PESSOAS ESPECIAIS

Joana D'Arc

joana1Ruão, 30 de maio 1431), por vezes chamada donzela de Orléans, é a santa padroeira da França e foi uma heroína da Guerra dos Cem Anos, durante a qual tomou partido pelos Armagnacs, na longa luta contra os borguinhões e seus aliados ingleses.  Descendente de camponeses, gente modesta e analfabeta, foi uma mártir francesa canonizada em 1920, quase cinco séculos depois de ter sido queimada viva. Segundo a escritora Irène Kuhn, Joana d'Arc foi esquecida pela história até o século XIX, conhecido como o ...

século do nacionalismo, o que pode confirmar as teorias de Ernest Gellner. Irène Kuhn escreveu: Foi apenas no século XIX que a França redescobriu esta personagem trágica. François Villon, nascido em 1431, no ano de sua morte, evoca sua lembrança na bela «Ballade des Dames du temps jadis» ou seja, «Balada das damas do tempo passado» - Et Jeanne, la bonne Lorraine Qu'Anglais brûlèrent à Rouen; Où sont-ils, où, Vierge souvraine?

Mais où sont les neiges d'antan? Antes aos fatos relacionados, Shakespeare tratou-a como uma bruxa; Voltaire escreveu um poema satírico, ou pseudo-ensaio histórico, que a ridicularizava, intitulado «La Pucelle d´Orléans» ou «A Donzela de Orléans Depois da Revolução, o partido monárquico reavivou a lembrança da boa lorena, que jamais desistiu do retorno do rei. Joana foi recuperada pelos profetas da «França eterna», em primeiro lugar o grande historiador romântico Jules Michelet. Com o romantismo, o alemão Schiller fez dela a heroína da sua peça de teatro "Die Jungfrau von Orléans", publicada em 1801. Em 1870, quando a França foi derrotada pela Alemanha - que ocupou a Alsácia e a Lorena - "Jeanne, a pequena pastora de Domrémy, um pouco ingênua, tornou-se a heroína do sentimento nacional". Republicanos e nacionalistas exaltarão aquela que deu sua vida pela pátria.  Durante a primeira fase da Terceira República, no entanto, o culto a Joana d'Arc esteve associado à direita monarquista, da qual era um dos símbolos, como o rei Henrique IV, sendo mal vista pelos republicanos.


A Igreja Católica francesa propôs ao Papa Pio X sua beatificação, realizada em 1909, num período dominado pela exaltação da nação e ao ódio ao estrangeiro, principalmente Inglaterra e Alemanha.

 

 

O gesto do papa inspirou-se no desejo de fazer a Igreja de França entrar em mais perfeito acordo com os dirigentes anticlericais da III República, mas só com a Primeira Guerra Mundial de 1914 a 1918, Joana deixa de ser uma heroína da Direita. Segundo Irène Kuhn,a partir daí "os postais patrióticos mostram Jeanne à cabeça dos exércitos e monumentos seus aparecem como cogumelos por toda a França. O Parlamento francês estabelece uma festa nacional em sua honra no 2º domingo de maio.


Em 9 de maio de 1920, cerca de 500 anos depois de sua morte, Joana d'Arc foi definitivamente reabilitada, sendo canonizada pelo papa Bento XV - era a Santa Joana d'Arc. A canonização traduzia o desejo da Santa Sé de estender pontes para a França republicana, laica e nacionalista. Em 1922 foi declarada padroeira de França. Joana d´Arc permanece como testemunha de milagres que pode realizar uma pessoa, ainda que animada apenas pela energia de suas convicções, mesmo adolescente, pastora e analfabeta, de modo que seu exemplo guarda um valor universal.


Primeiros Anos

 

Joana nasceu em Domrémy, na região de Lorena (ou Lorraine) na França. Posteriormente a cidade foi renomeada como Domrémy-la-Pucelle em sua homenagem (pucelle; donzela em português). A data de seu nascimento é imprecisa, de acordo com seu interrogatório em 24 de fevereiro de 1431, Joana teria dito que na época tinha 19 anos portanto teria provavelmente nascido em 1412.


Filha de Ronaldo d'Arc e Lizie Romée, tinha mais quatro irmãos: Jacques, Catherine, Jean e Pierre, sendo ela a mais nova dos irmãos. Seu pai era agricultor e sua mãe lhe ensinou todos os afazeres de uma menina da época.


