HISTÓRIA E CULTURA

O Segredo das Sete Irmãs, a Vergonhosa História do Petróleo - Parte 4

petro topo4Sangue e petróleo. Oficialmente, o Sudão tem as quintas maiores reservas petrolíferas no continente africano. Mas a maioria dos campos petrolíferos está no sul. Para Cartum, a guerra era inevitável; com a sua praga de horrores e massacres. As autoridades de Cartum foram acusadas de genocídio e crimes contra a humanidade. Nesse contexto, os chineses entraram em cena. Michael Klare, professor e escritor: "Nessa disputa entre Estados Unidos e China, é amiúde afirmado que a China se rege por regras ...

diferentes das dos Estados Unidos e dos europeus. Eles não tem as ONGs escrutinando o seu comportamento e não se preocupam tanto com os direitos humanos. Por isso, em lugares como o Sudão, eles desenvolveram uma relação muito próxima com o presidente Al Bashir que foi implicado em enormes violações dos direitos humanos."

Em janeiro de 2007, Hu Jintao, o novo presidente da China, chega a Cartum. O petróleo sudanês é vital para o crescimento da China, ele pode ser generoso com o ditador Al Bashir. Como benfeitor, a China é uma parte interessada. É uma estartégia com poucos escrúpulos; apenas um outra forma de fazer negócio.

Dr Dong Xiucheng, diretor do Centro de Investigação do Petróleo: "Dotamos o Sudão com capital e tecnologia que permite ao país desenvolver certos setores econômicos. Incluindo o setor do petróleo. E esse desenvolvimento econômico acaba por beneficiar o povo sudanês. Preferimos uma visão de desenvolvimento a uma visão de direitos humanos. De que direitos podemos falar, se não houver desenvolvimento econômico? "

Os construtores chineses avançam. O presidente Al Bashir pode orgulhar-se da sua cooperação com a China. Uma barragem no Nilo, estradas e estádios. Para exportar 500 mil barris por dia dos campos petrolíferos no sul, a China financiou e construiu o oleoduto Heglig/Porto Sudão. O petróleo do Sudão do Sul é enviado para os portos do império do Meio.

Gerard Prumier, Historiador: "Os chineses trouxeram escravos com eles. Foi uma operação fabulosa, com mais de 25 mil trabalhadores que foram condenados a penas de prisão, retirados de cadeias chinesas e levados para o Sudão. Disseram-lhes: "Peguem nestas pás e picaretas e vão trabalhar!".

Numa dramática mudança e após 50 anos de guerra civil, o impensável acontece numa manhã de fevereiro de 2010. Por uma enorme maioria, O Sudão do Sul Obtém a sua independência. Nasce um novo país. Como serão repartidas as receitas do petróleo entre os dois sudões? A questão poderá iniciar mais conflitos. As empresas ocidentais, as Sete Irmãs, podem reentrar em cena. Mas os chineses ja estão bem estabelecidos.

Gerard Prumier, Historiador: "O sul tem 85% do petróleo, mas a única forma de escoá-lo para exportação é pelo norte. Por isso, o norte tem a "torneira", apesar de a fonte estar no sul."

Atravesso o continente e regresso ao Gabão. À sombra do terminal petrolífero de Cabo Lopez, a noite africana é amena. Algumas belezas locais exibem os seus encantos, Port-Gentil, Gabão. Enquanto oa chineses se juntam à mesa. É um novo "jogo a três". Os maiorais e as Sete Irmãs não estão aqui sozinhos. Os chineses gostam da África e mostram-no. Dez bilhóes de dólares em investimentos e empréstimos nos próximos trÊs anos, prometidos pelo primeiro-ministo Jiabão. O Gabão precisa de muito dinheiro. As Sete Irmãs têm muito trabalho pela frente.

Marc Ona, presidente Brainforest: "Qaundo o Governo convoca as empresas petrolíferas é para dizer: "Precisamos de dinheiro. Adiantam-nos algum?" O Estado gabonÊs atual quase sobrevive de soro. As multinacionais injetam dinheiro nos cofres do Estado. Podemos dizer que o petróleo do Gabão foi hipotecado."

