TEMAS INEXPLICADOS

O Mistério da Colônia Perdida - O que aconteceu em Roanoke?

colonia1O Mistério de Roanoke e dos colonos desaparecidos desafia historiadores há quase 500 anos. O que teria acontecido com 117 pessoas que simplesmente sumiram da face da terra sem deixar vestígios na primeira colônia inglesa no Novo Mundo? Doença? Ataque de nativos hostis? Uma fuga desesperada? Ou teria sido algo mais sinistro e inexplicável? Roanoke é um mistério que talvez jamais seja desvendado, mas existem conjecturas e os estudiosos continuam em busca de uma explicação convincente que ajude a solucionar esse enigma. Paralelamente aos fatos científicos explorados, ...

crendices e superstições reivindicavam seu lugar como responsáveis pelo destino da colônia inglesa. A tragédia da Colônia Perdida ocorreu na pequena Ilha de Roanoke, na costa da Carolina do Norte. A fundação de Roanoke é bem conhecida e está bem detalhada em fatos e documentos históricos. Em 1584 o aventureiro britânico Walter Raleigh recebeu uma concessão territorial da Rainha Elizabeth. A missão de Raleigh era estabelecer o primeiro povoado europeu na Colônia americana da Virgínia e iniciar o processo de ocupação das terras no Novo Mundo.

Raleigh explorou a região e navegou a costa da Carolina do Norte em 1585, em busca de um local onde os colonos pudessem se estabelecer. Ele escolheu a Ilha de Roanoke pela sua localização estratégica, e estabeleceu que aquele era o local ideal para a construção do assentamento.

No ano seguinte, dois navios ancoraram na costa com a primeira expedição. Composta de soldados veteranos e liderada por Sir Richard Grenville, um brutal comandante que lutara na Irlanda, o grupo se embrenhou na mata (apenas como curiosidade Grenville é um dos companheiros de viagem do personagem fictício Solomon Kane).

Sir Walter Raleigh foi um dos mais famosos aventureiros de sua época, um dos corsários britânicos que pilhava os navios do Spanish Main, a rota de preciosidades obtidas pelos espanhóis na América. Entre suas realizações está a exploração do Rio Amazonas.

Os homens exploraram o interior da ilha e estabeleceram um contato à princípio cordial com os nativos que habitavam o local. Começaram a derrubar árvores e a construir um forte na praia. Mas logo as dificuldades começaram a se multiplicar: a falta de comida, doenças tropicais e um sentimento de hostilidade para com os nativos levou os colonos ao desespero. Grenville ordenou que os nativos entregassem sua comida e quando estes se negaram mandou os homens saquear e atear fogo à aldeia deles. Apesar das grandes dificuldades, a construção do forte foi concluída.

Em 1597, um novo grupo de colonos foi trazido para erguer o povoado, que teria o nome de Vila de Ralegh. Essas famílias de pioneiros haviam concordado em viajar para o Novo Mundo em troca de 500 acres e participação nos lucros da colônia. Liderados por John White, um amigo de Raleigh que havia acompanhado as expedições anteriores à Roanoke, o grupo tinha por incumbência substituir os quinze homens deixados por Grenville como vigias do forte, e encontrar um local para o assentamento mais ao norte.

Ao desembarcar em Roanoke, acompanhado por 40 homens, John White esperava fazer contato com os guardas deixados por Grenville no forte. Todavia, depararam-se com o forte devastado e nenhum sinal de seus habitantes, exceto o esqueleto de um deles. Não havia sinal dos demais e tudo indicava ter havido uma luta feroz.

White e os colonos optaram por se estabelecer na Ilha de Roanoke e aproveitar a proteção ainda que frágil do forte. Casas foram erguidas e um pequeno vilarejo floresceu com o trabalho duro dos colonos. Os exploradores adotaram um índio de nome Manteo, que reestabeleceu um contato diplomático com os nativos cesando ao menos temporariamente as disputas. Manteo foi catequizado e declarado Lorde de Roanoke, como recompensa por serviços prestados a Coroa.

Apesar de superar as primeiras dificuldades, a colônia carecia de suprimentos para prosperar e se esses não fossem providenciados tudo estaria perdido. Foi decidido que White seguiria de volta para a Inglaterra e retornaria com mais pessoal e suprimentos. Sua família, que incluia a neta nascida na América, ficaria para traz, ansiando pelo seu retorno.

