HISTÓRIA E CULTURA

Vamos Fazer Dinheiro !! - Parte 4

vamos_fd_-_Ramon_Fernandez_DuranRamón Fernandez Durán (Urbanist, University of Madrid): "A Espanha é um dos paises do mundo, onde a bolha do mercado imobiliário tornou-se a mais aparente nos últimos 5 anos. Uma verdadeira tempestade de urbanização, um tsunami de cimento esta arruinando as costas e arquipélagos espenhóis. Os condomínios turísticos, todos estão ligados aos campos de golfe. Existem centenas destes condomínios na Espanha, num pais onde muito poucas pessoas jogam golfe, uma enorme minoria. Como é que isto é possível? Isto é devido ao enorme investimento estrangeiro em produtos deste tipo. O valor destes edifícios no condominio são mais elevados se estiverem ao lado de um campo de golfe.

Quando vemos o campo de golfe, tocamos a grama, vemos claramente que é totalmente artificial. Estamos criando um espaço verde no meio do deserto. Para o fazer, necessitamos de uma enorme quantidade de água. Um campo de golfe deste genero consome a mesma quantidade de água que uma cidade com 20000 habitantes. "

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Laureano Ruiz Liano (Estate Agent): "Poderíamos aumentar os preços em 35%, num ano. É muito facil dizer o porque. porque podiámos, porque PODEMOS."

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Miguel Angel Torres: "Das 11 companhias de contrução mais importantes do mundo, 7 são espanholas. Algumas delas estão intimamente relacionadas a grandes clubes de futebol. A maior empresa de construção espanhola é a ACS , é presidida pelo antigo presidente do Real Madrid. A extenção da construção ja atingiu os seus limites. Desde o primeiro quilometro de toda a costa marítima espanhola, 80% esta coberta de edifícios. Estão começando a ocupar os últimos locais naturais."

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Antonio Baena Perez (Spokesperson for Azata del sol): "De momento, os trabalhos de construção estão temporariamente parados, porque as nossas atividades foram relatadas as autoridades por um grupo ecológico que afirmam que não temos as licenças necessárias. Espero e desejo que o juiz, depois de confirmar a legalidade da construção, brevemente nos permita acabar a construção deste hotel, do qual ja temos reservas de toda a Europa."

O que os ecologistas dizem: "O hotel El Algorrobico deve ser supostamente demolido porque fui construido ilegalmente. A campanha de construção Azata receberia 100 milhóes de euros em compensações, pagos com o dinheiro dos contribuintes. Os custos de demolição também deverão ser pagos com dinheiro público. O procedimentos oficiais dos assuntos acima referidos ainda não foram concluídos."

Miguel Angel Torres: "O Setor da construção recruta os seus trabalhadores principalmente entre os imigrantes. As pessoas que vem da África e América do Sul trabalham pelos salários mais baixos. Desta forma, as pessoas do setor da contrução gastam o seu "dinheiro  negro", ao pagarem os seus trabalhadores da construção.


CONSEQUÊNCIAS DA BOLHA IMOBILIÁRIA ESPANHOLA


- 3.000.000 de casas vazias nas costas marítmas

- 800 novos campos de golfe que consomem a mesma quantidade de água que 16 milhões de pessoas.

- O Banco Central espanhol vendeu uma grande parte do seu ouro e reservas da moeda e a divida nacional chega a 106% do PIB.

- Aumento rápido do desemprego. Mais da metade das agências imobiliárias encerraram suas atividades.

Anton Schneider: "Porque é que ninguém faz alguma coisa em relação a este desenvolvimento abortivo do sistema financeiro? Esta questão é dificil de responder, porque muitos estão sofrendo com isto. Incluindo a economia nacional, porque existe o risco de uma nova crise enconômica mundial. Apesar de tudo isto, não esta acontecendo nada. Mesmo agora, um ano depois da crise financeira, não existem novas regulamentações. Desta forma, estes excessos financeiros são permitidos. Pelo contrário, eles atribuiram dinheiro público do banco do problema do sistema, para que o sistema não colapse. Isto significa que eles usam o dinheiro das pessoas comuns para cobrirem as suas apostas. De forma a prover uma base para os jogadores, os que sangram o sistema, para que as suas instituições não irem a falência."

Parece que de tempos em tempos as catástrofes se abatem sobre a humanidade. Depois de cada catástrofe, as regras são novamente redefinidas de modo a evitar tais catástrofes. Depois e uma crise mundial, foram introduzidas regras completamente novas aos bancos. Todo o sistema bancário esta altamente regulamentado, para evitar algo com a crise enconomica mundial. Ao longo dos últimos anos, estabeleceu-se uma nova atitude, aclamando que não necessitamos de regulamentar nada, porque o mercado regulamenta tudo. Por isso as autoridades públicas de controle tem tolerado que as rebulamentações do sistema financeiro ja não existem. Foi tudo completamente liberalizado. O tipo de industria financeira que temos hoje em dia não tem qualquer sentido e esta direcionada contra as pessoas.