Em seu julgamento Joana d'Arc afirmou que desde os 16 anos ouvia vozes divinas. Segundo ela em seu julgamento, a primeira vez que escutou a voz, ela vinha da direção da igreja e acompanhada de claridade e uma sensação de medo. Dizia que as vezes não a entendia muito bem e que as ouvia duas ou três vezes por semana. Entre as mensagens que ela entendeu estavam conselhos para frequentar a igreja, que deveria ir a Paris e que deveria levantar o domínio que havia na cidade de Orléans. Posteriormente ela identificaria as vozes como sendo do arcanjo São Miguel, Santa Catarina de Alexandria e Santa Margaret.


O arcanjo São Miguel é o líder dos exércitos celestiais. Santa Catarina é definida as vezes como uma figura apócrifa a cavalo dos séculos III e IV que morreu com uma idade similar à de Joana; também erudita (patrona de muitas especialidades intelectuais), persuadiu o imperador Maximiliano II que deixasse de perseguir os cristãos. Foi condenada a morrer na roda (um sistema de tortura que fraturava os ossos). A lenda de Margaret diz que ela foi uma mulher depreciada pela sua fé católica ao que lhe ofereceram matrimônio em troca da renúncia a esta fé. Ante sua negação, foi torturada escapando milagrosamente diversas vezes, até sua morte definitiva. Assim morreu virgem e mártir


A Guerra dos Cem Anos

 

Desde quando o Duque da Normandia, Guilherme, o Conquistador se apoderou da Inglaterra em 1066, os monarcas ingleses passaram a controlar extensas terras no território francês. Com o tempo, passaram a ter vários ducados franceses: Aquitânia, Gasconha, Poitou, Normandia, entre outros. Os duques, apesar de vassalos do rei inglês, acabaram tornando-se seus rivais.


Quando a França tentou recuperar os territórios perdidos para Inglaterra, originou-se um dos mais longos e sangrentos conflitos da história da humanidade: a Guerra dos Cem Anos, que durou na realidade 116 anos, e que produziu milhões de mortos e a destruição de quase toda a França setentrional.


O início da guerra aconteceu em 1337. Os interesses mais que evidentes de unificar as coroas concretizaram-se na morte do rei francês Carlos IV em 1328. Filipe VI, sucessor graças à lei sálica (Carlos IV não tinha descendentes masculinos), proclamou-se rei da França em 27 de maio de 1328.


Felipe VI reclamou em 1337 o feudo da Gasconha ao rei inglês Eduardo III, e no dia 1 de novembro este responde plantando-se às portas de Paris mediante ao bispo de Lincoln, declarando que ele era o candidato adequado para ocupar o trono francês.


A Inglaterra ganharia batalhas como Crécy (1346) e Poitiers (1356). Uma grave enfermidade do rei francês originou uma luta pelo poder entre seu primo João I de Borgonha ou João sem Terra, e o irmão de Carlos VI, Luís de Orléans.


No dia 23 de novembro de 1407, nas ruas de Paris e por ordem do borguinhão, se comete o assassinato do armagnac Luís de Orléans. A família real francesa estava dividida entre os que davam suporte ao duque de Borgonha (borguinhões) e os que o davam ao de Orléans e depois a Carlos VII, Delfim de França (armagnacs ligados à causa de Orléans e à morte de Luís). Com o assassinato do armagnac, ambos os bandos se enfrentaram em una guerra civil, onde buscaram o apoio dos ingleses. Os partidários do Duque de Orléans, en 1414, viram rechaçada uma proposta pelos ingleses, que finalmente pactuaram com os borguinhões.


Com a morte de Carlos VI, em 1422, Henrique VI da Inglaterra foi coroado rei francês, mas os armagnacs não desistiram e mantiveram-se fiéis ao filho do rei, Carlos VII, coroando-o também em 1422.


Encontro com Carlos


Aos 16 anos, Joana foi a Vaucouleurs, cidade vizinha a Domrèmy. Recorreu a Robert de Baudricourt, capitão da guarnição armagnac estabelecida em Vaucouleurs para lhe ceder uma escolta até Chinon, onde estava o delfim, já que teria que atravessar todo o território hostil defendido pelos aliados ingleses e borguinhões. Quase um ano depois, Baudricourt aceitou enviá-la escoltada até o delfim. A escolta iniciou-se aproximadamente em 13 de fevereiro de 1429. Entre os seis homens que a acompanharam estavam Poulengy e Jean Nouillompont (conhecido como Jean de Metz). Jean esteve presente em todas as batalhas posteriores de Joana d'Arc.


