HISTÓRIA E CULTURA

O Segredo das Sete Irmãs, a Vergonhosa História do Petróleo - Parte 3

petro topo3"As primeiras diretivas que foram dadas aos líderes militares responsáveis pela intervenção militar foram para controlar as instalações petrolíferas. Foi nessa prioridade que eles deram. E controlar o Ministério do Petróleo, em Bagdad. Pouco depois de Saddam Hussein ser deposto e da intervenção militar, quando as tropas americanas entraram em Bagdad, os ministérios foram todos pilhados.

Mas víamos o Ministério do Petróleo rodeado por veículos blindados. Com muitos fuzileiros em seu redor formando uma zona de tampão. Esse ministério nunca foi tocado e nem sequer aproximado. E, muito menos, destruído pelos manifestantes.

Sete anos após o fim da guerra, a ciade ainda parece estar cercada. Tenho de ser escoltado, quando saio para Paradise Square. Uma nova estátua simboliza aqui a recém descoberta liberdade. Acho-a desinspiradora. Assenta no mesmo pedestal da estátua de Saddam Hussein que foi derrubada no dia 9 de abril de 2003. derrubar um ditador e instituir a democracia? Ou simplesmente iniciar uma guerra pelo petróleo?

Michael Klare, professor e Escritor: "Na mente de Dick Cheney, de George Bush e dos outros, aquilo era uma coincidência de interesses. Que uma vantagem estratégica seria conseguida. eliminando sadam Hussein e coloando um regime pró-americano no poder, no Iraque. E ao mesmo tempo isso colocaria a disposição os campos petrolíferos do Iraque para a exploração por parte de empresas americanas."

Os americanos alegam estar introduzindo uma nova ordem no Oriente Médio e ganhando a guerra ao terror. Mas as ONGs, por sua vez, dão conta que mais de 100 mil vítimas civis. É o caos que impra aqui, agora. Os sunitas, os xiitas, os curdos, a guerra no iraque continua entre milícias sectárias. Na realidade a invasão americana com oseu odor de combustível apenas espalhou o fedor da morte.

Finalmente, chego a cidade que os viajantes chamam "Venesa do sul" , Bassorá. Os canais da "Veneza do Iraque" estão hoje cheios de sujeira, uma sórdida fossa sética. As pessoas sobrevivem aqui sem água potável e a eltricidade é rara. Depoimento de um morador: "Saddam aprimiu-nos durante 36 anos. E os americanos vieram acabar conosco. Ja sofremos há 40 anos."

O petróleo poderá estar novamente a fluir para os merados mundiais sob escolta e controle americano, mas os iraquianos estão apeados. Depoimento de morador: "Como habitual, os americanos estão a bloquear a estrada. De Bagdá a Bassorá não deixam passar nada nem ningém. Onde está o nosso presidente? Ele que venha ver a humilhação que sofremos aqui. E se tentarmos passar, não hesitarão em dar-nos um tiro."

O Iraque sobrevive no caos da "pax americana"; a paz dos homens do petróleo. A segurança é uma prioridade para o regresso das empresas petrolíferas.

Mohamed Ali Zaisy, ex representante Iraque OPEP:" Quando se diz que o Iraque é o Eldorado do petróleo, Isso é mesmo verdade. É na realidade a última fronteira, digamos assim. É a última província que pode ser aberta a empresas petrolíferas internacionais. E elas vem e encontram campos supergigantes que já não existem no resto do mundo."

Chinesas, russas, americanas, mais de 150 empresas debatem-se por uma posição. É a parada é alta, pois os campos petrolíferos do Iraque são as segundas maiores reservas petrolíferas do mundo. Em 2009, foram assinados contratos e os campos petrolíferos de West Qurna, Madjou e Rumeila foram atribuídos à Exxon Mobil, Shell e BP. As Sete Irmãs estão bem presentes. Uma vez mais elas saem beneficiadas. Desde o famoso grupo de caça no castelo de Achnacarry, no dia 28 de agosto de 1928, nunca deixaram de conspirar, planejar e projetar. Basicamente, de manipular o rumo da História mundial.


