QUALIDADE DE VIDA

Meu filho não quer comer!! E agora? - Parte 2

nene_2Por que a criança pequena não quer comer e o que você pode fazer - Por Susane Dixon - A criança pequena, em geral, não é muito fã de comida. Depois do primeiro aninho, até os que antes comiam muito bem, começam a perder o interesse pela comida. Quando vão ficando mais velhas, desenvolvem fortes opiniões sobre o que deve ou não estar presente em seu prato. Como a alimentação é uma parte muito importante dos cuidados com a criança, a recusa em comer a refeição, que a mãe preparou com tanto carinho, dói. Nesses momentos, é importante ver a situação como um todo. A mãe está ensinando à criança hábitos alimentares que podem ajudá-la a se virar sozinha mais tarde. Tentar ver as coisas sob este prisma pode ajudá-la.

Por que a criança pequena não quer comer e o que você pode fazer Por: Suzanne Dixon, Pediatra, mestre em saúde pública A criança pequena, em geral, não é muito fã de comida. Depois do primeiro aninho, até os que antes comiam muito bem, começam a perder o interesse pela comida. Quando vão ficando mais velhas, desenvolvem fortes opiniões sobre o que deve ou não estar presente em seu prato. Como a alimentação é uma parte muito importante dos cuidados com a criança, a recusa em comer a refeição, que a mãe preparou com tanto carinho, dói. Nesses momentos, é importante ver a situação como um todo. A mãe está ensinando à criança hábitos alimentares que podem ajudá-la a se virar sozinha mais tarde. Tentar ver as coisas sob este prisma pode ajudá-la. Este comportamento é normal entre as crianças. Nesta fase, elas estão tentando deixar claro que querem ser independentes e que podem tomar conta de si. Além disso, seu corpo está passando por um padrão de crescimento que a aproxima da constituição física que terá no futuro. O bebê rechonchudo, de pais magros, começa a ficar mais parecido com o resto da família. Apresentamos os comportamentos esperados à mesa durante esses anos. Veja como lidar com eles.


1 ano


Depois de soprar a primeira velinha, é provável que seu filho fique mais interessado em aprender a andar do que em comer. Assim, seu interesse pela comida despenca. Ele está ocupado demais para desperdiçar um tempo enorme comendo. Mas isso é normal. O ritmo de crescimento da criança diminui no segundo ano e seu apetite acompanha essa queda. Não se preocupe. A gordura adicional que ela acumulou no primeiro ano serve de combustível para toda essa movimentação. No entanto, nessa idade elas precisam de energia para se manter de pé. Uma criança de um aninho pode ficar rapidamente sem combustível, tornando-se agitada e irritada. O ideal é que ela faça cinco ou seis pequenas refeições durante o dia, inclusive dois ou três lanches saudáveis. Alimente seu filho com pequenas porções, colocando mais comida no prato assim que ele terminar. Um prato muito cheio é um convite à desistência e à bagunça.

Sem tempo para comer Como é difícil fazê-la parar. Cada mordida é uma vitória para uma criança nessa fase. As calorias em alimentos sem grande valor nutritivo, como biscoitos, doces e sucos, são um desperdício do tempo e do apetite da criança.Ofereça alimentos nutritivos durante as refeições regulares, mas não force a criança a comer. Crianças pequenas que dizem o quanto basta, desenvolvem hábitos alimentares mais saudáveis depois de adultas. Cabe a você oferecer alimento saudável e atraente regularmente. Cabe a ela decidir se quer ou não comer. Fazer com que se sente à mesa na hora das refeições, por menos que coma, é importante para ensiná-la a hora em que elas são servidas. Nessa idade, a criança adora comer à mesa, com a família. Este é o momento perfeito para que ela aprenda a se socializar e para você ensiná-la a comportar-se à mesa. Se a criança resistir ou começar a jogar a comida para fora do prato, é porque já está satisfeita. Deixe-a sentada, dê um livro para ver, mas não ofereça mais comida, pois isso inicia uma batalha na qual você jamais sairá vencedora.

