LUGARES EXTRAORDINÁRIOS

As catacumbas de Odessa

cataode52015 - Localizada na Ucrânia, as Catacumbas de Odessa são consideradas um dos locais mais assustadores do mundo. Foram construídas primeiramente para mineração, por volta dos anos 1.800. O local era bastante rico em minério e calcário, fazendo com que os mineradores fossem ampliando cada vez mais o labirinto que hoje possui mais de 2.500 km (quase a mesma distância entre São Paulo e Manaus). A cidade de Odessa, que fica as margens do Mar Negro, está em cima dos corredores, e hoje é considerada uma das cidades mais bonitas do Leste da Europa. Durante a Segunda Guerra Mundial, os nazistas invadiram a cidade, fazendo com que os russos se refugiassem nos labirintos. Mas com o fim da guerra, o lugar se tornou um abrigo para ...

contrabandistas que acabaram criando mais alguns corredores o que tornou o lugar ainda mais caótico e consequentemente mais fácil de se perder lá dentro.

Leia também - A Praia das Catedrais

O tempo passou, a guerra acabou, e com o tempo, o que era um refúgio para combatentes corajosos, tornou-se “a moradia” de contrabandistas, que por sua vez, mediante a necessidade, expandiram um pouco mais os túneis em pontos específicos. Então, em 1980, o governo deu um basta e fechou as catacumbas de Odessa para sempre (ou não), selando-as, como mostrado abaixo. Porém tempos depois, “grupos secretos” deu início a exploração de partes das catacumbas.

Calcário

A cidade de Odessa, na Ucrânia, possuía um subterrâneo rico em calcário, por isso mineradores “atacaram” o local tentando extrair tudo que podiam a partir de várias entradas. Criaram uma complexa malha de túneis subterrâneos, abrindo caminhos aleatorios pela terra, e estupidamente fazendo um labirinto, é só verem no mapa parcial da imagem ali em cima.

catoode6

Suas entradas não seguem lógica alguma e as bifurcações são completamente caóticas, a rede de túneis consistem em três níveis, e as áreas mais profundas chegam a atingir 60 metros abaixo do nível no mar. Não tem nenhum sistema de marcação, nenhum caminho é confiável, qualquer pessoa não atenta(ou atenta mesmo) perde-se depois de três ou quatro esquinas. E pode nunca mais ser encontrado.

Uma pequena parte das catacumbas pode ser visitada com segurança por um acesso no Museu da Glória Partidária, em Nerubayskoye, porém o local ainda não foi oficialmente mapeado, o que torna o passeio arriscado, mas alguns turistas se aventuram mesmo assim.


A Misteriosa Lenda da Garota que Morreu nas Catacumbas de Odessa, Ucrânia

catode1


Por Mike Pearl - A coisa mais próxima na vida real do labirinto do Rei Minos – ou, se você preferir, aquele do filme Labirinto – é uma rede de túneis sob a cidade de Odessa, Ucrânia. Esse é o cenário do conto trágico de Masha, uma garota inocente que se aventurou nas profundezas dos túneis com alguns amigos, virou em algum lugar errado e se perdeu para sempre.

Entretanto, apesar de a história estar rodando a internet como um fato , há pouca documentação comprovando a lenda de Masha. Como a maioria das informações sobre essas catacumbas, apenas espeleólogos ucranianos dizem conhecer os detalhes.

Segundo uma postagem de 2009 no fórum Urban Explorer's Resource (UER), escrita por um explorador das catacumbas chamado Eugene Lata, que traduziu a história de Masha para o inglês, o conto começa bem tarde numa madrugada de ano-novo (ou possivelmente na passagem do ano) em 2005. Era uma noite enevoada de temperatura congelante. Masha entrou nas catacumbas com um grande grupo de amigos para comemorar e provavelmente ficou bêbada. Não se sabe se eles eram ex-estudantes da Escola Número 56 de Odessa, mas, segundo referências da história em jornais russos, foi lá que eles encontraram a entrada das minas.

