CIÊNCIA E TECNOLOGIA

Sobrecarga e recompensa inadequada no trabalho facilitam transtorno mental

trabalho 401/05/2013 - No Brasil, os transtornos mentais são a terceira causa de longos afastamentos do trabalho por doença e levaram ao pagamento de mais de R$ 211 milhões de novos benefícios previdenciários em 2011. Uma pesquisa da Faculdade de Saúde Pública da USP (Universidade de São Paulo) mostra que um ambiente de trabalho com pouco apoio social, excessivas demandas e baixo controle sobre as tarefas, recompensas inadequadas ao nível de esforço do trabalhador e o comprometimento individual excessivo são fatores que aumentam a chance de ocorrência de afastamento. A pesquisa, de autoria do médico do trabalho João Silvestre da Silva-Júnior, recomenda uma melhor investigação sobre as condições psicossociais no ambiente de trabalho para implantação de ações ...

de prevenção, além de maior fiscalização das empresas por parte de orgãos públicos. O estudo procurou discutir os fatores associados ao afastamento do trabalho por transtornos mentais. "No Brasil, estes afastamentos estão atrás apenas dos traumas e doenças osteomusculares", afirma Silva-Júnior à Agência USP de Notícias. Ele lembra que, "de acordo com a Organização Mundial de Saúde (OMS), em alguns anos se tornarão o principal motivo para os trabalhadores se afastarem do trabalho em todo o mundo".

Em 2011, segundo o Instituto Nacional do Seguro Social (INSS), mais de 211 mil pessoas foram afastadas devido ao adoecimento mental por prazo superior a 15 dias e passaram a receber benefício auxílio-doença. "O valor total gasto com pagamento de novos benefícios supera os R$ 200 milhões, o que reforça a necessidade econômica de medidas de prevenção para evitar o adoecimento".

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Silva-Junior entrevistou 385 pessoas que foram solicitar benefícios na unidade de perícia do INSS no Glicério (Centro de São Paulo), entre as quais 160 apresentaram transtornos mentais. "Os questionários incluíram perguntas sobre dados sociodemográficos, hábitos e estilos de vida, como fumar, beber e realizar atividades físicas", conta. "Também foi perguntado o tipo de trabalho desempenhado e há quanto tempo, além da percepção da presença de fatores psicossociais que indicassem a existência de um ambiente de trabalho estressor que pudesse levar ao problema mental. Por fim, os trabalhadores foram questionados sobre sua condição de saúde atual, como excesso de peso ou outros adoecimentos associados".

Mais mulheres

De acordo com o médico, os maiores riscos de afastamento de trabalho por doenças mentais foram verificados entre mulheres, pessoas que se referiram como de cor branca, com alta escolaridade (mais de 11 anos de estudo), que fumavam muito e apresentavam consumo elevado de bebidas alcóolicas. "Com relação ao ambiente, as pessoas que vivenciavam situações de violência no trabalho tinham mais chances de vir a se afastarem devido a distúrbios mentais", afirma. "Também houve influência de fatores psicossociais negativos, como a realização de trabalho de alta exigência, no qual estavam envolvidas muitas tarefas, sem controle da parte do trabalhador. A presença de dois ou mais problemas de saúde também aumentava a chance".

Silva-Junior ressalta que as chances dos trabalhadores pedirem afastamento são maiores em ambientes onde não há apoio social dos colegas de trabalho. "Além das relações interpessoais serem muito ruins, essas pessoas vivenciam situações onde se esforçam muito e não têm uma recompensa adequada", observa. "Além disso, um comprometimento excessivo com o trabalho aumenta as chances de acontecerem transtornos mentais incapacitantes".

Olhar mais atento

A pesquisa sugere aos profissionais de saúde e segurança do trabalho um olhar mais atento sobre fatores psicossociais presentes nos locais de trabalho, de modo que possam realizar ações de prevenção das faltas ao trabalho por doença. "O Brasil não possui uma legislação trabalhista específica sobre o tema, considerado um risco ocupacional invisível", alerta o médico. "A área médica das empresas precisa trabalhar em conjunto com os setores produtivos e de recursos humanos, para identificar situações de risco a fim de proporcionar uma condição de trabalho adequada à capacidade do trabalhador".

O médico afirma que os resultados do estudo podem auxiliar na elaboração de políticas públicas da relação entre saúde mental e trabalho. "A pesquisa também recomenda que os dados do Ministério da Previdência Social auxiliem os Ministérios da Saúde e do Trabalho na intensificação da fiscalização para combater situações agressivas aos trabalhadores", conclui. O estudo de Silva-Junior é descrito em dissertação de mestrado apresentada em agosto de 2012, com orientação da professora Frida Marina Fischer.

O trabalho foi aceito para apresentação no formato tema livre no 15º Congresso Nacional da Associação Nacional de Medicina do Trabalho, que acontece no mês de maio, em São Paulo. Também deverá participar, no formato pôster, da 23rd Conference on Epidemiology in Occupational Health, que ocorrerá no mês de junho na Holanda.