A grande bagunça Seu filho aprende muito quando "brinca" com a comida. Deixar a comida cair no chão, amassá-la entre os dedos e esfregá-la na mesa são maneiras de conhecer os alimentos e de aprender a gostar deles. Ele provavelmente ainda não sabe usar a colher direito. Não importa, dê-lhe uma colher. Nessa idade, a criança quer comer sozinha e você deve estimulá-la, por maior que seja a bagunça. Nessa fase, a criança também está aprendendo a usar o copo: mais uma vez, bagunça à vista! A melhor opção é aprender a conviver com a bagunça usando e vestindo materiais fáceis de limpar.

Dicas para as refeições Se o seu filho só quiser comer macarrão, por exemplo, procure o pediatra. Talvez seja necessário dar-lhe uma vitamina. Em geral, as crianças não precisam tomar vitaminas, mas se seu filho realmente se recusa a comer, a administração de uma vitamina talvez o faça se sentir melhor. Não dê vitaminas de adultos, elas podem ser tóxicas para crianças.

Comer no lugar certo Criar bons hábitos alimentares é sinônimo de comer sempre no mesmo lugar, como o cadeirão, na cozinha. Não é sinônimo de comer na frente da televisão, no quarto ou andando pela casa. A criança que come andando corre o risco de engasgar.


10 meses


Aos 18 meses, seu filho precisa de menos comida do que precisava durante seu primeiro ano de vida. Surpresa? É sério. Seu ritmo de crescimento simplesmente diminuiu e outras coisas ocupam seu tempo. Nessa idade, a criança é muito seletiva em relação à comida. Não a force a comer, nem exija que ela raspe o prato antes de sair da mesa. Ela sabe o quanto precisa e, se não for pressionada, comerá a quantidade adequada. Forçá-la só provocará uma briga e você não sairá vencedora. Além disso, esse comportamento pode gerar distúrbios alimentares mais tarde.

Comilança e rejeição A comida do seu filho não precisa ser diferente da dos adultos. Basta servi-la antes de adicionar sal e temperos fortes. Não que ela vá, necessariamente, gostar do que os adultos comem. A criança, nessa idade, costuma se fixar em um único alimento e comer só isso durante dias seguidos. Isso é normal, portanto, não se preocupe. Se o alimento for nutritivo, não importa a freqüência com que ela coma. Mas não deixe de oferecer variedade, um pouco de cada vez, para que ela se acostume à aparência e textura dos novos alimentos. Em geral, é preciso oferecer o alimento umas dez vezes até que a criança o aceite. Por isso, não se aborreça nem se intimide com a primeira ou segunda recusa de seu filho em experimentar um determinado alimento.

Não tente usar o alimento como recompensa. Se seu filho começar a comer só para agradá-la, não estará comendo pelos motivos certos. Não engane a criança para que ela coma. Isso inicia um jogo tolo que acaba alcançando níveis totalmente irracionais. E não desenvolve hábitos alimentares saudáveis. Estudos revelam que essa atitude só leva a criança a comer menos e nada mais. Lembre-se de dar ao seu filho diversas oportunidades de se alimentar. Ele está pronto para treinar o uso da colher e do copo. Evite alimentos com os quais ele possa se engasgar, como uvas, nozes ou cenoura crua. Cachorro quente é um dos alimentos com que as crianças mais se engasgam! Corte a salsicha em pequenos pedaços, no sentido do comprimento, para não engasgar.

Verdades sobre líquidos Que quantidade de líquido seu filho deve beber? Em geral, a criança não precisa de mais de 180 ml de suco de fruta por dia. Os sucos reconstituídos são feitos basicamente de água e açúcar. Fruta fresca é a melhor opção. As crianças "viciadas" em suco têm padrões de crescimento insatisfatórios e correm o risco de desenvolver diarréia infantil, cáries e desequilíbrio nutricional. Seu filho também não precisa tomar mais de 700 ml de leite por dia. O leite deve ser integral, não desnatado. Nessa idade, os ácidos graxos são essenciais ao crescimento e desenvolvimento do cérebro da criança.

