VERDADES INCONVENIENTES

Obsolescência Programada - Parte 3

Marcus2Em Barcelona, Marcos ignorou o conselho dos vendedores de trocar a impressora. Esta decidido a consertá-la, e encontrou alguém na internet que descobriu o que se passa com sua impressora. "O segredo sujo das impressoras jato de tinta". Ele tentou imprimir e dizia "algumas peças devem ser trocadas" e decidiu conserta-la ele mesmo. Era assim o vídeo que Marcos encontrou na internet, ele então entrou em contato com o autor do vídeo. O autor disse o seguinte: Há uma esponja no fundo da impressora onde se acumula a tinta descartada. As impressoras limpam constantemente os bicos jorrando jatos de tinta que caem sobre a esponja, depois de um número predeterminado de jatos, a impressora decide que esta cheia e deixa de funcionar. Justificam que não querem manchar a sua mesa de tinta. Porém, o problema real é que as desenham para que deixem de funcionar."

A obsolescência programada surgiu ao mesmo tempo que a produção em massa e a sociedade de consumo.

Marcus3

Marcus4

Nicols Fox, jornalista: "O problema dos produtos feitos para durarem menos é um padrão que começou com a revolução industrial. Das novas máquinas saiam mercadorias muito mais baratas e isso era fantástico para os consumidores. Porém, havia tanta produção que as pessoas ja não podiam seguir o ritmo das máquinas. "

Em 1928, uma influtente revista de publicidade advertia: UM ARTIGO QUE NÃO SE DESGASTA É UMA TRAGÉDIA PARA OS NEGÓCIOS ! De fato, com a produção em massa, baixaram os preços, e os produtos ficaram mais acessíveis. As pessoas começaram a comprar mais por diversão que por necessidade. A economia acelerou. Em 1929, a crise de Wall Street abrandou drasticamente o consumo e levou os EUA a uma recessão econõmica profunda. A situação alcançou proporções apavorantes. Em 1933, o desemprego chegou a 25%. As filas não eram para comprar, mas para pedir trabalho e comida.

De Nova Iorque, chegou uma proposta radical para reativar a economia. Bernard London, um proeminente investidor imobiliário, sugeriu sair da depressão tornando obrigatória a obsolescência programada. Era a primeira vez que o conceito aparecia por escrito. London defendia que todos os produtos tivessem uma vida limitada, com uma data de validade, depois da qual seriam considerados legalmente "mortos". Os consumidores os devolveriam a uma agÊncia do governo para serem destruidos.

Gisles_Slade

Giles Slade, autor de"Made to Break": "Tentava-se equiligar capital e trabalho. Assim, sempre haveria mercado para novos produtos, sempre faria falta mão de obra e o capital teria recompensa."

Bernard London acreditava que coma Obsolescência programada obrigatória as fábricas continuariam produzindo, as pessoas continuariam consumindo e haveria trabalho para todos. Giles Slade foi a Nova Iorque para saber mais sobre a pessoa que estava por trás da idéia. Ele se pergunta se com a obsolescência, Bernard London pretendia maximizar os beneficios, ou melhor, ajudar os desempregados.

Dorothea

London

Dorothea Weitzner conheceu Bernard London nos anos 30. durante uma excursão familiar. Ela diz: "Conheci LOndon quando tinha 16, 17 anos, os meus pais tinham um enorme Cadilac, tão grande quanto um zepelim. A minha mãe dirigia, o meu pai ia ao seu lado e os London iam no assento de trás. Meu pai pediu ao Sr London que me explicasse a sua filosofia. E este homem tão interessante contou-me a sua idéia para reduzir a Depressão. A economia era um desastre pior que agora. Estava obsecado com a idéia, igual a um artista com suas pinturas. Sussurou-me no ouvido, como se temesse que fosse uma idéia radical demais."

De fato, a idéia de Bernard London não obteve interesse, e a obsolescência obrigatória nunca foi posta em prática. 20 anos mais tarde, nos anos 50, a obsolescÊncia programada ressurgiu, porém, com uma mudança crucial: na não se tratava de obrigar o consumidor, mas de seduzi-lo. Brook Stevens, foi o apóstolo da obsolescência programada na América do pós-guerra. Este elegante designer industrial criou desde eletrodomésticos até carros e comboios, contando sempre com a obsolescência programada. Em sintonia com a época, os desenhos de Stevens transmitiam velocidade e modernidade. Até a sua casa era incomum.