Com a partida do comandante, a história dos eventos ocorridos na colônia tornaram-se um trágico mistério. Os planos de White, de retornar à Roanoke rapidamente foram frustrados pelo recrutamento das forças navais inglesas. Todos os navios disponíveis teriam de se engajar na Guerra contra a Espanha. A grave ameaça da Invencível Armada tornava tudo secundário.

Três anos se passaram sem que John White conseguisse organizar uma nova expedição para o Novo Mundo. Em 1590, utilizando-se do que restara de sua influência perante a corte, White conseguiu embarcar para a colônia, sem os pleiteados suprimentos e pessoal. Ele era um simples passageiro desejoso de reencontrar sua família.

Os colonos descobrem um esqueleto nas ruínas do forte de Roanoke. "Nada do que foi construído resistiu e a floresta engoliu o lugar" escreveu White em seu diário.

A expedição na qual se integrara, ancorou próxima à parte nordeste da Ilha de Croatoan. Já próximos a Roanoke, a tripulação pôde observar fumaça que subia da terra, enchendo-lhes de esperança quanto à segurança da colônia e de seus integrantes. Na manhã do dia seguinte, dois botes deixaram o navio em direção a praia. Durante a travesia, observaram uma nova coluna de fumaça, porém, em local diverso do que haviam visto na noite do dia anterior. Optaram, então, por investigar os sinais mais recentes. A busca foi cansativa e inútil, pois não encontraram quaisquer sinais de seres humanos no local do fogo.

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Novamente no interior do navio, eles observaram um ponto de luz na região norte da ilha. Dirigiram-se, no dia subseqüente, para o local onde avistaram a luz, mas tudo o que encontraram foram restos queimados de madeira. Daquele ponto, decidiram dirigir-se para o local onde Comandante White deixara estabelecida a colônia anos antes. Durante o percurso, nada de relevante foi observado, com exceção de algumas pegadas, provavelmente deixadas por nativos durante a noite.

Ao se aproximarem da vila de colonos, notaram as letras “CRO” arranhadas em uma árvore na base de um monte próximo. Guiados até o local das casas, acharam-nas, para seu desespero, derrubadas e destruídas e, a área em torno da pequena vila, cercada por estacas de madeira, como uma frágil muralha erguida às pressas. Em uma das vigas principais, White encontrou a inscrição “CROATOAN”.

Ficara estabelecido, nos dias que antecederam a partida de John White, que, em caso de necessidade de remoção da colônia para outra localidade, este lugar seria a Ilha de Croatoan, e que, se tal mudança fosse forçada, levada por circunstâncias hostis, os colonos deveriam, de alguma forma, incrustar os dizeres “CROATOAN”, seguido de uma cruz de malta. Na inscrição encontrada pela expedição inglesa, não havia sinal da mencionada cruz.

A busca continuou, e John White percebeu, no interior das poucas casas que permaneceram erguidas, que os objetos encontravam-se cobertos por lodo e grama, tornando evidente que a vila fora abandonada há muito. Ainda, no local onde os botes costumavam a ser ancorados, não havia qualquer sinal dos mesmos, ou de quaisquer outros equipamentos.

Comandante White, em sua primeira estada na ilha, deixara enterrados mapas, ilustrações e livros em um lugar secreto, de forma que pudesse encontrá-los posteriormente e se guiar através deles. Seus pertences foram encontrados e destruídos.

Diante de tamanha tragédia, uma pequena esperança ainda teimava em queimar em seus corações: sua filha, sua neta, bem como todos os demais colonos, poderiam ter se refugiado na Ilha de Croatoan, terra Natal de Manteo, como apontava a evidência incrustada em madeira.

Uma tempestade formava-se e o comandante e sua trupe retornaram ao navio. No dia seguinte, acordaram em dirigir-se a Croatoan, porém, o clima tempestuoso não permitiu. Traçaram um plano segundo o qual iriam se dirigir para oeste em busca de água fresca e suprimentos, retornando, então, à sua desesperada busca. Novamente, a natureza não contribuíu com o comandante inglês. Incapacitados e derrotados, eles rumaram de volta à Inglaterra.