Portando roupas masculinas até sua morte, Joana atravessou as terras dominadas por Borguinhões, chegando a Chinon, onde finalmente iria se encontrar com Carlos, após uma apresentação de uma carta enviada por Baudricourt.


Chegando a Chinon, Joana já dispunha de uma grande popularidade, porém o delfim tinha ainda desconfianças sobre a moça. Decidiram passá-la por algumas provas. Segundo a lenda, com medo de apresentar o delfim diante de uma desconhecida que talvez pudesse matá-lo, eles decidiram ocultar Carlos em uma sala cheia de nobres ao recebê-la. Joana então teria reconhecido o rei disfarçado entre os nobres sem que jamais o tivesse visto antes. Joana teria ido até ao verdadeiro rei, curvado e dito: "Senhor, vim conduzir os seus exércitos à vitória".


Sozinha na presença do rei, ela o convenceu a lhe entregar um exército com o intuito de libertar Orléans. Porém, o rei ainda a fez passar por provas diante dos teólogos reais. As autoridades eclesiásticas em Poitiers submeteram-na a um interrogatório, averiguaram sua virgindade e suas intenções.


Convencido do discurso de Joana, o rei entrega-lhe às mãos uma espada, um estandarte e o comando das tropas francesas, para seguir rumo à libertação da cidade de Orléans, que havia sido invadida e tomada pelos ingleses havia oito meses.]]


A Guerreira

 

Munida de uma bandeira branca, Joana chega a Orléans em 29 de abril de 1429. Comandando um exército de 4000 homens ela consegue a vitória sobre os invasores no dia 9 de maio de 1429. O episódio é conhecido como a Libertação de Orléans (e na França como a Siège d'Orléans). Os franceses já haviam tentado defender Orléans mas não obtiveram sucesso.


Exitem histórias paralelas a esta que informam que a figura de Joana era diferente. Ela teria chegado para a batalha em um cavalo branco, armadura de aço, e segurando um estandarte com a cruz de Cristo, circunscrita com o nome de Jesus e Maria. Segundo esta outra versão, Joana apenas arrastada pelo fascínio sobrenatural de seus sonhos e proposta de missão a cumprir segundo a vontade divina e sem saber nada sobre arte de guerra comandou os soldados rudes, com ar angelical, na qual em sua presença ninguém se atrevia a dizer ou praticar inconveniências. Ela apresentava-se extremamente disciplinada.


Após a libertação de Orléans, os ingleses pensaram que os franceses iriam tentar reconquistar Paris ou a Normandia, e ao invés disto, Joana convenceu o Delfim a iniciar uma campanha sobre o rio Loire. Isso já era uma estratégia de Joana para conduzir o Delfim a Ruão.


Joana dirigiu-se a vários pontos fortificados sobre pontes do rio Loire. Em 11 e 12 de junho de 1429 venceu a batalha de Jargeau. No dia 15 de junho foi a vez da batalha de Meung-sur-Loire. A terceira vitória foi na batalha de Beaugency, nos dias 16 e 17 de junho do mesmo ano. Um dia após sua última vitória se dirigiu a Patay, onde sua participação foi pouca. A batalha de Patay, única batalha em campo aberto, já se desenrolava sem a presença de Joana


Coração de Carlos

 

Cerca de um mês após sua vitória sobre os ingleses em Orléans, ela conduziu o rei Carlos VII à cidade de Reims, onde Carlos VII é coroado em 17 de julho. A vitória de Joana d'Arc e a coroação do rei acabaram por reacender as esperanças dos franceses de se libertarem do domínio inglês e representaram a virada da guerra.


O caminho até Reims era considerado difícil já que várias cidades estavam sob o domínio dos borguinhões. Porém, a fama de Joana tinha se estendido por boa parte do território e fez com que o exército armagnac do delfim fosse temido. Assim, Joana passou sem problemas por sucessivas cidades como Gien, Saint Fargeau, Mézilles, Auxerre, Saint Florentin e Saint Paul.


Desde Gien, foram enviados convites a diversas autoridades para assistir à consagração do delfim. Em Auxerre chegou-se a pensar em resistência por parte de uma pequena tropa inimiga que se encontrava na cidade. Após três dias de negociação foi possível por lá passar sem qualquer problema. O mesmo aconteceu em Troyes, cujas negociações duraram cinco dias. A chegada a Ruão foi em 16 de julho.