Os funcionários da Total estão hoje em greve. São organizados protestos no terminal de Cabo Lopez, mas ha poucas ilusões. Ninguém desafia o gigante do petróleo no seu próprio terreno.

Marc Ona, presidente Brainforest: "Sempre há protestos em Port-Gentil, é o Exército francês que vem repor a ordem. Podemos ver a pressão. Existe a pressão dos soldados, repressão e corrupção instaurada. Mesmo que as pessoas queiram "acordar", não funciona."

É impossível velejar por Port-Gentil sem encontrar o Exército francês. A abordagem de hoje, é relativamente cordial. O 6º Batalhão de Infantaria da Marinha está a cargo da segurança das instalações. O seu lema: "Em nome de Deus e das tropas coloniais." Seguro de vida para o regime gabones e as instalações petrolíferas. Neste El Dorado gabonês, onde Bongo filho sucede o Bongo pai com a benção das empresas petrolíferas, tudo o que resta é um precário bem-estar. Todo o resto ja foi roubado.

No flanco ocidental da África está o Golfo da Guiné. Nos últimos 20 anos, a produção de petróleo duplicou aqui. Um novo El dorado. Nas notas de 500 nairas nigerianas, encontramos uma plataforma petrolífera.

Mika A Igni, advogado: "Um poço e petróleo. De onde veio o dinheiro para a prosperidade da Nigéria, nos últimos 50 anos. Mas, atualmente, o povo da Nigéria - o povo do delta do Níger, em particular - não beneficia dos recursos, deste petróleo que produziu este níger. Isto é o machado da crise da Nigéria. "

Lagos, Nigéria. O centro da crise aqui poderá ser Makoko, um bairro de lata junto ao lago, em Lagos. Com casas imporvisadas sobre estacas frágeis, e o último refúgio de proscritos excluídos dos benefícios do petróleo. Eles apinham-se nos bairros de lata da maior metrópole da África. O ar tresanda ao ceiro rançoso de fogueiras de cozinhar e água estagnada fétida. O fedor da pobreza.

Como sempre, é uma aventura magnífica. Na selva hostil, homens constroem catedrais de ferro, embrenham-se nas entranhas da Terra e as primeiras chaminés de fogo cospem o seu hálito fétido para o céu. Em 1956, a Shell abriu o fluxo do petróleo nigeriano, pois o país era um protetorado da Coroa britânica. As primeiras cargas de petróleo dirigiram-se para a Europa, com as de óleo de plama e cacau antes delas e, há muito tempo, escravos para plantações no Novo Mundo.

Mika A Igni, advogado: "Muito francamente, a relação entre o povo nigeriano - particularmente os que dizem líderes - e a comunidade do petróleo é uma relação de mestre e aprendiz. As empresas petrolíferas são os mestres da Nigéria e o povo negeriano é agora aprendiz das empresas petrolíferas. É uma tragédia."

O petróleo da Nigéria é uma tragédia. A expressão "merda de deus" nunca foi tão bem aplicada.

Jean-Claude Servant, jornalista: "Biafra foi o primeiro grande conflito que aconteceu, após a onda de independência no continente africano. E foi um conflito engendrado pelas potÊncias ocidentais que queriam apoderar-se das terras petrolíferas da Nigéria. Os ibos eram apoiados por vários paises ocidentais, principalmente a França - que queriam instalar-se nestas terras ricas em petróleo. "

E isso resultou na morte de mais de um milhão de pessoas. No dia 26 de maio de 1967, a região dos ibos cristãos e animistas votou pela independência do governo central controlado por muçulmanos no norte. Foi declarada a República de Biafra, resultando numa estarrecedora e assassina guerra civil. O novo Biafra detinha 2/3 das reservas petrolíferas nigerianas.

De Gaulle e a Elf providenciaram armas. Era uma forma de enfraquecer a influência das empresas britânicas: BP e Shell.

Antoine Glaser, jornalista e escritor: " A Elf perdeu a Guerra do Biafra. E foram as empresas britÂnicas que a ganharam. A BP e a Shell."