Safari no Eldorado Negro


Ao som das ondas do Golfo da Guiné, a minha viagem começa no El Dorado negro. No final da década de 1960, as Sete Irmãs, as principais empresas petroliferas, controlavam 85% das reservas de petróleo do mundo. Atualmente, controlam apenas 10%. São precisos, pois, novos "territóros de caça"e os predadores viram as atenções para a África. Com o pico da extração, guerras no oriente Médio e preço de crude cada vez mais alto, a África é o novo campo de batalha da empresas petrolíferas.

Lagos, Nigéria. Nnimmo BAssey, presidente "Friends of The Earth": "Quando o mundo ocidental estava a desenvolver a sua Agricultura e Indústria, precisava de uma fonte de energia. E isso era energia humana. E foram levados escravos da Nigéria, da África. E agora é o petróleo. Do sangue nas veias dos escravos, de africanos até ao petróleo de hoje em dia, é uma história de exploração de um nível a outro. E, francamente, isso tem que acabar."

Tripoli, Libya. Minaretes e chaminés de fogo lutam pela supremacia do céu líbio. O deserto ardente foi autrora chamado de "o fosso de areia". Em 1955, jorrou petróleo petróleo destas dunas; tido pelos homens do petróleo como o melhor do mundo. Finda a Segunda Guerra e sob pressão das empresas petrolíferas americanas, a Grã Bretanha e as Nações Unidas instalaram Idris El Senoussi no trono da Líbia. Em 1959, descobrimos o primeiro.

Choukri Ghanem, ministro Petróleo Líbia: "O petróleo da Líbia era toda a indústria petrolífera líbia era uma indústria americana. Nessa altura, foi a Esso que descobriu o primeiro poço de petróleo., foi a primeira a exportar petróleo. E foi a primeia a produzi-lo. Em menos de três anos, a Líbia começou a produzir mais de um milhão. E, em menos de sete anos, a Líbia atingiu 3,5 milhões de barris por dia. Era um fenômeno."

O reino da Líbia era um paraíso petrolífero, para os maiorais americanos. A contabiliade foi "criativa" ao ponto de a Líbia receber apenas 12 cêntimos por barril. como disseram o prisidente Nixon e os seus conselheiros, em 1968: "O regime do rei Idrizs era estável e seguro porque era corrupto. Verdadeiramente corrupto." Os petroleiros carregados com ouro negro da melhor qualidade. Podiam zarpar sem problemas em direção a costa americana.

Mustapha Fitouri, jornalista e acadêmico: "Creio muito seriamente que o rei Idris era um brinquedo nas mãos das grandes empresas petrolíferas, após a descoberta de petróleo na Líbia. Penso que as sete grandes empresas fizeram o que fizeram como em tantos outro paises."

petrol kilian

 

Muito antes do maiorais, um geólogo francêsm, Conrad Killian, sabia do potencial dos campos petrolíferos da Líbia. Após duas expedições na década de 1920, ele confirmou a existência de petróleo no Sara e no Fezzan líbio. Era o único homem no mundo com um mapa das potenciais reservas de petróleo do Sara.

Em fevereiro de 1941, o general Rommel chegou a Tripoli a frente do Corpo Africano. No mesmo dia, usou os seus tanques contra as posições britânicas, fazendo-as recuar até o Egito. O seu plano de campanha era simples: abrir acesso aos campos petrolíferos do Oriente Médio e unir-se depois a forças alemãs vindas do leste que deveriam apoderar-se de Baku e das suas fabulosas reservas. A guerra nos desertos do norte da África era uma guerra pelo petróleo. Eles falavam de haver petróleo na Líbia. E ironicamente, Itália e Alemanha combatiam contra os Aliados ao mesmo tempo que sofriam de escassez de petróleo, enquanto, sob os seus pés, havia enormes reservas de petróleo. E eles perderam a guerra devido a sua escassez de petróleo.

