QUALIDADE DE VIDA

Alimentos Trangênicos - Parte 7

transgenicos8ATRASO OU VANTAGEM COMPARATIVA? A grande imprensa nacional tem mantido posição dúbia com relação ao tema talvez esteja aí a causa da ausência de posicionamento do governo Britto, pretendendo-se colocar acima do que considera como uma polarização entre a "apologia da biotecnologia" e o "catastrofismo dos ambientalistas". Em seu discurso, porém, não faltam frases lapidares do tipo: "com atraso, o Brasil entrou na era dos alimentos transgênicos"; "é inevitável, pois o futuro da agricultura está mesmo na biotecnologia"; "o país é o retardatário entre os produtores importantes de soja"; "com a globalização, a rejeição de um produto como a soja RR deslocaria o Brasil no plano da competitividade internacional".

A CNA - Confederação Nacional da Agricultura -, em documento datado de 16/09/97, afirmava que "verificada a segurança biológica pelos organismos competentes, como a CNTBio, não há porque impedir o plantio em escala comercial de produtos transgênicos, permitindo aos produtores rurais o acesso a técnicas modernas e mais limpas de cultivo".

A campanha publicitária da Monsanto na Europa concentra-se na promoção da biotecnologia agrícola como solução para os problemas da fome no Terceiro Mundo.

Futuro, modernidade, aumento de produtividade. Inevitabilidade. Um discurso antigo, largamente utilizado nos anos 60 e 70 por ocasião da implantação do pacote tecnológico da Revolução Verde na América Latina, África e Ásia. O discurso de um tempo em que o crescimento da produção e produtividade agrícolas era apontado como solução para a fome no mundo.

Passaram-se algumas décadas. As conseqüências sociais, econômicas e ambientais da Revolução Verde são amplamente conhecidas. Em 1998, o prêmio Nobel de economia foi conferido a Amartya Sen, o indiano que mostrou que a fome existe e cresce em nosso planeta não porque não sejam produzidos alimentos suficientes, mas pela distribuição injusta da riqueza.

O discurso dos defensores dos transgênicos é um discurso antigo revestido de cientificismo e ares de modernidade atualizada - globalização, competitividade -, mas que não consegue apresentar argumentos suficientes para encobrir sua também antiga irresponsabilidade movida pela fome de lucros crescentes.

Entretanto, contrariando o argumento da "inevitabilidade", o rápido crescimento da biotecnologia no mundo está fortalecendo outros dois mercados: o das plantas não-transgênicas e o da agricultura orgânica.

Os programas de agricultura orgânica governamentais já movimentam cerca de US$ 9 bilhões nos EUA e US$ 5 bilhões na Europa. Enquanto a soja convencional tem atingido um preço de R$ 196 a tonelada, a soja orgânica produzida, no Paraná, pela empresa Terra Preservada e, no Rio Grande do Sul, em assentamentos de reforma agrária, a partir do trabalho do Grupo Interdisciplinar de Pesquisa em Agricultura e Saúde, coordenado por Sebastião Pinheiro - tem alcançado o preço de R$ 300 a tonelada.

Em vários países europeus há pressões para diferenciar a soja transgênica da não transgênica, com diferenciação de preços. A tendência é que a soja convencional obtenha melhores preços. Há referências de preços até 50% maiores da soja convencional em relação à soja transgênica.

O presidente da Monsanto do Brasil afirma que a segregação dos produtos transgênicos e não-transgênicos e sua rotulagem acabará prejudicando o consumidor, pois causaria elevação do preço final dos produtos em que a soja entra como ingrediente. Seu argumento é mais um artifício para tentar impedir que os consumidores possam optar pelos alimentos geneticamente não modificados a idéia da rotulagem se baseia no direito do consumidor à informação, o que atrapalharia a estratégia mercadológica da empresa.

O Carrefour declarou que pretende exportar soja brasileira sem alteração genética para fabrican-tes europeus de alimentos, que a utilizarão como matéria-prima. O Carrefour já está negociando com fazendeiros brasileiros a garantia de fornecimento de soja tradicional, mesmo que o governo aprove a produção transgênica. Pretendem começar com 300 mil toneladas de soja por ano.