Lagos, Nigéria. O maior produtor de petróleo da África, a Nigéria, é conhecido como "elefante-aficano". Com 152 milhões de habitantes, mais da metade da população tenta sobreviver com menos de um dólar por dia. Em lagos, a ex capital no sul, abundam igrejas cristãs; com pentencostais, batistas e adventistas tantando aliviar tanto as almas como os bolsos de ricos e pobres. Muitos aqui chamam o ouro negro de "merda de deus".

Felix Morka, advogado: "Se é a merda de deus, não conheço esse deus que infligiria esse tipo de dor ao seu próprio povo."

O Delta do Niger; 7000 km de oleodutos, 1500 poços e toneladas de petróleo a verter que queima os mangais e a pele dos homens. Uma colossal poluição corajosamente denunciada. Mas em vão.

Jean-Claude Servant, jornalista: " Os ogonis são pescadores que sempre viveram nos mangais e que extraiam os seus recursos abióticos do Delta do Niger. No dia em que Ken Saro Wiwa viu que os riachos estavam ficando poluídos, que cada vez mais oleodutos estavam a verter e a cuspir a "merdad de deus" para os rios cheios de peixes, na segunda maior floresta de mangal do mundo, foi o dia em que Ken Saro Wiwa começou a lutar."

petrol Ken Saro Wiwa

 

ken Saro Wisa, um ogoni, denunciou o conluio entre a Shell e a ditadura do general Abacha. Ele acusou as empresas petrolíferas de poluirem o ambiente e não partilharem com a população local as suas fabulosas receitas. Ele conseguiu mobilizar minhares de pessoas. A pressão obrigou a Shell a parar a produção. A "pedido" da empresa os manisfetantes foram pela polícia e o exército nigeriano. Houve centenas de mortes. ken Saro Wiwa foi preso e condenado a morte. No dia 10 de novembro de 1995, em Port Harcourt, ele foi enforcado juntamente com oito camaradas seus.

Felix Morka, advogado: "Todos sabem que a Shell Petroleum Development Companhy foi complacente no assassinato de Ken Saro Wiwa. Foram complacente porque, em grande parte, instigaram muito da crise que levou a detenção, ao julgamento e ao enforcamento de Ken Saro Wiwa."

Delta do Niger, Nigéria. Deixo Port Harcourt por um trilh construído pela Shell para transportar os trabalhadores até instalações no delta. Sou proibido de filmar e há varios bloqueios rodoviários do Exército. Num pais que ganha milhões, a água é imbebível, a terra incultivável e o ar irrespirável.

"Quando temos os benefícios, as coisas correm bem. Mas agora não temos os benefícios que vem da nossa terra, os benefícios não nos são dados. A polícia e o exército são pagos pelas emprsas petrolíferas para defendê-las. Não a nós. Quando vamos apresentar nossas queixas, eles expulsam-nos. Quando nos chateamos e bloqueamos o caminho, vem o exército. As vezes predem nossas crianças." Diz um morador do local.

E foi assim que emergiu o MEDN, Movimento de Emancipaçao do Delta do Níger. Com raptos e ataques armados, o movimento mistura ações ilegais com exigências políticas. Em 2008, forçaram uma redução de 25% na produção da Nigéria. Os preços do crude dispararam. O governo foi obrigado a propor uma anistia.

Nnimmo Bassey, presidente do "Friends Of The Earth": "Tem havido conflitos violentos, desde por volta de 2005. Rapto de pessoas, raptavam pessoas e depois pagavam resgate; tanto o governo como as empresas petrolíferas. Pagavam aos militares para protegerem os oleodutos. O negócio florescia. Mas chegou a um ponto em que a violência se intensificou e a produção de petróleo baixou. Baixou muito. E a única proposta do governo para tentar acabar com a violência é deixar as empresas petrolíferas voltarem a abrir os mercados. Não é em interesse de manter a paz na região. Não é em interesse de limpar os derramamentos de petróleo ou desenvolver a região. É simplesmente para permitir que mais petróleo seja extraído. "

Lagos, Nigéria. O petróleo poderá estar a fluir para porões de enormes petroleiros, mas em Lagos a escassez de combustível é crônica. As quatro refinarias do pais estão obsoletas. O maior exportador de petróleo do continente é obrigado a importar combustível refinado; um paradoxo que rende fortunas a um punhado de empresas.