Pense bem como reclamar da sobrecarga no trabalho

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28/04/2013 - Um estudo da Harris Interactive divulgado neste mês mostra que mais de 80% dos entrevistados nos Estados Unidos estão se sentindo estressados no trabalho. A principal razão é uma carga de trabalho nada razoável causada por reduções de equipe nos últimos anos.

Segundo o diretor regional de serviços de carreira da Universidade Everest, John Swartz, embora a economia americana venha mostrando sinais de recuperação, os cortes feitos há três ou quatro anos ainda influenciam a vida dos trabalhadores. "Se 83% dizem estar estressados, alguém vai chegar ao limite.

Em vez de esperar um desastre acontecer, o melhor a fazer é conversar com o chefe - e fazer isso da maneira certa. Especialistas em carreira afirmam que tudo depende de como os argumentos são apresentados. É aconselhável também apresentar uma proposta de solução para a questão.

"A causa para a sobrecarga deve ser explicada por meio de um exemplo específico que possa ser discutido", explica a coach de executivos Margarita Plascencia. "Se a queixa for muito genérica, pode dar a impressão de choramingo"

Uma saída pode ser uma reflexão prévia à conversa. Antes de falar com o chefe, o trabalhador pode tentar identificar as razões para o sentimento de sobrecarga, quais são os problemas de sua vida e como ele próprio organiza a energia para o trabalho. Após essa análise, pode ser a hora de marcar uma conversa para discutir as soluções.

Toda a preparação não elimina, no entanto, a possibilidade de momentos constrangedores. "Se o empregado não se coloca da maneira correta, pode dar a impressão de que não está se esforçando o suficiente e de que não pensa na equipe como um todo", diz Scott Moss, presidente da construtora Moss, de Fort Lauderdale, na Flórida./ THE MIAMI HERALD


Dicas práticas para lidar melhor com a sobrecarga de trabalho


Quando os recursos (humanos, tecnológicos e materiais) disponíveis são insuficientes e inadequados para as metas propostas no tempo proposto ou quando os recursos disponíveis não estão sendo efetivamente utilizados, com a devida eficácia e eficiência, temos como conseqüência a sobrecarga de trabalho. Esta por sua vez transtorna o nosso equilíbrio e nos deixa ainda mais ineficientes. Como lidar quando sentimos que não estamos dando conta do trabalho?

Veja abaixo quinze ações práticas para eliminar ou reduzir a sobrecarga de trabalho.

01. Avalie se os recursos (humanos, tecnológicos e materiais) disponíveis são suficientes e adequados para as metas propostas no tempo proposto. Caso seja necessário, ajuste as metas, recursos e prazos.

02. Avalie se os recursos disponíveis estão sendo efetivamente utilizados com a devida eficácia e eficiência. Caso não estejam, tome providências corretivas.

03. Procure continuamente aperfeiçoar a capacitação dos funcionários no uso da nova tecnologia de informação e nos novos processos e sistemas.

04. Identifique as práticas e procedimentos que não condizem mais com a nova realidade da empresa e elimine-as. (Normalmente o passado desnecessário e inútil está presente nas nossas atuais práticas e procedimentos)

05. Simplifique formulários, relatórios e os sistemas de planejamento e controle.

06. Faça uma lista das situações e problemas repetitivos e rotineiros e estabeleça diretrizes e procedimentos padronizados para ação.

07. Amplie o grau de autonomia de seus funcionários, habilitando-os a tomarem decisões e ações nas suas áreas de atuação, reduzindo a necessidade de recorrer a você, isto é, dê-lhes "empowerment".

08. Encoraje e desenvolva melhor a comunicação e cooperação em toda a empresa. Estimule cada um a ajudar um ao outro e a se sentir responsável pelo resultado coletivo.

09. Desenvolva a proatividade (tomar iniciativa, assumir responsabilidades) a polivalência e a flexibilidade em cada um dos seus funcionários.

10. Mantenha suas metas e suas prioridades sempre em foco e controle os prazos e os pendentes.

11. Planeje o seu dia na véspera e avalie no final do dia o que fez e como poderia ter feito de forma melhor, mais simples e mais rápido.

12. Decida e aja mais rapidamente, evitando acúmulo de papéis e de pendentes na sua estação de trabalho. Mantenha a qualidade suficiente e necessária, sem o perfeccionismo que não agrega valor e só desperdiça tempo.

13. Procure melhorar sempre a sua motivação e autodisciplina.

14. Procure ver a sobrecarga como seu melhor mestre, e veja em cada obstáculo e dificuldade uma grande oportunidade de aprendizagem, de auto-aperfeiçoamento e superação.

15. Questione-se, freqüentemente: "Estou dando o tempo certo às coisas verdadeiramente importantes?"

Pausa para Reflexão: Quais as três práticas que poderão me ajudar a utilizar melhor os meus recursos e economizar esforços, tempo e energia?

 

Sobrecarga de trabalho e intervalo de almoço reduzido fazem 1ª vítima grave entre os servidores da justiça do Rio Grande do Sul

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17/05/2012 - Publicamos a presente matéria com autorização, e por solicitação da própria colega, que consciente da necessidade de inadiável de organizarmos a nossa luta sindical da forma mais aguerrida e radical possível, para evitar que casos como o dela se generalizem e mesmo possam resultar na própria morte de outros tantos colegas pelo Estado afora, fez questão que fosse divulgado o ocorrido com ela na data de ontem.