Se ele ainda tomar mamadeira, comece a tirá-la. Um copo com canudo é uma boa alternativa se você não agüentar os derramamentos freqüentes. Não deixe que a criança leve o copinho para a cama. Não é bom para o sono nem para a nutrição e pode estragar os dentes.

Dicas para as refeições Aprenda a gostar da bagunça! Estimule a independência de seu filho de 18 meses deixando-o comer sozinho; assim, ele aprenderá a usar utensílios e xícaras. O babador ajuda a proteger as roupas da criança e você pode usar um tapete de plástico embaixo do cadeirão. Caso contrário, acostume-se à bagunça das refeições! E não se esqueça de trocar aquela roupa limpinha na hora da refeição. Ao mesmo tempo, não tolere que seu filho jogue comida para o alto. Se ele já parou de comer e começa a jogar comida para o alto, é porque a fome já passou. Tire-o do cadeirão e não tente "empurrar" mais comida.


2 anos


Aos 2 aninhos, seu filho ainda não come muito, mas é extremamente observador. Por isso, pode estar apenas imitando você. Oferecer alimentos nutritivos e comer bem em sua presença são as duas melhores maneiras de ensiná-lo a se alimentar adequadamente. Mas tome cuidado para que ele não adquira seus maus hábitos. Agora seu ritmo de crescimento é menor do que era. Por isso ele não precisa de tanta comida quanto imaginamos. Além disso, ele gosta de escolher o que vai comer, onde, quando e em que prato. Pode optar por grandes "comilanças" de um único alimento e depois, sem mais nem menos, rejeitá-lo.

Não comece a brigar Se você aceitar esses hábitos, sem questioná-los, a criança acabará esquecendo. Entretanto, se insistir em fazer as coisas ao seu modo, só estimulará a batalha. Você jamais sairá vencedora. Basta oferecer alimentos nutritivos. Não importa se, durante algum tempo, ela só coma um determinado alimento. Não pergunte o que quer comer. É poder demais para uma pessoinha tão pequena. Você é quem escolhe. Lembre-se de que há diversas opções de alimentos razoáveis e atraentes para as crianças nessa idade. Seu filho deve sentar-se à mesa para as refeições. As pessoas que comem sempre na mesma hora, no mesmo lugar, em geral são mais nutridas e têm melhor forma física. Desde cedo, crie esse bom hábito. Criança não deve comer no carro, na cama nem na frente da televisão. Se ela não gosta muito de leite, dê-lhe cálcio sob a forma de queijo ou iogurte. Elimine a mamadeira.

Brigas na hora da refeição! Se seu filho de dois anos recusa-se a comer tudo que você coloca à sua frente, vocês dois iniciaram uma guerra alimentar e, nesse caso, não adianta confrontá-lo. Experimente os seguintes métodos:

Tire-o da mesa e tente novamente em algumas horas, na próxima refeição.

Comece com um lanche nutritivo, como queijo, biscoito salgado ou uma fruta. Coloque em uma bandeja e junte-se a ele. Mas não fique olhando, esperando ele comer.

Se, mesmo assim, ele continuar se recusando a comer, tire-o novamente da mesa e pare de se preocupar. Criança saudável não morre de fome, nem mesmo nessa idade. Relaxe: ele estará pronto para comer na próxima refeição.

Pergunte à babá ou ao pessoal da creche quando e o que seu filho come durante o dia. Se a alimentação não for adequada, discuta com a babá ou com quem toma conta dele. Se a creche não puder oferecer o que seu filho precisa, ofereça-se para mandar as refeições de casa. Mas não se preocupe demais. As crianças aprendem a viver em ambientes diferentes e sua alimentação pode variar muito. Se possível, almoce com seu filho de vez em quando.