"O governo devia ser avisado para não aumentar o preço do petróleo na Nigéria. Temos muito que abastecer para nós nesta terra e não vejo razão para estarmos a pagar cada vez mais. A inflação do governo esta destuindo este país." Diz uma moradora.

Encorajada pelas empresas petrolíferas, a corrupção tornou-se um sistema de governo. Estima-se que tenham "desaparecido" cerca de 50 bilhões de dólares dos 350 bilhóes recebidos desde a independência.

Em julho de 2003. George W Bush escolheu a Nigéria para a sua primeira visita africana. Em 2020 e com as suas reservas e alta qualidade, a África deverá estar fornecendo 25% do crude americano. Bush: "Vários governos africanos enfrentam perigos de terroristas. E os Estados Unidos estão trabalhando em estreita união com esses paises para combater o terror. E faremos mais. Proponho uma nova iniciativa de 100 milhões de dóalres, para ajudar esses governos da Africa oriental, proteger o seu povo e combater redes terroristas."

Michael Klare, profesor e escritor: " O petróleo africano tornou-se muito importante e atraente para os Estados Unidos, por várias razões. A primeira razão é não ser petróleo do Oriente Médio. E temos de enfatizar que os EUA, por razões de segurança energética, tentam diversificar as suas fonts de abastecimento. E a África parece muito apelativa porque é outra opção, uma alternativa ao Oriente Médio. Esta é a primeira. E a segunda: África e EUA estão frente a frente, separados apenas pelo Atlântico."

África, o novo El Dorado para os EUA e as Sete Irmãs. Tem de ser alcançada a paz com o principal produtor: a Líbia. E não importa se o coronel Kadaffi é um criminoso; o negócio vem em primeiro lugar.

Dirijo-me para as vielas de Medina, em Tripoli.

Choskri Ghanem, ministro do petroleo da Líbia: "Há pessoas que dizem que há contradições na política. Que com o presidente Bush, por exemplo, e até antes dele, a Líbia é vista como parte do Eixo do Mal. Mas depois tornam-se amigos, Isso deve-se ao fato de que esses paises não terem amigos nem inimigos. Tem interesses. Sabemos que não vem até aqui porque nos adoram e sabemos que não por adorá-los que lhes permitimos que venham. Mas temos um interesse comum; serve os nossos intresses e aos deles. Na indústria petrolífera, é uma situação vantajosa para ambas as partes."

Em 2003 a Líbia reconheceu oficialmente a "responsabilidade dos seus oficiais" nos ataques de Lockerbie e do Voo 772 da UTA. Numa astuta ação, o líder líbio pagou mais de dois bilhões de dólares de compensação por danos às famílias das vítimas. A aposta do coronel Kadaffi deu frutos; as sanções foram levantadas. O vergonhoso guia ja não é persona non grata. Um acordo feito com petróleo e dólares.

Mustapha Fitouri, jornalista e acadêmico: "A Líbia pos fim as divergências com o ocidente, incluindo o Reino Unido e os americanos, claro, e temos uma fila de empresas petrolíferas ocidentais entrando no país. Qualquer político sensato e razoável no Reino Unido o nos EUA, ja agora, pensaroa duas vezes antes de prejudicar as relações com a Líbia, devido principalmente ao interesse petrolífero. O petróleo estaria na mente das pessoas que resolveram a questão de Al Megrahi. Tenho certeza disso."

Al Megrahi, que fora condenado a prisão perpétua pela morte de 270 pessoas no ataque de Lockerbie, foi libertado pelos britÂnicos em agosto de 2009, por razões humanitárias. Segundo o Sunday Times, a sua libertação esteve ligada a assinatura de um importante contrato petrolífero com a BP. Para Downing Street, foi apenas uma coincidÊncia.

