TEMAS INEXPLICADOS

A Magia das Plantas

plnatas mg4"Antigamente, os animais eram dotados de fala e viviam em alegre harmonia com os homens, mas a humanidade começou a reproduzir-se tão depressa que os animais foram forçados a morar nas florestas em lugares desertos, e a velha amizade entre animais e homens foi esquecida. Quando os homens inventaram armas e passaram a caçar animais para alimento e obtenção de suas peles, a distância aumentou ainda mais. Os animais começaram a pensar em modos de retaliação. Cada espécie animal se reuniu e resolveu declarar guerra aos homens também: a tribo dos Ursos, com o chefe Velho Urso Branco, os Veados com o chefe Pequeno Veado, os Répteis, ...

os Peixes e por fim os Pássaros, os Insetos e outros pequenos animais. Cada tribo decidiu causar um tipo de doença nos homens: os Veados causariam reumatismo, Répteis e Peixes assombrariam os homens durante seus sonhos, enlouquecendo-os etc, etc.

As plantas, que eram amigas dos homens, ouvindo os planos dos animais, decidiram ajudar os homens: cada árvore, arbusto, relva ou mesmo erva decidiu criar um remédio para algumas das doenças referidas. Quando o médico tinha dúvidas no que dizia respeito ao tratamento de um paciente, o espírito da planta sugeria um remédio adequado, foi assim que nasceu a medicina." Mito Iroques (tribo indígena Norte-Americana) Na minha pesquisa terapêutica, encontrei aliadas muito poderosas, as ervas medicinais. Aprendi a amar as ervas. Elas são uma preciosa dádiva, e o conhecimento do seu uso os xamãs deixaram como herança humanidade. Os xamãs têm a capacidade de se comunicar com o espírito das ervas, e o conhecimento era passado de pai para filho. Neste caminho tive a felicidade de encontrar uma irmã muito querida, uma xamã, uma cigana, uma bruxa, uma erva-viva chamada Maly Caran, e algumas dicas aqui são dela própria.

Usar plantas medicinais, não significa apenas tomar chá. É necessário que saibamos como manipular cada tipo de erva, para cada tipo de situação. Não adianta também queremos conhecer todos os tipos de ervas medicinais, o mais importante é conhecer bem aquelas que você escolheu para trabalhar. Usar plantas, fazer chás é uma coisa, porém conhecer os mistérios do espírito da planta, é a magia. Quero destacar também o xamã, poeta e pintor onírico Mario Mercier, que descreve como ninguém o segredo da magia da floresta. As plantas captam nossa mente, no livro “A Vida Secreta das Plantas” de Peter Tompkins e Christopher Bird, relatam experiências científicas realizadas com o galvanômetro, parte de um detector de mentiras, comprovando que as plantas reagem de acordo com os nossos pensamentos.

O legado que temos das plantas medicinais é graças aqueles que, lá nos primórdios, ousaram acreditar nas suas intuições. Eles (as) se comunicam com o espírito da plantas. Existiram pessoas inspiradas que se dedicaram a trazer soluções para as angústias humanas. Acredito que Deus nos deixou uma enorme farmácia natural e nós não precisamos pagar nada por isso. Estudamos hoje o conhecimento que adquirimos através dos tempos. É preciso muitos casos e experiência pessoal para que possamos indicar alguma coisa. A evolução humana foi possível graças àqueles que experimentaram e compartilharam. Não devemos ter medo do conhecimento, como se tivéssemos comendo um fruto proibido. Nós temos uma vantagem sobre nossos ancestrais, pois podemos nos organizar para estudar uma planta através da tecnologia e de vasto material existente. Mas o estudo principal é : plantar .

Li uma vez uma reportagem de um grande jornal da cidade de São Paulo, com a seguinte manchete :

Pesquisadores da USP descobrem que Espinheira-Santa é eficaz no tratamento de gastrite e ulcera

E o Brasil,começa a exportar cápsulas de Espinheira-Santa para o Japão. Possivelmente sua bisavó já dava chá de espinheira -santa para a sua avó quando ela tinha problemas estomacais, mas, depois de 100 anos, a ciência conseguiu comprovar os ensinamentos da vovó. E é através dos mateiros, índios, e sensitivos, que a medicina pode estudar as espécies vegetais, pois é delas que se extraem as matérias primas para os medicamentos.

Os mistérios e a magia da Mãe Natureza são tantos, que é difícil acreditar em algo que não seja "comprovado cientificamente. No estudo das plantas, quanto mais as estudamos, mais chegamos a conclusão que sabemos muito pouco. É óbvio que as plantas não podem ser utilizadas indiscriminadamente.

