PESSOAS ESPECIAIS

A Monja que viveu a Bíblia

catalina3Escritos de dois séculos que ainda desafiam as mentes mais céticas. Ana Catalina Emmerich nasceu na Alemanha em 1774, oriunda de família muito pobre, e fez-se monja na Ordem Agostiniana na cidade de Dulmen. Teve a vida marcada por contínuas doenças, ainda agravadas ao ficar inválida devido a um acidente. Já se valia do uso de discernimentos especiais desde seu nascimento, assim como podia compreender o latim litúrgico desde a primeira vez que fora à Missa. A freira - hoje, com milagres alcançados por seu intermédio reconhecidos pelo Vaticano - foi recentemente (03 de outubro de 2004) beatificada pelo Papa João Paulo II em Roma. Quando criança, a própria afirmava - e o faria até sua morte - que via com freqüência seu anjo da guarda, assim como tinha o Menino Jesus como colega de brincadeiras.

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Durante os últimos 12 anos de sua vida nada comia, exceto a Sagrada Eucaristia; nem bebia, exceto água - subsistindo totalmente por meio da Santa Comunhão. Desde 1802 até sua morte adquirira as chagas da Coroa de Espinhos - instrumento de tortura aplicado a Jesus Cristo, durante sua paixão -, e, em 1812, todos os estigmas de Cristo, inclusive uma cruz sobre seu coração, além da ferida da lança ao lado. Emmerich era vista freqüentemente levitando quando em êxtase, e ainda possuía o dom impressionante da clarividência apenas ao toque de qualquer objeto que lhe fosse apresentado.

Segundo o ator e cineasta Mel Gibson, quando este estava atrás de fontes para o roteiro de A Paixão de Cristo, pesquisando à mesa, dentro de uma biblioteca, o livro com as visões da monja a respeito das últimas horas de vida de Jesus Cristo, inexplicavelmente, saltara do alto de uma estante, e caíra sobre seu colo. Resultado: praticamente cada ação do filme é uma representação fidedigna das anotações do poeta Clemens Brentano sobre as visões da monja. O livro se chama Vida, Paixão e Glorificação do Cordeiro de Deus.*

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Em seus últimos anos, até sua morte em 1824, a freira recebia visões de cenas ambientadas na Pré-História, da vida de personagens do Antigo Testamento - incluindo Adão e Eva, Noé, Sansão e os profetas -, assim como de Cristo, da Virgem Maria, dos apóstolos e primeiros mártires, e da vida após a morte, bem como outras vidências de fatos que se concretizariam tempos depois, como a construção do Muro de Berlim, o Concílio Vaticano II, etc. Com as anotações de suas visões em mão, descobriu Reynolds os restos da cidade de Uhr na Caldéia. E a recém-descoberta morada da Virgem Maria em Éfeso resultara também ser, exatamente, onde e tal qual a monja havia descrito - por fora e por dentro. E também foi confirmada a presença de uma "reprodução ao natural" da via crucis, ao longo de um caminho próximo à morada, montada pela própria mãe de Jesus - o que a monja já havia relatado por volta de 100 anos antes de tal verificação. Isto vinha sendo um dado, até então, totalmente ignorado no mundo cristão, após a antiguidade.

Do mesmo modo se descobriram em 1981 as passarelas sob o Templo de Jerusalém, que Ana vira ao contemplar o mistério da lmaculada Conceição de Maria - dogma que não seria proclamado pela Igreja até trinta anos depois da morte da vidente. Ana Catalina Emmerich soube, pelo próprio Cristo, que suas faculdades de visão mística sobre passado, presente e futuro eram as maiores já possuídas por qualquer ser humano na História.

A seguir, uma mostra a fins ilustrativos, visto que, na totalidade, os escritos são bastante extensos.

O MISTÉRIO DA INIQÜIDADE

"Vi diferentes partes da Terra: meu guia me disse que se tratava da Europa e, mostrando-me um rincão arenoso, disse-me estas importantes palavras: - Tenho aqui a Prússia inimiga. E me orientou, a seguir, para um ponto mais ao norte dizendo: - Tenho aqui Moscou e, com ela, muitos males." (AA.III.133)

"Os habitantes eram de um orgulho inusitado. Vi que se armavam e que se trabalhava por todos os lados. Tudo era sombrio e ameaçador"...