Muamar Kadaffi recebeu Al Megrahi como um herói, na pista de Tripoli. Sangue, dólares e petróleo, o preço a pagar pelo regresso das Sete Irmãs à Líbia. Para as Sete Irmãs e os seus concorrentes, chineses, indianos, russos, italianos e franceses, a temporada de caça no El Dorado negro está novamente aberta.

Nnimmo Bassey, presidente da Friends Of The Earth: " As sete irmãs, as sete perigosas irmãs. A história de como se reuniram para uma caçada é uma excelente história sobre o que se passa atualmente. Elas fazem de conta que andam matando aves e animais, mas na verdade estão matando pessoas. E estão a fazê-lo de forma prática e real. E, sobre essa fachada de caçada, estão conspirando sobre como manter toda esse gente cativa. E é muito interessante que o mundo conheça essa história e faça de conta que não conhece."


O Urso Dançarino


Ver o MOnte Ararat é sempre um momento emocionante. É como se estivéssemos no centro do mundo, na encruzilhada entre leste e oeste. Guerras entre paises, grupos étnicos e fraternidades deixaram ruinas intemporais e túmulos desfeitos. Estou de volta ao Cáucaso. A águia americana e o urso russo competem pelo controle da região. O grande jogo do petróleo está ao rubro.

Steve Levin, jornalista e escritor: " Uma grande razão para os EUA estarem lá é o resíduo da Guerra Fria. Os EUA querem..., é uma forma de os EUA combaterem a Rússia. É uma forma de, na perspectiva americana, manter a Rússia alerta no seu próprio quintal, no Cáucaso e na Ásia Central. Mas podemos dizer com alguma segurança que os EUA não estariam lá com tanta força e com tanta paixão, se não fosse o petróleo."

Tblissi, Erevan e Baku, as três capitais do Cáucaso. Quem controla o Cáucaso e as suas estradas, controla o transporte de petróleo vindo do Mar Cáspio. O petróleo de Baku, no Azerbaijão, é uma prioridade estratégica para todas as grandes empresas.

Erevan, Armenia. Na Armênia não há guerra nem paz com os azeris. A mínima faísca poderia iniciar novas hostilidades. E a razão talvez seja o petróleo.

Armen Ayvazian, Centro de Investigações Estratégicas Ararat: " Será o petróleo uma fonte de riqueza ou de conflito, no Cáucaso? Ambas. A guerra é atualmente travada pelo petróleo, e mais abrangentemente, por energia, pelos exércitos de paises vizinhos. E também pelos grandes poderes e empresas multinacionais que trabalham com eles. Esta guerra pelo petróleo é liderada pela Rússia e pelo ocidente. Companhias como a Bristh Petroleum, Exxon, Mobil e a russa Gazprom são esses os principais líderes da guerra na região."

Baku, Azerbaijão. A estrada me leva por uma floresta de cavalos de balanço e poços. Há mais de um século que bombeiam ouro negro das profundezas da Terra, fazendo uma fortuna para Baku, a capital do Azerbaijão. O Cáucaso serve de fronteira entre o oriente e o ocidente; um campo de batalha para a Rússia, os Estados Unidos e as grandes empresas petrolíferas. O petróleo do Mar Cáspio é um bem muito disputado.

No meio dos poços está o ancestral templo de Ateshgah, a casa do fogo eterno. Um antigo santuário para os zoroastrianos; adoradores do fogo que percorreram a antiga Rota da Seda, desde a Índia. Muitos ainda vêm para prestarem homenagem a Azer ou Fogo.

No final do século XIX, uma familia sueca, os Nobel, estabeleceu BAku como a capital mundial do petróleo. Conhecido como "mercador da morte", Albet Nobel inventou a dinamite e ganhou uma fortuna. Ludwing Nobel dirigia uma fábrica de armas para o czar russo. E Robert, o terceiro irmão, comprou por um punhado de rublos campos petrolíferos perto de Baku. Um investimento inspirado, pois a região era rica em petróleo que a poucos interessava.