John White não conseguiu angariar recursos necessários a uma nova expedição, e o destino de sua filha, de sua neta, e de toda a colônia de Roanoke, perdeu-se para sempre nos jardins da História.

Não obstante os mistérios que, ainda hoje, envolvem a Colônia Perdida, teorias de todas as sortes - incluindo furacões, doenças e abduções alienígenas – reproduziram-se.

Duas teorias tomaram a dianteira na corrida por credibilidade. Algumas evidências apontavam para o extermínio dos colonos, praticado pelos hostis nativos. A disposição das estacas de madeira, postadas em torno da vila, como uma espécie de cerco protetor, indica a necessidade de proteção contra atentados externos. Mas, neste caso, no momento em que deixavam registrado seu destino – quando incrustaram a palavra “CROATOAN” em uma das árvores – uma cruz de malta deveria ter sido ali colocada.

A teoria mais aceita, no entanto, diz que os colonos deixaram a Ilha de Roanoke – provavelmente devido a uma forte seca que assolou a região – dirigindo-se à Ilha de Croatoan, onde encontraram receptividade por parte dos nativos, em muito devido à presença de Mateo, natural daquela ilha. Acredita-se que os nativos que foram posteriormente ali encontrados possuíam traços do homem branco, o que corroborou fortemente para esta teoria.

Aparentemente, nenhum recurso, em nosso mundo conhecido, será capaz de desvendar a lenda da Colônia Perdida, informando, com precisão, seu destino. Resta-nos crer no melhor dos fados, e acreditar que os fantasmas de Roanoke descansam em paz.


Roanoke: a colônia que desapareceu – e a lenda que apareceu

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Por Kentaro Mori - Em uma das primeiras tentativas de colonização do Novo Mundo, em 1587 uma colônia inglesa foi estabelecida na ilha da Roanoke, hoje parte da Carolina do Norte. Liderados por John White, eles passaram por muitas dificuldades e White foi obrigado a rumar de volta à Inglaterra em busca de suprimentos, deixando em Roanoke outros 113 colonos incluindo sua filha Eleanor, o esposo dela Ananias Dare e a filha deles, neta de White, Virgina.

Devido a diversos contratempos, John White só pôde voltar a Roanoke três anos depois. Ao aproximar-se da ilha, White pôde até mesmo ver fumaça no local onde esperava encontrar os colonos que havia deixado para trás. Como estava tarde, ele e seus companheiros resolveram esperar até o amanhecer para desembarcar.

Mas quando amanheceu e eles dispararam os canhões dos navios para avisar que a ajuda havia finalmente chegado, não houve resposta. Eles desembarcaram, mas não havia nenhum sinal de vida. White nunca encontrou sua filha ou neta, nem nenhum traço das 113 pessoas que deixou para trás. Tudo que encontrou em Roanoke foi uma inscrição em uma árvore com as letras CROATOAN.

Tudo isto realmente aconteceu e é parte bem conhecida e sólida da história americana. Agora, o que realmente aconteceu em Roanoke? Para onde foram os colonos? Será que foram abduzidos por extraterrestres? Será que alcançaram um novo nível vibratório-dimensional e como conseqüência acabaram sumindo? Será que descobriram o segredo do Universo e implodiram na malha quântica do continuum tetradimensional? Será que a conjunção numerológica de 113 colonos trabalhou contra eles e o bicho papão os pegou?

Stephen King aproveitou muito bem a intrigante história de Roanoke em alguns de seus livros. ‘A Tempestade do Século’, em particular, sugere ficcionalmente que todos os colonos foram levados por um ser demoníaco a se jogar no mar devido aos seus pecados. Diversos livros sobre o paranormal citam o caso de Roanoke ao lado do navio Marie Celeste e a IX Legião de Hispana como exemplos misteriosos em que inúmeras pessoas simplesmente sumiram sem deixar vestígios. O caso dos maias entretanto é o mais citado na ufologia e alcançou notoriedade recente devido ao best-seller ‘A Profecia Celestina’, mas isto é tema para outro texto em ‘Ceticismo Aberto’.