No início de novembro/98, o ministro da Agricultura, Francisco Turra, foi ao Japão negociar a exportação de soja não-transgênica para 11 importadores daquele país. Na ocasião, o ministro afirmou ser importante para o Brasil apoiar a formação de pólos de produção de soja orgânica e não-transgênica.

Fica claro, então, que a não implantação da soja transgênica no país, ou ao menos sua segregação e rotulagem, significaria vantagem comparativa da produção brasileira, colocando-a em posição privilegiada no mercado internacional. Apenas a Monsanto perderia com isso.

O LUGAR DO RIO GRANDE NESSA DISPUTA

"Nossos corpos, plantas e animais; nosso ar, água, terra e solo não são commodities, não são passíveis de patenteamento e não estão à venda. Quando um sistema de produção de alimentos viola os direitos dos cidadãos e a ordem natural dos ecossistemas do planeta é fundamental que nós, povos, façamos uso de nossa inalienável liberdade de corrigir tais abusos." (trecho da Declaração de Vancouver sobre a Industrialização e Globalização da Agricultura, maio/98).

O governo gaúcho deverá se posicionar firmemente contrário à produção e consumo de alimentos geneticamente modificados no Brasil, somando-se ao esforço de inúmeras entidades da sociedade civil que lutam para impedir que se cometa mais essa irresponsabilidade. Seu posicionamento poderá agregar outros governos de oposição e amplificar o debate sobre o tema junto à sociedade brasileira.

No caso de, mesmo assim, o governo brasileiro vir a autorizar a produção dos transgênicos em âmbito nacional, o governo gaúcho deverá avaliar a possibilidade legal de impedi-la em seu território.

O Rio Grande do Sul produz 22% da soja brasileira. Somados aos 9% produzidos pelo Mato Grosso do Sul, outro estado importante na produção de soja e governado por forças não subordinadas aos interesses do capital multinacional, teríamos 31% de soja "OGM free" do total da produção nacional do grão.

Em não sendo possível legalmente estabelecer a barreira territorial, caberia ao Estado coibir e desestimular a produção e consumo de organismos geneticamente modificados em solo gaúcho.

Nesse sentido, algumas medidas poderiam ser pensadas na direção do que é levantado de forma especulativa, a seguir:

· não investir um único centavo em pesquisas envolvendo transgênicos, e tampouco permitir que elas se realizem nas instituições de pesquisa estatais;

· vetar aos produtores de alimentos transgênicos o acesso ao crédito rural, à assistência técnica oficial, ao seguro agrícola e demais instrumentos de política agrícola do estado;

· excluir da lista de possíveis beneficiárias de incentivos governamentais as empresas que industrializem ou comercializem produtos que contêm organismos geneticamente modificados;

· aprovar obrigatoriedade da segregação dos produtos in natura e rotulagem dos produtos geneticamente modificados processados no estado o que garantiria o direito de opção dos consumidores e mercado externo para nossos produtos, mas não resolveria o problema do consumo pelos gaúchos dos produtos que viriam de outros estados e países que não praticarem a segregação e rotulagem;

· talvez fosse possível, ainda, criar um "imposto ambiental", que poderia incidir na comercialização de sementes de alimentos transgênicos.

Mas a primeira de todas as medidas a ser tomada, desde já, consiste em informar a sociedade do que está em jogo, chamando para o debate os mais diferentes setores.

* Renata Menasche, assessora do deputado Elvino Bohn Gass PT/RS

NOTAS

Também no Brasil essa patente está sendo requerida junto ao INPI - Instituto Nacional de Patentes Industriais.

Essa cifra correspondente à Argentina necessita ser checada, pois foi encontrada apenas em uma matéria na grande imprensa.

A resistência européia à produção e ao consumo de alimentos transgênicos contrasta com a liberalidade norte-americana, como se pode ver a seguir:

· nos EUA, mais de 3000 OGMs tiveram sua liberação no ambiente autorizada desde 1987. Só em variedades de milho, foram mais de 1600, seguidas de tomate, soja, batata e algodão. Quase um terço dessas liberações foi de plantas tolerantes a herbicidas, 25% correspondem a vegetais que receberam genes para resistir a insetos, outros 10% a vírus.