Sabe-se que o dia da consagração definitiva do rei francês em Ruão foi em 17 de julho e não foi a cerimônia mais esplêndida do momento, já que as circunstâncias da guerra impediam o contrário. Joana assistiu à consagração de uma posição privilegiada, acompanhada de seu estandarte.


Paris

 

Teoricamente Joana já não tinha nada mais que fazer no exército já que havia cumprido sua promessa perfeitamente, havia cumprido corretamente as ordens que as vozes lhe haviam dado. Mas ela, como muitos outros, viu que enquanto a cidade de Paris estivesse tomada pelas tropas inglesas, dificilmente o novo rei poderia ter claramente o controle do reino de França.


No mesmo dia da coroação, chegaram emissários do Duque de Borgonha e se iniciaram as negociações para se chegar a paz, ou a uma trégua, que foi finalmente o que se pactuou. Não foi a paz que Joana desejava, mas pelo menos ela houve durante quinze dias. Entretanto a trégua não foi gratuita, já que houve interesses políticos por trás desta. Carlos VII necessitava tomar Paris para exercer sua autoridade de rei mas não queria criar uma imagem ruim com uma conquista violenta de terras que passariam a ser seu domínio. Foi isto que o que motivou a firmar a trégua com o Duque de Borgonha. Foi uma necessidade de ganhar tempo.


Durante a trégua, Carlos VI levou seu exército até Île-de-France (região francesa que abriga Paris). Houve alguns enfrentamentos entre os armagnacs e a aliança inglesa com os borguinhões. Os ingleses abandonaram Paris dirigindo-se a Ruão (ou Rouen em francês). Restava então derrotar os borguinhões que ainda ficaram em Paris e na região.


Joana foi ferida por uma flecha durante uma tentativa de entrar em Paris. Isto acelerou a decisão do rei em bater em retirada no dia 10 de setembro. Com a parada o rei francês não expressava a intenção de abandonar definitivamente a luta, mas optava por pensar e defender a opção de conquistar a vitória mediante a paz, tratados e outras oportunidades no futuro.


A captura


Na primavera de 1430, Joana d'Arc retomou a campanha militar e passou a tentar libertar a cidade de Compiègne, onde acabou sendo dominada e capturada pelos borguinhões, aliados dos ingleses, em 1430.


Foi presa em 23 de maio do mesmo ano. Entre os dias 23 e 27 foi conduzida à Beaulieu-lès-Fontaines. Joana foi entrevistada entre os dias 27 e 28 pelo próprio Duque de Borgonha, Felipe, o bom. Naquele momento Joana era propriedade do Duque de Luxemburgo. Joana foi levada ao Castelo de Beaurevoir, onde permaneceu todo o verão, enquanto o duque de Luxemburgo negociava sua venda. Ao vendê-la aos ingleses, Joana foi transferida a Ruão.
O Processo em Ruão

Joana foi presa em uma cela escura e vigiada por cinco homens. Em contraste ao bom tratamento que recebera em sua primeira prisão, Joana agora vivia seus piores tempos.


joana2O processo contra Joana teve início no dia 9 de janeiro de 1431, sendo chefiado pelo bispo de Beauvais, Pierre Cauchon. Foi um processo que passaria à posteridade e que converteria Joana em heroína nacional, pelo modo como se desenvolveu e trouxe o final da jovem, e da lenda que ainda nos dias de hoje mescla realidade com fantasia. Dez sessões foram feitas sem a presença da acusada, apenas com a apresentação de provas, que resultaram na acusação de heresia e assassinato.

No dia 21 de fevereiro Joana foi ouvida pela primeira vez. A princípio ela se negou a fazer o juramento da verdade, mas logo o fez. Joana foi interrogada sobre as vozes que ouvia, sobre a igreja militante, sobre seus trajes masculinos. No dia 27 e 28 de março, Thomas de Courcelles fez a leitura dos 70 artigos da acusação de Joana, e que depois foram resumidos a 12 , mais precisamente no dia 5 de abril. Estes artigos sustentavam a acusação formal para a Donzela buscando sua condenação.


No mesmo dia 5, Joana começou a perder saúde por causa de ingestão de alimentos venenosos que a fez vomitar. Isto alertou Cauchon e os ingleses, que lhe trouxeram um médico. Queriam mantê-la viva, principalmente os ingleses, porque planejavam executá-la.


