CIÊNCIA E TECNOLOGIA

KPC, a Superbactéria

auperba212/04/2011 - A bactéria KPC (Klebsiella Pneumoniae Carbapenemase) , a“superbactéria”, foi identificada pela primeira vez nos Estados Unidos, em 2000, depois de ter sofrido uma mutação genética, que lhe conferiu resistência a múltiplos antibióticos (aos carbapenêmicos, especialmente) e a capacidade de tornar resistentes outras bactérias. Essa característica pode estar diretamente relacionada com o uso indiscriminado ou incorreto de antibióticos. A bactéria KPC pode ser encontrada em fezes, na água, no solo, em vegetais, cereais e frutas. A transmissão ocorre em ambiente hospitalar, através do contato com secreções do paciente infectado, desde que não sejam respeitadas normas básicas de desinfecção e higiene. A KPC pode causar pneumonia, infecções sanguíneas, no trato urinário, em ...

feridas cirúrgicas, enfermidades que podem evoluir para um quadro de infecção generalizada, muitas vezes, mortal. Crianças, idosos, pessoas debilitadas, com doenças crônicas e imunidade baixa ou submetidas a longos períodos de internação hospitalar (dentro ou fora da UTI) correm risco maior de contrair esse tipo de infecção. A resistência aos antibióticos não é um fenômeno novo nem específico da espécie Klebsiella. Felizmente, esses germes multirresistentes não conseguem propagar-se fora do ambiente hospitalar.

Sintomas

Os sintomas são os mesmos de qualquer outra infecção: febre, prostração, dores no corpo, especialmente na bexiga, quando a infecção atinge o trato urinário, e tosse nos episódios de pneumonia.

Diagnóstico

A confirmação do diagnóstico se dá por meio de um exame de laboratório que identifica a presença da bactéria em material retirado do sistema digestivo. Infelizmente, nem todos os hospitais estão suficientemente aparelhados para realizar esse exame.

Prevenção

A prevenção é fundamental no controle da infecção hospitalar. Por isso, todos os pacientes portadores da bactéria KPC, mesmo que assintomáticos, devem ser mantidos em isolamento.

Lavar as mãos com bastante água e sabão e desinfetá-las com álcool em gel são medidas de extrema eficácia para evitar a propagação das bactérias. Esses recursos devem ser utilizados, tanto pelos profissionais de saúde que lidam com os doentes, como pelas visitas.

Outras formas de prevenir a propagação das bactérias incluem o uso sistemático de aventais de mangas compridas, luvas e máscaras descartáveis, sempre que houver contato direto com os pacientes, a desinfecção rotineira dos equipamentos hospitalares e a esterilização dos instrumentos médico-cirúrgicos.

Tratamento

Existem poucas classes de antibióticos que se mostram efetivas para o tratamento das infecções hospitalares pela bactéria KPC. Daí, a importância dos cuidados com a prevenção.

Recomendações

Lave as mãos com frequência, especialmente antes e depois de entrar em contato com pessoas doentes;

* Só tome antibióticos se forem prescritos sob orientação médica;

* Saiba que a maioria das infecções respiratórias não é causada por bactérias, mas, sim, por vírus sobre os quais os antibióticos não exercem nenhum efeito;

* Mantenha as visitas afastadas dos pacientes infectados;

* Higienize as mãos com álcool gel, sempre que possível;

* Esteja atento à nova regulamentação da Anvisa sobre o uso dos antibióticos;

*Procure reduzir ao mínimo necessário as visitas e consultas nos hospitais.


Superbactéria KPC é atual vilã dos hospitais no Brasil

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2010 - Nas últimas semanas, um elevado número de mortes por infecção pela superbactéria KPC assustou os hospitais do país. Até a última sexta-feira (22 de outubro), foram 18 mortes no Distrito Federal, uma no Paraná e outras 22 pessoas infectadas em mais quatro estados.

No Hospital Israelita Albert Einstein, esse tipo de superbactéria tem sido estudada desde 2006, com o objetivo de conhecer seus mecanismos de resistência aos antibióticos disponíveis para tratamento. Felizmente, até agora o Hospital identificou apenas dois casos de colonização por KPC (pacientes portadores da bactéria sem desenvolvimento de infecção), entre janeiro e setembro de 2010.