· nos EUA e Canadá não há lei que obrigue os fabricantes a informar que o produto sofreu alteração genética.

· a utilização da soja transgênica está proibida na Áustria e em Luxemburgo.

· o governo da Áustria decidiu, em dezembro/96, proibir em seu território a produção de milho transgênico.

· na Grécia, o ministro do Meio Ambiente anunciou, em 4/10/98, a proibição da importação e plantio da canola transgênica da AgrEvo. . · na França, foi suspensa, em 25/09/98, a autorização anteriormente concedida pelo governos francês para o plantio do milho transgênico "Bt" da Novartis. O plano de monitoramento da empresa

 

Alimentos Trangênicos - Ainda temos escolha?

Por Célio Pezza (2009) - Os alimentos transgênicos envolvem uma discussão muito profunda e dividida não só nos meios científicos como nos cidadãos comuns do mundo todo.  Os transgênicos são basicamente organismos geneticamente modificados ( OGMs ) e frutos da biotecnologia. Por meio desta técnica, genes são retirados de uma espécie animal ou vegetal e inseridos em outras. Quebra-se a cadeia de DNA em certos locais, onde são inseridos segmentos de outros organismos; em seguida, costura-se novamente a seqüencia restabelecendo a cadeia, porém modificada. Com esta técnica, são criadas formas de animais e vegetais que jamais ocorreriam normalmente na natureza. Esta técnica pode gerar inúmeros problemas, pois o lugar onde o gene é inserido não pode ser controlado completamente e poderemos ter resultados inesperados.  Também não existem sistemas para avaliar os efeitos dos transgênicos nas próximas gerações e no meio ambiente e por esta razão é que muitos países não permitem que alimentos transgênicos sejam produzidos ou comercializados em seus domínios. 

Diversos países, entre eles os Estados Unidos, Canadá, Argentina e o Brasil continuam a aprovar o cultivo e distribuição destes alimentos em seus estados, mas na maioria dos casos, as decisões foram baseadas em laudos fornecidos pelas próprias empresas produtoras. Na União Européia existe um critério mais rigoroso, e o plantio e comercialização está suspensa em muitas regiões, pois não se consegue assegurar padrões de segurança para a saúde humana e o meio ambiente.

Monsanto, Novartis, Pioneer, Agrevo, são algumas das empresas que comercializam transgênicos no Brasil e praticamente todas são originárias de produtoras de inseticidas, herbicidas, fungicidas e todos os tipos de venenos. Uma das maiores do mundo é a Monsanto, que produziu na década de 40 e 50 os famosos PCBs ( bifenilos policlorados), conhecidos como Ascarel, que foram largamente utilizados pela indústria. Anos mais tarde, ficou provado que os PCBs provocam câncer e estão relacionados a transtornos reprodutivos e imunológicos. Hoje o Ascarel é proibido no mundo todo, mas ninguém sabe o que fazer com milhões de toneladas deste produto tóxico estocados no planeta.

Um herbicida também produzido pela Monsanto, conhecido como “agente laranja” foi usada pelos Estados Unidos na guerra do Vietnã. Ele possui altos níveis de dioxina, substância carcinogênica responsável pela formação de fetos deformados e existem estimativas de que mais de 500 mil crianças nasceram no Vietnã com deformidades devido ao agente laranja.

Um dos venenos mais comercializado pela Monsanto é o “Roundup”, que tem como princípio ativo o Glifosato. Aqui no Brasil, a propaganda do produtor é tanta, que chega a ser chamado de “o bom veneno” entre vários agricultores. Já na França, em janeiro deste ano, foi publicada uma pesquisa por um bioquímico da Universidade de Caen, que evidencia este produto como provocador de alergias, necroses e degradações do DNA, em especial nas mulheres grávidas. No mesmo mês a Monsanto foi condenada por um tribunal de Lyon por falsa propaganda.