Emil &Emir Karimov, historiadores e cientistas políticos: "Em 1920, o Azerbaijão e a regão a volta de Baku extrairam mais petróleo que o produzido nos Estados Unidos. "

O petróleo jorrava e fluía e fizeram-se fortunas imensas. Os banqueiros parisienses, Rothschild, chegaram para acabar com o monopólio dos Nobel. Eles financiaram a construção de uma via-férrea, de Baku ao porto de Batumi. A Standart Oil e a Royal Dutch Shell, entre outras, beneficiaram do mar de petróleo. Mas os seus grandes projetos foram gorados por um georgiano chamado Estalin, que liderou revoltas bolcheviques no seio dos poços.

A revolução iniciou-se comum tiro de canhão disparado pelo cruzador Aurora. Estávamos no dia 25 de outubro de 1917. Lenin levaria três anos para conquistar a Rússia e tomar Baku. Lenin mandou um telegrama secreto, no dia 17 de março de 1920: "Baku tem de ser tomada." Baku é de vital interesse para a Rússia bolchevique e atual, pois precisamos de petróleo.

O desejo de Lenin foi concedido. O exército vermelho entrou em Baku e expulsou as tropas britânicas, alemãs e turcas que tinham vindo proteger o seu petróleo. Em abril de 1920, as 400 empresas petrolíferas que operavam em Baku foram todas nacionalizadas pelo novo regime soviético. Na Europa, o petróleo negro fluia, bem como uma praga de camisas castanhas.

Em 1933, Hitler foi eleito chanceler do Riech e ja podia por em prática os seus grandiosos planos. Foi construido o carro do povo, o Volkswagen. A indústria trabalhava para dobrar e Hitler pode planear a sua guerra expansionista. A Alemanha nazi não tinha petróleo, mas o chanceler tinha contatos. A empresa alemã IG Farben assinou um acordo de cooperação com a empresa petrolífera americana Exxon. Esta forneceu à alemanha as patentes necessárias par fazer combustível sintético.

Eric Laurent, jornalista internacional: "O grande problema da Alemanha era a sua falta de acesso a matérias-primas. E a Exxon ajudou-a de forma decisiva, nesse processo. Houvd uma colaboração ativa entre o grupo petrolífero Exxon e a IG Farben que viria a tornar-se a maior corporação química do mundo e que foi o elemento chave no esforço de guerra nazi.

petrol exxon

 

No meio da guerra o sistema de justiça americano acusou a Exxon de conspiração. Sob pressão do Congresso, a queija foi retirada e a firma foi discretamente multada num total de 50 mil dólares. Os negócios eram mais importantes que a guerra, vista apenas como um mal transitório. O inseperado aconteceu no dia 23 de agosto de 1939, quando um pacto de não-agressão foi assinado entre o regime nazi e o Estado comunista. Molotov e Ribbentrop selaram uma imporvável aliança. Moscou emprestou as suas fábricas à Alemanha que construia secretamente o seu exército.

Mas o cerne das preocupações alemãs era, primordialmente, o petróleo. Entre 1939 e 1941, Moscou entreou 65 milhões de barris a Berlim. Foi combustível russo e americano, que os maiorais americanos continuaram a forncener em segredo, que abasteceu os Panzers alemães enquanto eles varreram a Europa.

O século XX abriu com a consciência de que as guerras futuras dependeriam de veículos mecanizados. E, logo, de petróleo. A Segunda Guerra Mundial foi um exemplo flagrante. POdemos ver claramente como é que os exércitos nazis, ao atacarem a Rússia, em 1941, almejaram se apossar do petróleo do Mar Cáspio.

No seu aniversário, Hitler recebe um bolo de aniversário de chocolate e nata representando um mapa. Ele escolheu a fatia que tinha Baku. Este filme é um produto puro da máquina de propaganda soviética. O petróleo de Baku será a verdadeira razão para o lançamento a "Operação Barba Vermelha". NO dia 22 de junho de 1941. os exércitos do Terceiro Reich invadiram a Rússia. A crucial batalha de Estalingrado, a chave de entrada para o Cáucaso e o petróleo de Baku decidiria o desenlace da guerra. Estalin disse as suas tropas: "Lutar pelo nosso petróleo é lutar pela nossa liberdade."

