TEMAS INEXPLICADOS

Fenômeno Enigmático - Incidências autênticas de Ignição Corporal Espontânea

combus7O assunto de interesse constante no âmbito dos fenômenos paranormais é o fenômeno conhecido como "Ignição Corporal Espontânea". Esse fenômeno ocorre quando um indivíduo humano é subitamente envolvido por chamas, aparentemente sem razão aparente, resultando em uma combustão contínua. Na maioria das instâncias, observa-se uma série de características comuns, como corpos queimados a altíssimas temperaturas, enquanto o ambiente ao redor, incluindo roupas, permanece inalterado. Em alguns casos, partes específicas do corpo permanecem inexplicavelmente incólumes, mesmo que o restante tenha sido reduzido a cinzas. Esses incidentes eram especialmente notórios durante o século XIX, e a seguir, apresentaremos alguns dos casos mais estranhos.

Iniciemos com um incidente ocorrido em 16 de janeiro de 1811, que envolveu Ignatius Meyer, um homem de 48 anos. Na noite anterior, ele se retirou para sua modesta residência na vila de Woertelfeld, na Alemanha. Naquela noite, seus parentes próximos não notaram nada fora do comum ou incomum em relação a ele; tudo parecia ser ordinário e mundano. No entanto, na manhã seguinte, uma densa fumaça começou a sair de seu quarto. Ao abrirem a porta, seus parentes se depararam com uma espessa nuvem de fumaça tóxica e puderam ver que a cama estava em chamas. Usando baldes de água, conseguiram extinguir o fogo, mas o que encontraram foi macabro. O corpo de Meyer estava deitado de lado, com os joelhos dobrados em direção ao abdômen, uma posição extremamente incomum.

Notou-se que o rosto de Meyer havia sido reduzido a uma espécie de "carvão", o cabelo tinha sido completamente consumido e sua cabeça estava coberta por uma "camada brilhante". De maneira misteriosa, a queima parou exatamente no nível do pescoço, onde o cobertor alcançava. O restante do corpo permanecia quase intacto, com exceção da mão direita, que havia sido completamente queimada, enquanto o restante do braço permanecia incólume. De modo semelhante, o dedão do pé direito, que se projetava através de um buraco na meia, permanecia intacto. O travesseiro, embora chamuscado, não estava tão queimado quanto seria esperado, considerando que a cabeça sobre ele havia sido completamente carbonizada. O cobertor, embora sujo por uma substância semelhante a alcatrão, não exibia sinais de queima. Posteriormente, notou-se que as partes do corpo que haviam sido queimadas eram aquelas que se projetavam para fora do cobertor, enquanto o restante permanecia em estado intacto. Curiosamente, o resto do cômodo permaneceu inalterado pelo fogo, e não havia evidência de um início de incêndio. A lâmpada estava apagada. Esse incidente misterioso permaneceu sem explicação plausível.

Em março de 1814, ocorreu o caso de uma mulher francesa não identificada que foi encontrada morta em circunstâncias igualmente intrigantes. Tudo começou quando os vizinhos da mulher ouviram um som semelhante a "fritura" vindo de seu quarto, seguido de um forte odor de queimado. Quando as autoridades chegaram, encontraram o corpo da mulher deitado de costas, com o rosto completamente enegrecido e carbonizado. Inicialmente, o restante do corpo parecia estar ileso, mas havia um buraco em seu peito que parecia chamuscado nas bordas. A análise posterior revelou que o interior de sua cavidade torácica havia sido completamente queimado, com as costelas tornadas frágeis e carbonizadas pelo calor, que parecia ter surgido de dentro para fora.

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Os órgãos internos da mulher apresentavam uma condição semelhante, com aparência chamuscada e vestígios de cinzas decorrentes da queima. Suas roupas e o livro que ela estava lendo permaneciam perfeitamente preservados. Supõe-se que um fogo tenha iniciado dentro do corpo da mulher, queimando suas entranhas e manifestando-se em dois pontos, no peito e na boca. Mais uma vez, a causa ou motivo desse evento permaneceu sem uma explicação lógica.