A soja transgênica “Roundup Ready” largamente utilizada no Brasil, foi desenvolvida para ser utilizada junto ao herbicida Roundup, sendo que ambos são produzidos pela mesma empresa.  Vale lembrar que derivados de soja e milho estão presentes em cerca de 70% dos alimentos que consumimos como massas, pães, molhos, batatas, óleos, sorvetes, chocolates, etc..

Por outro lado, esta semana vimos notícias de que diversos produtores do Paraná e Rio Grande do Sul estão com sérios problemas de contaminação da sua soja convencional com transgênica e o problema agora é que, se continuar esta situação, em pouco tempo não teremos mais como saber o que é ou não transgênico.

Existe falta de informação séria sobre o consumo de alimentos transgênicos e muitos consumidores não estão cientes dos riscos, porém, o mais trágico desta situação é que em pouco tempo, não teremos mais opção de evitá-los e perderemos por completo nossa liberdade de escolha!


Como tudo começou

Por Edith Cavalcanti - Mendel, ao fazer experimentos com ervilhas, descobriu as leis da hereditariedade, dando início a uma nova ciência, a genética. Seus estudos ficaram abandonados por 35 anos após a publicação de um artigo em 1865, na Sociedade de História Natural de Brün, só sendo retomados em 4 de maio de 1900, por Willian Bateson, que os encontrou por acaso na ocasião em que ia apresentar as suas próprias pesquisas, coincidentes com as de Mendel.

Somente em 28 de fevereiro de 1953 é que foi descoberta a estrutura do DNA, por Francis Crick e James Watson que publicaram em 25 de abril do mesmo ano, na Revista inglesa Nature, um artigo no qual explicita uma possível forma de duplificação do material genético ao concluírem que a estrutura era uma dupla hélice e que os degraus dessa espiral poderiam ser grudados.

O vocabulário científico nunca mais seria o mesmo. Palavras e expressões como engenharia genética, transgenia, teste de DNA, se tornaram habituais no  dia-a-dia.

Progresso da ciência

A ciência é uma cadeia de evolução contínua. Em 1972, o bioquímico Paul Berg realizou um experimento que mudou a sua história: juntou duas moléculas de DNA em laboratório. Com isso estava aberto o caminho para a criação dos organismos geneticamente modificados (OGMs).

O processo era o seguinte: inserindo um trecho do DNA do vírus SV40, causador de tumores, no da Escherichia colt, uma bactéria bastante usada em pesquisas, criou o primeiro transgênico de que se tem notícia. Esta experiência deu a Paul Berg o Prêmio Nobel de Química em 1980. Mas, em 1973, Herbert Boyer e Stanley N. Chen  já haviam dado início à era do DNA recombinante que dava margem à produção de OGMs. Em 1974, Berg, preocupado, publicou na revista " Science", uma solicitação para a suspensão dessas experiências até que fossem criadas diretrizes para essas pesquisas. Cientistas, advogados, oficiais dos governos de todo o mundo se reuniram, em 1975, na Conferência de Asilomar, nos Estados Unidos, com a finalidade de debater o assunto.

Como conseqüência, foram criadas, em 1976, diretrizes para experiências com recombinantes. Nesse mesmo ano, Robert Swanson e Herbert Boyer concluíram que a técnica poderia ser usada para produzir compostos em escala industrial e fundaram a Genentch.

Produtos farmacêuticos transgênicos

Em 1982 chega ao mercado a primeira droga feita com a técnica do DNA recombinante, insulina, licenciada por uma empresa farmacêutica. Atualmente existem dezenas de produtos farmacêuticos transgênicos. Fato interessante é que o uso da transgenia não gerou polêmica nos meios sociais existindo hoje dezenas deles que são vendidos sem restrições.

Plantas transgênicas

O mesmo não aconteceu com a chegada ao mercado, em 1994, da primeira planta transgênica, o tomate FlavSavr, produzido pela empresa americana Calgene.

Em 1983, uma década antes, essa técnica de misturar DNAs em plantas já tinha começado a ser usada. Três grupos de cientistas de duas instituições acadêmicas, a Universidade de Washington, em Saint Louis, Estados Unidos, e na Bélgica a Universidade de Gent, conjugados com a multinacional de origem americana conseguiram adicionar genes de uma bactéria em duas plantas distintas, criando os primeiros vegetais com genes de dois seres diferentes.

