Em janeiro de 2021, a AUSTRAC, o regulador financeiro australiano, anunciou que mais de US $ 1,7 bilhão (AUS $ 2,3 bilhões) foram transferidos do Vaticano para contas na Austrália entre 2014 e 2020. Esta declaração chocou tanto as autoridades eclesiásticas quanto as financeiras, levantando especulações sobre a origem e o destino do dinheiro.
No entanto, a AUSTRAC revisou essa estimativa após investigações, alegando que um "erro de codificação de computador" havia inflado significativamente o valor real, que era de apenas US $ 7,4 milhões.
A Revisão dos Números e a Declaração da Santa Sé
A Sala de Imprensa da Santa Sé divulgou um comunicado oficial, esclarecendo que o valor de US $ 7,4 milhões era legítimo, sendo utilizado para cumprir obrigações contratuais e para a gestão ordinária de recursos financeiros. Curiosamente, o pico das transações ocorreu em 2017, ano em que o cardeal George Pell deixou sua posição no Vaticano para enfrentar acusações na Austrália relacionadas a abuso sexual infantil. Isso levantou suspeitas de que as transferências estariam ligadas de alguma forma ao julgamento de Pell.
A Reação das Autoridades Eclesiásticas Australianas
Líderes eclesiásticos da Austrália expressaram incredulidade em relação às declarações iniciais sobre as transferências bilionárias. O arcebispo de Brisbane, Mark Coleridge, declarou que nenhuma diocese ou entidade da Igreja australiana havia recebido qualquer parte desses fundos. Além disso, fontes anônimas do Vaticano afirmaram que o valor originalmente mencionado era absurdo, uma vez que o Vaticano não possui esse tipo de dinheiro disponível.
A Resposta da AUSTRAC e a Investigação
Após a revisão detalhada, a AUSTRAC corrigiu o valor total das transferências para US $ 7,4 milhões, informando que o número original de 46.000 transações também estava incorreto, sendo, na realidade, 363 transações. Apesar de corrigir o erro, a AUSTRAC continuou investigando a possibilidade de transferências irregulares, o que chamou a atenção de promotores no Vaticano que já estavam investigando suspeitas de fraude e lavagem de dinheiro.
Teorias Sobre o Erro de Codificação
Matthew O'Brien, um gerente de investimentos católico, comentou que o "erro de codificação" pode estar relacionado a uma falha na classificação das transferências provenientes da Itália como sendo do Vaticano. Instituições ligadas ao Vaticano, como o hospital Bambino Gesù, localizado em Roma e sob a lei italiana, podem ter sido classificadas erroneamente como parte do Vaticano. O'Brien também especulou que essas transferências poderiam ser evidências de uma operação de lavagem de dinheiro em larga escala.
Suspeitas Envolvendo o Caso Pell
Embora rumores tenham surgido de que o cardeal Becciu, outra figura importante do Vaticano, teria transferido dinheiro para influenciar o julgamento de Pell, nenhuma evidência concreta foi apresentada até o momento. No entanto, O'Brien sugeriu que, dada a magnitude das transferências, há uma possibilidade de que a máfia esteja envolvida em um esquema de lavagem de dinheiro.
Grande controvérsia
O caso envolvendo o cardeal George Pell, que gerou grande controvérsia na Igreja Católica e além, está relacionado a acusações de abuso sexual infantil e a alegações de corrupção no Vaticano. Embora ele tenha sido inicialmente condenado na Austrália, a decisão foi posteriormente revertida pela Suprema Corte do país, e Pell foi libertado após passar mais de um ano na prisão.
1. Acusações de Abuso Sexual
O cardeal Pell, uma das figuras mais proeminentes da Igreja Católica, foi acusado de abusar sexualmente de dois coroinhas nos anos 1990, quando era arcebispo de Melbourne. Ele foi condenado em 2018 por cinco acusações de abuso sexual e condenado a seis anos de prisão. No entanto, em 2020, a Suprema Corte da Austrália anulou a condenação por unanimidade, citando falta de provas suficientes e libertando Pell.
2. Alegações de Conspiração e Suborno
Enquanto Pell enfrentava julgamento, surgiram rumores de que ele havia sido alvo de uma conspiração interna no Vaticano. Essas alegações sugerem que seus esforços para implementar reformas financeiras e expor irregularidades dentro da Igreja teriam criado inimigos poderosos.
Segundo rumores, o cardeal Giovanni Angelo Becciu, que na época era uma figura de alta patente no Vaticano, teria desviado dinheiro para contas na Austrália com o objetivo de influenciar o julgamento de Pell. Esses fundos, supostamente enviados em segredo, levantaram suspeitas de que a condenação de Pell teria sido manipulada para remover sua influência no Vaticano.
3. Envolvimento da Máfia e Lavagem de Dinheiro
Algumas teorias mais profundas sugerem o envolvimento de redes de lavagem de dinheiro vinculadas ao Vaticano e à máfia italiana. Durante a revisão do caso das transferências financeiras entre o Vaticano e a Austrália, especulou-se que essas transações poderiam ter sido usadas para fins de lavagem de dinheiro.
Matthew O'Brien, especialista em finanças católicas, afirmou que as transferências financeiras entre o Vaticano e a Austrália apresentaram evidências que poderiam sugerir uma operação de lavagem de dinheiro em grande escala. Embora não haja provas conclusivas sobre o envolvimento direto da máfia, o fato de grandes somas de dinheiro serem movimentadas sem transparência levantou suspeitas.
4. Contexto de Corrupção no Vaticano
As finanças do Vaticano têm sido objeto de intenso escrutínio há anos, com várias alegações de desvio de fundos, corrupção e má gestão financeira. O próprio Pell, enquanto prefeito da Secretaria de Economia, liderou um esforço para reformar o sistema financeiro da Santa Sé, expondo irregularidades e buscando maior transparência. Sua prisão foi vista por alguns como uma forma de afastá-lo dessas reformas.
Pell foi, em muitos aspectos, um símbolo das tentativas de "limpeza" das finanças do Vaticano, e a sua queda abrupta levantou questões sobre quem se beneficiaria com a sua ausência.
Apesar das acusações de abuso sexual, das teorias de conspiração envolvendo Becciu e as suspeitas de lavagem de dinheiro, não foram apresentadas provas concretas que vinculem diretamente a máfia ao caso de Pell. No entanto, o caso trouxe à tona as complexas dinâmicas financeiras do Vaticano e destacou a luta interna por poder dentro da Igreja.
A investigação sobre as transferências financeiras entre o Vaticano e a Austrália e as supostas irregularidades continua, mas o papel da máfia, se houver, permanece obscuro. O caso continua sendo um dos mais polêmicos e complexos que a Igreja Católica enfrentou em tempos recentes.
Implicações Finais
O caso continua levantando questionamentos sobre a transparência das finanças do Vaticano e a relação entre a Cidade do Vaticano e outras instituições italianas. A revisão das transferências expôs as complexidades das transações financeiras internacionais e as falhas nos sistemas de codificação e monitoramento financeiro. A investigação continua e, até o momento, ainda não foram apresentadas conclusões definitivas sobre irregularidades.
REFERENCIAS: youtube, wikipedia, vatican news, terra, mundo estranho, verdades