Emn 1942, liderando as forças francesas livres, o general Leclerc contra atacou as tropas almãs e italianas. Enquanto marchava de êxito em êxito em direção a Tripoli, ele deixou uma pequena guarnição nos oásis do sul da Líbia e Fezzan. Leclerc era um dos poucos líderes franceses que conheciam e acreditavam nos relatos de Conrad Killian. Ele queria estabelecer uma presença francesa no deserto líbio.

No dia 28 de novembro de 1946 e durante uma comissão de inspeção ao longo da fronteira Argélia/Líbia, o avião do general Leclerc caiu perto de Colombes Bechar. Foram encontrados 13 cadáveres, apesar de o manifesto do avião indicar apenas 12 passageiros. O 13º cadáver desapereceu misteriosamente, dando origem a rumores de uma tentativa de assassinato. A determinação do general em dar à França o petróleo sob o deserto líbio talvez tenha levado à sua morte.

Na França, Killian tentou convencer o governo da veracidade das suas descobertas. Mas isso só parecia interessar aos Serviços Secretos britânicos. Talvez até deamais. Foi então que vi o espetáculo do Sr Killian depnedurado no trinco da janela. A cabeça dele estava mais ou menos um palmo abixo do trinco. O tronco estava suspenso com as pernas para frente. Killian foi encontrado enforcado num reles quarto de hotel em Grenoble no dia 19 de abril de 1950, suspenso de um trinco de janela a 1,2 metros do chão. Ele tinha 1,85 metros de altura. Apesar de sinais de golpes, o veredito foi suicídio.

No rescaldo da Segunda Guerra Mundial, a França reconstrói-se. Dominada pelas corporações anglo-saxônicas, precisa obter independência energética. E por isso, vira=se para o seu império colonial. Um punhado de geóogos que talvez se lembrassem de Killian correu o risco de procurar no Saara argelino; um deserto maior que a própria França. Homens da CFP e ERAP, antecessoras da Total e ELF, começaram a longa busca.

Jean-Marie Chevalier, acadêmico: "Para a estratégia petrolífera da França, era importante encontrar petróleo no Império Francês - nas colônias francesas, ou ex-colonias - pois era petróleo que podia ser comprado em francos. Depois de concedida a independência aos paises africanos, eles permaneceram na "zona do franco"; e era importante obter petróleo que se pudesse comprar em francos."

Após quatro anos de perfurações infrutíferas, lá acabou por jorrar petróleo no dia 16 de junho de 1956, em Hassi Messaoud. Três mil metros debaixo da terra esta um dos maiores campos petrolíferos do mundo. Naquele dia de junho, a França tornou-se um grande produtor de petróleo.

Sadek Bousscnah, ex ministro Energia da argélia e ex presidente da OPEP: "Em 1954, a guerra pela independência já começara. E a questão do petróleo levaria o governo francês a repensar a sua estratégia em relação a toda a guerra na Argélia, basicamente. "

Os ataques e motins eufemisticamente chamados "acontecimentos da Argélia" tornaram-se a guerra da Argélia, uma guerra pela independência. Curiosamente, a guerra parece não afetar o Saara. Tropas da Legião Estrangeira acamparam perto dos poços, mas a FNL e os rebeldes argelinos não chagaram a tentar sabotar os poços ou os oleodutos; como se quisessem presevar a sua herança futura e os despojos de guerra.

A descobeta de petróleo mudaria a própria Geografia do país; ao ponto de ter havido até uma proposta do Governo francês feita a FLN em 1957. Na qual o Saara continuaria a ser território francÊs. E haveria um corredor com alguns quilometros de largura, entre Hassi Messaoud e Bejaia, onde todos os oleodutos seriam instlados para transportar o petróleo para o norte. E as zonas a leste e oeste desse corredor formariam uma Argélia independente.