 

Como se produz uma planta transgênica

Há duas formas pelas quais se pode produzir uma planta transgênica.  A primeira é usar um micróbio chamado Agrobacterium tumefaciens ou optar por uma técnica batizada de biobalística. A primeira delas é feita em três passos: retira-se o seu plamídio (trecho do DNA que fica fora do núcleo  da célula) e dele se extraí o gene da galha da coroa. Em seguida, se insere no plasmídio o gene que torna o vegetal venenoso para os insetos. Por último é desenvolvido o trecho do DNA circular para o Agrobacterium tumefaciens. Coloca-se o micróbio modificado em contato com a planta e ele irá transferir para o vegetal os genes resistentes a insetos. Esse novo ser dotado de uma característica que não tinha antes é uma planta transgênica.

Na técnica biobalística, partículas microscópicas de ouro ou tungstênio são cobertas com os genes escolhidos e literalmente atiradas contra a célula do vegetal que será modificado. Em conseqüência do choque, algumas partículas conseguem penetrar nas células e implantam os genes que carregam os traços que se desejava implantar.

 

Divergências quanto ao uso das plantas transgênicas

Os entusiastas da engenharia genética consideram que a técnica pode ajudar a resolver o problema da fome, mas há o grupo antagônico que profecia uma catástrofe na natureza se essas técnicas forem usadas. Os fatos parecem mostrar que nenhum dos dois lados tem completa razão.

A Organização das Nações Unidas considera que há inúmeras vantagens no seu uso, mas adverte que há necessidade de pesquisas para medir a diferença no emprego da agricultura tradicional  comparado com essas novas técnicas.

Como analisar o fator segurança

A ONU considera que não tem sido divulgados prejuízos ao se referir ao uso de alimentos transgênicos, mas adverte que há necessidade de pesquisas principalmente ao que se refere ao potencial alergênico. Exemplo disso é o caso das plantas transgênicas que se tornam resistentes aos insetos, mas que também ficam resistentes a antibióticos. Levanta-se a hipótese que se a ingestão de comidas feita com esses transgênicos poderia transferir aos que a utilizam essa mesma resistência aos antibióticos .

Impacto ambiental

Existe a preocupação de que o uso das sementes transgênicas possa transferir os seus genes para as plantações que são nativas, mas esse risco já existe mesmo em relação  às plantas que não são transgênicas, pois o mesmo acontece com a possibilidade dos genes das sementes GM se espalharem no ar fecundando as plantas nativas. Sabe-se que isto é possível e se considera que são riscos semelhantes.

A conclusão é que tanto os efeitos benéficos quanto os nocivos, geram dúvidas em relação ao uso dos transgênicos e os poucos fatos a favor ou contra evidenciam a necessidade de pesquisas contínuas. O tempo é um dos fatores importantes nessa tomada de decisões.

A soja, o algodão, o milho e a canola predominam no mercado transgênico em decorrência de sua grande procura na área internacional.

A pesquisa realizada entre 1996 e 2004 mostra que a característica predominante nas plantas GM é a tolerância a herbicida e logo em seguida vem a resistência a insetos. A Monsanto foi a primeira a colocar no mercado, em 1996 uma soja resistente ao agrotóxico, o glifosato.

A legislação no Brasil

Em 1998, o Brasil começa a tomar conhecimento dos OGMs através  da liberação de comercialização da soja transgênica decidida pela Comissão Técnica Nacional  de Biossegurança (CTNbio). Começou, então, uma disputa jurídica que,  acreditava-se, se encerraria em 24 de março de 2005 com a Lei de Biossegurança, sancionada pelo presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva. Entretanto, no mesmo ano, Cláudio Fontenele, procurador-geral da República, entraria com uma ação direta de inconstitucionalidade (Adin) que deveria ser julgada pelo Supremo Tribunal Federal (STF). Os artigos que Fontenele contestou estão em vigor, mas a lei impõe vários empecilhos a uma ampla pesquisa nessa área.