A CRISE UNIVERSAL

Quando alcanço um país, vejo com mais freqüência sua capital, como num ponto central - o estado panorâmico deste país sob forma de noite, de bruma, de frio; vejo também, de muito perto, as sedes principais da perdição; compreendo tudo e posso contemplar cenas onde estão os maiores perigos. Destes focos de corrupção, vejo escoamentos e pântanos estenderem-se através do país como canais envenenados ao que, no meio de tudo isto, há gente piedosa em oração, há igrejas - onde repousa o Santo Sacramento -, há corpos inumeráveis de santos e bem-aventurados, há todas as obras de virtude, de humildade, de fé; e estas exercem uma ação que sufoca, apazigua, detêm o mal, e que ajuda onde se roga. A seguir, tenho visões onde tanto os ímpios como os bons passam ante meus olhos. (AA.II.408)

Vejo rondar sobre certos lugares e certas cidades, aparições horríveis que fazem ameaças com grandes perigos ou, inclusive, com uma destruição total. Vejo tais lugares derrubarem-se, de alguma maneira, à noite: n'outras, vejo o sangue correr a rios em batalhas suspensas no ar, nas nuvens. (AA.II.408)

E, sobre estes perigos, estes castigos, não os vejo como fatos isolados, mas como conseqüência do que ocorre em outros lugares: onde o pecado gera violência e combates corporais; e vejo o pecado se transformar na vara que açoita os culpados. (AA.II.409)

Atravessava a vinha (a diocese) de São Ludger (Munique), onde encontrei tudo debaixo de grande sofrimento, como anteriormente, e passei pela vinha de São Liboire (Paderborn), onde trabalhei por último, e a encontrei em vias de melhora. Passei pelo lugar (Praga) onde repousam São João Nepomuceno, São Venceslau, Santa Ludmila e outros santos. Tinham muitos santos, mas, entre os vivos, poucos sacerdotes piedosos, e me parecia que as pessoas boas e piedosas se mantinham escondidas com freqüência. Ia sempre na direção do meio-dia (depois desta subida, a nordeste), e passava adiante da grande cidade (Viena) que domina uma alta torre, e ao redor da qual há muitas avenidas e bairros. Deixava esta cidade à esquerda e atravessei uma região de altas montanhas (os Alpes austríacos onde ainda tinha, aqui e ali, muita gente piedosa, especialmente entre aqueles que viviam dispersos: depois, indo sempre para o meio dia, cheguei à vila marítima (Veneza) onde vi, recentemente, a São Inácio e seus colegas. Vi aí também grande uma corrupção (pela cidade): São Marcos e outros santos estavam presentes. Ia pela vinha de Santo Ambrósio (a diocese de Milão). Lembro-me de muitas visões e de graças obtidas pela intercessão de Santo Ambrósio, sobretudo pela ação exercida por Santo Agostinho. Aprendi muitas coisas sobre ele e, dentre outras, que tinha conhecido uma pessoa que tinha, num verdadeiro grau, o dom de reconhecer relíquias. Tive visões a propósito desse assunto e creio que ele falou sobre isso num de seus escritos...

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Cheguei à casa de São Pedro e São Paulo (Roma) e vi um mundo tenebroso, cheio de angústia, de confusão e corrupção... vi nesta cidade terríveis ameaças vindas do norte. Partindo daí, atravessei as águas (o Mediterrâneo), atingindo as ilhas onde há uma mistura do bem e do mal, e constatei que os mais isolados eram os mais felizes - e os mais luminosos: depois fui à pátria de Francisco Xavier (Espanha), visto que eu viajava na direção do poente. Vi ali numerosos santos e o país ocupado por soldados vermelhos. (AA.II.411)

Seu chefe (o de Espanha) estava na direção do meio-dia de além-mar. Vi este país (onde se encontrava o chefe) passivamente calmo em comparação à pátria de Santo Inácio, onde entrei logo a seguir, e a vi num estado horrível. (AA.II.414)

Vi trevas estendidas por toda esta região sobre a qual repousava um tesouro de méritos e de graças provenientes de Santo Inácio. Eu me encontrava no ponto central do país. Reconheci o lugar onde, muito tempo antes, havia visto inocentes arrojados numa fogueira. (AA.II.414)

Vi, finalmente, os inimigos do interior, avançando por todos os lados. Aqueles que atiçavam o fogo, agora, se atiravam, eles mesmos, à fogueira. (AA.II.415)