3 anos


Embora seu filho de três anos tenha idéias muito definidas sobre o que quer comer, a essa altura ele estará muito mais disposto a experimentar novos alimentos do que estava aos dois anos. Provavelmente gostará de alguns alimentos por causa de sua cor e forma e pode insistir em uma determinada arrumação da comida no prato. Além disso, gosta de ajudar na cozinha, desde que você seja paciente com suas limitadas habilidades. A relutância em aceitar alimentos apresentados de forma nova ou interessante, em um prato especial ou de forma inesperada, pode desaparecer. Portanto, chegou a hora de usar a inteligência e divertir-se junto com seu filho.

A criança de três anos aprende muito sobre alimentação e socialização à mesa, com os familiares. Estudos mostram que crianças que fazem, pelo menos, uma refeição por dia com a família, têm um vocabulário melhor. Seu filho deve adquirir o hábito de fazer as refeições à mesa junto com o resto da família, não na frente da televisão. Desligue a televisão. A hora da refeição é sagrada. As refeições devem ser realizadas em horários regulares, sempre no mesmo lugar, na mesa da cozinha ou da sala de jantar.

Aos três aninhos, ela já está pronta para aprender boas maneiras à mesa. Ensine a dizer "por favor", "obrigado" e "posso?". Ela pode derramar um pouco de comida, mas não o prato todo. Pode e deve ajudar a colocar a mesa. Provavelmente, gostará dos hábitos e rituais das refeições em família.

Isto é, se você conseguir atraí-la à mesa. Nessa idade, a criança está tão ocupada brincando e não gosta de ser interrompida. Mas isso não é motivo para permitir que ela faça as refeições andando pela casa, com você atrás. Os alimentos fáceis de comer e de carregar têm alto teor de sal, gordura e açúcar. Não pergunte o que ela quer para o jantar. É muito poder para a criança. Cabe a você decidir o que fará para o jantar; cabe a ela comer. Não discuta com uma criança de três anos.

Aqui estão alguns pontos importantes que devem ser lembrados nessa fase da criança:

É muito comum a criança ter prisão de ventre. Em geral, a constipação é causada pelo excesso de laticínios e pela carência de frutas, vegetais e água. Se seu filho tem dificuldade para evacuar fezes endurecidas ou costuma ficar um ou dois dias sem evacuar, mude sua alimentação imediatamente. Se o problema não se resolver em um ou dois dias, ligue para o pediatra. Se o problema persistir, seu filho pode relutar em usar o banheiro.

Tome as medidas necessárias para tirar a mamadeira do seu filho, se ainda não tiver tirado. Nessa idade, a mamadeira pode causar danos aos dentes ou levar a criança a tomar leite ou suco demais, dificultando o aprendizado de hábitos alimentares adequados em casa ou na escola.

Não use alimentos como recompensa para o bom comportamento. Estudos mostram que este padrão acaba ocasionando a redução da quantidade de comida ingerida e longas batalhas. Recorra a outros métodos de recompensa, como os adesivos que as crianças dessa idade simplesmente adoram.

É uma boa idéia evitar alimentos como bala, chiclete, amendoim e nozes, que podem se alojar na traquéia da criança, sufocando-a.

Televisão não combina com refeição. Comer na frente dela faz com que seu filho desenvolva hábitos alimentares errados, além de prejudicar a interação familiar. A criança acaba sendo influenciada por comerciais que estimulam hábitos alimentares pouco saudáveis.

Tenha sempre em casa pão, biscoito salgado e macarrão. Eles podem funcionar como último recurso.

Dicas para as refeições Prepare minipizzas com seu filho! Coloque vegetais, carnes nutritivas ou até sobras do dia anterior por baixo do queijo derretido. Pegue uma fatia de pão, coloque os vegetais picados ou amassados, frango desfiado ou um ovo cozido cortado em pedacinhos. Coloque molho de tomate por cima e, por fim, queijo. Seu filho vai adorar essa pizza, principalmente se ajudar a prepará-la.

Use fôrmas de fazer biscoito para preparar sanduíches originais! Recheie-os com doce de leite, cream cheese, geléia, pasta de atum, carne ou ovo cozido. Deixe que seu filho corte o sanduíche na forma desejada; a diversão será ainda maior!