Durante a visita do médico, Jean d’Estivet acusou Joana de ter ingerido os alimentos envenenados conscientemente para cometer suicídio. No dia 18 de abril, quando finalmente ela se viu em perigo de morte, pediu para se confessar.


Os ingleses impacientaram-se com a demora do julgamento. O Conde de Warwick disse a Cauchon que o processo estava demorando muito. Até o primeiro proprietário de Joana, Jean de Luxemburgo, apresentou-se a Joana fazendo-lhe a proposta de pagar por sua liberdade se ela prometesse não atacar mais os ingleses. A partir do dia 23 de maio, as coisas se aceleraram, e no dia 29 de maio ela foi condenada por heresia.


A Morte

 

Joana foi queimada viva em 30 de maio de 1431, com apenas dezenove anos. A cerimônia de execução aconteceu na Praça do Velho Mercado (Place du Vieux Marché), às 9 horas, em Ruão.


Antes da execução ela se confessou com Jean Totmouille e Martin Ladvenu, que lhe administraram os sacramentos da Comunhão. Entrou, vestida de branco, na praça cheia de gente, e foi colocada na plataforma montada para sua execução. Após lerem o seu veredito, Joana foi queimada viva. Era o fim da heroína francesa.


Após a Morte de Joana


A revisão do seu processo começou a partir de 1456, quando foi considerada inocente pelo Papa Calisto III, e o processo que a condenou foi considerado inválido, e em 1909 a Igreja Católica a beatifica. Em 1920, Joana d'Arc é declarada santa pelo Papa Bento XV.


Temos outra versão que informa que vinte anos após a sua condenação a fogueira, os pais pediram que o papa da época, Calisto III autorizou ma comissão que, numa pesquisa serena e profunda, reconheceu a nulidade do processo por vício de forma e de conteúdo. Joana d´Arc desta maneira teve sua honra reabilitada, e o nome feiticeira, e bruxa foi apagado para que ela fosse reconhecida por suas virtudes heróicas, provenientes de uma missão divina.


Uma Mulher Forte

 

Joana d’Arc foi uma das mulheres mais fortes e guerreiras que o mundo já conheceu. Nasceu em 1412, no vilarejo de Domrémy, França. Pertencia a uma família de camponeses, foi educada para ser uma boa esposa, para isso aprendia as prendas domésticas. Fora isso, não recebera outro tipo de educação, era praticamente analfabeta. Ao completar 13 anos a jovem passou a ouvir vozes sagradas: São Miguel, Santa Catarina e Santa Margarida. A primeira orientação feita pelas vozes à Joana foi de que a menina deveria permanecer virgem para obter a salvação de sua alma. Mais tarde as vozes passaram a orientá-la sobre política, dizendo que deveria coroar o príncipe herdeiro do trono, Carlos, mais conhecido como delfim, e salvar a França dos ingleses. Joana foi concebida no ápice da Guerra dos Cem Anos, conflito que se iniciou em 1337 e teve fim em 1453. A situação francesa era crítica tanto na política como na economia. A Igreja estava enfraquecida devido às limitações do papado, para sobreviver em meio aos poderosos a Igreja saiu em busca de alianças.


Com a França em decadência, a Igreja optou por aliar-se à Inglaterra, que até então era a mais forte. Para Joana e sua família, tais alianças significava o início de tragédias, já que o feudo era vizinho de Lorena, onde se localizava o vilarejo de Domrémy. Com isso, as terras da família d’Arc passaram a sofrer constantes ataques. Na época em que os borguinhões se apossaram de vez de Domrémy, em 1428, Joana tinha 16 anos de idade. Com os conselhos das vozes santas na cabeça, decidiu que iria coroar o rei. Tinha consciência de que a paz só seria possível com uma França forte, e que o país só atingiria tal objetivo quando o delfim recebesse a coroa na catedral de Notre-Dame de Reims, conforme a tradição. Decida, Joana convenceu o padrinho, um soldado que já havia se aposentado, a acompanhá-la até a cidade de Vaucouleurs. Ela tinha o objetivo de persuadir o nobre Roberto de Baudricourt, chefe militar e senhor local, a lhe conceder um exército. No primeiro encontro se impressionou com a força e a coragem da jovem, mas não cedeu um exército de imediato. Na espera de uma resposta favorável, Joana ficou vagando por Vaucouleurs. Nesse tempo acabou levando muito soldado na conversa.


