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Segundo a Wikipédia, em uma entrevista ao Daily Mail, a adulta Janet admitiu que ela e sua irmã haviam falsificado "2 por cento" dos fenômenos, o que levou Nickell a comentar que "as evidências sugerem que esse número já chega aos 100 por cento."

Em 1980, ela disse a ITV News: "Ah, sim, uma ou duas vezes (que falsificaram os fenômenos), só para ver se o Sr. Grosse e o Sr. Playfair iriam nos pegar. Eles sempre pegaram."

Durante uma entrevista de Margaret e Janet Hodgson que foi ao ar como parte de um especial de TV em 1980, Janet é perguntada como se sente ao ser assombrada por um poltergeist. "Não é assombrado" Janet responde sorrindo. Sua irmã sorri com espanto, como se Janet apenas deu-se um segredo, e sussurra: "Cale a boca!" através de risos abafados. Janet disse mais tarde que ela não se sentia que o poltergeist estava mal, o que significa que a casa não era necessariamente "mal-assombrada."

Garotas passam por mudanças hormonais extremas durante a adolescência e por isso gastam muita energia emocional. Toda essa turbulência física e emocional parece facilitar um outro fenômeno psíquico: a telecinese (capacidade de controlar diretamente o ambiente com o pensamento), que pode ser uma capacidade humana reprimida. Sendo assim, essas adolescentes estariam lançando, inconscientemente, rajadas de energia telecinética no ambiente, liberando suas frustrações, medos e anseios contidos. Elas mesmas podem nem perceber que estão causando isso tudo, e passado o período dessas mudanças hormonais, tudo voltaria ao normal. Outra possibilidade seria que uma certa entidade "usasse" dessa energia em excesso da garota para gerar tais fenômenos, e quando essa energia acabava (passava o pico hormonal), a entidade ficaria igualmente sem força e a atividade cessaria.

O Filme Invocação do Mal 2

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Com um caso desses é claro que a industria cinematográfica não ia deixar passar em branco. Na Inglaterra, local do acontecido, muitos programas de TV e séries foram exibidos ao longo dos anos seguintes e até recentemente. Em 2015 a série The Enfield Haunting com 3 episódios foi exibida naquele pais.

Resumindo, o caso era bem conhecido na Inglaterra e por alguns investigados ao redor do mundo. Só que tudo isso mudaria quando fio anunciado que o filme Invocação do Mal 2 seria baseado no caso do fantasma de Enfield.

Sinopse: Sete anos após os eventos de Invocação do Mal (2013), Lorraine (Vera Farmiga) e Ed Warren (Patrick Wilson) desembarcam na Inglaterra para ajudar uma família atormentada por uma manifestação poltergeist na filha. A trama é baseada no caso Enfield Poltergeist, registrado no final da década de 1970. Além disso é divulgado que a história vem dos "verdadeiros arquivos de casos de Ed e Lorraine Warren".

Só que a verdadeira Janet não gostou nada quando soube do filme. Ela disse em entrevista que seu pai havia acabado de morrer e o filme iria trazer a tona todo o caso novamente...


Tem Algo Errado Nessa História

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Há apenas um problema: Guy Lyon Playfair, membro da Sociedade de Pesquisas Psíquicas e um dos principais investigadores do caso Enfield Poltergeist, diz que os controversos pesquisadores paranormais Ed e Lorraine Warren não estavam envolvidos no caso! Ele diz que eles chegaram "sem serem convidados", hospedaram-se por apenas um dia, e alega que eles fabricaram suas próprias evidências paranormais simplesmente para "fazer dinheiro com isso."!

Ele disse tudo isso em uma entrevista para a Darkness Radio apresentadca por Dave Schradera, que foi ao ar na noite do dia 31/12/2015. Você podia ouvir até um tempo atrás a entrevista neste link, mas então ela foi retirada do ar. Abaixo estão transcritos as partes mais relevantes:

- Dave Schrader: Mr. Playfair, tenho certeza que você está familiarizado com Ed e Lorraine Warren e sua pesquisa e trabalho. Será que eles já trabalharam junto com a Sociedade de Pesquisas Psíquicas?

-Guy Lyon Playfair: Não. Encontrei Ed Warren uma ou duas vezes, e Lorraine ... e eu tenho a impressão de que Ed Warren era, bem .. (risos) preencha seu próprio palavrão. Eu não fiquei impressionado. Lorraine ainda está viva, então eu vou me abster de comentar sobre ela, mas ela era muito ... muito agradável quando eu a conheci.

Tudo o que posso lembrar é Ed Warren me dizendo que ele poderia fazer um monte de dinheiro para mim. Então eu pensei, "bem isso é tudo que eu preciso saber de você" e eu sai do seu caminho o mais rápido que pude. Eu disse que não fiquei impressionado. Ele não passou... Eu acredito que ele foi lá somente uma vez. E eu li em algum lugar uma transcrição de uma longa entrevista que ele é acusado de arquitetar com uma das meninas - que não consigo lembrar qual - e foi descrito todos os tipos de maravilhosas que eu não acho que nunca aconteceu. Eu acho que ele foi um completo ... um ... bem ... (risos) ... preenche qualquer palavra ...