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Vi enormes abominações estenderem-se sobre o país. Meu guia me disse: "Hoje Babel está aqui.". E vi por todo o país uma longa corrente de sociedades secretas, com uma missão como em Babel, e vi o encadeamento destas coisas, até a construção da torre, num tecido, fino como uma teia de aranha, estendendo-se através de todos os lugares e de toda a História: o produto supremo desta floração era Semirâmis, a mulher diabólica. (AA.II.415)

Vi destruir tudo o que era sagrado e a impiedade e a heresia se irromperem. (AA.II.415)

Havia uma ameaça de guerra civil, e de uma crise interna que iria destruí-lo todo. (AA.II.415)

Após este país desgraçado (Espanha), fui conduzida acima do mar, aproximadamente ao norte, numa ilha onde esteve São Patrício (Irlanda). Não tinha mais que católicos, mas estavam muito oprimidos: mantinham, no entanto, relações com o Papa, mas em segredo. Havia ainda muito de bom neste país pois as pessoas eram unidas entre si. (AA.II.416)

Da ilha de São Patrício cheguei, através de um braço de mar (Mar da Irlanda), a uma grande ilha.

Era sombria, brumosa e fria.

Vi por aqui e ali alguns grupos de piedosos sectários (...) o resto, encontravam-se todos numa grande agitação.

Quase todo povo estava dividido em dois partidos, que estavam ocupados com intrigas tenebrosas e más.

O partido mais numeroso era o mais perverso: o menos numeroso tinha os soldados a suas ordens; também não valia grande coisa, no entanto, valia mais. Vi grande confusão e uma luta se aproximar, e vi o partido menos numeroso tomar o poder.

Havia em tudo isto manobras abomináveis: traições mútuas, todos se vigiavam uns aos outros, e cada um parecia ser o espião de seu vizinho.

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Acima deste país vi uma grande quantidade de amigos de Deus de tempos passados: quantos santos reis, bispos, propagadores do cristianismo que tinham vindo de lá, e faziam a Alemanha trabalhar a nosso favor! Vi Santa Walburge, o Rei Eduardo, Edgar e também Santa Úrsula.

Vi muita miséria no país frio e brumoso: vi a opulência, vícios e numerosos navios.

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Dali, fui ao levante, além do mar, a um território frio onde vi Santa Brígida (da Suécia), São Canut (Rei da Dinamarca e seu patrono) e São Eric (Rei da Suécia). Este país era mais tranqüilo e pobre que o precedente, mas também era frio, brumoso e sombrio. Não lembro mais o que vi, ou o que se fez ali. Todo mundo era protestante. (AA.II.417)

Deste lugar, me dirigi a um imenso território (Rússia) completamente tenebroso e cheio de maldade, dali surgiam grandes tormentas. Os habitantes eram de um orgulho inusitado. (AA.II.418)

Construíam grandes igrejas e acreditavam estar com a razão. Vi que se armavam e que se trabalhava por todos os lados: tudo era sombrio e ameaçador. Vi São Basílio e outros. Avistei sobre o castelo de telhados deslumbrantes o Maligno, que se mantinha nos pináculos. (AA.II.418)

Enquanto tudo isto surgia como um desenrolar de cenas tenebrosas que vejo nestes países, também vejo os bons germes luminosos que há neles; e iniciam-se mais cenas, situadas numa região mais elevada. Vejo acima de cada país um mundo de luz que representa tudo que se fez por este através dos santos - filhos destes países, os tesouros de graças da Igreja, que os mesmos fizeram descer sobre si pelos méritos de Jesus Cristo. Vi, acima das igrejas devastadas, sobrepujarem-se as igrejas na luz; vi os bispos e os doutores, os mártires, os confessores, os videntes e todos os privilegiados da graça que viveram ali: entro nas cenas onde figuram seus milagres e as graças que estes têm recebido, e tenho as visões, as revelações, as aparições mais importantes que receberam. Vejo todas as suas vidas e suas relações, a ação que exerceram de perto ou de longe, o encadeamento de seus trabalhos, e os efeitos produzidos por estes até distâncias mais afastadas. Vejo tudo o que foi feito, como tudo foi aniquilado e como, contudo, a bênção permanece sempre sobre as vias que estas pessoas percorreram. Como se permanece sempre em união com a pátria e seu rebanho pela intermediação de gente piedosa que guarda suas memórias. Particularmente, seus esqueletos, onde repousam, são, por meio de uma relação íntima que religa o homem de hoje a estes - que se foram -, fonte de caridade e de intercessão.