As superbactérias são micro-organismos que produzem uma substância (enzimas carbapenemases) que inativam os antibióticos, desenvolvendo assim sua resistência. Elas são, atualmente, as grandes vilãs no combate às infecções hospitalares.

A KPC – Klebsiella pneumoniae carbapenemase – é conhecida como sendo do tipo oportunista, ou seja, ataca pacientes com quadros de saúde complicados, vítimas de doenças graves ou que estão com suas defesas diminuídas – como pessoas que passaram por cirurgias, portadores de sondas e catéteres, transplantados de órgãos e indivíduos em tratamento quimioterápico.

Se desenvolverem infecção, esses pacientes geralmente permanecem no hospital por mais tempo e sofrem piora em seu prognóstico, o que pode aumentar o risco de morte.

A resistência antimicrobiana emergiu como um dos principais problemas de saúde pública na última década. Apesar do desenvolvimento e introdução de novos antibióticos, o fenômeno tem apresentado crescimento constante. Por enquanto, as superbactérias se mostram bastante resistentes à maioria dos antibióticos. Por isso, medidas de prevenção e de controle são extremamente importantes para os hospitais.

Meios de contaminação

As superbactérias podem se disseminar no ambiente hospitalar, em geral, por meio da transmissão cruzada entre pacientes. Isso é, são transportadas de um paciente a outro por meio das mãos dos profissionais de saúde. A contaminação do local, especialmente por meio dos equipamentos e superfícies próximas ao paciente, também pode contribuir para essa transmissão.

Uma característica importante da KPC é que, além de se multiplicar com rapidez, ela tem a capacidade de transmitir para outras bactérias o gene produtor da enzima, que destrói os antibióticos.

Tratamento e prevenção

De acordo com a médica infectologista e coordenadora do Serviço de Controle de Infecção Hospitalar do Hospital Israelita Albert Einstein, Dra. Luci Correa, o uso abusivo de antibióticos para tratamento de infecções em geral pode deixar as bactérias ainda mais resistentes.

"É importante entender que bactérias causadoras de infecções possuem uma notável habilidade para desenvolver mutações em seus genes ou para adquirir genes provenientes de outros germes. É dessa forma que desenvolvem resistência aos antimicrobianos. As estratégias de prevenção são fundamentais para impedir a disseminação dessas bactérias. As principais são: higiene das mãos dos profissionais de saúde, limpeza adequada do ambiente e uso racional de antibióticos", explica a médica.

Hospital Israelita Albert Einstein

Enquanto os medicamentos capazes de inibir e conter o avanço das superbactérias são pesquisados, o Einstein investe constantemente em programas e métodos de prevenção de infecções.

Para cada tipo de infecção existe um pacote específico de medidas preventivas e diferentes estratégias de vigilância. No caso da KPC, uma importante e eficaz medida utilizada em todos os casos identificados é o isolamento do paciente, ou seja, a permanência individualizada em seu quarto, com utilização de luvas e avental pela equipe que realiza o atendimento, dando maior segurança aos outros pacientes da instituição.

Como a transmissão de micro-organismos pelas mãos é a causa mais frequente de contaminação, todos os profissionais passam por treinamento periódico sobre a importância da higienização adequada e constante das mãos.

Os agentes de limpeza do ambiente também são treinados. E visando sempre à prevenção de infecções, os materiais e equipamentos utilizados no processo de higienização permitem uma limpeza ambiental efetiva e rigorosa.

No Einstein, essas e outras inúmeras medidas – como a realização de exames microbiológicos de vigilância e de auditorias de estrutura e processos, e a racionalização do uso de antimicrobianos – são implantadas pelo Serviço de Controle de Infecção Hospitalar a fim de diminuir fatores de risco, oferecer segurança aos pacientes e clientes do hospital e prevenir o surgimento de micro-organismos resistentes.


Respondemos 13 dúvidas sobre a superbactéria KPC


Por Ana, Maria Madeira, 28/10/2010 - Desde o ano passado, a superbactéria KPC (Klebsiella pneumoniae carbapenemase) começou a assustar os pacientes e médicos. De acordo com dados da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), 24 pessoas infectadas pela superbactéria morreram no Estado de São Paulo desde julho de 2009 - mesmo não se sabendo se todos os casos de morte foram causados pela bactéria. Nesse mesmo período, 70 casos de contaminação foram confirmados.