A "questão do petróleo" e a proposta da França de separar o Saara da Argélia, ensombraram todas as tentativas de encontrar uma solução pacífica. Petróleo do Saara alimentava a França e a Europa e a guerra continuou durante quatro longos anos. Até que foram iniciadas conversações entre a França e a FNL, em Evian, e um acordo foi assinado no dia 18 de março de 1962. A Argélia obtinha total soberania sobre o Saara e as suas riquezas em troca de certas garantias quanto ao fornecimento de petróleo a França.

No coração do desernto está Hassi Messaoud. Com os seus 1500 habitantes, capela, esquadra de polícia, padaria, posto de correios e piscina, não são poupados custos na nova capital do petróleo francÊs. Oleandros, palmeiras e eucaliptos crescem ao lado dos 300 poços. São produzidas aqui 14 milhões de toneladas de petróleo e as chamas das chaminés iluminam a noite do deserto. Apesar a independência, Hassi Messauoud permanece um enclave francês explorado por empresas francesas. Os lucros são enormes e a festa esta ao rubro. Mas é a última.

O presidente argelino Boumédienne desliga a música. "Está na hora de aceitarmos as nossas responsabilidades. E decidimos que, a partir do dia de hoje, e particularmente, de um ponto de vista estratégico - assumiremos o controle do nosso negócio do petróleo. Decidimos nacionalizar todos os combustíveis fósseis extraídos dos poços do nosso país."

Na manhã do dia 24 de janeiro de 1971, a França acorda de "ressaca". O presidente argelino atreveu-se a fazer o impensável. Pela primeira vez na história, o petróleo da Argélia é nacionalizado.

Sadek Boussenah, ex ministro da Energia da Argélia, ex-presidente da OPEP: " Houve reações violentas por parte das autoridades e das empresas francesas. Elas viam o Saara e o seu petróleo como tendo sido descoberto por empresas francesas. Como se lher pertencesse. Era essa a estratégia das empresas. E havia muito dinheiro envolvido; era uma grande preocupação. A Argélia era a principal fonte da produção das empresas francesas. E, após a nacionalização, teriam de ir explorar o Mar do Norte e embrenhar-se ainda mais no Golfo da Guiné e na África. Mas antes disso, a Argélia era a principal fonte de produção para as duas grandes empresas: Total e Elf."

Ao contrário da Total, que aceita as novas condições, a ELF abandona a Argélia. Mas a França precisa organizar o seu futuro petrolífero. Dois homens emergem da retaguarda: um ex agente dos serviços secretos gaulista, Pierre Guillaumat, diretor da Elf e Jacqes Foccart, amigo do general De Gaulle e conselheiro em assuntos africanos. A missão deles era clara: encontrar petróleo na África e assegurar a auto-suficiência energética da França.

GAbão. Numa segunda de manhã em abril, aterro no Gabão, no coração da escuridão e da política petrolífera francesa. A avnetura aqui começou em 1956, no pantanoso delta de Port-Gentil, onde o rio Ogoue flui entre florestas de Okoume, mogno e ébano. os primeiros prospectores descobriram petróleo em Ozouri e Pointe Clairette. Um ano mais tarde, o petroleiro Le Ronsart zarpou do terminal de Cabo Lopez em direção a Le Havre.

Casimir Oye Miba, ex preimeiro miistro do Gabão: "As empresas petrolíferas a operarem no Gabão , principalmente a Total Gabão que substituiu a ELF Gabão, são extremamente importantes na Economia do Gabão e nas nossas relações com a França. O papel da Total Gabão vai muito para além do setor petrolífero, em termos absolutos."

petrol gabao

 

É verdade que o Gabão se tornou um protetorado da República Francesa dirigido por Jacques Foccart e pela ELF em conluio com o presidente Omar Bongo. A ELF definiu as suas próprias relações diplomáticas, com a benção do Governo francês. "O Gabão sema França é como um carro sem condutor. A França sem o Gabão é como um carro sem combustível.", terá repetido Bongo, como amigo da França e todos os seus presidentes.