O que torna o ‘caso’ de Roanoke intrigante é geralmente a omissão de informação. Até hoje ninguém sabe com certeza o que ocorreu com os colonos de Roanoke, mas o que sabemos sobre eles é suficiente para eliminar os mistérios mais perturbadores. Por exemplo, um aspecto aparentemente bizarro da história é a inscrição ‘CROATOAN’. O que isso significa e por que os colonos teriam deixado essa, e apenas essa mensagem antes de sumir?

Alguns dizem que ‘Croaton’ seria um demônio antigo da mitologia indiana. Isso parece apoiar a teoria de que o bicho papão pegou todo mundo. No entanto, toda especulação em torno disto torna-se inútil quando trazemos à mesa duas informações omitidas até aqui:

1- Croatoan é o nome de uma ilha a sul de Roanoke;
2- Antes de partir, John White combinou com os colonos que se eles tivessem de partir para algum outro lugar (devido à escassez de alimentos ou qualquer outro motivo), deveriam inscrever o nome deste lugar em uma árvore. Se a partida ocorresse em meio a algum perigo, deveriam inscrever uma cruz junto do nome do local de destino.

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As coisas ficam bem diferentes quando sabemos desses pequenos detalhes, não? Ao se deparar com a inscrição ‘Croatoan’, John White presumiu que os colonos haviam ido para a ilha de Croatoan, e como não havia nenhuma cruz, que isso havia sido feito sem sinal de perigo. Ele estava se preparando para partir rumo a Croatoan em busca dos colonos, mas o destino que o impedira de voltar por três anos interferiu novamente. Houve uma forte ventania que danificou os navios, e navegar pela costa tornou-se muito perigoso. White foi forçado a voltar para a Inglaterra e nem ele nem nenhuma das diversas expedições posteriores jamais encontrariam o que se tornaria a ‘Colônia Perdida’.

Parece que ainda há um ar de mistério aqui. Os colonos devem ter saído de Roanoke rumo a Croatoan, mas e depois? Por que nenhum sinal deles foi encontrado? Temos aqui outra omissão de informação. Com um pouco de pesquisa descobrimos que os índios Croatoan de fato afirmam que os colonos realmente chegaram e por lá ficaram. Como indício disto, mostram sinais dos colonos: há alguns traços físicos ‘tipicamente brancos’ entre eles e há mesmo alguns nomes ingleses entre eles. Segundo os índios, realmente há sinais dos colonos que deixados à própria sorte se mesclaram com eles e aparentemente ‘sumiram’.

Fim do mistério? Bem, essa é apenas uma das explicações, e não é particularmente muito aceita. É difícil que pouco mais de cem colonos tenham tido um efeito tão grande nas tribos nativas. Todos os sinais que os índios apresentam podem muito bem ter sido adquiridos nos séculos posteriores à alegada integração dos colonos de Roanoke.

Nos últimos anos, surgiu uma teoria convincente sobre a ‘Colônia Perdida’. Os colonos teriam partido rumo a Croatoan, e assim que lá chegaram, teriam se dividido em duas facções. A menor permaneceu em Croatoan e se mesclou com os índios nativos. A maior continuou rumando à Baía Cheaspeake. A facção maior sobreviveu até aproximadamente o século XVII, quando foi exterminada por um ataque, provavelmente de Powhatan, conhecido por ser o pai de Pocahontas. Powhatan teria feito isso porque temeria uma aliança entre os sobreviventes de Roanoke e os colonos de Jamestown, uma aliança que poderia mostrar-se forte demais para ser controlada. Ou seja, os colonos de Roanoke em parte se integraram em Croatoan e em outra parte sobreviveram até serem aniquilados em uma luta. Em ambos casos, nenhum traço mais evidente restaria.

Como dito, ninguém tem certeza sobre o destino da ‘Colônia Perdida’. No entanto é só a omissão muitas vezes deliberada de informação que cria um mistério sobrenatural. Não apenas a colônia desapareceu, até hoje muitos somem com informações importantes que em conjunto tiram o tom sobrenatural do caso. Aliás, eu já disse que a colônia de Roanoke foi a segunda tentativa de colonizar a costa leste da América do Norte? A primeira fracassou, sendo que os colonos foram obrigados a voltar para a Inglaterra. Colonizar um continente não é tarefa fácil, e não precisamos pensar em um bicho-papão alienígena para explicar o desaparecimento de uma colônia.

Fonte: http://mundotentacular.blogspot.com.br/
http://www.ceticismoaberto.com/