Leia também - O Povoado de Skara Brae, Escócia

Claro, foi uma péssima ideia. Os ucranianos que ainda têm negócios lá embaixo são trabalhadores das minas ativas de calcário. No entanto, isso não impede outros de fazer a mesma viagem que Masha teria feito. Há histórias de enólogos e produtores de cogumelos que descem ao local regularmente para deixar seus produtos envelhecerem e crescerem, confiantes de que ninguém vai interferir no processo.

cataode7

Não sabemos exatamente o que Masha estava procurando quando entrou nas catacumbas com os amigos. Eles poderiam estar procurando tesouros naquela noite, considerando os rumores de que, em algum lugar abaixo da Escola 56, há uma réplica de ouro sólido do Titanic de alguns centímetros. Ou talvez estivessem procurando corpos. Há histórias de que as catacumbas abrigam corpos de judeus assassinados na Segunda Guerra Mundial. Há também evidências de que os túneis eram usados para execuções sumárias de soldados nazistas.

As catacumbas não são fáceis de navegar, especialmente bêbado como Masha estaria naquela noite. Alguns estimam que os túneis se espalham por 2.494 quilômetros, o que torna essa rede uma pouco mais longa que toda a linha costeira do Pacífico dos EUA. A segunda maior rede de catacumbas do mundo é a de Paris, e ela tem apenas um quinto do tamanho da rede de Odessa.

Não é um lugar seguro também. Algumas partes são inundadas regularmente com água do lençol freático , outras têm tetos apoiados precariamente com estacas improvisadas ou tiveram seu sistema de ventilação desmantelado. Esse também é um bom lugar para cometer um assassinato. No mês passado, um cara de 20 e poucos anos foi condenado por matar sua namorada adolescente nas catacumbas com um machado. Em 2011, um homem assassinado foi encontrado por acaso nas catacumbas 3 a 6 meses depois de sua morte. No entanto, ser assassinado e ter seu corpo jogado nas catacumbas é fichinha comparado ao que teria acontecido com Masha.

Os adolescentes teriam ficado lá embaixo a noite toda. No dia seguinte, eles saíram para a manhã gelada a fim de voltar para casa. Num estado meio aéreo, eles, sem querer – ou maliciosamente –, deixaram Masha nas catacumbas.

catode2

Se ela andou até o isolamento, talvez procurando um lugar para fazer xixi, é fácil imaginar que ela estava além da distância para que pudesse ouvir os gritos. Talvez o caminho dela tenha se bifurcado algumas vezes, e ela perdeu o rastro. Não é improvável que ela, bêbada, tenha se esquecido de deixar uma trilha de pedaços de pão.

Se a área perto da Escola 56 não tinha água subterrânea – tampouco vinhos ou cogumelos clandestinos –, não haveria nada para ela beber ou comer. Também não haveria como se aquecer, já que a área não é profunda o suficiente para que ela ficasse mais quente que a superfície naquela noite.

O lugar é um breu total. Ainda assim, mesmo com uma lanterna e um mapa das catacumbas, seria difícil para uma pessoa inexperiente sair de lá, porque os mapas locais são apenas rabiscos feitos de cabeça. Supondo que Masha tenha levado uma lanterna para as profundezas, as pilhas teriam acabado em algumas horas, tornando ainda mais difícil procurar por calor e água.

Se teve sorte, ela morreu rapidamente de frio. Se estivesse quente o suficiente para não congelar, a desidratação se tornaria severa em apenas dois dias – até que os sintomas se tornassem debilitantes. Ela teria ficado delirante, tido convulsões e entrado irreversivelmente em coma por volta do terceiro dia, não que ela tivesse notado os dias passando. Ela não teria sobrevivido mais de uma semana.

"Durante o tempo em que ela esteve lá dentro, seus 'amigos' não tentaram achar o corpo dela", escreveu Lata, supondo que eles estavam "com medo".

Cerca de quatro meses depois do ano-novo, em abril de 2005, rumores se espalharam entre os exploradores da caverna de que havia um corpo novo lá embaixo, Lata escreveu em sua postagem de 2009 no UER. A foto mais famosa – que, segundo Lata contou à VICE, estava envolvida nas histórias – mostra três garotos, que parecem ser adolescentes, posando como se tivessem tropeçado no corpo numa seção estreita da caverna. Na foto, Masha está irreconhecível – sabemos simplesmente que se trata de um ser um humano. Ela está deitada de lado, as pernas encolhidas como se estivesse dormindo, enquanto a metade superior de seu corpo em decomposição perdeu a forma quase completamente e está começando a se tornar indistinguível do chão de calcário da mina.

catode3

Dois anos se passaram, mas ninguém recuperou o corpo, afirma Lata. Ele lembra que uma matéria de um amigo "jornalista famoso" foi entregue para oficiais do governo. Não está claro o que o jornalista escreveu, embora Lata diga que o governo entrou em ação e removeu o corpo menos de 24 horas depois.