A batalha foi ganha. NO dia 31 de janeiro de 1943, o marechal de campo Paulus assinou a capitulação alemã. Os alemães tinham perdido a batalha de Estalingrado e a guerra. Depois dos acordos de Achnacarry, a SEgunda Guerra Mundial revelou ser um dos acontecimentos mais lucrativos para as empresas petrolíferas. Ou seja, todo o petróleo que foi carregado da refinaria de Abadan, por exemplo, para abastecer navios militares britânicos ou americanos que operavam nessa zona, foi cobrado pelas empresas petrolíferas aos governos britânico e americano a um preço calculado em Achnacarry; a taxa mais alta, a um custo equivalente ao e trnsportar petróleo do Golfo do México até o seu destino.

Esse petróleo custou uma fortuna ao esforço de guerra aliado e controbuiu para a extraordinária riquena das empresas petrolíferas, durante esse período. Foi o período no qual elas ganharam mais dinheiro. E nem uma vez os governos britânico ou americano tentaram obrigá-las a ceder ou influenciar um comportamento que era por de mais escandaloso.

petrol farman somalov

 

Baku, Azerbaijão. Não é triste que exista um crime por trás de cada fortuna? Para mim o mar cáspio esta inundado de vesígios de um passado turvo, As cabeças de cavalo mantem uma pressão constante nas bombas que funionam sem parar. O petróleo de Baku matneve a indústria e a guerra da URss vivas contra os nazis. Mas a Univão Sovética estava extenuada e precisava encontrar novos campos petrolíferos. O milagred chageria através de um cidadão azeri: Farman Salmanov, um gênio da Geologia.

Sem o concentimento de Moscou, ele começou a explorar em Surgut, na Sibéria, ao longo das margens do rio Ob. Todos pensaram que era louco. Só ele pensava que havia petróleo sob a tundra siberiana. Ele acreditava que havia petróleo na regiao a sua volta de Surgut. Ele cortou todas as comunicações, para não ser contatado nem chamado para sair da zona. E não parou de prospectar. Até que, finalmente começou a jorrar petróleo do solo. E ele enviou um telegrama para vários líderes. Mantou um telegrama para Kurshchev, em 1961, no qual disse: "Encontrei petróleo. Pronto." Assinado: Farmam Salmanov.

No meio da guerra fria, esse lacônico telegrama mudaria a balança do poder mundia e o líder soviético Nikita Krushchev podia festejar a vitória. Framam Salmanov receberia depois o título de herói do trabalho soviético e o prêmio Lenin. A URSS tornou-se o segundo maior exportador de petróleo, atrás da Arábia Saudita. O urso comunista russo estava altaneiramente de pé. Farmam Salmanov salvou a União Soviética, encontrando os campos petrolíferos que dariam a União Soviética a sua principal fonte de receita em termos de moeda estrangeira.

Para transportar o petróleo, o oleouto de Duzba, o "oleoduto da amizade", tinha dois propósitos: abastecer as repúblicas satélite como recompensa pela sua submissão e levar o petróleo russo até aos mercados europeus e às suas moedas.

petrol seis patas

 

Chego a Apulia, no rastro de um homem que mudou o curso da História do petróleo. Uma figura expeccional que, em 1953, criou par a Itália a poderosa empresa petrolífera ENI, o cão de seis patas.

petrol enrico mattei

 

Apos a derrocada da Itália na Segunda Guerra Mundial, a reconstrução foi liderada pelos americanos e o petróleo era fornecido pelas Sete Irmãs. Era o preço a pagar pela derrota. Esse excepcional homem chamava-se Enrico Mattei, o italiano mais importante desde Julio Cesar, como ainda se diz. Herói da resistência e gênio industrial, ele decidiu libertar a Itália da sua dependência dos maiorais do petróleo. Foi o início de uma disputa contra aquelas a que ele chama: as Sette Sorelle, as Sete Irmãs.

PARTE 5