Pediatra ensina o que fazer quando a criança não quer comer

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2009 - Por Flávia Junqueira. A hora da refeição se aproxima, e a tensão toma conta da família. Está prestes a começar a batalha diária para fazer a criança comer. Gritos e chantagens de um lado. Choro e birra do outro. Nada adianta. O prato continua intacto. Legumes e verduras, nem pensar! Pirraça por brócolis no meio do supermercado, só mesmo no comercial da TV. Aquele garotinho fofinho, que virou o sonho de toda mãe, cresceu. Rafael Miguel, hoje com 13 anos, só come a verdura se for picadinha no arroz.

- E só às vezes! - avisa ele, que será o espertinho Juca na próxima novela das seis, "Cama de gato".

Pesquisas mostram que 50% das crianças entre 1 e 5 anos são classificadas pelos pais como picky eaters ("comedores seletivos"): excluem determinados grupos de alimentos (como verduras, legumes ou peixe, por exemplo), pulam refeições, ou comem muito pouco. Todos têm algo em comum: uma mãe à beira de um ataque de nervos.

- A refeição é um campo de batalha natural para a criança, a primeira oportunidade de experimentar independência - analisa o nutrólogo e pediatra da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp) Mauro Fisberg.


Não faça da mesa de jantar um campo de batalha


"Se não comer, não sai da mesa." Se você anda usando esse tipo de tática com seu filho, já deve ter percebido que o resultado não é lá essas coisas. Segundo Fisberg, os pais devem evitar fazer da mesa de jantar um campo de batalha:

- A hora da refeição deve ser um momento neutro. Não é hora de opressão, de despejar as tensões. Que seja apenas o momento da alimentação.
Variar sempre os alimen-tos e apresentá-los em diferentes modos de preparo também é importante.

- Para ter todos os nutrientes necessários ao seu desenvolvimento, o ser humano precisa receber diferentes alimentos. Quando a criança não aceita de cara um vegetal, não tome isso como uma recusa definitiva. Ofereça muitas vezes, com apresentações diferentes, aquele alimento. Criança é "de lua" - diz o médico.

Mas Fisberg lembra que também é preciso respeitar o paladar da criança:

- Após várias negativas, é preciso reconhecer que ela realmente não gosta daquele alimento.

Segundo o médico, a recusa em se alimentar deve ser investigada quando afeta o estado nutricional da criança:

- A causa pode ser orgânica ou emocional. Mas a maioria é comportamental, ou seja, é preciso corrigir o comportamento da criança e da família.
Atenção aos sinais de alerta

As crianças, em geral, começam a recusar determinados alimentos no início da vida escolar, quando experimentam uma fase de maior autonomia. O momento da refeição acaba sendo usado como uma maneira de chamar a atenção, de mostrar capacidade de decidir por si e até mesmo negociar com os pais. Até aí, nada de anormal. Acontece com a maioria das crianças.

No entanto, segundo Fisberg, reações como chorar, cuspir ou até vomitar diante de novos alimentos, lapsos de atenção e concentração, variações de peso e apatia são sinais de alerta.

- O tratamento deve incluir orientações nutricionais, comportamentais e psicológicas, não só para a criança, mas também para os pais e irmãos. As divergências na hora da comida causam ruídos no relacionamento entre pais e filhos e podem até interferir na relação do casal - pondera o pediatra, acrescentando que o uso de suplemento nutricional pode ser indicado até que se solucione o problema.

Fisberg recomenda ainda que se estipule um tempo para as refeições. Crianças tidas como "difíceis para comer" gastam em média 23 minutos para completar a refeição, enquanto as demais levam cerca de 19 minutos.

 

Alimentação: o meu filho não quer comer!


O seu filho zanga-se sempre que se senta à frente do prato? Com frequência, para muitas famílias, a hora da refeição converte-se num autêntico pesadelo e numa guerra contínua entre pais e filhos. O que devemos fazer quando o nosso filho não quer comer? Antes de mais é fundamental não perder a calma.