Em fevereiro de 1821, registramos o incidente de um indivíduo conhecido apenas como "Vatin" na cidade de Beauvais, França. Na noite de 21 de fevereiro, Vatin supostamente visitou um vizinho e retornou à sua residência por volta das 23h. Testemunhas afirmam tê-lo visto adentrar o quarto e apagar a fonte de luz. Às 8h da manhã seguinte, um vizinho percebeu a emissão de uma densa fumaça através das frestas da porta, acompanhada de um forte odor de carne carbonizada. Ao forçar a porta, que estava trancada por dentro, o vizinho se deparou com os restos carbonizados de Vatin caídos no chão e ainda em chamas. O fogo foi extinto mediante o uso de uma quantidade considerável de água. O Dr. Tolson e o cirurgião Lelarge da universidade local foram chamados para investigar e encontraram uma cena alarmante. Conforme relatado na revista alemã Encyclopadie der Gesammten Staatsarzneikunde:

Comparativamente à sala, o cadáver de Vatin estava em um estado deplorável. Seu rosto apresentava inchaço e coloração vermelho-escuro, sugerindo asfixia como causa de morte. Seu braço esquerdo e a parte superior do tronco haviam sido reduzidos a fragmentos calcinados de ossos, enquanto as costas e os lados do pescoço foram devastados até a vértebra. O braço direito estava apoiado sobre o estômago, mas a mão e parte do antebraço haviam sido consumidos pelo fogo. Os órgãos internos, incluindo pulmões, coração e fígado, estavam ressecados, encolhidos e desprovidos de sangue, enquanto as demais entranhas haviam desaparecido completamente. A coxa esquerda de Vatin havia se transformado em cinzas, e a coxa direita havia sido reduzida a ossos. Com exceção de uma pequena quantidade de comida adquirida na noite anterior, nada mais na sala havia sido afetado pelo fogo.

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Como explicar o que ocorreu com Vatin e como seu corpo foi tão intensamente carbonizado, sem afetar o restante da sala? Médicos legistas, autoridades policiais e investigadores foram incapazes de encontrar uma resposta definitiva.

Nosso próximo caso ocorreu no Natal de 1829, quando vizinhos de Marie Jeanne Antoinette Bally, de Paris, França, notaram o odor de fumaça proveniente de seu quarto. Ao verificar sua condição, encontraram-na sentada em uma cadeira no canto da sala, apresentando um estado chocante. Embora a parte inferior das pernas, a cabeça, a parte frontal do pescoço e os ombros estivessem ilesos, as costas, das nádegas até a nuca, e os flancos haviam sido inteiramente consumidos pelo fogo, reduzidos a carvão. A cadeira também estava significativamente queimada, e o chão coberto por uma espessa fuligem negra. No entanto, todos os outros elementos na sala permaneciam intactos, incluindo as cortinas de musselina a uma curta distância dos restos mortais.

Alguns anos depois, em 1832, ocorreu o enigmático falecimento de Anne Nelis, uma mulher que residia com seu marido em Dublin, Irlanda. Após uma discussão na qual ambos haviam excedido no consumo de álcool, Anne subiu as escadas para descansar. Na manhã seguinte, a empregada adentrou o quarto e encontrou o corpo de Mrs. Nelis sentado em uma poltrona. O relatório oficial do caso descreveu:

"A cadeira na qual os restos mortais foram descobertos estava encostada na parede. O fogo havia se apagado, mas ainda havia resquícios de fumaça no ambiente. A cabeça da Sra. Nelis repousava em sua mão direita, com o rosto completamente carbonizado, músculos desprendidos e o crânio chamuscado. Pouca pele permanecia. No entanto, seu cabelo e os objetos utilizados para o penteado estavam intactos. O encosto e o assento da cadeira estavam ilesos, mas os braços internos estavam carbonizados. Nenhum dano foi causado a outros objetos na sala, embora tenha persistido um odor penetrante no ambiente por dias. A principal teoria sugeria que, naquela noite, a Sra. Nelis havia levado uma vela para o quarto e, possivelmente devido ao alto grau de embriaguez, o fogo a teria consumido inadvertidamente. A gordura do corpo da mulher, que estava acima do peso, teria funcionado como uma espécie de pavio, consumindo o restante. No entanto, não havia explicação clara para a ausência de incêndio em partes do corpo e objetos inflamáveis que normalmente teriam sido afetados."

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Em 1852, registramos o caso igualmente bizarro de John Anderson, de Nairn, Escócia. Em 29 de julho daquele ano, Anderson foi avistado conduzindo uma carroça de feno, que, em certo momento, começou a emitir fumaça à beira da estrada. Ao se aproximar, uma testemunha viu Anderson emergindo da fumaça, dando alguns passos e caindo no chão, envolto em chamas intensas. Quando a testemunha tentou apagar o fogo, encontrou Anderson já sem vida, com o corpo carbonizado e desfigurado. Seu rosto estava totalmente incinerado, incluindo olhos, nariz e orelhas, mas a queimação era menos severa no restante do corpo e se detinha na região entre os joelhos e os pés. As roupas estavam levemente chamuscadas, com exceção da parte inferior da calça. Uma garrafa contendo bebida foi encontrada próxima ao local, porém, estava pela metade, impossibilitando a determinação se o líquido poderia gerar um incêndio tão intenso e rápido em um adulto. Além disso, de forma surpreendente, o feno na carroça permanecia intacto.