O cultivo da soja transgênica cresceu tanto, que obrigou o presidente Luiz Inácio Lula da Silva a assinar uma medida provisória permitindo a sua venda, apesar da comercialização estar embargada pela justiça. Hoje o Brasil é o segundo maior produtor de soja do mundo, já que esse vegetal se adaptou às condições climáticas do país, porém a polêmica não terminou.

Edith Cavalcanti é psicanalista


Polônia e Rússia também rejeitam alimentos transgênicos


2005 - Cada vez mais consumidores e a indústria alimentícia da Polônia e da Rússia estão rejeitando aos produtos transgênicos. É o que revela o último relatório do Greenpeace Internacional destacando que, na Polônia, 76% da população não quer consumir alimentos processados com produtos geneticamente modificados, principalmente à base de soja e de milho transgênicos. O Guia dos Consumidores da Rússia destaca que mais de 450 empresas de alimentos do país já adotaram produção livre de transgênicos, entre as quais companhias multinacionais como a Nestlé e Coca-Cola.

As pesquisas efetuadas pelo Greenpeace indicam que 86% dos europeus acreditam que os produtos transgênicos representam riscos para a saúde. “Consumidores de toda a Europa, do leste ao oeste, estão consolidando o senso comum de rejeição aos produtos geneticamente modificados em seus alimentos”, afirmou Geert Ritsema, do Greenpeace Internacional.

O Greenpeace também divulgou manifesto da “Russian Soy Union” reiterando que não existe produção comercial de soja transgênica naquele país e que os produtores não desejam introduzir o cultivo do grão geneticamente modificado.

A rejeição a produtos geneticamente modificados cresce em todo o mundo. A posição dos consumidores contrária aos transgênicos reflete-se no mercado. E o Paraná destaca-se como região diferenciada já que mantém a maior área de produção de soja livre de transgênicos. Missões comerciais visitam constantemente o Estado em busca de informações sobre o cultivo da soja paranaense e para estabelecer canais de comercialização com a garantia de que a produção não é transgênica.


Transgênicos - uma opinião


Por Huberto Kirchheim (1999) - Falar em alimentos produzidos com sementes transgências evoca reações as mais diversas, desde a euforia diante do avanço científico-tecnológico até o medo de contaminação bacteriana do ambiente e da humanidade.

O que mais se lê e se ouve nos meios de comunicação é que a produção de sementes transgênicas traria grandes benefícios em termos de qualidade e quantidade de produção, além da redução do uso de inseticidas e herbicidas. Por isso dizem que a transgenia é um processo irreversível.

Quem está veiculando esse tipo de informação? São em grande parte vozes ligadas a grandes empresas nacionais ou internacionais, como a Monsanto, que dominam e manipulam a referida tecnologia ou mesmo a monopolizam. O que as move em sua paixão de nos convencer? Será que é o aumento de produção dos pequenos agricultores, que talvez nem dinheiro suficiente tenham para comprar tal semente? Será que é o aumento de produção dos latifúndios nacionais, para poderem concorrer no mercado internacional? Ou será que é o próprio lucro das empresas multinacionais que produzem e monopolizam sementes transgências?

Mas também se ouvem vozes muito críticas, como, p. ex., o Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor (IDEC), a Carta do IX Seminário Regional de Alternativas à Cultura do Fumo - realizado pelas Dioceses de Santa Maria, Santa Cruz do Sul e Cachoeira do Sul em cooperação com o Centro de Aconselhamento ao Pequeno Agricultor da IECLB (CAPA) -, o Conselho Nacional de Igrejas Cristãs (CONIC), o Conselho Latino-Americano de Igrejas (CLAI) e outros. Todas essas vozes alertam, com ênfases distintas, p. ex.:


- que a tecnologia dos transgênicos representa altos riscos previsíveis e imprevisíveis para o ambiente e a humanidade, em especial aos agricultores e consumidores;

- que o controle sobre as sementes está sendo tirado das mãos dos agricultores e passando para um pequeno grupo de empresas transnacionais associadas à produção de agrotóxicos, que passarão a ter controle total sobre as mesmas, aumentando ainda mais a concentração da riqueza agrícola nas mãos destas indústrias;