Sem o socorro de Deus não se poderia contemplar tanta miséria e abominação - que provocariam tal caridade e misericórdia -, sem que se morresse de dor. (AA.II.409)


A NATUREZA FERIDA DE MORTE

Vi a Terra como uma superfície redonda, coberta de escuridão e trevas. (AA.II.158) Tudo secava e parecia perecer. Via isto em inumeráveis detalhes com criaturas de toda espécie - tais como as árvores, os arbustos, as plantas, as flores e os campos. Era como se a água tivesse sido tirada dos ribeiros, das fontes, dos rios e dos mares, ou como se ela voltasse a sua origem, às águas que estão acima do firmamento e ao redor do Paraíso. Atravessei a terra desolada e vi os rios como linhas delgadas, os mares como negros abismos, onde não se via mais do que alguns charcos de água ao centro. Todo o resto era lama espessa e turva na qual via animais e peixes enormes presos, lutando contra a morte. Ia o suficientemente longe para poder reconhecer a orla do mar onde tinha visto, antes, São Clemente se afogar. Passei, também, por lugares e por homens no mais lamentável estado de confusão e perdição e, à medida que a terra se tornava mais desolada e mais árida, contemplei as obras tenebrosas dos homens que as cruzavam. Vi muitas abominações bem de perto; reconheci Roma e vi a Igreja oprimida e sua decadência no interior e exterior. (AA.III.158)

CINQÜENTA OU SESSENTA ANOS ANTES DO ANO 2000

No meio do Inferno havia um abismo horrível; Lúcifer foi ali precipitado, carregado de correntes, uma espessa fumaça o rodeava por toda parte. Seu destino era regulado por uma lei que Deus mesmo havia ditado; vi que, cinqüenta ou sessenta anos, se não me equivoco, antes do ano 2000, Lúcifer haveria de sair durante algum tempo do abismo.

Vi muitos outros dados que esqueci, outros demônios deviam também ser postos em liberdade numa época mais ou menos longínqua, com o fim de tentar os homem - e de servir de instrumentos à justiça divina. Muitos destes demônios devem sair do abismo nesta época, e outros de aqui a pouco tempo. (DD.452)

Vi que os apóstolos foram enviados à maior parte da Terra para abater, por todas as partes, o poder de Satã, e para contribuir com bênçãos, e que as regiões onde operaram eram as que tinham sido mais fortemente envenenadas pelo inimigo.

Se estes países não perseveraram na fé cristã, e estão agora deixados ao abandono, isto foi, como o vi, por sábia disposição da Providência. Estes deviam ser somente abençoados para o porvir, e permanecem baldios com o fim de que, semeados de novo, levem frutos em abundância quando os demais se tenham ficado sem bases. (AA.II.340)

Quando Jesus desceu sobre a Terra, e foi a terra regada com seu sangue, a potência infernal diminuiu consideravelmente, e suas manifestações se fizeram mais tímidas. (BV.56)

A RECONSTRUÇÃO DA IGREJA

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Então, vi reconstruir a Igreja muito rapidamente e com mais magnificência que nunca. (AA.III.114) Vi uma mulher cheia de majestade avançar na grande vaga que está diante da Igreja. Ela mantinha seu amplo manto sobre os dois braços e se elevava suavemente no ar. Pousara sobre o domo e, agora, estende sobre toda a extensão da Igreja seu manto, que parecia irradiar ouro. Os demolidores tinham tomado um momento de repouso mas, quando quiseram voltar ao trabalho, foi-lhes absolutamente impossível acercar-se ao espaço coberto pelo manto. (AA.II.204)

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Depois vi, ao longe, acercar-se grandes cortes, ordenadas em círculo ao redor da Igreja, umas sobre a Terra, outras no Céu. A primeira se compunha de homens e mulheres jovens, a segunda, de pessoas casadas de toda condição, entre as quais, reis e rainhas, a terça, de religiosos, a quarta, de militares. Diante destes vi um homem montado sobre um cavalo branco. A última tropa estava composta de burgueses e de paisanos dos quais muitos estavam marcados na testa com uma cruz vermelha. (AA.III.113)