No entanto, a investigação oficial afirmou que o cachimbo que o indivíduo estava fumando entrou em contato com o álcool contido na garrafa e desencadeou o incêndio. Uma narrativa sobre o consumo excessivo de bebida por parte de Anderson naquele dia fortaleceu a ideia de que isso teria causado o incêndio. A explicação, embora insatisfatória, foi apresentada como a única razoável para o incidente.

Em 1869, ocorreu um incidente peculiar em Aberdeen, na Escócia. Em 14 de março de 1869, o Dr. Alexander Ogston e seu pai, o Dr. Francis Ogston, foram chamados às pressas para investigar a misteriosa morte de uma mulher de 60 anos conhecida apenas como "Sra. Warrack". Ao chegarem à residência, eles foram surpreendidos por uma situação terrível. Quando entraram na casa por volta das 11 horas, foram imediatamente impactados por um odor que lembrava "uma mistura de palha queimada e material orgânico carbonizado". Eles logo identificaram a fonte desse odor nauseante. A Sra. Warrack estava deitada em sua cama, gravemente queimada. Seu rosto havia sido completamente destruído, e o tecido mole na parte frontal de sua cabeça estava "gravemente carbonizado, transformando seu crânio em uma casca enegrecida". Partes de seus braços estavam "torradas", com ossos expostos igualmente carbonizados. Seu abdômen estava aberto e apresentava a mesma aparência de uma casca queimada, embora suas pernas, embora afetadas, não tenham sido completamente consumidas pelas chamas.

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Quanto à condição da sala em si, um relatório observou:

"Em comparação com os danos no corpo da Sra. Warrack, o restante da sala estava relativamente bem preservado. O colchão sob o corpo e a área circundante estavam levemente chamuscados. O cobertor que a cobria queimou de forma leve, embora tenha sido afetado pela fumaça e cinzas. A cabeceira de madeira da cama apresentava marcas condizentes com exposição a chamas, mas não tão intensas quanto as que causaram os danos faciais. Um travesseiro com recheio de palha seca queimou, mas não foi totalmente consumido pelo fogo. Uma mesinha de mogno localizada a cerca de meio metro não apresentava danos. Havia uma garrafa de uísque a cerca de meio metro de distância, mas o líquido não pegou fogo".

Os médicos não conseguiram identificar nenhuma fonte de ignição próxima ao corpo. O filho da falecida insistiu que ela entrou no quarto por volta das 9 da manhã em perfeitas condições de saúde e sem problemas. Ela não estava embriagada, apesar de ter consumido uísque na noite anterior. Qual a explicação para a rápida combustão que a acometeu, sem a presença de velas ou lanternas próximas? Como as roupas de cama não foram consumidas pelas chamas? O especialista que examinou a cena ficou perplexo com o que testemunhou e concluiu que não havia uma explicação lógica para os eventos naquele quarto.

Avançando para a década de 1880, no dia 24 de dezembro de 1885, ocorreu o incidente envolvendo o Sr. e Sra. Rooney, um casal de meia-idade que vivia tranquilamente em um pequeno apartamento no coração de Londres. Um vizinho chamado John Larson foi alertado por um grito e pela presença de uma densa fumaça que emanava da cozinha deles. Preocupado com a possibilidade de um incêndio, ele decidiu investigar, e o que encontrou o deixou completamente surpreso.

Um relato publicado na Gazeta Policial londrina descreveu a cena da seguinte maneira:

"Ao adentrar a cozinha, deparou-se com o corpo do Sr. Rooney estendido no chão, próximo ao forno. O ambiente estava impregnado com um forte odor de fumaça e carne carbonizada. Uma vela parcialmente consumida estava sobre a mesa, ao lado da qual se abria um buraco no chão com aproximadamente 1,20 metro de diâmetro. Este buraco estava preenchido com cinzas, contendo um crânio, algumas vértebras cervicais, parte de vértebras dorsais e uma porção do ílio - todos reduzidos a cinzas. Os restos mortais da Sra. Rooney, queimada em uma pira, apresentavam dois pés humanos intactos, ainda calçados e em bom estado, enquanto boa parte dos sessenta e dois quilos de seu corpo havia sido reduzida a meros seis quilos de cinzas. Nenhum outro dano causado pelo fogo foi observado na cozinha, embora as paredes e os móveis estivessem cobertos por uma fuligem gordurosa."

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O exame médico concluiu que a Sra. Rooney havia sido vítima de um incêndio intenso, e que seu marido morrera de asfixia devido à inalação da fumaça originada do fogo. Entretanto, o mistério persistiu quanto à origem do incêndio, a razão pela qual ele consumiu completamente a mulher e por que o restante da cozinha permaneceu incólume. A polícia cogitou a possibilidade de um crime, inclusive investigando Larson como possível responsável, mas não encontrou provas ou indícios de seu envolvimento no incidente. O caso foi oficialmente considerado um incêndio acidental causado pelas próprias vítimas, embora a explicação continuasse a desafiar a razoabilidade.

