20/06/2022 - O arquiteto Carlo Ratti está entre um grupo de pesquisadores do MIT explorando a viabilidade de combater as mudanças climáticas com um conglomerado de "bolhas espaciais" que flutuariam acima da Terra para refletir os raios do sol. O projeto de pesquisa Space Bubbles propõe flutuar uma "jangada" feita de bolhas congeladas no L1 Lagrangian Point - o ponto entre a Terra e o Sol onde suas forças gravitacionais se cancelam.
As bolhas seriam feitas de um material de filme fino e fabricadas no espaço onde, quando interligadas, cobririam uma área aproximadamente do tamanho do Brasil.
Bolhas espaciais para combater as mudanças climáticas
Desenvolvido no Massachusetts Institute of Technology (MIT), o Space Bubbles é uma variação da ideia comum de geoengenharia de um escudo solar, que funcionaria bloqueando parte da radiação solar recebida para reduzir teoricamente os efeitos do aquecimento global. Uma diferença fundamental, no entanto, é que, com um escudo solar baseado no espaço, não deve haver risco de interferir na biosfera da Terra. Projetos implantados na estratosfera da Terra correm esse risco.
Os pesquisadores do MIT enfatizam que a proposta do Space Bubbles foi projetada para complementar e não substituir os atuais esforços de mitigação das mudanças climáticas, mas que pode chegar o dia em que tal intervenção se torne essencial.
"A geoengenharia pode ser nossa última e única opção", disse Ratti, chefe do Senseable City Lab do MIT. “Ainda assim, a maioria das propostas de geoengenharia são limitadas à Terra, o que representa enormes riscos para nosso ecossistema vivo”.
“As soluções baseadas no espaço seriam mais seguras – por exemplo, se desviarmos 1,8% da radiação solar incidente antes de atingir nosso planeta, poderíamos reverter totalmente o aquecimento global de hoje”.
Outra vantagem deste escudo solar em particular é que ele é reversível, pois as bolhas podem ser esvaziadas e removidas de sua posição. As esferas seriam feitas de um material como o silício, transportado para o espaço na forma fundida, ou líquidos iônicos reforçados com grafeno.
Space Bubbles: resultados preliminares do experimento
A equipe do MIT realizou um experimento preliminar bem-sucedido inflando uma concha esférica em condições do espaço sideral e acredita que poderia ser uma das estruturas de filme fino mais eficientes para desviar a radiação solar. O projeto de pesquisa Space Bubbles baseia-se nas ideias do cientista James Early, que primeiro sugeriu a implantação de um objeto defletor no Lagrangian Point, e do astrônomo Roger Angel, que propôs a jangada-bolha.
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Por enquanto, o projeto é uma hipótese de trabalho, mas a equipe interdisciplinar espera obter apoio para um estudo de viabilidade que envolveria mais experimentação e análises laboratoriais. Além de materiais, o estudo exploraria opções para enviar o material da Terra, incluindo se poderia usar um railgun (um acelerador magnético).
Também examinaria o posicionamento e a estabilização da jangada espacial, capacidade de sombreamento, eficiência de custos, manutenção e transição de fim de vida, impacto climático e ecossistêmico e implicações de políticas públicas. As questões de política pública incluem se a geoengenharia apresenta um “risco moral” ao minar o apoio às políticas de mitigação climática e encorajar as pessoas a ver a mudança dos combustíveis fósseis como menos importante.
A geoengenharia provou ser controversa, mas o Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas das Nações Unidas disse que é um Plano B necessário se os aumentos de temperatura não puderem ser limitados a um nível administrável. As propostas de geoengenharia propostas incluem sugar dióxido de carbono do ar, bombear gás para a estratosfera para refletir parte do calor do sol, iluminar nuvens marinhas para torná-las mais reflexivas e modificar o albedo da Terra com telhados brancos ou coberturas refletivas para desertos.
Fonte: https://www.weforum.org/