22/10/2021, por Manuel Pestana Machado - As Forças Armadas austríacas deixaram vários alertas aos cidadãos sobre o que fazer num cenário em que deixa de haver eletricidade e dizem que pode acontecer em cinco anos. A pergunta que as Forças Armadas da Áustria fazem à população é simples: “Tem um plano ‘B’?” Como explica o Ministério da Defesa na sua página oficial, B é de “Blackout” (apagão, em inglês)” e “descreve uma falha de energia, infraestrutura e fornecimento duradouro em toda a Europa, onde — de repente — nada funciona mais”.
Além disso, há um aviso: “Os especialistas esperam um apagão nos próximos cinco anos.”. Contudo, não há razões para pânico — “mantenha a calma”, pedem, deixando recomendações sobre o que deve planear num cenário destes.
[Abaixo, o vídeo divulgado pelas Forças Armadas austríacas sobre o que se deve fazer no caso de um apagão geral]
https://www.youtube.com/watch?v=mHWcOQ_7Y-U&t=22s
Depois da pandemia de Covid-19, o governo austríaco quer estar preparado para uma próxima catástrofe internacional. Como conta o El Espanol, Klaudia Tanner, Ministra da Defesa do país, afirma que “a questão não é se haverá [um apagão], mas sim quando”. “É um perigo real”, continua. Por isso, a mensagem é clara: é necessária estar preparado para um cenário em que as redes de energia deixam de funcionar, o que afeta também outras infraestruturas, como o fornecimento de água.
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“Ninguém sabe exatamente o que acontecerá como resultado de um apagão”, referem as Forças Armadas austríacas, que adiantam que “o que é certo, entretanto, é que não retornaremos à nossa ‘rotina quotidiana’ tão rapidamente”. Um apagão “significa que o abastecimento de alimentos, artigos de higiene ou medicamentos também é perdido” e “ocasionalmente, devem ser esperados problemas com o abastecimento de água e eliminação de águas residuais”. O exército do país tem realizado vários exercícios que contemplam um cenário destes e diz estar preparado.
Numa situação dessas, o que pode ser útil? “Velas, fósforos, pilhas, extintores de incêndio, alarmes de monóxido de carbono, água (dois litros por pessoa por dia para três a cinco dias), bebidas, chá, café”, estão na lista. Mas há mais: “Alimentos duráveis por duas semanas (macarrão, arroz, comida enlatada …), medicamentos essencial para duas semanas, kit de primeiros socorros, artigos de higiene, sacos de lixo, fitas adesivas”. Outro aviso também deixado é que convém “ter o carro sempre abastecido com meio depósito” e “dinheiro em notas pequenas e moedas”.
Apesar de interferência “estrangeira” ser uma das causas contempladas, o governo austríaco aponta como mais prováveis para um apagão outros problemas, como falhas técnicas ou sobrecargas devido a picos no sistema.
Áustria prepara-se (e prepara a população) para risco de apagão
27/10/2021, por Mafalda Ganhão - “A questão não é se haverá um grande apagão, mas quando”, disse a ministra da Defesa. Além de uma campanha com conselhos sobre o que fazer para se estar prevenido, o país vai fazer investimentos adicionais em áreas como o contraterrorismo e defesa cibernética. Cem quartéis deverão ser autossuficientes em matéria de abastecimento de água, comida e energia até 2021. A Áustria está preocupada com a possibilidade de um ‘apagão’ num futuro próximo e, por isso, empenhada em preparar-se para essa eventualidade. Por um lado, as autoridades lançaram uma campanha para o público, ensinando o que fazer para fazer frente a uma falha de energia por tempo indeterminado; por outro, a ministra da Defesa, Klaudia Tanner, anunciou uma série de investimentos, com vista, nomeadamente, à “ecologização” militar. Tanner já o tinha dito em abril: “A questão não é se haverá um grande apagão, mas quando”, um risco que considera subestimado. Foi agora mais longe, ao criticar a União Europeia (UE), sublinhando ser uma ilusão que os Estados-nação ainda tenham a capacidade de enfrentar ameaças como esta por conta própria.
“Uma falácia fatal”, frisou, para acrescentar que essa falta de capacidade não é válida apenas para a Áustria, mas para todos os países da UE.
“Quero dizer com toda a clareza: a UE tem que parar de falar apenas sobre Política Comum de Segurança e Defesa e começar a entregar essa segurança à sua população”, afirmou Klaudia Tanner.
O país está a dar passos nesse sentido. No início de outubro foi lançada a campanha informativa, divulgada nos media e em ‘outdoors’, para explicar “o que fazer quando tudo parar”. Os conselhos são muito práticos: ter reservas de água e comida para vários dias, combustível, fogão portátil a gás, algum dinheiro, velas, pilhas e outros artigos essenciais à mão.
A referência dada pelo Exército austríaco é preparar um armazenamento como se estivesse em causa uma estadia de duas semanas num acampamento. Num cenário sem semáforos, computadores, caixas multibanco, internet ou telemóveis, também é recomendado antecipar um esquema de colaboração com familiares e vizinhos, forma de garantir que, em caso de necessidade, ninguém fica sem assistência.
QUARTÉIS AUTOSSUFICIENTES
Quanto à preparação do país, a ministra da Defesa anunciou investimentos adicionais em contraterrorismo, defesa cibernética e controle de acidentes, com a Áustria a planear investir até 800 milhões de euros na chamada “ecologização” do sector de defesa. A meta está traçada. A partir de 2025, cem dos principais quartéis austríacos serão o mais autossuficientes possível em termos de produção de energia e abastecimento de alimentos, água potável e combustível. De acordo com o que explicou um tenente-coronel à agência Efe, a partir daí, em caso de apagão, o passo seguinte é apoiar bombeiros e médicos, seja com energia elétrica ou ajuda em termos de coordenação.
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As Forças Armadas já ensaiaram cenários de catástrofe. Para o ministro do Interior, Karl Nehammer, um apagão é “uma das maiores ameaças para um Estado moderno”, e pode ter várias origens. A acontecer, as suas potenciais consequências não se ficam pelos problemas de abastecimento, podendo gerar ondas de saques e instabilidade social que coloquem em perigo as infraestruturas mais sensíveis, outra área a exigir a intervenção das forças de ordem.
Fonte: https://observador.pt/
https://expresso.pt/