Rubens Paiva e Lamarca: A Verdade Oculta da Guerrilha no Brasil

Rubens Paiva e Lamarca: A Verdade Oculta da Guerrilha no Brasil

Você já ouviu aquela frase que diz que a história é escrita pelos vencedores? (2025) Pois é, parece que essa máxima se encaixa como uma luva quando falamos de um dos capítulos mais controversos da história brasileira: o caso Rubens Paiva, Carlos Lamarca e as sombras do Vale do Ribeira nos anos 1960 e 1970. Mas aqui vai um alerta: prepare-se para mergulhar em águas turvas, porque essa história tem muitas camadas, segredos e contradições. E, como dizem por aí, quem só escuta um lado da moeda acaba ficando sem troco.

O Coronel Jaime Paiva: O Senhor do Vale

Vamos começar pelo começo, afinal, toda história precisa de um ponto inicial. No final dos anos 1960, próximo à pequena cidade de Eldorado Paulista, no interior de São Paulo, o coronel Jaime Paiva era praticamente o "rei" do Vale do Ribeira. Imagine um homem com poder suficiente para mandar e desmandar, dono da maior fazenda da região, produtor de cítricos e bananas, além de ser prefeito da cidade. Ele não apenas construiu obras públicas importantes – como uma ponte sobre o Rio Ribeira de Iguape e uma escola –, mas também tinha métodos, digamos, pouco ortodoxos de gestão.

Conta-se que o coronel não hesitava em dar bengaladas nas mãos ou na cabeça de quem o contrariasse. E se você achou isso chocante, espere até saber como ele pagava seus funcionários. Em vez de dinheiro de verdade, os trabalhadores recebiam "borós", uma espécie de moeda fictícia que só valia dentro da fazenda e nos armazéns que eram... adivinhe só? Propriedade dele! Parece até cena de filme, né? Mas era realidade pura.

Agora, imagine o impacto que esse cenário teve na vida de alguém como Rubens Paiva, filho do coronel e avô de Marcelo. Sim, aquele mesmo Rubens Paiva que mais tarde seria retratado como um mártir pela esquerda. Mas calma lá, porque a história dele é muito mais complexa do que pintam por aí.

Rubens Paiva: Entre o Filho Pródigo e o Guerreiro Clandestino

Rubens Paiva, engenheiro formado e deputado federal pelo MDB, rompeu com seu pai por questões ideológicas. Enquanto Jaime Paiva era filiado à ARENA, partido de sustentação do regime militar, Rubens abraçou causas de esquerda e acabou se envolvendo com o Partido Comunista Brasileiro (PCB). Se você pensa que isso foi só uma questão de princípios, talvez precise repensar.

De acordo com documentos históricos e depoimentos, Rubens Paiva não era apenas um militante político; ele era o "lavador de dinheiro" do PCB. Isso mesmo! Sua empresa, com fluxo de caixa rotativo, servia como fachada para receber recursos enviados pela União Soviética via Montevidéu. Esses fundos, claro, financiavam operações clandestinas da guerrilha urbana e rural no Brasil.

E onde entra Carlos Lamarca nessa história? Bem, o ex-capitão do Exército Brasileiro, que desertou para liderar a VPR (Vanguarda Popular Revolucionária), encontrou refúgio justamente na imensa fazenda dos Paiva. A propriedade, localizada em Juquitibá, no sul de São Paulo, tornou-se uma base estratégica para os guerrilheiros. Foi dali que saíram missões que emboscaram militares nas matas do Vale do Ribeira.

Mas nem tudo era harmonia entre Rubens e Lamarca. Segundo relatos, houve momentos de tensão entre eles. Quando as autoridades começaram a cercar a região, Rubens pediu que Lamarca deixasse o sítio. Furioso, o guerrilheiro ameaçou matá-lo, mas Rubens argumentou que, se descobrissem seu envolvimento, ambos estariam mortos – seja pelas mãos das autoridades brasileiras, seja pela justiça soviética.

Carlos Lamarca: O Fantasma da Selva

Se Rubens Paiva era o cérebro financeiro por trás da guerrilha, Carlos Lamarca era o braço armado. Responsável por assaltos a bancos, explosões em consulados, assassinatos e ataques às sedes da Polícia Militar, Lamarca tornou-se um dos nomes mais temidos da época. Uma das cenas mais marcantes de sua trajetória foi o massacre do tenente Alberto Mendes Júnior, morto a coronhadas para evitar que o som dos tiros denunciasse sua posição.

No entanto, o destino de Lamarca estava selado. Perseguido pelas forças militares, ele acabou cercado e morto na mata fechada do Vale do Ribeira. Curiosamente, foram agricultores humildes – muitos deles trabalhadores das terras dos Paiva – que voluntariamente entregaram informações cruciais sobre o paradeiro do guerrilheiro.

A Outra Face da Esquerda: Terrorismo e Ditadura

Aqui chegamos a um ponto crucial dessa história: a narrativa unilateral. É inegável que o regime militar cometeu atrocidades, incluindo prisões arbitrárias, torturas e desaparecimentos. No entanto, omitir ou distorcer os crimes cometidos pela esquerda armada é tão grave quanto negar os abusos do governo.

Grupos como a VPR promoveram atentados terroristas, sequestros de aviões e diplomatas, além de assaltos a bancos que resultaram na morte de trabalhadores inocentes. Fernando Gabeira, então guerrilheiro e um dos autores do sequestro do embaixador americano Charles Burke Elbrick, admitiu posteriormente que o objetivo da luta armada era implantar no Brasil a ditadura do proletariado com viés comunista. Trocar uma ditadura por outra ainda pior? Essa era a verdade histórica daquele período.

O Legado de Rubens Paiva: Mártir ou Agente?

Voltando a Rubens Paiva, vale lembrar que ele foi preso em casa pelo CISA (Centro de Inteligência e Segurança da Aeronáutica) e provavelmente morreu sob custódia, embora seu corpo nunca tenha sido encontrado. Para muitos, ele é visto como um mártir que lutou pela liberdade. Mas será que essa versão resiste ao escrutínio da história?

Além de suas atividades como lavador de dinheiro, Rubens andava armado e estava profundamente envolvido com a guerrilha. Não há santos nessa história, tampouco inocentes. Assim como ocorreu com Lamarca, a morte de Rubens foi uma tragédia, mas reduzi-lo a um símbolo de pureza é ignorar contextos e fatos.

Reflexões Finais: A Mentira Tem Pernas Curtas

Hoje, graças à internet e ao acesso instantâneo à informação, fica cada vez mais difícil sustentar narrativas falsas ou parciais. Tentar transformar figuras históricas em heróis ou vilões absolutos é uma prática perigosa que desvirtua a verdade. O Brasil viveu um período complicado, marcado por extremismos de ambos os lados. Nada justifica tais extremismos, mas negar a historia e a realidade de forma cega, fanática e insana dos dois lados, é a solução? Crucificar um lado só, esquecendo convenientemente as atrocidades do outro é justo e honesto?

E, enquanto uns tentam apagar ou reescrever o passado, outros buscam compreendê-lo em sua totalidade. Então, da próxima vez que ouvir alguém falar sobre Rubens Paiva ou Carlos Lamarca, lembre-se: toda história tem dois lados. Ou melhor, vários. Porque, afinal, a realidade é sempre mais cinzenta do que preta ou branca.