Marc Ona, presidente Brainforest: " Foi a ELF, em conformidade com a política africana da França, que impôs Bongo no GAbão durante 40 anos. É um segredo conhecido. Para poder trabalhar em paz. E quem beneficiou da generosidade? Da generosidade da ELF? Foi Bongo e a sua família. Isso é óbvio, não foi a população em geral. Não encontro desculpas, razões ou juitificações, para não qualificar o que aconteceu no Gabão, em particular, como sendo genocídio enconômico perpetrado pelas multinacionais e pelos líderes gaboneses que foram impostos por essas mesmas multinacionais."

Mas não ficou por ai. A ELF alargou a sua influência a uma grande parte da África negra, criando o que seria conhecido como a "Françáfrica". Nigéria, Chade, Congo, Camarões, Angola...a ELF fundaria diversos regimes e movimentos de guerrilha. Uma diplomacia progmática onde fluiam fundos para todos os paises produtores de petróleo do continente. Com subornos e desfalques, a Elf fez fortunas para os seus executivos e alguns líderes africanos.

Eva Jolyl, magistrada do "Caso Elf": "Retirando os fundos secretos vários milhões de francos, os déspotas africanos e os diretores da ELF fizeram muito mais que desfalques. Criaram miséria. Foi a África que financiou um parte substancial da vida política francesa. Mas no "Caso Elf", esse financiamento representou apenas uma pequena percentagem. O grosso das apropriações indevidas fizeram fortunas para os executivos da ELF e os seus amigos."

Mar, areia e sol africano, o quotidiano dos expatriados do petróleo parece prazenteiro. Mas, num país com poucomais de um milhão de habitantes, a enorme dependência do petróleo torna o quotidiano difícil. O Estado vai pedir ao FMI. O dinheiro do petróleo foi-se. Evaporou-se. Acabou-se a festa. Após oito anos e milhares de audiências e declarações, o "CAso Elf" é concluído. O veredito é conhecido em novembro de 2003. Loic Le Floch Prigent, ex diretor executivo. André Tallaro, o "Sr África" nascido na Córsega e Alfred Sirven, o homem das operações especiais extraditado das Filipinas, são os três condenados a pena de prisão. Pelos seus crimes , a Elf é comprada pela Total. A empresa francesa junta-se ao clube privado das Sete Irmãs.

Tripoli, Líbia. Deixo o GAbão pela Líbia e passeio pela avenida Shari Al Fath ao longo da praia. Este sábado, Tripoli parece uma estância de férias junto ao mar. Mas os trabalhadores migrantes não estão aqui de férias. EStão aqui para construir, e rapidamente. O coronel Muammar Kadaffi, o guia da revolução, ja deu as suas ordens. No dia 1 de setembro de 1969 - como o rei Idris susente para receber tratamento médico - um grupo de oficiais levou a cabo um golpe de Estado e Muammar Kadaffi proclamou um nova República Árabe Líbia. O seu novo líder tinha apenas 27 anos de idade.

"Queremos que os britânicos abandonem a Líbia. Eles não tem qualquer motivo para permancerem no nosso país. É essa decisão do povo líbio."

Para as Sete Irmãs, o vento da mudança trazido pelo coronel Kadaffi não tardaria a atingir proporções de furacão. Em 1970 ele nacionalizou o petróleo líbio. Passados poucos meses, as SEte Irmãs enfrentaram um sério inimigo.

Choukri Ghanem, ministro do petróleo da Líbia

"Kadaffi fez um discurso na abertura do debate. E disse uma importante palavra, ou frase. Disse: "A Líbia viveu 5000 anos sem petróleo e esta pronta para viver mais 5000 sem ele." Isso foi um enorme golpe. As empresas petrolíferas descobriram que estávamos falando sério. E, para provar isso, cortamos a produção das empresas petrolíferas."