Mesmo que a sua atitude de rejeição possa perturbar o almoço familiar e resultar verdadeiramente incómodo, sem contar com a impressão de ter que ceder perante o poder da criança, não vale a pena irritar-se com o seu filho que não tem apetite. Uma criança não morre à fome se não está muito deteriorado fisicamente e se tem alimento ao seu alcance. A sua saúde não deve ser neste caso a nossa preocupação, mas sim as causas dessa atitude em relação à comida.

A relação da criança e da mãe está estreitamente vinculada com a alimentação. Quando a criança se zanga com ela, a sua cólera pode expressar-se na rejeição da comida que ela prepara: o comer pode ser um símbolo de luta entre o filho e a mãe e esta rejeição ser um sintoma de mais alguma coisa.


Causas da falta de apetite


1. Há pais que se enganam na quantidade de comida e querem que o seu filho coma mais do que realmente necessita. Se está forte e saudável não devemos preocupar-nos de que coma pouco, sempre que o que coma seja equilibrado.

2. Outra das causas da falta de apetite pode ser devida a que a criança esteja a atravessar um mau momento familiar: o nascimento de um irmão, a falta de dedicação por parte dos pais, o desejo de chamar à atenção ou qualquer outra mudança na sua vida…

3. Pelo contrário há crianças que têm a postura contrária e devoram sem saborear a comida. Esta voracidade perante o alimento dá-nos a indicação de um problema sem resolver. Devemos reflectir e ter em atenção as causas desta ansiedade, além de tentar motivar a criança para que coma mais devagar, saboreei os alimentos e consiga uma postura mais tranquila com a comida.

4. Uma criança pode passar a ter falta de apetite se a sua mãe é uma pessoa autoritária e nervosa que cria um ambiente tenso, com pressas e ameaças em lugar de fazer da hora da comida um momento de encontro e diálogo, de tranquilidade e afectividade.

5. Outro tipo de criança é a que come a qualquer hora menos à hora das refeições. Perante este caso, a nossa postura deve ser firme e devemos manter a disciplina de comer dentro do horário, se queremos que a sua alimentação se normalize.

6. É também frequente que a criança quando está doente perca o apetite. As crianças comem mal por razões fisiológicas, por esse motivo quando estão convalescentes e as forçamos a comer, podemos introduzir factores emocionais e transformar o comer num símbolo de luta entre a mãe e o filho que pode prolongar-se para depois da doença. O mais importante é não a obrigar a comer, desta forma quando a criança deixa de estar doente, volta ao seu nível normal, e a necessidade de alimento regressará às suas normas anteriores.

Devemos ter em conta a fase evolutiva em que está a criança para compreender a falta de apetite ou a rejeição de certos alimentos. Os bebés comem muito, já que o seu crescimento ao longo do primeiro ano é muito grande, sendo mais lento a partir do segundo ano. Ao introduzirem a alimentação sólida, já não precisam de ingerir tanto, pois estão a receber uma alimentação equilibrada e saudável. Não é necessário “empanturrar” as crianças e pensar que quanto mais comam, mais saudáveis ficam.

A hora da comida é o momento apropriado para a socialização, o diálogo e a relação afectiva com a criança. Portanto é importante criar uma atmosfera agradável, de conversa e intercâmbio. Quando se produz tensão, podemos estar a criar uma criança com falta de apetite, apenas pela nossa atitude negativa de gritos, gestos bruscos ou impositivos.

Devemos ter em conta que nestas idades a criança é um ser muito activo e portanto devemos servir a comida rapidamente e motivar a criança para que não prolongue a hora da refeição. É preferível tirar-lhe o prato do que deixá-lo durante horas à sua frente.

Outro factor importante é que a criança nestas idades desenvolve intensamente os seus conhecimentos através dos sentidos. Gosta de ver e de tocar em tudo. Devemos permitir pelo tacto uma flexibilidade quanto aos hábitos na alimentação para que a criança tome parte activa na mesma pois, ao tocar nos alimentos e ao brincar com a colher, aprende rapidamente a comer sozinha.