São os media que escolhem os atuais líderes. Eles aprovam ou desaprovam. Então as pessoas estão anciosas para agradar aos media, eles tentam estar na ribalta. São cada vez menos eleitos devido aos sérios conceitos políticos. Essa capacidade de agradar aos media tornou-se um critério crucial para um lider político. Embora seja o exato oposto das qualidades que necessitas ter para seres um bom líder político. Então nós temos cada vem mais bonecos, que tomam decisões políticas cruciais e que rapidamente se tornam marionetes obedientes pelos determinados desenvolvimentos de outras pessoas.


DURANTE QUANTO TEMPO MAIS NÓS CONSEGUIREMOS SUPORTAR OS RICOS?

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"Saint Helier, capital de Jersey e a maior cidade da ilha, embora a ilha seja muito pequena. Vemos edificios dos Tribunais Reais de Jersey. Os edificios servem para o Governo e para a justiça, para os grandes casos criminais. Embora Jersey seja considerada com uma base financeira, para teres apois financeiro necessitas de aconselhamento juridico. Muitos dos antigos armazens foram convertidos em bancos modernos e gabinetes e assim, no conjunto, temos um completo centro financeiro nesta nova parte de Saint Helier. Tal como temos bancos europeus, também temos alguns bancos americanos, como o Citygroup que também esta presente em Jersey. Temos o banco escocês e ao lado um banco de mais longe, o banco da India. Então podem ver que além dos bancos europeus e americanos, também olhamos para outros lado do mundo. O Deutsche Bank, tal como outros que vieram para a ilha, vieram devido a situação que podemos oferecer.

Sou o chefe adjunto do Ministro da Ilha de Jersey e também ministro do TEsouro e Recursos. Durante muitos anos, Jersey foi muito conhecida pelas vacas, pelas batatas, éramos uma comunidade rural que vivia da agricultura e do turismo. Nos últimos 50 anos hovue um crescimento na indústria dos serviços financeiros e isto aconteceu quando alguem viu a oportunidade de emprestar dinheiro em Jersey, de forma a que fosse benéfico ao resto do mundo."

John Christensen (Development Economist): "Ao norte temos a Ilha de Guernsey, um paraiso fiscal. A ilha seguinte é a ilha de Brecqhou, Herm e a ilha de Sark, que também é um paraiso fiscal. E depois, olhando para Este, temos a Ilha de Jersey, que é a ilha onde nasci e cresci e para onde voltei em 1986 para trabalhar no centro financeiro. E para mais tarde me tornar num conselheiro economico para o Governo. Jersei, atualmente, segundo estimativas americanas, tem cerca de 500 bilhões de dóalres de riqueza pessoal. Esta quantia esta nos bancos da Ilha. Este dinheiro vem de fora da ilha e esta em contas a ordem, ou seja, contas eletrônicas. Porque o dinheiro não vem, na realidade fisicamente para a ilha. O dinheiro vem por Jersey e depois vai para os principais centros financeiros do mundo, vão especialmente para Londres.

Qual o papel de Jersey nisto tudo? Jersey atua como, o que chamamos de "jurisdição secreta". O que faz é prover, através de fundos e de companhias, a habilidade a pesoas de fora da ilha, especialmente da Europa, África, América latina e Ásia, para moverem os seus ativos para os mercados financeiros do mundo e para escondê~los, esconder a titularidade. E a titularidade é escondida através de fundos fiduciários "off-shore" e isto é uma especialidade de Jersey.

Os fundos fiduciários são entidades legais, estabelecidos numa jurisdição como Jersey. Onde a pessoa que cria um fundo e que beneficia deste fundo não necessita revelar a sua identidade. De fato, a única informação que é revelada acerca dos fundos, na maioria dos casos, é o nome do fundo e, algumas vezes, o nome dos advogados que criaram os fundos. Mas as verdadeiras pessoas que estão por detrás dos fundos nunca são reveladas. E isto faz com que Jersey seja um local ideal para as pessoas que querem esconder dinheiro.

Uma típica estrutura para evasão fiscal, envolveria criar um fundo aqui em Jersey, o fundo teria uma companhia de Luxemburgo, a companhia, em Luxemburgo, iria operar uma conta bancária que poderia estar nas ilhas Caimã ou poderia estar na Suiça ou poderia estar em Londres, o objetivo é que terias 3 jurisdições diferentes. O objetivo é misturar as diferentes jurisdições para maximizar o segredo, para evitar as investigações.