Kipp_Stevens

Kipp Stevens: O meu pai desenhou a casa, na qual me criei. Durante a sua construção, todos acreditavam que seria uma estação de autocarros, porque não parecia uma casa tradicional. Para o meu pai, o mais importante ao desenhar um produto era que tivesse carácter. Odiava os produtos insossos, que não provocavam no consumidor nenhum desejo que o impulsionasse a comprar."

Brook_Stevens

Brook Stevens: "Em vez do antigo objetivo europeu que era criar o melhor produto e que durasse para sempre. Comprava-se uma boa roupa para leva-la desde o seu casamento até o seu funeral, sem poder renova-la. O objetivo americano é criar o consumidor insatisfeito com o produto queja tenha desfrutado, para que o venda em segunda mão e para que compre o mais novo com a imagem mais nova."

Brook Stevens viajou por todos os EUA, promovendo a obsolescência programada em suas palestras e discursos. Suas idéias se desenvolveram e ecoaram amplamente.

Produtos_2

Produtos_3

"As pessoas estão a prestar mais atenção as aparências das coisas. Prestam ávida atenção a tudo o que é novo, bonito e moderno." O design e o marketing seduziam o consumidor para que desejasse sempre o último modelo.

Produtos_4

Produtos_5

Kipp Stevens: "O meu pai nunca desenhou um produto para que falhasse intencionalmente ou se tornasse funcionalmente obsoleto em pouco tempo. A obsolescência programada depende do consumidor. Ninguém o obriga a ir a uma loja e comprar um produto. Vao por sua própria vontade, é a sua escolha."

Liberdade e felicidade através do consumo ilimitado. O estilo de vida dos americanos dos anos 50, lançou as bases da sociedade de consumo atual.

Boris_Knuf

Boris Knuf, Designer industrial: "Sem a obsolescência programada os Shopings não existiram, não haveriam produtos, não haveria industria, não haveria designers, arquitetos, vendedores, limpadores, agentes de segurança...todos os trabalhos desapareceriam."

Hoje em dia, a obsolescência programada é ensinada nas escolas de designers e engenharia. Boris Knuf da aulas sobre ciclos de vida do produto: eufemismo moderno para obsolescência programada. Ele ensina aos estudantes a desenhar para o mundo empresarial dominado por um único objetivo: compras frequentes e repetidas. Diz Boris: "Os designers devem entender para que empresa trabalham. Com o seu modelo de negõcio, a empresa determina a frequencia de renovação de seus produtos. Eles recebem essa informação e devem desenhar o produto para que se encaixe perfeitamente com a estratégia de negoócio do cliente."

Crescimento

A obsolescência programada esta na raiz do considerável crescimento econômico que o mundo ocidental viveu a partir dos anos 50. Dede então, o cresmiento tem sido o Santo Graal da nossa economia.

Serge

Serge Latouche, professor emérito de Economia da universidade de Paris: "Vivemos numa sociedade de crescimento, cuja lógica não é crescer para satisfazer as necessidades, mas crescer por crescer. Crescer infinitamente, com uma produção sem limites. E, para justifica-lo, o consumo deve crescer sem limites."

Serge Latouche, um destacado crítico da sociedade de crescimento, escreve frequentemente sobre seus mecanismos. "Há três instrumentos fundamentais: a poblicidade, a obsolescência programada e o crédito." diz ele.

John_Thackara

John Thackara, designer e filósofo: "Na última geração, o nosso papel parece limitar-se a pedir empréstimos para comprar coisas que não necessitamos. Não faz sentido nenhum."

Os críticos da sociedade de crescimento alertam que não é sustentável a longo prazo porque se fundamenta numa contradição flagrante.

Serge Latouche, professor emérito de Economia da universidade de Paris: "Quem acredita que um crescimento ilimitado é compatível com um planeta limitado ou é louco ou é economista. O drama é que agora todos somos economistas. Poderiamos dizer que, com a sociedade de crescimento, estamos montados num bólide que claramente ja ninguem pilota, que vai a toda velocidade, e cujo destino é chocar contra um muro ou cair num precipício."

John Thackara, designer e filósofo: "Porque se cria um produto novo a cada 3 minutos?  Isto é necessário? Muita gente se da conta de que as coisas tem que mudar quando os pliticos dizem que ir as compras e consumir é a melhor medida para reativar a economia.

PARTE 4