Segunda uma grande erveira, uma grande irmã a Maly Caran, no seu jardim estão as respostas para a sua saúde.

Quando uma erva cresce espontaneamente no seu jardim, ela tem algo para ensinar. E as principais são as chamadas "daninhas". Na verdade não existem ervas daninhas, todas elas tem sua aplicabilidade e suas restrições. Vamos ver algumas ervas daninhas :

Caruru : rica em ferro, potássio e cálcio

Beldroega: rica em proteínas, vitaminas A,B,C, cálcio, fósforo e ferro. Usada na cura do escorbuto, para tumores, diurética e vermífuga.

Dente-de-Leão : combate a febre, depurativa, anti-hemorrágicas, etc.

Jambu : usadas no tratamento da boca e da garganta, dor-de-dente, cólicas, etc

Jurubeba : estimulante hepática, desopilam o fígado, etc.

Ora-pro-nobis : é chamada de "carne de pobre" pelo seu alto valor de proteínas, emoliente, laxativas, os frutos são expectorantes

Serralha : para abrir o apetite, laxante, etc.

Tanchagem : para inflamações da garganta, úlceras, cicatrizante, etc.

Estas e outras são consideradas "as plantas danadas ", ou seja danadas de boas.

Maly Caran recomenda o maior cuidado é o carinho e trato para com elas, pois são seres que nos ensinam na vida terrena. Além disso, aprender a forma certa de plantio e colheita, preparo, fases da lua e contra-indicações. Esses são fatores mandatórios para trabalhar com bem com ervas.

PREPARAÇÃO

INFUSÃO

Para partes macias das plantas, folhas e flores, coloca-se a erva triturada, em recipiente de porcelana, ou de barro, ou ainda, de vidro, despejando água fervente, deixando em repouso por 15 minutos, coberta por um pano branco.

DECOCÇÃO

Para madeiras, raízes, sementes, caules ou partes duras das plantas. Pega-se um recipiente e coloca-se a planta junto com a água fria e leve ao forno, dependendo da planta, por 10, 20 ou 30 minutos. Existe um te3rmo “decoto de meio”, que significa deixar a água fervendo até que se reduza a metade de seu volume, depende da indicação.

MACERAÇÃO

Principalmente para folhas e flores. Coloca-se uma erva triturada em recipiente de porcelana, despejando água fria, cobre-se o recipiente, deixando-o repousar em local fresco, por um ou mais dias, dependendo da indicação. Este preparo permite uma maior duração. A maceração também é feita com vinho, álcool, óleo, azeite.

COAGEM

Deve ser feita sempre em filtro de algodão ou linho. Também podem ser usados coadores descartáveis.

TINTURA

É preparada colocando as ervas em imersão no álcool, principalmente o de cereais.

Coloque a erva triturada em vidros, de preferência âmbar, até 30% do volume, adicione o álcool até completar 90% e complemente os 10% restantes com água destilada. Guarde o vidro em local escuro ou enterre-o por 20 ou 30 dias.

UNGUENTOS

Para uso externo. Três partes do sumo fresco da erva a ser utilizada, para cada 10 partes de gordura vegetal. Cozinhar em banho-maria durante uma hora.

COMPRESSAS

Para ferimentos, batidas. Lava-se bem a planta, antes de aplicar nas feridas, espreme-se a planta diretamente sobre a pele, coloca-se a planta sobre a pele e amarra-se com uma faixa. Podem ser feitas compressas com chás e tinturas, neste caso é recomendado utilizar um pano de algodão dobrado três vezes, embebido no líquido e colocar em cima com um pano seco.

PÓS

Cascas e rizomas podem ser reduzidos a pó. Neste caso elas devem estar bem secas e serem piladas.

XAROPES

Erva seca ou verde triturada, adiciona-se uma xícara de água fervente, deixando em repouso por 2 horas, filtrar, colocando na proporção de um para um, mel ou açúcar mascavo derretido. Pode ser adicionado extrato de própolis para conservar.

BANHOS

Podem ser preparados por infusões e macerações à frio.

DEFUMAÇÕES

O efeito é sempre melhor se utilizarmos com o material mágico apropriado. Conchas e turíbulos com carvão.

As plantas nascidas no seu próprio habitat, possuem uma força maior do que as cultivadas. Segundo Maly, a planta que cresce naturalmente no seu próprio jardim é aquela que veio para cura-lo. . Quando vamos colher as plantas, precisamos estar atentos se não estamos muito próximos ao asfalto, porque a erva pode estar afetada pelos gases dos automóveis, verificar se na área existe o uso de agrotóxicos.