Vi a Igreja de São Pedro: estava nua, com exceção do coro e do altar maior. Depois, vieram de todas as partes do mundo, sacerdotes e laicos que refizeram os muros de pedra. (AA.III.118)

Enquanto se acercavam, cativos e oprimidos foram libertos e se uniram a estes. (AA.III.114)

Todos os demolidores e conjurados foram expulsos de todos os cantos e, sem saber como, reunidos numa única massa confusa e coberta de bruma. Eles não sabiam nem o que tinham feito, nem o que deviam fazer, e corriam, batendo a cabeça uns contra os outros. Quando foram reunidos numa só massa, vi-os abandonar sua missão de demolição da Igreja, e perder-se nos diversos grupos. (AA.III.114) Então, vi a Igreja se refazer muito rapidamente e com maior poder e grandeza que nunca: porque as pessoas de todas as cortes faziam passar as pedras de um extremo do mundo ao outro. Quando os grupos mais afastados se acercavam, os que estavam mais perto do centro se retiravam após os outros. Era como se representassem as diversas obras da oração, e o grupo de soldados, as obras da guerra. Vi neste, amigos e inimigos pertencentes a todas as nações. Eram, simplesmente, militares como os nossos (como os soldados de seu tempo), e vestidos de forma igual (com uniformes).

O círculo que formavam não estava fechado, mas tinha, na direção ao norte, um grande intervalo vazio e sombrio: era como um buraco, como um precipício. Tive o sentimento de que havia ali um território coberto de trevas. (AA.III.114)

Vi também uma parte deste grupo permanecer atrás: não queria ir mais adiante - e todos tinham um aspecto sombrio, e permaneciam uns contra outros. Em todos estes grupos, vi muitas pessoas que deviam sofrer o martírio por Jesus: havia ali, entretanto, muitos perversos, e outra segregação teria que se suceder para mais adiante...

Não obstante, vi a Igreja completamente restaurada; e acima dela, sobre uma montanha, o Cordeiro de Deus rodeado de um grupo de virgens com palmas nas mãos, e também os cinco círculos formados pelas cortes celestiais correspondentes àquelas daqui de baixo, pertencentes à Terra. (AA.III.113-115)

A GUERRA ESPIRITUAL

Vi grandes tropas, vindas de vários países, dirigirem-se a um ponto, e combates que se travavam por toda parte. Vi, em meio a estes, uma grande mancha negra, como um enorme buraco. Os que combatiam ao redor eram cada vez menos numerosos, e muitos caíam, sem nem se dar conta. Durante esse tempo vi, todavia, em meio a desastres, os doze homens (os apóstolos dos últimos tempos) que já narrei, dispersos em diversos lugares sem saber nada uns dos outros, receberem raios de água viva (que abundam da Montanha dos Profetas).

Vi que todos tinham o mesmo trabalho em diversos cantos; que não sabiam de onde se havia pedido que o executassem, e quando algo se concluía, lhes eram mostradas outras para que se fizesse. Eram sempre em doze, onde ninguém tinha mais de quarenta anos... vi que todos recebiam de Deus o que se tinha perdido, e que operavam o bem por todos os lados; eram todos católicos. Vi também, nos tenebrosos destruidores, falsos profetas e gente que trabalhava contra os escritos dos doze novos apóstolos.

Como as forças dos que combatiam ao redor do tenebroso abismo se iam debilitando cada vez mais, e como durante o combate toda uma cidade se tinha desaparecido, os doze homens apostólicos ganhavam, sem cessar, um grande número de aderentes, e da outra cidade (Roma) partiam como um cone luminoso que entrava no círculo sombrio. (AA.III.159)

AS DUAS CIDADES

Vi em duas esferas opostas o império de Satã e o império do Salvador. Vi a cidade de Satã e uma mulher, a prostituta da Babilônia, com seus profetas e suas profetisas, seus taumaturgos e seus apóstolos. Aí, tudo era rico, brilhante, magnífico, comparado com o império do Salvador. Vi ali reis, imperadores, sacerdotes magnificamente vestidos, e em suas carruagens; Satã tinha um trono magnífico.