- Dave: (risos) Eu entendo. Então você não sente que - e, especialmente, nas interações que você teve com ele - você não sente que talvez eles tinham as melhores intenções quando vieram investigar o caso?

- Guy: Não, eles só queriam fazer dinheiro com isso.

- Dave: Okay. Será que - você você já ouviu, ou em sua pesquisa, se deparou com qualquer prova de que Ed ou Lorraine Warren tinha nada a ver com consultoria ou ser uma parte desta investigação?

- Guy: Certamente que não. Ninguém nunca mencionou. Quer dizer, eu não acho que ninguém na família que nunca tinha ouvido falar deles até que eles apareceram. Sem serem convidados. E uh ..

- Dave: Ah, então acabou de sair ...

- Guy: ... ele disse quem ele era, e ele não voltou novamente.

- Dave: Então ele apareceu no local sem ser convidado, e só apareceu para tentar inserir-se na história, é o que você quer dizer?

- Guy: Isso é o que eu me lembro, sim.

- Dave: Ok, fascinante.

- Guy: Foi bastante breve. Ele era apenas um .. tivemos tantas pessoas indo e vindo. Quer dizer, eu lembro do um dia que ele chegou. Acho Lorraine estava lá também - Eu também os conheceu no Brasil. Eles parecem que apareciam em todo o lugar. Esimplesmente não foi grande coisa. Quer dizer, eu tive uma breve conversa com Ed em Enfield, e como eu disse, ele estava me dizendo quanto dinheiro ele iria me ajudar a fazer, e eu educadamente recusei sua ajuda, e disse que não era assim que trabalhavam na SPR, e que foi a última vez que o vi.

As alegações não devem causar qualquer surpresa para aqueles que tenho tido mesmo um breve olhar sobre o caso Poltergeist Enfield, pois não há registro real do envolvimento de Ed e Lorraine, exceto por conta própria.

Greg Newkirk, do site Week in Weird, resolveu pesquisar por que um estúdio escolheu o caso Enfield para a sequencia de Invocação do Mal, uma fez que Ed e Lorraine trabalharam em casos como Amityville, escreveram 6 livros, e participaram de outros sete. Por que resolveram dramatizar uma história em que eles foram meros coadjuvantes? Ele acredita que provavelmente o estúdio não possui os direitos de seus casos reais.

Na esteira do sucesso de bilheteria do filme original, a Warner Bros. esteve sujeita a uma ação judicial que visava impedi-los de fazer quaisquer sequencias. A ação veio do produtor Tony DeRosa-Grund da Evergreen Media Group, que detinha os direitos para os "arquivos de casos reais de Ed e Lorraine Warren" antes de licenciá-los Warner Bros. Evergreen mídia afirma que a 'New Line estava apenas com os direitos concedidos a "um número muito limitado de casos - ou seja, menos de um por cento (1%) do número total de arquivos - e de histórias da vida dos Warrens, em troca de um preço de compra para cada produção teatral ou a utilização de casos selecionados, bem como utilizar o Sr. DeRosa-Grund como produtor.

De acordo com a Evergreen Media, os Warrens possuem por volta de 8.000 casos, dos quais 25 foram licenciadas como possíveis filmes. Evergreen também afirma que, a fim de contornar o seu acordo de licenciamento, Warner Bros. não tinha os direitos sobre livro "The Demonologist" de 1980, escrito por Gerald Brittle sobre os Warrens, que incluiu breves menções de seus casos, como o caso Annabelle, ganhou um filme, e outro em que Ed e Lorraine afirmam que eles estavam presentes na investigação do fantasma de Enfield. Algo sorrateiro, se for verdade.

Conclusão

Estamos diante de um dos casos mais importante e bem documentados de todos os tempos, o Poltergeist de Enfield. A imprensa britânica, vizinhos, policiais e pesquisadores testemunharam que presenciaram coisas extraordinárias e sem explicação, como objetos flutuando. E não vamos nos esquecer que Maurice Grosse, o principal investigador, era membro da Society for Psychical Research (SPS ou Sociedade para a investigação Psíquica) da Inglaterra que em conjunto com a American Society for Psychical Research (ASPS ou Sociedade para a investigação Psíquica Americana) dos Estados Unidos, são as mais renomadas sociedades de estudos paranormais do mundo.

Todos poderiam ter sido enganados? Sim! Para mim, algumas coisas, como admitido pelas próprias adolescentes Janet e Margareth, foram manipuladas. Isso porque o fenômeno não ocorre quando elas desejavam, assim, na ânsia de brindar as pessoas com eles, ou mesmo na mais pura traquinagem de criança dessa idade, fraudavam as coisas.

E mais, esse caso classicamente se encaixa no tipo de fantasma Poltergeist, que é desencadeado por uma menina entrando na adolescência, e temos duas aqui. Portanto, para mim, sim, aconteceu fenômenos sobrenaturais naquela casa, não todos, mas a maioria foi real. E para finalizar, fiquei muito chocado ao pesquisar e descobrir que os Warren nada tem haver com o caso, que foi todo investigado pela SPR, e que Ed Warren tentou se juntar a investigação para ganhar dinheiro....

Fonte: https://www.bbc.com/
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