Uso Mágico das Plantas

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Desde o princípio dos tempos o homem teve uma relação muito próxima com o reino vegetal. As plantas serviam de alimento ao homem primitivo, que se beneficiava da coleta de frutos selvagens e raízes por onde passava. Com o tempo a madeira passou a ser utilizada com matéria prima para gerar fogo e também na construção de residências e utensílios. Foi através da observação que o homem descobriu que as plantas também tinham ciclos de vida e se ele esperasse o tempo necessário, era recompensado com o alimento gerado constantemente pelo vegetal. Através desta simbiose, aliada à domesticação de animais selvagens é que as primeiras sociedades se fixaram, dando passos evolutivos cada vez mais altos.

Observando o comportamento dos animais e através do empirismo ao longo das eras os antigos perceberam que as ervas possuíam propriedades diferentes da alimentação e poderiam ser utilizadas com fins terapêuticos para os mais diversos males e problemas. Assim surgiram os curandeiros e xamãs tribais que, dentre outras coisas, se responsabilizavam pela saúde de todos os membros da tribo através de seu conhecimento das ervas e do reino dos espíritos.

Não existia uma noção de religião como a que possuímos modernamente, os antigos viviam em harmonia extrema com a natureza e tudo era visto como algo vivo, uma grande teia mística e sagrada composta por espíritos livres e senhores do próprio destino. Há uma clara noção de equilíbrio ecossistêmico, onde é comum ritos de agradecimento pelas dádivas naturais e pedidos aos espíritos da natureza, em alguns casos requisitando autorização mesmo para o consumo da caça que embora tenha sido obtida pelo esforço humano, seria na verdade permitida, se não ofertada, pelos entes espirituais. Neste contexto as plantas eram consideradas dotadas de espírito e demonstravam personalidade de acordo com a sua morfologia, o seu ciclo de vida e as suas características farmacológicas, alimentares e terapêuticas. Os primeiros Xamãs conversavam com o espírito das arvores e ervas e assim iam adquirindo conhecimento e sabedoria mágica a qual era associada aos efeitos terapêuticos.

Com o processo natural de evolução e entendimento a humanidade começou a antropomorfizar a sua concepção de um mundo espiritual. A convivência tão próxima destes espíritos ao longo das eras fez com que a imagem dos mesmos passasse a carregar atributos humanos, mas num nível espiritual. Aqui nós temos o começo da personificação das divindades, Deuses com representação humana e semi-humana assumem o controle da natureza e passam a manifestar, em função dos seus atributos, a associação com determinadas ervas e vegetais como lhes sendo elementos sagrados. Assim algumas plantas deixam de representar por si só o espírito inerente da natureza e passam a estar associadas à Divindades específicas.

Os Celtas ainda mantinham essa visão panteísta da natureza e cultuavam em sua forma xamânica várias espécies vegetais tidas como sagradas, como o carvalho e o visco. Os gregos atribuíam ervas específicas aos Deuses, como o louro para Apolo, a romã para Perséfone, e a oliveira para Atena, sempre lembrando que a propriedade do vegetal está ligada de alguma forma à mitologia da Divindade em específico. Existem ainda associação em várias culturas, como Odin e o Freixo na cultura nórdica, o papiro e Toth no Egito... São inúmeras representações e associações.

Com o advento do cristianismo e as perseguições sofridas pelas culturas antigas muito do trabalho feito com ervas tanto a nível mágico quanto a nível salutar se perdeu ou ficou relegado a poucas culturas, ocasionando um enfraquecimento da proximidade homem-natureza. Observamos a sua retomada no trabalho dos Alquimistas, especialmente Felipe Aureolo Teofrasto Bombasto de Hohenheim, mais conhecido como Paracelso. Em seu livro “Botânica Oculta” ele discorre sobre as bases da botânica e farmacologia modernas, com um enfoque especial tanto nos poderes farmacológicos quanto mágicos dos vegetais.

Para entender a vida vegetal do ponto de vista alquímico devemos ampliar os nossos conceitos de forma holística e abolir o puro mecanicismo de nossas mentes, a fim de entender conceitos mais abstratos e obscuros.

De acordo com Paracelso, todas as criaturas viventes são formadas a partir da interação entre o céu empírico(plano Divino), Céu Zodiacal(Universo) e o planeta onde residimos(plano físico). Isso ocorre em um processo de evolução da matéria, visto como ciclos de fermentação dos elementos químicos que ao longo do tempo foram se rearranjando de maneira cada vez mais complexa baseados em uma matriz universal e guiada pela Anima Mundi, pelo Spiritus Mundi e pela Matéria Mundi em um nível divino.