Ao mesmo tempo vi o império do Salvador, pobre visível apenas sobre a Terra, afundado no luto e na desolação. A Igreja me foi apresentada ao mesmo tempo sob os feitos heróicos da Virgem e do Salvador na cruz, cujo lado entreaberto parecia indicar ao pecador o asilo da graça. (BB.IV.168)

O PAPA FUTURO

Lhe vi ao mesmo tempo, suave e severo. Sabia atrair os bons sacerdotes e rejeitar pra longe os maus. Vi tudo renovar-se, e uma Igreja que se elevava até o céu. (AA.III.103)

Vi um novo Papa muito firme. (AA.III.161)

Houve, na Igreja espiritual, uma festa de ação de graças; havia ali uma glória maravilhosa, um trono magnificamente enfeitado. São Paulo, Santo Agostinho e outros santos convertidos figuravam de uma maneira muito especial. Era uma festa onde a Igreja triunfante agradecia a Deus de uma grande graça que deveria se consumar no futuro. Era algo como uma consagração futura. Isto tinha relação com a mudança moral operada num homem esbelto e muito jovem, que deve, um dia, chegar a ser Papa.

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Também nesta visão vi muitos cristãos entrarem na Igreja. Entravam através dos muros desta. (AA.III.177)

Vi que este Papa deverá ser bem severo, e que afastará a todos os bispos mornos e frios. Mas muito tempo deve ainda se passar até que isto ocorra.(AA.III.177)

Vi este futuro Papa na Igreja ser rodeado de outros homens piedosos: estava relacionado a esse velho sacerdote que vi morrer em Roma, faz alguns dias.

O jovem já estava em seus paramentos, e parecia que receberia hoje (27 de janeiro de 1822) uma insígnia. Não é romano, senão italiano, de um lugar que não está muito afastado de Roma, e pertence, creio, a uma piedosa família nobre. (Tratava-se do futuro Papa Pio IX) (AA.III.178)

O RETORNO À UNIDADE CRISTÃ

O Papa não estava na Igreja. Encontrava-se oculto. (AA.II.493)

Creio que aqueles que estavam na Igreja não sabiam onde estivesse. Não sabiam se este rezava ou se estava morto. Mas vi que todos os assistentes, sacerdotes e laicos deviam pôr a mão sobre uma passagem do livro dos evangelhos, e que sobre muitos deles descia, como um sinal particular, uma luz que era transmitida pelos santos apóstolos e santos bispos. Vi também que vários deles o faziam apenas de maneira formal. (AA.II.493)

Muitos antigos dignatários eclesiásticos, tendo-se postos a serviço dos maus bispos, haviam deixado no esquecimento os interesses da Igreja, e passaram a se arrastar em muletas, como coxos e paralíticos; e foram levados por dois guias, e receberam seu perdão. (AA.II.492)

Fora, ao redor da Igreja, vi chegarem muitos judeus que queriam entrar, mas que não o podiam fazer ainda. Ao final, aqueles que não tinham entrado no início, chegaram, formando uma multidão inumerável: mas vi, então, o livro fechar-se inesperadamente, como sob o impulso de um poder sobrenatural. Ao horizonte, vi um sangrento e terrível combate e, especialmente, uma grande ala do lado norte e pelo poente.

Foi uma grande visão de grande impacto. Sinto muito ter-me esquecido o lugar do livro sobre o qual se devia colocar o dedo. (AA.II.493)

Conheci, por uma visão, que, ao fim do mundo, uma batalha se iniciará contra o Anticristo, nas planícies de Megido. (EE.I.234)

O TEMPO DE PAZ

Neste dia Ana Catalina teve uma longa conversa com dois de seus visitantes celestiais: São Francisco de Salgues e São Francisco de Chantal. Eles diziam que a época atual era muito triste, mas que após tantas tribulações, viria um tempo de paz no que a religião retomaria seu império, e no que haveria entre os homens muita cordialidade e caridade, e que, então, muitos conventos refloresceriam no real sentido da palavra. Tive também uma visão deste tempo longínquo que não posso descrever, mas vi sobre toda a Terra retirar-se a noite, e o amor estender uma nova vida. Tive nesta ocasião visões de toda espécie sobre o renascimento das ordens religiosas. (AA.II.440) O tempo do Anticristo não está tão próximo como alguns pensam. Terá ainda precursores. Vi em duas cidades a doutores da escola das quais sairiam tais precursores. (AA.II.441)


Traduzidos do Espanhol e Alemão por Átila Soares da Costa Filho