Leia também - A Torre do Diabo

Kostya Pugovkin, que se identificou como um veterano da Operação Antiterrorista da Ucrânia baseada em Odessa, diz saber quem pessoalmente ergueu o corpo naquela fotografia tirada no local. Suas lembranças são diferentes das de Lata.

Segundo Pugovkin, outra pessoa tinha desaparecido em 2004: Janis Stendzenieks, filho de um magnata de jornal chamado Armand Stendzenieks. Pugovkin nos contou que o pai de Janis estava oferecendo uma recompensa para quem encontrasse o filho, destacando que algumas pessoas – que ele chamou de "cavadores", ou seja, trabalhadores braçais – tinham avisado as autoridades sobre um corpo a 3 ou 4 quilômetros de uma das entradas das catacumbas.

catode5

Pensando na possível recompensa, Pugovikin disse ter entrado nas profundezas das cavernas e eventualmente topado com o que ele chamou de "sopa de ossos". O resto do processo não foi exatamente um CSI: Odessa. "Amarrei tudo num lençol e arrastei isso de volta", ele falou à VICE através de um tradutor. "Foi difícil chegar ao fim do túnel – eram uns nove andares, com escadas finas entre eles."

Ele nos contou que depois arrastou o corpo até o legista da polícia, a cerca de oito quilômetros da entrada que Masha tinha usado. No entanto, segundo ele, quando Armand Stendzenieks pediu um exame de DNA, o resultado mostrou que o corpo não era do filho. A pessoa misteriosa não tinha valor nenhum, frisou Pugovkin. "Os mineiros acharam que era um satanista que tinha se perdido."

"Eles disseram que eram uma garota", ele acrescentou.

Só que, segundo o site oficial das Catacumbas de Odessa, a história de Masha é mentira. "Além do fotógrafo original", uma postagem destaca, "nenhuma pessoa, civil ou oficial da lei, pode confirmar a história. Acreditamos que seja apenas uma brincadeira e que o corpo é falso." Seria uma brincadeira muito estranha e sem graça.

Lata disse que estava lá quando a foto foi tirada, mas não consegue rastrear a foto até suas origens. "Éramos quatro quando a foto foi tirada", ele escreveu, "e realmente não sei onde encontrar esses caras hoje". Estranhamente, ele nos disse que a pessoa responsável pelo site oficial daquela região – que basicamente o chamou de mentiroso – é "um dos exploradores mais experientes das catacumbas de Odessa e meu melhor amigo". Como a organização está no comando das investigações sobre as catacumbas, eles "provavelmente preferem ficar fora desse assunto, assim como eu faço", teorizou Lata.

catode4

Então essa é a foto de um corpo que provavelmente nunca será identificado positivamente, imortalizando o último momento da vida de alguém. Se a pessoa era apenas uma adolescente que se perdeu de uma festa, um satanista ou um ucraniano bêbado que deu muitos passos para dentro da escuridão, isso evoca o exato tipo de morte horrível e solitária que todo mundo mais teme. A foto prova que o Inferno é real – e que ele fica uns nove andares abaixo de Odessa.

Mesmo depois do episódio "Masha", Lata continuou a explorar as catacumbas. As descrições de suas jornadas na escuridão são contos hipnóticos de aventura. Numa postagem de 2010, ele conta que chegava a ficar uma semana lá embaixo e que enchia sua "mochila das catacumbas" com comida, equipamento de acampamento e mergulho, além das ferramentas de mapeamento a fim de se preparar para longas viagens.

Leia também - A Estrutura de Richat: o Olho da Terra

Em 2012, ele começou a soar bem menos como o embaixador das catacumbas na internet. Em sua última postagem, Lata escreveu que o lugar já estava praticamente mapeado, afirmando que não havia mais muito a ser explorado. Aí ele acrescentava que um menino tinha se perdido num acidente e que seu corpo ainda não tinha sido recuperado. Além disso, Lata escreveu que "cinco exploradores se perderam ou morreram neste ano".

"Por isso, peço que ninguém tente entrar nos subterrâneos de Odessa sozinho. Pode ser realmente perigoso", ele redigiu, acrescentando que "aqui vão algumas fotos novas das nossas catacumbas. Espero que vocês gostem".

Fonte: http://bolsaoterramedia.blogspot.com.br/
         http://entendinada.blogspot.com.br/
         http://pescadordebits.com.br/
         https://www.vice.com