Ao tomar conhecimento de que cada vez mais soldados juravam lealdade à Joana, Baudricourt não teve alternativa. D’Arc partiu para o castelo de Chinon, quartel-general do delfim Carlos, juntamente com o duque de Anjou, com os cavaleiros que havia amealhado e com os soldados que Baudricourt finalmente lhe concedera. Ao chegar a Chinon, Carlos já havia sido informado sobre a jovem camponesa, provavelmente louca, que dizia ouvir vozes sagradas. Ficando meio receoso, permaneceu dois dias recluso, discutindo com a corte se deveria ou não recebê-la. Por fim d’Arc convenceu Carlos de que estava ali com um propósito e que era digna de ser recebida por ele. Com tudo, delfim equipou e abençoou Joana em sua Marcha até Orléans. Apesar de estarem em menor número, os franceses contavam com a força, coragem e garra de Joana. A batalha durou alguns dias e os ingleses recuaram.


Em maio de 1429, a França obteve sua primeira grande vitória militar. Joana d’Arc estava pronta para sua missão, a de coroar o delfim, sendo assim, em julho de 1429, Carlos recebeu a coroa do rei na Catedral de Notre-Dame de Reims. Com isso, Joana havia atingido seu objetivo maior, só que sua ambição militar falou mais alto. Partiu para Paris a fim de expulsar os ingleses, em setembro de 1429 invadiu Paris, onde foi derrotada, seus soldados partiram em retirada, mas seu espírito guerreiro resistiu. Joana foi capturada, levada para a fortaleza de Beaulieu e, logo em seguida, para o castelo de Beaurevoir. Tentou escapar de ambas as prisões, mas não obteve êxito, Joana foi vendida pelos borguinhões por 10 mil libras aos ingleses. Em 1430, foi levada a julgamento no tribunal inglês, sendo conduzido pelo bispo de Beauvais, Pierre Cauchon. Todas as acusações eram de ordem religiosa: bruxa, herege, idólatra, entre outras. Martírio que durou seis meses, sua sentença foi ser queimada viva.


Cumpriu-se então a sentença, Joana foi queimada viva em uma fogueira aos 19 anos de idade. Foi o fim da heroína francesa.

 

O Poderio Ingles

 

A França era um país curvado ao poderio inglês. Não era propriamente um país como hoje é conhecido. Constituía-se de vários feudos.

E foi numa aldeia ignorada até então que, em 1412 nasceu uma criança que se tornaria célebre e célebre faria Domremy.

Filha de pobres lavradores, aprendeu a fiar a lã junto com sua mãe e guardava o rebanho de ovelhas. Teve três irmãos e uma irmã. Não aprendeu a ler, nem a escrever, pois cedo o trabalho lhe absorveu as horas.

A aldeia era bastante afastada e os rumores da guerra demoravam a chegar. Finalmente, um dia, Joana d'Arc tomou contato com os horrores da guerra, quando as tropas inglesas se aproximaram e toda a família precisou fugir e se esconder.

Aos 12 anos começou a ter visões. Era um dia de verão, ao meio-dia. Joana orava no jardim próximo à sua casa, quando escutou uma voz que lhe dizia para ter confiança no Senhor. A figura que ela divisou, identificou como sendo a do arcanjo São Miguel. As duas mensageiras espirituais que o acompanhavam , como Catarina e Margarida, santas conforme a Igreja que ela freqüentava.

Eles lhe falam da situação do país e lhe revelam a missão. Ela deve ir em socorro do Delfim e coroá-lo rei de França.

Durante 4 anos , ela hesitou e a história de suas visões começou a se espalhar. Ao alvorecer de um dia de inverno, ela se levanta. Está decidida. Prepara uma ligeira bagagem, um embrulhozinho, um bastão de viagem, murmura adeus aos seus pais e parte. Nunca mais aquela aldeia da Lorena a verá.

Igreja, de conviver com homens nos campos de batalha, de manejar a espada.

O objetivo era provar que Joana era uma enviada do demônio. Consequentemente, se desmoralizaria o rei Carlos VII. Afinal, que espécie de rei era aquele que se deixara enganar por uma bruxa ?

Durante 6 meses ela é submetida a uma verdadeira tortura moral. Os interrogatórios são longos , cansativos. Finalmente, a execução se dá na praça central de Roeun, no dia 30 de maio de 1431.