Em 18 de fevereiro de 1888, Alexander Morrison, de 65 anos, residente em Mildew, na Escócia, consumiu algumas bebidas alcoólicas e recolheu-se para dormir em um estábulo, algo que não era incomum, pois frequentemente dormia ali quando excedia na ingestão de álcool. No entanto, o que ocorreria a seguir era extremamente estranho. Entre as 8 e 9 horas da manhã, a esposa do proprietário do estábulo notou fumaça saindo de um orifício no telhado e decidiu investigar, deparando-se com uma cena verdadeiramente horrível. Imediatamente, ela acionou a polícia e um médico. Ao chegarem, encontraram Morrison sem vida, seu corpo "quase completamente reduzido a cinzas". A destruição era tão extensa que tornava quase impossível identificá-lo; seus membros estavam desarticulados e seus ossos expostos, e, no entanto, o feno ao seu redor não havia sido afetado pelo fogo.

O perito médico, o Dr. J. Mackenzie Booth, teorizaria que, dada a ausência de sinais de luta ou sofrimento, o indivíduo idoso provavelmente faleceu em silêncio antes ou depois do início do incêndio. Nesse ponto, a gordura corporal teria funcionado como um pavio, e as chamas teriam completado o restante do trabalho. Entretanto, não foi possível identificar nenhuma fonte de ignição, e até mesmo o material inflamável disponível, como o feno, permaneceu intacto, tornando o caso inexplicável.

Nosso último incidente aconteceu em 12 de maio de 1890, envolvendo o Dr. B.H. Hartwell, da cidade de Ayer, Massachusetts. Ele foi convocado por uma mulher aflita que relatou que sua mãe estava sendo consumida por chamas por algo invisível na floresta. O médico correu para a cena, mas o que encontrou era muito mais misterioso do que poderia imaginar. Ele descreveu a situação da seguinte maneira:

"A mãe da mulher, de 70 anos, estava completamente envolta em chamas, deitada de bruços, com apenas o rosto, os braços, a parte superior do peito e o joelho esquerdo tocando o solo... o restante do corpo estava suspenso no ar, devido aos músculos rígidos que reagiram ao fogo. A maioria de suas roupas havia sido consumida, e as chamas irradiavam dos ombros da mulher, dos lados do abdômen e de ambas as pernas, estendendo-se por doze a quinze polegadas além do corpo. Quando me aproximei do corpo, ouvi um estalo audível, e os ossos da perna direita se quebraram, deixando o pé direito pendurado pelos tendões e músculos remanescentes, uma vez que parte deles já havia sido destruída."

Alguns moradores locais foram chamados para ajudar a apagar as chamas antes que causassem um incêndio na floresta. Depois que o fogo foi extinto, restou apenas um amontoado carbonizado de gordura derretida, carne queimada e ossos enegrecidos. Surpreendentemente, o chapéu de palha da mulher, que estava próximo a ela, permaneceu em perfeitas condições, e as folhas nas proximidades foram apenas levemente chamuscadas. Quando a filha da vítima foi questionada sobre o ocorrido, ela explicou que estavam simplesmente removendo tocos e raízes quando, sem motivo aparente, a mãe se incendiou. Mesmo que houvesse uma pequena fogueira para queimar os tocos, a mãe estava a alguma distância dela.

Este caso é notável por várias razões. Primeiramente, a mulher era magra e não fazia uso de bebidas alcoólicas, dois fatores que, na época, eram considerados presentes em casos de combustão humana espontânea. Além disso, parece ser um dos raros casos em que um profissional médico testemunhou pessoalmente a combustão em andamento. No entanto, Hartwell nunca conseguiu explicar como isso aconteceu e considerou o incidente um enigma médico genuíno.

Há alguma explicação para esses eventos? O que ocorreu nos casos amplamente documentados? Não existe um consenso sobre as causas da Combustão Humana Espontânea, e as explicações variam desde as mais simples até as mais bizarras. A questão tem sido debatida ao longo das décadas, mas ainda não há um acordo definitivo. De fato, o corpo humano não é facilmente destruído pelo fogo, uma vez que é composto principalmente de água, e até mesmo crematórios convencionais levam horas para incinerar completamente um corpo.

Portanto, a questão permanece: como explicar esses casos bizarros? Seja qual for a razão, não podemos negar que ocorreram alguns incidentes estranhos no século XIX, e desde então esses enigmas persistem sem solução aparente.

REFERENCIAS: REVISTA GALILEU

                        WIKIPEDIA

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