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A Incrível Saga de Agafia Lykova: 35 Anos de Isolamento na Sibéria

eremitadeserto221/08/2020 - Devido à perseguição de governantes czares e líderes comunistas russos, Agafia viveu em isolamento e só teve contato com indivíduos alheios à sua família quando atingiu a idade de 35 anos, quando um grupo de geólogos a encontrou por acaso. Ela não presenciou eventos significativos da história mundial, como o assassinato de Kennedy, a chegada do homem à Lua, o surgimento dos Beatles e de Elvis Presley. Apesar de ter nascido em 1944, sua exposição aos acontecimentos mundiais só começou em 1978, quando geólogos a descobriram, juntamente com sua família, durante uma exploração de helicóptero em uma floresta congelada nas montanhas da cordilheira Abakan, na Sibéria, Rússia. Eles viviam a uma altitude de 1.050 metros em uma região montanhosa, que estava a 250 km da cidade mais próxima e desprovida de qualquer registro de presença humana. Até os 35 anos de idade, Agafia jamais tinha visto outra pessoa que não fosse um membro de sua família.
 
Embora sua fluência em russo fosse limitada e difícil de entender devido ao isolamento, ela desenvolveu habilidades notáveis na culinária, caça, leitura e costura devido aos seus anos de vida isolada. O afastamento da sociedade resultou das crenças religiosas de sua família, que seguiam os ritos e a liturgia mais antigos da Igreja Ortodoxa Russa e foram perseguidos tanto pelos czares quanto pelo regime comunista na Rússia. A partir de 1936, seus pais, Karp e Akulina, optaram por fugir depois que uma patrulha bolchevique atirou em um tio de Agafia. Sob condições extremamente difíceis, Agafia e seu irmão Dmitriy cresceram sem acesso à educação formal ou assistência médica. Nos primeiros anos de isolamento de seus pais, enfrentaram extrema escassez, chegando ao ponto de consumirem o couro de seus sapatos em momentos de necessidade. No entanto, quando Agafia nasceu, seus pais já estavam isolados havia oito anos e puderam transmitir-lhe as habilidades de sobrevivência. Quando recebeu a equipe de pesquisadores em sua residência pela primeira vez, ela os acolheu no rigoroso frio com generosidade.
 
Com surpresa, a equipe prosseguiu monitorando e revisitando Agafia em busca de informações sobre como ela conseguiu sobreviver apesar do isolamento. Agafia, por sua vez, ficou intrigada com os dispositivos que os geólogos trouxeram consigo - um aparelho de rádio para ouvir e transmitir informações e um aparelho de televisão portátil. Essa descoberta recebeu ampla cobertura na mídia científica global, o que levou, em 1980, a um convite do governo soviético para que Agafia conhecesse a sociedade fora de seu isolamento. Durante a visita, ela teve a oportunidade de ver pela primeira vez carros, aviões e dinheiro, mas ficou especialmente impressionada ao observar um magnífico cavalo que fazia parte da cavalaria militar.
 
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A barraca que abrigou a família por mais de 40 anos
 
A partir desse momento, aprimorou sua habilidade de falar em russo e passou a ter a oportunidade de explorar literatura não relacionada à religião. No entanto, ela optou por regressar à floresta, onde permanece até os dias atuais, mesmo aos 75 anos de idade. Ela só deixa seu local de residência em situações de emergência para buscar assistência médica e recebe visitas de indivíduos religiosos com os quais discute os rituais antigos de sua fé. Agafia escolheu permanecer no lugar de seu nascimento e demonstrou habilidade em adaptar-se a essa forma de vida.
 
REFERENCIAS:   AVENTURAS NA HISTÓRIA
                          CURIOSIDADES HISTÓRICAS
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