É simplesmente impossível descobrir quem esta por detrás deste fundo. Quem é realmente o dono desta companhia? Quem realmente opera esta conta bancária? Agora, isto levana grandes questões para o capitalismo contemporâneo, porque a vasta maioria do comércio global opera através de paraisos fiscais e a vasta maioria desse comércio passa através destes paraisos fiscais, não numa forma física, mas em papel, apenas em papel. E o objetivo desse comércio, ao ir através de paraisos fiscais como Jersey, é desviar o capital pra fora dos paises onde a riqueza esta a ser produzida para os paraisos fiscais. "

Chefe adjunto do Ministro da Ilha de Jersey e também ministro do TEsouro e Recursos: "Jersey não cobra impostos às companhias que não estão presentes em Jersey e tudo o que fazemos é fornecer um serviço a estas companhias, tal como fazemos a outras jurisdições. Mas talvez Jersey seja mais especialista e tenha melhor regulamentação do que a maioria e construiu uma boa reputação para os serviços internacionais. E agora estamos numa situação em que podemos competir internacionalmente com locais como a Suiça e Luxemburgo e dizer que somos tão bons ou melhores do que eles, e podemos fornecer o mesmo que estes podem, tão bem ou melhor."

Gerhard Schwarz (Bussiness Editor, NZZ): "A nossa opinião na Suiça é que o que é de maior importancia é proteger a privacidade de uma pessoa. Essa proteção faz parte da economia liberal. Esta proteção só poderá ser suspensa nos casos de grandes infrações legais. Evasão fiscal é considerado uma infração, MAS NÃO SERIA O SUFICIENTE PARA SUSPENDER A PRIVACIDADE. Nem a dos nossos cidadãos nem a dos cidadãos estrangeiros. A Suiça nunca protegeria exclusivamente os seus cidadãos das autoridades dos impostos, mas à menor suspeita de evasão fiscal ou falta de pagamento, suspende a privacidade de cidadãos estrangeiros."

John Christensen (Development Economist): "Para a maioria dos paises em desenvolvimento estes paraisos fiscais, são de fato, uma catástrofe. São uma catástrofe porque permitem que quantias massivas de capitais saiam do pais para os paraisos fiscais. E em muitos casos, esse capital nunca mais volta. Estimo que cada dólar de ajuda humanitária que vai para a África, pelo menos 10 dólares saem "por baixo dos panos". Uma das coisas ue achei mais peculiares sobre trabalhar na indústria dos serviços financeiros foi a cultura dos trabalhadores em si, muitos deles são pessoas muito inteligentes, advogados, contabilistas, banqueiros, altamente treinados através das universidades, pessoas muito privilegiadas. A sua grande maioria odeia os seus trabalhos, os trabalhos são aborrecidos, repetitivos, estúpidos, mas o salário é fantástico.

Eles sabem que o trabalho que fazem não vale nada. Eles não criam qualquer valor em nenhum sentido economico desse termo. O que eles fazem é permitir que o capital, que é criado num pais e acumulado noutro pais, fique concentrado nas mãos de uma minúscula elite da população mundial, talvez não maior do que 3% possivelmente ainda menor. Estima-se que atualmente 11,5 trilhões de dólares de riqueza privada sejam lidados e geridos em "off-shore" e evitam impostos nesta situação. Como é que se parecem 11,5 trilhões de dólares? Vou lhe dar uma idéia do que o quão grande é essa quantia.

Se essa riqueza estivesse a juros até mesmo com uma percentagem modesta, digamos 7%, e se o rendimento fosse sujeito a impostos com uma taxa modesta de 30%, os governos do mundo teriam um rendimento adicional de 250 bilhões de dólares por ano, que poderiam gastar para aliviar a pobreza e atingir os objetivos de desenvolvimento do milênio das Nações Unidas."

A Declaração Universal dos Direitos Humanos estipula:

"Todos os seres humanos nascem livres e com igualdade de dignidade e direitos."

Se quisermos usar este principio humanitário, a distribuição da riqueza tem que ser diferente. A distribuição deverá de ser a favor de toda a sociedade e não a favor de uns poucos indivíduos. Só assim se poderá preservar o princípio humanitário. Senão mudarmos os sistema, haverá novos mecanismos de seleção: mecanismos de seleção entre Estados, entre raças, entre religiões, entre pessoas instituladas a usar recursos e outras não intituladas, entre pessoas valiosas e aquelas que não são valiosas. Neste caso, o valor monetário do ser humano prevalecerá e uma nova era de barbárie começará. isto é inevitável.

No final, o cidadão comum pagará por isto. O chamado "homem pequeno", ou a "pequena mulher", pessoas que não tem qualquer influência no processo, a não ser que se organizem, a não ser que encontrem alguém para representar os seus interesses, forte o suficiente para parar este processo.

No Reichstag, o edifício do Parlamento Alemão, vemos os vestígios da 2 Guerra Mundial, que acabou com a captura do Reichstag pelos soldados russos que escreveram as suas saudações a sua terra natal. Isto deverá lembrar-nos do fato de que sem uma nova forma de distribuição da riqueza, sem uma solução a questão ambiental ao usar recursos renováveis em vez de não renováveis, que não serão suficientes para todos nós, todas as coisas que acabaram aqui com a 2 Guerra Mundial vão se repetir, mas de forma diferente.


Fonte: Documentário "Let's Make Money" de 2008. Compilação em forma te texto e imagens, Renato Corrêa Bicca Gestor de Onteúdo do Arqutivo.