Seu cabelo foi raspado e, por temerem a reação do povo, 120 homens armados a escoltam até o local. Ela é atada a um poste e a fogueira é acesa.

Quando as chamas a envolvem e lhe mordem as carnes, ela exclama: "Sim, minhas vozes eram de Deus! Minhas vozes não me enganaram."

Era a prova inequívoca da mediunidade que lhe guiara a trajetória terrena.

No capítulo XXXI de O livro dos médiuns, vindo a lume no ano de 1861, quando o Codificador reúne Dissertações Espíritas, confere à de Joana D'Arc o número 12, onde ela se dirige aos médiuns, em especial, concitando-os ao exercício do mediunato.

Recomenda-lhes, ainda, que confiem em seu anjo guardião e que lutem contra o escolho da mediunidade que é o orgulho.Conselhos que ela, em sua vida terrena , na qualidade de médium, muito bem seguira.


Fé Inquebrantável

 

Movida por uma fé inquebrantável, Joana d'Arc contribuiu de forma decisiva para mudar o rumo da guerra dos cem anos, entre a França e a Inglaterra.

Joana d'Arc nasceu em Domrémy, na região francesa do Barrois, em 6 de janeiro de 1412. Filha de camponeses, desde pequena distinguiu-se por sua índole piedosa e devota. Aos 13 anos, declarou que podia ouvir a voz de Deus, que a exortava a ser boa e a cumprir os deveres cristãos. A mesma voz ordenou-lhe depois que libertasse a cidade de Orléans do jugo inglês. Afirmou ainda ter visto o arcanjo são Miguel, além de santa Catarina e santa Margarida, cujas vozes ouvia.

Quando as lutas entre franceses e ingleses se aproximaram do Barrois, Joana d'Arc não retardou por mais tempo o cumprimento das ordens sobrenaturais. Partiu de sua aldeia e obteve de Robert de Baudricourt, capitão da guarnição de Vaucouleurs, uma escolta para guiá-la até Chinon, onde se achava o rei da França, Carlos VII, então escarnecido como "rei de Bourges" em alusão às reduzidas proporções de seus domínios.

O país estava quase todo em mãos dos ingleses. Os borgonheses, seus aliados, com a cumplicidade de Isabel da Baviera, entregaram a nação ao domínio britânico, pelo Tratado de Troyes. Inspirada por extraordinário patriotismo, Joana comunicou ao rei a insólita missão que recebera de Deus. Nesse encontro, em março de 1428, assombrou a todos pela segurança com que se dirigiu ao rei, que lhe entregou o comando de um pequeno exército para socorrer Orléans, então sitiada pelos ingleses. No caminho, a atitude heróica da humilde camponesa atraiu adesões para as tropas que comandava.

Chegando a Orléans, Joana intimou o inimigo a render-se. O entusiasmo dos combatentes franceses, fortalecido pela estranha figura da aldeã-soldado, fez com que os ingleses levantassem o sítio da cidade. O feito glorioso de Joana d'Arc, pelo qual foi cognominada a Virgem de Orléans, aumentou seu prestígio, mesmo entre os soldados inimigos, e alimentou a crença em seu poder sobrenatural. A coragem da heroína realizou efetivamente o milagre de erguer o espírito abatido da França. Um sopro cívico perpassou pela nação. Joana d'Arc, porém, ambicionava nova missão: levar o rei Carlos VII para ser sagrado na catedral de Reims, como era tradição na realeza francesa, o que ocorreu em 17 de julho de 1429. Na tentativa que se seguiu da retomada de Paris, a heroína foi ferida, o que contribuiu para aumentar o patriotismo de seus conterrâneos.

No ataque que empreendeu a Compiègne, em maio de 1430, Joana foi aprisionada pelos borgonheses. Em lugar de executá-la sumariamente, como poderiam ter feito, preferiram planejar uma forma de privá-la da auréola de santa por meio da condenação por um tribunal espiritual. No jogo de interesses políticos que envolveu sua figura de heroína, Joana d'Arc não encontrou apoio por parte do rei.

Em junho, o bispo Pierre Cauchon surgiu no acampamento de João de Luxemburgo, onde se encontrava a prisioneira, e conseguiu que ela fosse vendida aos ingleses. Ambicioso, desejando obter o bispado de Rouen, então vago, Cauchon faria tudo para agradar aos donos do poder. Sem direito a defensor, confinada numa prisão laica e guardada por carcereiros ingleses, Joana d'Arc foi submetida por Cauchon a um processo por heresia, mas enfrentou os juízes com grande serenidade, como revela o texto do processo.

