Nos últimos anos, o número de pessoas que se identificam como "bruxas" ou "bruxos" nos Estados Unidos cresceu exponencialmente. Segundo um levantamento de 2014, cerca de 0,4% da população americana, ou aproximadamente 1,5 milhão de pessoas, segue a religião Wicca ou pratica rituais relacionados à bruxaria. Esse número já é maior do que os membros da Igreja Presbiteriana (1,4 milhão) e das Testemunhas de Jeová, que atualmente têm 1,2 milhão de adeptos, de acordo com a página oficial da organização religiosa.
O crescimento da Wicca e de outras formas de paganismo tem gerado preocupação entre líderes cristãos. Muitos atribuem essa expansão ao aumento da exposição midiática sobre o tema, com livros, filmes e séries que despertam o interesse dos jovens em magia e ocultismo. Esse fenômeno é uma das razões por trás do declínio do cristianismo nos Estados Unidos, especialmente entre as gerações mais jovens.
Crescimento da Wicca e a Nova Busca Espiritual
A Wicca tem se destacado como uma das religiões de crescimento mais rápido no país. Entre 1990 e 2001, o número de adeptos passou de 8 mil para 134 mil, de acordo com a American Religious Identification Survey, com um aumento médio de 143%. Em 2017, esse número continuou a crescer, com adesões anuais acima de 100%, conforme relatado pela pesquisadora Anne Elizabeth Wynn.
Este crescimento acelerado ocorre paralelamente ao declínio do cristianismo, com muitos jovens americanos buscando uma conexão espiritual fora das igrejas tradicionais. O pesquisador cristão Michael Snyder destaca que essa mudança nos valores espirituais também reflete uma transformação política e cultural, com os jovens se afastando de visões mais conservadoras em busca de maior liberdade e expressão.
Jovens e a Rebeldia Espiritual
Estudos mostram que apenas 4% dos americanos entre 18 e 29 anos possuem uma visão bíblica do mundo. Muitos valores dessa geração se alinham mais facilmente à espiritualidade pagã do que às tradições cristãs. A Wicca, por exemplo, é atraente para aqueles que desejam explorar uma espiritualidade inclusiva e sem as limitações impostas pela moral cristã tradicional.
Michael Snyder argumenta que a feitiçaria é uma "contra-espiritualidade" para muitos jovens que cresceram em lares cristãos conservadores. Para eles, a Wicca oferece uma forma de expressão e liberdade, permitindo que explorem questões de sexualidade, feminismo e identidade de gênero sem julgamentos. O pesquisador aponta que a mídia e as escolas também desempenham um papel importante na disseminação desses novos valores, promovendo uma visão de mundo mais liberal e anti-cristã.
Um Movimento Inclusivo
Alex Mar, autora envolvida no mundo da feitiçaria, ilustra essa mudança. Criada como cristã, ela se afastou da igreja devido a visões políticas liberais e à exclusão das mulheres em espaços religiosos. Sua curiosidade pela Wicca foi despertada ao descobrir que a prática era inclusiva e promovia a igualdade de gênero, permitindo-lhe explorar uma nova forma de espiritualidade em que o divino poderia ser representado tanto por homens quanto por mulheres.
Assim, a Wicca e outras formas de paganismo não são apenas uma moda passageira, mas refletem uma mudança cultural mais profunda na maneira como os jovens americanos buscam significado espiritual e lidam com questões sociais e políticas.
REFERÊNCIAS: youtube, wikipédia, bbc