Incentivando-a a fazer as coisas por si própria, estamos a conseguir aumentar o seu interesse e apetite pela comida.

Hábitos de alimentação

Para que se instaurem hábitos de alimentação correctos, devemos ter em conta os seguintes pontos:

1º É importante respeitar um horário fixo para as refeições, começamos assim a criar um hábito. A criança pequena deve fazer quatro ou cinco refeições por dia e não lhe devemos permitir comer fora das horas estabelecidas. Por isso evite totalmente os maus hábitos: nada de bolachas, nem doces para que o bebé deixe de chorar.

2º Deve comer num lugar destinado para isso e tentar que seja sempre o mesmo. Deve aprender que não se pode levantar até que não termine de comer e, da mesma forma, se há outras pessoas na mesa não a pode obrigar a permanecer sentada à mesa até que todos terminem.

3º Proporcione-lhe uma alimentação variada… e o mais cedo possível melhor. Por volta dos seis primeiros meses a nutrição começa a ser variada e é nesse momento que devemos começar a passar-lhe bons hábitos alimentares. Não se pode dar por vencida com o primeiro “não”, já que este pode ser meramente circunstancial; as crianças precisam de um pouco de tempo para aceitar um alimento novo, devemos ter em conta que todos os sabores são desconhecidos. Se recusa algo novo devemos voltar a dar-lho depois e sempre pouco a pouco, que o prove, depois duas colheres, depois três... até que chegue o dia em que coma todo o prato.

Um erro gravíssimo no qual caem muitas mães é prepararem apenas as comidas que sabem que os seus filhos gostam para evitar o conflito no momento de comer. A mãe tem que decidir o que deve comer a criança, não ao contrário.

Outro erro que devemos evitar é o de transmitir negativamente os nossos gostos culinários aos nossos filhos, fazemo-lo inconscientemente e não lhes damos os alimentos que nós não gostamos. Isto, sem querer, passa de pais para filhos. O melhor é dar-lhes um pouco de tudo, mesmo que não gostemos de o comer ou preparar.

Isto não significa que a criança tenha de gostar de absolutamente tudo. Há pratos que não gostam e isto é normal e deve ser respeitado. Se uma criança tem uma alimentação variada e saudável, não há problema que ela tenha algum alimento que não coma.

4º Não fomente a atitude passiva na criança, entretendo-a com contos, brinquedos ou televisão enquanto lhe dá de comer colher a colher. A hora da refeição é a hora da refeição, não é a hora de ver televisão.

5º Ponha-lhe uma quantidade adequada para que consiga terminar o prato. É melhor que repita do que desanime perante um prato demasiado cheio, que se sente incapaz de terminar. Para a criança é muito gratificante terminar tudo e depois pedir mais. Se a refeição consta de dois pratos, modere o primeiro para que possa comer o segundo.

6º Não deve exigir muitas normas na comida logo no primeiro dia. As regras devem ser sequenciadas e com prioridades: primeiro que coma, depois já pode introduzir normas como utilizar a colher, não meter as mãos na comida, sentar-se correctamente, não sujar a mesa, fechar a boca, apanhar o seu prato...

7º Não trave o seu desenvolvimento. Para a criança é tão importante o gosto como o tacto na descoberta dos alimentos. Por isso permita-lhe que os toque e até que besunte a mesa.

Deve começar a usar a colher quanto antes, sem importar que brinque com a comida ou que se suje. O mesmo acontece com a passagem da alimentação mole à sólida. Quanto mais demoremos em introduzir a alimentação sólida, mais difícil será, pois as crianças agarram-se à etapa anterior, quando se alimentavam com os biberões.

8º Não utilize o alimento como prémio ou castigo. “Se não comes tudo, não irás ao parque brincar” ou “Se não arrumas os teus brinquedos, não tens sobremesa”. Com frequência os pais utilizam estes argumentos para conseguir um pouco dos seus filhos.


Fonte: http://www.minhavida.com.br
       http://www.nutriweb.org.br
       http://www.pampers.com.br
       http://extra.globo.com
       http://www.todopapas.com.pt