Ao largo da costa de Tripoli, no Golfo de Gabes, sou deixado por um helicóptero. O campo petrolífero Bouri é o maior do Mediterrâneo. Kadaffi precisava de dinheiro para pagar a sua revolução. O dinheiro do petróleo sustentaria a lua contra o imperialismo e a causa palestina. Como financiador do terrorismo, Kadaffi embarca numa onda de morte.

Em 1982, os Estados Unidos decretam um embargo comercial contra a Líbia. Regularmente renovado e intensificado, o embargo duraria até 2004 e penalizaria seriamente a indústria petrolífera líbia.

Mustapha Fitouri, jornalista e acadêmico: "Creio que podemos dizer formalmente que a Líbia era o inimigo número 1 das grandes empresas produtoras. Principalmente, das empresas americanas. E uma das acusações contra o país, principalmente nas décadas de 1970 e 1980, era que Kadaffi armado com tanto dinheiro da receita do petróleo, estava a espalhar o terrorismo pelo mundo afora.

Sardinia, Italy. Ao longo da Costa Esmeralda, esta a cidade de Olbia onde as águas turquesas estão apinhadas de iates de luxo pilotados por uns Croesus dos tempos modernos. Tenho um encontro esta manhã com sua excelência o xeque Yamani, uma das figuras mais emblemáticas na História do petróleo árabe.

Cheikh Zaki Yamani, ex-ministro do Petróleo da Arábia Saudita, 1962-1986: "Fui contra aumentar o preço do petróelo tão rapidamente, pois era contra os interesses dos árabes e dos produtores de petróleo. Talvez seja esse o meu crime, não sei. "

petrol carlos

 

No dia 21 de dezembro de 1975, um grupo de seis terroristas armados entrou na sede da OPEP, em Viena. Onze ministros e dezenas de colegas foram feitos reféns. A sua missão era assassinar o ministro do petróleo saudita: o xeque Yamani. Liderando o comando estava um venezuelano: Ilich Ramirez Sanchez, conhecido como Carlos.

Cheikh Zaki Yamani, ex-ministro do Petróleo da Arábia Saudita, 1962-1986: "O Carlos e eu estávamos a falar, brincar e assim. Ele foi muito amável comigo. Mas disse que ia matar-me."

O comando exigiu um avião para voar para Argel e, depois, para Tripoli. Kadaffi recusou-se a aceitá-los e os reféns acabaram por ser libertados em Argel.

Choulzi Ghanem, ministro do petróleo da líbia: "Houve quem dissesse que queriam matar o xeque Yamani por ele estar não mão dos americanos e zelar pelos seus interesses, baixando os preços, aumentando a produção e ajudando a AEI a criar grandes reservas para afetar os preços do petróleo. Algumas pessoas achavam que Yamani trabalhava totalmente contra os interesses do povo árabe, da Palestina e da OPEP. Mas nada aconteceu ao xeque Yamani. Ele foi libertado e nada lhe aconteceu."

Houve um acordo? O xeque Yamani não me diz mais nada. Na sua cela de prisão, Carçps afirmou que Kadaffi foi o investigador da tomada de reféns. Deixo o xeque e vou para o Sudão, no Mar Vermelho. Também aqui, o petróleo alimentou a guerra. Quando o Sudão se tornou independnete, em 1956, a elite árabe do norte tomou o poder em Cartum, no norte, enquanto as regiões do sul foram marginalizadas.

Os povos de africanos negros do sul, critãos e animistas, reclamaram autonomia para a sua região. E assim começou uma guerra civil que duraria quase 20 anos.

Gerard Prumier, Historiador: "Todos pensavam que talvez houvesse petróleo no Sudão, mas ninguém tinha certeza. Isso foi revelado através de explorações feitas pela empresa americana Chevron em finais da década de 1970. E esse foi o início da segunda guerra civil, que durou até 2002. Durou 19 anos. Uma guerra civil que custou 1,5 milhões de vidas. E o negócio do petróleo esteve no cerne da situação."

PARTE 4