- que o produto agrícola não transgênico é uma fonte certa de lucro. Infestando o mundo de produtos transgênicos, os Estados Unidos pretendem ser o único (país) a oferecer produtos limpos e se apropriar desta fatia do mercado internacional na agricultura. (cf. referida carta do IX Seminário Regional)
Dentre os riscos que os alimentos transgênicos podem oferecer, causa especial preocupação dos cientistas e da sociedade civil em geral:

- a falta de estudos e pesquisas sobre os efeitos do plantio e consumo de transgênicos;

- o aumento ou potencialização dos efeitos de substâncias tóxicas naturalmente presentes nas plantas que tenham o seu material genético manipulado;

- o aumento das alergias alimentares, por se tratar de novas proteínas ou novos compostos;

- a possibilidade de se desenvolver resistência bacteriana, pelo uso de genes marcadores na construção do organismo geneticamente modificado que podem conferir resistência a antibióticos;

- o aumento de resíduos de agrotóxicos nos alimentos e nas águas de abastecimento, pelo uso em muito maior quantidade dessas substâncias em plantas resistentes às mesmas;

- além de uma série de danos ambientais que indiretamente comprometerão a inocuidade (o que é inofensivo) dos alimentos, como desenvolvimento de resistências em insetos e plantas invasoras ou a contaminação genética da flora silvestre através da dispersão destes genes. (cf. circular do Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor)

Essas e tantas outras vozes críticas e preocupadas bastam para clamarmos, com o salmista, para os quatro ventos:
Ao Senhor pertence a terra e tudo o que nela se contém,
o mundo e os que nele habitam. (Salmo 24.1)

A criação não é nossa propriedade. Não podemos fazer com ela o que bem entendemos. Dono da criação é Deus. Ele criou os seres humanos com a tarefa de cuidar, guardar e cultivar a boa criação de Deus. Somos, portanto, capatazes apenas e teremos que prestar contas diante do Criador. É verdade que ele nos deu inteligência para criar e desenvolver recursos novos que favorecem ou prejudicam esse cultivar. Critério para qualquer pesquisa científica somente poderá ser este: As inovações científicas e tecnológicas servem à preservação e promoção da vida humana, vegetal e natural? Enquanto persistirem dúvidas a respeito, como acontece no caso dos transgênicos, essas descobertas ainda deverão ser testadas, pesquisadas e aperfeiçoadas, antes de serem colocadas em prática, com segurança e responsabilidade para o bem comum.

Por isso registramos, com alegria e esperança, o fato de que o juiz Antônio Souza Prudente, da 6ª Vara Federal de Brasília, confirmou a suspensão do plantio de soja transgênica (geneticamente modificada) no país até que seja feito Estudo e Relatório de Impacto Ambiental (cf. Zero Hora de 13/08/1999, p. 28).

Conclamamos, portanto,

- que cientistas ouçam as perguntas levantadas e pesquisem o assunto com responsabilidade;

- que os legisladores e governantes não se deixem pressionar por interesses econômicos de empresas multinacionais, mas tenham como objetivo maior a socialização das descobertas científicas para que sirvam ao bem comum;

- que todo o povo assuma a sua responsabilidade de atalaia e vigia para que a vida seja preservada e promovida.

 

 

 

 

Ftonte: http://pt.wikipedia.org/wiki/
        http://vilamulher.terra.com.br/
        http://www.natureba.com.br/alimentos-transgenicos.htm
        http://www.websitesaude.kit.net/transgenicos.htm
        http://www.jardimdeflores.com.br/
        http://www.greenpeace.org/brasil/
        http://www.nutriweb.org.br/n0201/transgenicos.htm
        http://transgenicos-ufrj.blogspot.com/
        http://docs.google.com/Doc?id=dfcrp8hc_221hmxkjcdv
        http://www.artigonal.com/
        http://www.agronline.com.br/
 http://www.cultivando.com.br/
        http://www.google.com.br/
        http://www.agrisustentavel.com
        http://cpezza.com/wordpress/
        http://www.eca.usp.br/njr/
        http://www.luteranos.com.br/