No Brasil, até o momento, já são 43 mortes associadas à KPC. No Distrito Federal, o número de contaminações é ainda maior - 183 casos, das quais 18 morreram. A KPC já apareceu em vários estados: São Paulo, Ceará, Distrito Federal, Espírito Santo, Minas Gerais, Goiás e Santa Catarina.

A Anvisa prevê multa de R$ 1,5 milhão para farmácias que venderem antibióticos (remédios que atuam principalmente contra bactérias e fungos) sem reter a receita médica. Atualmente, a regra estabelece que o paciente apresente a receita médica, mas ele pode ficar com ela. Isso tudo é para conter o uso indiscriminado desse tipo de medicamento - apontado pelo Ministério da Saúde como um dos fatores do surgimento de organismos resistentes, como a KPC.

Outra resolução da agência obriga clínicas e hospitais a disponibilizarem álcool líquido ou em gel para médicos e enfermeiros limparem as mãos. Mas o que fazer para prevenir-se contra a doença? Quais são os riscos? Confira abaixo 13 dúvidas esclarecidas pela infectologista Ana Cristina Gales, da Unifesp.

1 - O que é a bactéria KPC?

KPC não é o nome da bactéria, mas de uma enzima produzida por ela, que é capaz de inativar os antibióticos mais potentes disponíveis para o tratamento de infecções graves, principalmente aquelas adquiridas no ambiente hospitalar.

2 - Ela é chamada de superbactéria? Por quê?

As superbactérias só são assim denominadas quando produzem uma enzima tão potente capaz de inativar a eficácia de outros antibióticos, limitando, assim, as possíveis opções para o tratamento de infecções graves.

3 - A KPC é uma mutação?

Não se trata de uma mutação. "Ninguém sabe ao certo como a primeira dessas bactérias surgiu, mas acredita-se que o uso dos antibióticos do tipo carbapenens, de uso comum, favoreceu sua aparição, mas ninguém sabe a origem do gene, nem como isto ocorreu exatamente", diz a especialista.

4 - Qual a velocidade de reprodução dessa bactéria?

As bactérias do emsmo tipo das KPC, geralmente se multiplicam muito rápido, duplicando de número a cada 20 minutos.

5 - Qualquer pessoa pode ser infectada pela KPC? Há grupo de risco?

As pessoas que estão hospitalizadas, ou em contato com ambiente hospitalar têm maiores riscos. "Porém, pacientes hospitalizados em UTI's com doenças debilitantes como câncer ou com transplante, e que receberam antibióticos apresentam maior risco de ser contaminado com a bactéria", diz Ana.

6 - Como ocorre a transmissão entre as pessoas?

A transmissão ocorre por meio do contato direto, como tocar a outra pessoa, ou por contato indireto, por meio do uso de um objeto comum, por exemplo. Assim, é bom evitar tocar superfícies de hospitais, como camas, portas e paredes. Para evitar a maior proliferação, não tome antibióticos por conta própria e siga as orientações médicas. Caso precise entrar em contato com pacientes, lave bem as mãos antes e depois.

7 - A KPC está espalhada nas ruas ou em qualquer ambiente?

Até o momento, as bactérias produtoras de KPC foram observadas somente em pacientes hospitalizados ou que estiveram no ambiente hospitalar. "No ambiente, provavelmente esta bactéria teria menos chance de sobreviver quando "competisse" com outras, pois não criou ainda resistência", explica a médica.

8 - Quais são os maiores riscos?

O maior risco reside na não detecção da superbactéria, o que pode ocorrer com frequência por ser um organismo ainda desconhecido, causando eventual tratamento inadequado do paciente, o que aumenta as chances de morte do paciente.

9 - Como é feito o diagnóstico?