As plantas também fazem parte deste processo de evolução em conjunto com toda natureza, e são os seres capazes de fixar os três poderes divinos citados anteriormente, representados pelos raios de sol no plano físico. Dessa forma permitem um rearranjo cada vez maior neste processo de “fermentação” evolutiva pelo qual todo o planeta passa. Apesar de a genética ainda não existir naquela época, os Alquimistas afirmavam que “Contendo em si a árvore em todo o seu poder de crescimento, cada grão encerra um Misterium Magnum; por conseguinte, no desenvolvimento do grão ou semente encontraremos a imagem invertida da criação do mundo”(Paracelso)

Ainda de acordo com a filosofia alquímica, cada planta é uma estrela na terra: Suas propriedades divinas estão inscritas nas flores e cores das pétalas e suas propriedades terrestres na forma de suas folhas. Assim sendo, toda a magia se encerra nelas, já que em seu conjunto elas englobam a potência dos Astros. Vale lembrar que de acordo com a visão Alquímica, cada Astro representa uma esfera de existência e possui domínios sobre aspectos de nossa vida. Dessa forma ao utilizar determinada erva em trabalhos mágicos estamos lidando diretamente com a energia celeste à qual ela representa.

Assim o reino vegetal recebe influências planetárias e pode ser utilizado para alimentar o homem e curar doenças. As plantas podem reparar a nossa energia orgânica diminuída servindo de alimentos, atuar em nosso campo eletromagnético na cura de doenças, podem ainda influenciar nosso corpo astral e causar estados alterados de consciência, úteis em cerimônias xamânicas, dentre outros. Podem ser utilizadas em cerimônias mágicas, ritos divinatórios e ainda atuar como aceptoras de doenças da alma, auxiliando no processo de cura holística através da transplantação de doenças, prática não muito recomendada por alguns alquimistas.

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O trabalho alquímico descreve ainda maneiras pelas quais a humanidade poderia auxiliar no processo evolutivo das plantas: Através do cultivo de seus espécimes, através do crescimento mágico das plantas e através da perpetuação de seus ciclos de vida(palingenesia).

O trabalho com as plantas alquímico consistia na colheita de plantas propícias à realização do objetivo desejado de maneira adequada a aprimorar a sua potência. Assim as ervas eram colhidas em data e hora específicas, sempre observando o máximo de cuidado com a energia da mesma. Uma vez colhidas as plantas recebiam tratamento Hermético especial. Seu fim não consiste somente em dispor das qualidades físicas dos sucos das plantas, da maneira mais proveitosa, e sim em libertar a força viva, a essência, a alma, ou o bálsamo da planta.

Todo corpo possui quintessência, seu quinto princípio ou potência, e através do manuseio correto dos vegetais é possível liberar esse poder que se manifesta em qualquer matéria, em variadas proporções, e se dissolve pelo todo da mesma forma que um corante colore a água se diluído. Isto representa o Arcano, a substância fixa, imortal e incorpórea que conserva, restaura e vivifica os corpos. É na busca deste princípio Divino que os alquimistas realizavam os seus procedimentos de extração e suas cerimônias mágicas.

A magia feita com o reino vegetal era baseada no conhecimento do espírito das plantas, que de acordo com a antiguidade recebiam o nome de dríades, hamadríades, faunos, floras, fadas, dentre outros, sendo proximamente conhecidos das culturas pré-cristãs em seu período de panteismo. Modernamente estes espíritos recebem o nome genérico de “elementais” e possuem um potencial fantástico de cura, equilíbrio e restituição mágica. É comum na lenda de Deuses, Heróis e Avatares a iluminação ser recebida debaixo de uma arvore ou através de uma planta, como o freixo de Odin e a figueira(boddhi) de Buda. Isso ilustra o potencial de sabedoria que podemos receber dos espíritos da natureza.

Mesmo frente à perseguição cristã, que proibia a colheita de ervas em determinadas horas e datas, sob a pena de o infrator ser afastado da liturgia como forma de punição, o trabalho mágico continuava vivo na mente das pessoas e especialmente no pensamento dos grandes alquimistas, que permitiram um renascimento dos trabalhos mágicos com o reino vegetal que culminou na criação e formação das ciências modernas baseadas no empirismo e na experimentação.


Fonte: http://www.xamanismo.com.br/
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