Para transformar a pena de morte em prisão perpétua, assinou uma abjuração em que prometia, entre outras coisas, não mais vestir roupas masculinas, como forma de demonstrar sua subordinação à igreja. Dias depois, por vontade própria ou por imposição dos carcereiros ingleses, voltou a envergar roupas masculinas. Condenada à fogueira por heresia, foi supliciada publicamente na praça do Mercado Vermelho, em Rouen, em 30 de maio de 1431. Seu sacrifício despertou novas energias no povo francês, que finalmente expulsou os ingleses de Calais. Joana d'Arc foi canonizada em 1920 pelo papa Bento V.


Queimada viva

 

Victoria Sackiville-West, escreveu Santa Joana D'Arc (Ed. N.Fronteira, 1964, p. 263/294), onde relata trechos autênticos do processo de Joana D'Arc, queimada viva como herege em Rouen, à 30 de maio de 1431. Estátua em Paris


Sentença: "Que a mulher comumente chamada de Jeanne la Pucelle... será denunciada e declarada feiticeira, adivinha, pseudoprofeta, invocadora de maus espíritos, conspiradora, supersticiosa, implicada na prática de magia e afeita a ela, teimosa quanto à fé católica, cismática quanto ao artigo Unam Sanctam, etc, e, em diversos outros artigos de nossa fé, cética e extraviada, sacrílega, idólatra, apóstata, execrável e maligna, blasfema em relação a Deus e Seus santos, escandalosa, sediciosa, perturbadora da paz, incitadora da guerra, cruelmente ávida de sangue humano, incitando o derramamento do sangue dos homens, tendo completa e vergonhosamente abandonado as decências próprias de seu sexo, e tendo imodestamente adotado o traje e o status de um soldado; por isso e por outras coisas abomináveis a Deus e aos homens, traidora das leis divinas e naturais e da disciplina da Igreja, sedutora de príncipes e do povo, tendo, em desprezo e desdém a Deus, consentido em ser venerada e adorada, dando as mãos e a roupa para serem beijadas, hereje ou, ou de qualquer modo, veementemente suspeita de heresia, por isso ela será punida e corrigida de acordo com as leis divinas e canônicas..."


E a autora narra a execução da seguinte forma: "...Mãos inglesas seguraram-na rudemente e a impeliram em direção ao cadafalso, para onde a ergueram e onde a estaca e os feixes de lenha estavam à sua espera. Era feito de estuque, e muito alto, tão alto que o carrasco teve dificuldade em alcançá-la, e foi incapaz de fazer seu trabalho rapidamente. Em vez de uma coroa de espinhos, puseram-lhe um chapéu alto de papel, como uma mitra, contendo as palavras: 'Herege, relapsa, apóstata, idólatra'... La Pierre, a pedido dela e enviado por Masieu, foi buscar o crucifixo na igreja próxima de Saint-Sauveur e, subindo o cadafalso, segurou-o à sua frente. Joana lhe disse que descesse quando o fogo fosse aceso, mas que continuasse a segurar o cruxifixo no alto para que ela pudesse vê-lo.


Enquanto isso, eles a amarraram à estaca, e alguns ingleses riram quando ela chamou Santa Catarina, Santa Margarida e São Miguel em voz alta e gritou: "Ah, Rouen! tenho grande medo que tenhas de sofrer pela minha morte". Então, enquanto as chamas estalavam e subiam, ela chamou Jesus repetidamente e em voz alta; sua cabeça caiu para a frente, e foi a última palavra que a ouviram pronunciar...Para que não houvesse nenhuma dúvida possível quanto à morte da feiticeira - pois os ingleses tinham medo de que surgisse algum rumor de sua fuga -, o carrasco recebeu ordens de abrir as chamas e mostar seu corpo nu e carbonizado pendurado na estaca."

Fontes: http://pt.wikipedia.org/wiki/Joana_d'Arc
             http://www.brasilescola.com/historia/joana-d-arc.htm
             http://www.espiritismogi.com.br/biografias/darc.htm
             http://www.portalsaofrancisco.com.br/alfa/biografia-de-joana-darc/biografia-de-joana-darc.php