Existem testes especiais feitos caso o paciente apresente sinais e sintomas de infecção urinária, por exemplo. O médico irá solicitar exames urina e o antibiograma, que é o teste realizado para confirmar se a bactéria é sensível ou resistente a determinado antibiótico. "Por outro lado, se quero saber se um paciente está contaminado com a bactéria porque está ao lado de um paciente infectado por esta bactéria ou colonizado (que tem a bactéria no organismo, mas não apresenta infecção), solicitamos a realização de outro exame, o swab retal (introdução de um "cotonete"), para que seja avaliado se há o crescimento desta bactéria", afirma a especialista.

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10 - Quais procedimentos devem ser adotados se houver o diagnóstico positivo?

Independentemente de o paciente estar infectado ou colonizado no ambiente hospitalar, ele será isolado em um quarto, as visitas serão restringidas, os profissionais da área saúde que o atenderem usarão medidas de barreira como avental e luvas que deverão ser desprezados antes de saírem do quarto do paciente. Se possível, estes profissionais não deverão prestar atendimento a pacientes não infectados ou colonizados, para não contaminá-los também.

11 - Como é o tratamento?

A maioria das amostras de KPC encontradas até agora são sensíveis aos antibióticos como aminoglicosídeos, polimixinas e tigeciclinas. "Porém, existe o risco de a bactéria desenvolver resistência a estas drogas, ou de o gene ser adquirido por uma espécie bacteriana que é naturalmente resistente à tigeciclina ou às polimixinas", diz Ana.

12 - Os hospitais devem fazer exames específicos nas pessoas em geral?

Não, uma vez que não existem casos de infecção fora dos quadros de risco descritos no país.

13 - Como posso me prevenir?

A lavagem das mãos, com sabão ou álcool gel, é a medida mais simples, mais barata e mais eficaz no controle da disseminação de das bactérias. Além disso, os profissionais de saúde devem manter todo o protocolo de medidas preventivas.


Saiba como evitar o contágio e a transmissão da bactéria KPC


2012 - De acordo com Ida Zoz, coordenadora estadual de combate à infecção de Santa Catarina, devem ser adotadas medidas para evitar o contágio e a transmissão da bactéria KPC quando as pessoas visitarem o Hospital Celso Ramos, em Florianópolis.

Segundo a coordenadora, o maior de Florianópolis passou por um surto da bactéria KPC e agora se encontra em estado de alerta com a infecção controlada. No momento há duas pessoas infectadas e quatro com colonização, termo médico para pacientes que têm a bactéria na pele, mas não manifestam a doença. Pessoas infectadas pela KPC tem um índice de mortalidade de 50%. O tratamento é feito com uma combinação de antibióticos, mas nem sempre a alternativa dá resultado.

Medidas de segurança:

- ir de roupa limpa e banho tomado;
- evitar tocar em objetos dentro do hospital;
- tocar no paciente apenas depois de higienizar as mãos, lavando-as e passando álcool; - se restringir a visitar apenas o familiar internado, evitar visitar outros conhecidos;
- evitar circular no hospital;
- evitar sentar na cama e na escadinha da cama do paciente.

Zoz declara que a situação está controlada porque todas as pessoas internadas são submetidas a exames, nenhum novo caso foi encontrado em mais de uma semana e vários dos pacientes que tiveram a infecção já tiveram alta. A coordenadora de combate a infecção ressalta que um paciente contaminado chegou de um hospital do interior com o KPC. Por medida de precaução as cirurgias eletivas foram canceladas e as visitas reduzidas.

Mesmo com o surto não há motivos para pânico. Todos têm a bactéria no intestino e a doença só se manifesta em pessoas com imunidade baixa como portadores de doenças crônicas como insuficiência renal e câncer. Por serem obrigadas a tomar muitos medicamentos o KPC adquire resistência.

A bactéria

A bactéria KPC (Klebsiella pneumonia Carbapenemase) é um microrganismo que foi modificado geneticamente no ambiente hospitalar e que é resistente às drogas existentes. Os primeiros casos do microorganismo foram detectados em pacientes internados em UTI, nos Estados Unidos.

No Brasil, segundo a Anvisa, já foram identificados 135 casos desde 2010. O contágio ocorre basicamente dentro do hospital, pelo contato com secreções do paciente infectado, desde que não sejam respeitadas normas básicas de desinfecção e higiene.


Fonte: http://drauziovarella.com.br/
http://www.einstein.br/
http://www.minhavida.com.br/
http://diariocatarinense.clicrbs.com.br/