Nívia Regina Correa é mãe de família, Oficial Escrevente com mais de vinte anos dedicados, com o maior senso de responsabilidade possível, à população usuária da justiça, na comarca de Gravataí. A típica servidora. Incapaz de deitar a cabeça no travesseiro à noite tranqüila sabendo pendente, sob sua responsabilidade, o processo que envolve os direitos e a vida de um cidadão.

Como milhares de outros colegas trabalha dioturnamente até a exaustão para dar cabo do serviço. Cumpre uma média de 500 a 600 audiências da Vara Criminal por mês, sob a permanente pressão da crescente demanda que não permite o menor deslize. Paralelamente, já em plena meia idade, cursa a faculdade, no intuito de se qualificar para poder melhorar de vida e fazer frente, como todos nós, às necessidades que um salário insuficiente, porque cronicamente defasado, vai deixando para trás, propiciando uma qualidade de vida péssima e indigna do trabalho que exerce e da responsabilidade que ele envolve.

E, com a redução do horário de intervalo de almoço implementada em fevereiro pelo Tribunal, passou a se virar do avesso, de forma mais intensa e atabalhoada possível para alimentar-se, levar os filhos à escola e realizar as tarefas domésticas e pessoais inadiáveis, no absurdo e estreito período de 1 hora entre os turnos do expediente. Na semana passada, no afã de cumprir a maratona do almoço, chegou a bater o carro.

A sobrecarga crônica e crescente, absurda, de trabalho aliada ao estresse decorrente do novo horário de trabalho, resultou ontem no previsto. Em pleno cartório, a colega teve um Acidente Vascular Cerebral, ficando com todo um lado do corpo paralisado, e só não chegou a piores conseqüências por que foi levada por uma colega do Foro às pressas para o hospital local, sendo logo diagnosticada e atendida. Encontra-se em casa, em repouso, sob tratamento. Mas poderia ter morrido ou ficando com seqüelas imprevisíveis.

Hoje pela manhã, fez questão de nos telefonar e solicitou de própria voz que trouxéssemos a público o seu caso. O que fazemos para que a massa de nossos colegas se conscientize do massacre sem nome a que tem nos submetido uma política cada vez mais desumana e irracional na gestão do Poder Judiciário deste Estado.

A verdade é que o caso de Nívia, a que todos desejamos plena recuperação, é mais um alerta contundente e infeliz para nós todos servidores da Justiça do Rio Grande do Sul. Cada um de nós, com a precariedade absoluta de condições de vida e trabalho que vive, é um sério candidato a passar por situações como a dela, ou a mesmo perder a própria vida, como ocorrido com 3 colegas no ano passado, até que o Patrão Judiciário se digne definitivamente a olhar para o andar de baixo e a ceder alguns dos injustificáveis privilégios dos salários mais aquinhoados para que possamos sobreviver com um mínimo de dignidade.

E, por mais que estejamos desiludidos com a chuveirada fria e frustante recebida no nossa mobilização entusiasmada em 2011, se não tomarmos consciência definitivamente, e nos reerguemos numa luta sem tréguas, até a greve, só nos resultará, senão a própria morte, um quotidiano cada vez mais precário e infeliz, constituído da própria morte em vida!

Não é possível prosseguir, diante da avalanche de retiradas de direitos e ataques cada vez maiores á condição de trabalhadores, que temos sofrido nos últimos tempos, na inércia muda e amedrontada. Ou organizamos uma grande greve em favor da recuperação imediata das perdas históricas, que se perpetuam há mais de vinte anos, da garantia de recuperação da inflação futura plena a cada ano, e, sobretudo, da nomeação das mais de 1.800 vagas improvidas há décadas, da revogação imediata do "novo horário de expediente" e adoção da jornada contínua de 7 horas diárias, bem como de um plano de carreira decente e digno do nome, ou só nos restará a morte prematura, a invalidez, a vida cumulada de doenças e dissabores e, no máximo, no fim, uma aposentadoria miserável em estado caquético e debilitado.

O alerta não é tão somente verbal e metafórico. Ele bate não somente nas nossas portas como o minuano inclemente e frio das madrugadas, mas invade os nossos próprios corpos e ameça nos conduzir à cova ou à invalidez física e mental, quando menos à condição infeliz de escravos assalariados, assoberbados e nunca reconhecidos ou recompensados. E é preciso que o ouçamos, ao menos que queiramos nos conformar em nos tornamos meras coisas, como a laranja que se suga até a última gota de sumo e depois joga-se ao lixo o bagaço.


Fonte: http://noticias.uol.com.br/
http://www.estadao.com.br
Capítulo 38 do Material de Leitura e Exercícios distribuído no Curso da TIMING "Administração do Tempo, Produtividade Pessoal e Eficácia no Trabalho", por Boris R. Drizin.
http://www.grupo30.org