Você já parou pra pensar até onde alguém poderia ir por amor? "O Abominável Dr. Phibes", lançado em 1971, nos leva justamente por essa trilha sombria e tortuosa, onde o amor vira algo completamente distorcido.
Imagina só: um gênio, desfigurado e dado como morto, arquitetando uma vingança bizarra, uma verdadeira ópera de sangue, que mistura o real e o surreal de uma forma única. O Dr. Phibes, vivido pelo lendário Vincent Price, não é apenas mais um vilão do cinema. Ele é uma figura enigmática, coberta por uma máscara grotesca, uma sombra de quem foi um dia. E o que o move? A dor de ter perdido sua esposa. Isso já seria suficiente pra mexer com qualquer um, mas Phibes vai além. Ele acredita piamente que os médicos responsáveis pela operação de sua esposa falharam. E falharam feio. O que ele faz então? Ah, se vingar, claro. E, olha, que vingança! Cada assassinato é cuidadosamente inspirado nas pragas bíblicas — sim, aquelas dez pragas do Egito. Não é qualquer coisa, é uma obra de arte macabra. Sabe aquelas cenas que ficam na sua cabeça por dias? Pois é, prepare-se.
Agora, se você acha que já viu de tudo em termos de vilões metódicos, talvez esteja subestimando o Dr. Phibes. Ele planeja cada morte como um artista que pinta uma tela com sangue. É tudo tão meticuloso, tão calculado, que parece quase irreal. A trilha sonora composta por órgão e peças clássicas contribui ainda mais para essa sensação, criando um clima de suspense que vai arrepiando até os pelos da nuca. Você sente o perigo no ar, mas ao mesmo tempo, é quase impossível não admirar o quão sofisticada é a execução de cada plano.
Enquanto Phibes segue em sua missão de vingança, o detetive Trout, interpretado por Peter Jeffrey, está na cola dele. Ou, pelo menos, tenta estar. A sensação de que Phibes está sempre um passo à frente é constante, e Trout se vê mergulhado em uma caçada ao estilo gato e rato. Só que o rato aqui é um gênio perturbado, e o gato... bem, parece mais perdido do que nunca. Essa dinâmica dá ao filme um ritmo intenso, onde cada nova descoberta de Trout parece, ironicamente, aproximá-lo ainda mais do fracasso.
E a estética? Ah, meu amigo, se prepare para um show à parte. "O Abominável Dr. Phibes" é visualmente deslumbrante. Os cenários são exuberantes, cheios de detalhes que evocam um conto de fadas sombrio, como se você estivesse preso em um pesadelo elegante, mas não conseguisse — nem quisesse — acordar. As cenas são quase como danças coreografadas, cada movimento planejado para aumentar a tensão e manter você na beira do sofá. É o tipo de filme que te faz esquecer o mundo lá fora.
Agora, uma curiosidade interessante: você sabia que o personagem de Phibes foi parcialmente inspirado na figura clássica do Fantasma da Ópera? Assim como o Fantasma, Phibes é um gênio incompreendido, desfigurado e movido por uma paixão obsessiva. Mas enquanto o Fantasma ainda busca amor e aceitação, Phibes só quer destruição. E, se a gente parar pra pensar, o filme questiona até onde a loucura pode levar uma pessoa que já foi dominada pelo amor. Talvez seja isso que torne o Dr. Phibes tão fascinante — ele é uma espécie de reflexo distorcido do que a gente poderia se tornar se o pior dos sentimentos tomasse conta.
"O Abominável Dr. Phibes" não é apenas um filme de terror; é uma viagem perturbadora pela mente de alguém que já perdeu tudo e decidiu que o único caminho que resta é a vingança. Cada cena, cada detalhe, é pensado para te fazer sentir esse peso, essa dor transformada em raiva pura. É uma dança com a morte, onde o amor, a princípio algo belo, se corrompe de tal forma que o final feliz nem sequer passa perto.
Então, se você é fã de histórias de vingança, cenários góticos e atuações memoráveis, esse é um filme que você precisa assistir. Ah, e cuidado: depois de assistir a essa obra-prima do horror, você pode começar a ver as coisas sob uma nova — e sinistra — perspectiva.