Tá aí uma história que você nunca ouviu, mas precisa saber. Quem é Bernice Edy? Pergunte a dez pessoas na rua — provavelmente nenhuma vai reconhecer o nome. E isso é um crime. Porque essa mulher foi uma das vozes mais importantes da medicina moderna, e talvez tenha sido silenciada justamente quando o mundo mais precisava dela. Vamos voltar um pouco no tempo. Meados do século XX.
A poliomielite assombra os EUA como poucas doenças já fizeram. Crianças caíam vítimas de paralisias súbitas, famílias inteiras viviam em pânico. Era o terror chamado "polio", e o mundo clamava por uma solução. Nesse cenário, surge Bernice Edy — uma virologista brilhante, cheia de garra, filha de uma família de médicos, com sangue científico correndo nas veias desde pequena.
Ela não era qualquer pesquisadora. Trabalhou no Instituto Nacional de Saúde dos EUA, cuidando da qualidade dos imunizantes, inclusive da vacina contra a gripe durante a Segunda Guerra Mundial. Sua função parecia simples: testar se as vacinas estavam seguras e eficazes. Mas Bernice tinha algo a mais — ela via além. Enquanto outros apenas cumpriam protocolos, ela questionava. Duvidava. Investigava. E isso, às vezes, incomoda.
O alerta ignorado
Em 1954, Bernice Edy recebe uma missão aparentemente rotineira: testar a nova vacina contra a poliomielite criada por Jonas Salk, produzida pelo laboratório Cutter. A ideia era usar o vírus inativado (morto), para estimular a resposta imunológica sem causar a doença. Parecia perfeito. Mas Bernice fez o trabalho com seriedade. Testou em 18 macacos. E aí... veio o susto. Três dos seis lotes da vacina estavam contaminados com o vírus vivo. Isso mesmo — vírus ativo. E os animais começaram a apresentar sintomas neurológicos graves. Bernice, com o coração acelerado e a mente alerta, correu para avisar seus superiores. “Tem algo errado aqui!”, ela devia ter pensado. Mas o chefe do Laboratório de Controle Biológico, William Workman, simplesmente ignorou o relatório. Achou besteira. Desprezou o trabalho. E autorizou a distribuição da vacina.
O resultado? Um desastre. Mais de 120 mil doses foram aplicadas. Das crianças vacinadas, cerca de 40 mil desenvolveram formas leves a severas da doença. Doze delas ficaram paralíticas. Dez morreram. E esse episódio entrou para a história como “The Cutter Incident” , um marco trágico na história das vacinas.
Bernice Edy, a mulher que tentou evitar tudo isso, foi afastada. Silenciada. Tirada do projeto. Como punição por ter razão?
Uma amizade científica que mudaria tudo
Felizmente, nem tudo estava perdido. Em 1956, uma colega de trabalho, Sara Elizabeth Stewart, aproximou-se de Bernice. Sara era outra força da natureza — uma mexicano-americana pioneira na pesquisa sobre vírus que causam câncer. As duas viraram parceiras. Juntas, mergulharam em uma linha de investigação que ninguém imaginava: a relação entre vírus e tumores. Elas começaram estudando um agente que causava tumores em camundongos. Inicialmente, nem sequer foi chamado de vírus. Mas logo perceberam que ele era capaz de se espalhar entre animais e provocar crescimentos tumorais malignos. Batizaram-no de "vírus Stewart-Edy" , ou simplesmente Polioma SE. Era a confirmação de algo que até então soava absurdo: tumores podem ser contagiosos — se forem causados por agentes infecciosos, como vírus.
O vírus nos rins dos macacos
No início dos anos 1960, Bernice volta à cena central. Ela descobre algo ainda mais chocante: os rins de macacos usados para cultivar as vacinas contra a polio estavam contaminados com esse Polioma SE. Sim, o mesmo vírus que gera tumores. Ela testa em hamsters recém-nascidos — e o resultado é assustador: 109 dos 154 desenvolvem tumores . Era evidente: o vírus estava passando para as vacinas. E pior: essas vacinas já tinham sido distribuídas ao redor do mundo.
Na época, a ciência ainda não entendia bem o DNA. O conceito de material genético viral integrando ao humano ainda estava engatinhando. Então, como resolver um problema invisível, que já estava dentro das pessoas? Ofereceram recursos. Dinheiro. Equipamentos. Começaram a usar radiação para tentar eliminar o vírus do corpo das pessoas vacinadas. Mas o resultado foi catastrófico: em vez de melhorar, o estado dos pacientes piorou drasticamente. Mil vezes pior.
Coincidência ou consequência?
Antes de 1956, casos de câncer eram raros. Hoje, infelizmente, fazem parte do dia a dia. Será coincidência? Os cientistas tradicionais negam qualquer ligação. Dizem que o aumento da incidência de tumores tem a ver com estilo de vida: sedentarismo, alimentação ruim, poluição, tabagismo, envelhecimento da população… Tudo isso pode ser verdade. Mas será que não há espaço para pensar que o vírus Polioma SE também teve sua parcela de culpa? Lembre-se: essa vacina foi aplicada em milhões de pessoas ao redor do planeta . E o vírus que continha tem potencial oncogênico comprovado. É difícil aceitar que isso tenha sido apenas um acidente sem consequências reais.
O legado esquecido
Bernice Edy e Sara Elizabeth Stewart abriram portas para a compreensão de que alguns cânceres têm origem viral . Hoje, já sabemos que o HPV causa câncer de colo de útero, o HCV está associado ao câncer de fígado, e assim por diante. Mas na época, elas eram consideradas loucas, exageradas, alarmistas. Seus nomes ficaram nas sombras da história. Sem Nobel, sem prêmios, sem holofotes. Mas suas descobertas ecoam até hoje. E talvez o aumento exponencial de tumores nas últimas décadas seja, em parte, um legado silencioso dessas vacinas contaminadas.
Reflexão final
Será que estamos mesmo livres de vírus oncogênicos em nossas vacinas atuais? Ou continuamos repetindo histórias do passado, achando que aprendemos com os erros? Bernice Edy tentou salvar vidas. Foi punida por isso. Depois, salvou novamente, ao descobrir um vírus mortal escondido em produtos supostamente salvadores. Mas seu aviso foi ignorado. Seu trabalho, desvalorizado. Hoje, quase ninguém conhece seu nome. Mas talvez, depois de ler esta matéria, você se lembre de Bernice Edy. Não só como uma cientista, mas como uma heroína silenciosa que ousou duvidar, investigar e alertar — mesmo quando o mundo preferiu tapar os olhos.