VERDADES INCONVENIENTES

Blackwater e a atuação de mercenários pelo mundo - Parte 1

mercek topo1Cães de Guerra, ofício milenar, por Christophe Courau - Eficazes no plano militar, esses soldados de ofício, reunidos provisoriamente sob a liderança de um chefe forte, lutam por um soldo e pelo butim, mas não totalmente indiferentes ao país de origem, à honra e a legalidade. A ambição dos primeiros mercenários se restrinmge a ganhar dinheiro e a conquistar um ou dois castelos, mas, conforme os êxitos, a ambição aumenta. O avião da companhia particular francesa Aero Services Executive decola, em junho de 2002, do aeroporto parisiense de Bourget em ...

direção a Madagascar, onde Marc Ravalomanana, o novo presidente eleito, luta pelo poder com Didier Ratsiraka, seu predecessor. A bordo do aparelho estão 12 mercenários franceses, entre 30 e 61 anos. Marc Garibaldi, conhecido por suas atividades na República Democrática do Congo, é um deles. Por intervenção do governo francês, o avião aterrissa em Dar es-Salaam, na Tanzânia, onde é reabastecido. Logo depois retorna ao ponto de origem. Ao mesmo tempo, na África do Sul, três ucranianos - todos com cerca de 40 anos de idade - são interrogados. Incapazes de informar, com exatidão, o lugar onde devem permanecer em Madagascar, declaram simplesmente que "devemos encontrar certas pessoas no aeroporto".

Os dois acontecimentos levam Bernard Valéro, porta-voz do Ministério das Relações Exteriores, a "lembrar que a França condena vigorosamente esse tipo de ação". Assim como a tentativa, em dezembro de 2001, de desembarque de mercenários franceses no arquipélago de Comores, a operação em Madagascar é um verdadeiro fiasco, interrompendo uma série de intervenções bem-sucedidas entre os anos 1970-1980.

"Os atuais soldados de aluguel não têm muitas semelhanças com os \\`desprezíveis\\` dos anos 60, proscritos e homens fora da lei", comentam Philippe Chapelau e François Misser em seu livro Mercenários AS (Desclée de Brouwer, 1998).

Mercenários contemporâneos

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Repulsivos, mas também fascinantes, os mercenários de hoje, de acordo com esses autores, se aproveitam da "explosão da demanda proveniente de governantes em apuros, mas também de outros agentes, desejosos de operar em zonas de elevada insegurança: empresas, organizações internacionais ou humanitárias". Mas, se de alguma forma ainda se assemelham a aventureiros do fim do século XX, como Bob Denard, os novos mercenários são de fato herdeiros de uma longa tradição. O antigo Egito já utilizava mercenários líbios para guardar suas fronteiras. Da mesma forma, na Grécia ancestral inúmeros combatentes estrangeiros se engajavam nos exércitos das cidades, enquanto os próprios gregos prestavam serviços ao império persa. Cartago testemunhou uma terrível revolta de seus mercenários, que serviu de trama para o romance de Flaubert, Salambô. Iniciada em 241 a.C., essa guerra terminou em 238, quando o general Amílcar Barca cercou os revoltosos no desfiladeiro de Scie, onde 40 mil homens foram massacrados.

Tão antigo quanto o mundo, o mercenário é, segundo a definição do dicionário Larousse, "um soldado que serve, por dinheiro, a um governo estrangeiro". Esta acepção se aplica, porém, tanto à Legião Estrangeira francesa como à Guarda Suíça do Vaticano. Assim, preferimos outra, mais precisa: "Soldado que, mediante pagamento em dinheiro, luta por uma causa que não lhe concerne", proposta por Anthony Mockler em sua História dos Mercenários (Stock, 1969). O autor acrescenta outra definição: "Bando de soldados de ofício que se reúnem provisoriamente sob a liderança de um chefe de personalidade forte e que lutam pelo soldo e pelo butim, não totalmente indiferentes à honra, à legalidade e aos interesses de seu país de origem, mas acima de tudo eficazes no plano militar." A Organização da Unidade Africana, em 1977, e a ONU, em 1989, ofereceram também suas próprias definições de mercenário.

Ao longo da história, a questão do pagamento adquire diversas nuanças. Na Idade Média, durante a Guerra dos Cem Anos, os ingleses decretam que todo cavaleiro e soldado do exército real deve "receber um salário do rei", com autorização para conservar o que vierem a ganhar na guerra, seja em bens ou prisioneiros. Esse exército já não tem mais muita coisa em comum com uma tropa feudal, em que senhor e cavaleiros combatem juntos. O exército francês assume uma posição análoga. O rei da França, Felipe VI, promete um bom pagamento e generosas recompensas aos mercenários alemães e genoveses que combaterem sob sua bandeira.

Mas, em Crécy, os soldados genoveses são dizimados pelos arqueiros ingleses. Fugindo em debandada, os genoveses sofrem o destino reservado aos derrotados: os sobreviventes são exterminados pelos franceses. Dez anos mais tarde, o Tratado de Brétigny, de 1360, marca o fim do primeiro período do conflito, mas deixa sem recursos os grupos de cavaleiros e soldados de ofício que, assim, reúnem-se em companhias livres. Seus chefes se chamam Regnault de Cervoles (apelidado de o Arcipreste), sir Robert Knollys, Perrot le Béarnais, Geoffroy Tête-Noir, sir John Hawkwood, Bertrand de La Salle, ou Bertrand Du Guesclin, futuro condestável da França.

As companhias livres, alugadas e comandadas por senhores e príncipes, decidirão a sorte de todas as batalhas posteriores. Na batalha de Brignais (1362), elas se unem para enfrentar o exército feudal que o rei da França arregimentara para liquidá-las. Vencem de forma avassaladora. Jacques, conde da província de Marche e condestável da França, é morto e, graças aos resgates, os mercenários acumulam considerável riqueza.

Algumas companhias apoderam-se até mesmo de castelos nas duas margens do rio Ródano. O memorialista Froissart narra em suas Crônicas a história do Arcipreste que, com seu bando, invade a Provença e aterroriza de tal forma o papa Inocêncio VI que é, várias vezes, convidado a cear no castelo de Avignon, como se fosse o "filho do rei da França": não só os seus pecados são perdoados como ele recebe 40 mil moedas de ouro para distribuir entre seus companheiros. Armaduras como espelhos
Enquanto combatem para um príncipe que tem o direito de fazer a guerra, o modo de existência dos mercenários pode ser justificado. Mas quando chega um período de paz, este modo de vida se transforma. Sem recursos e sem o direito de pilhar ou extorquir seus contemporâneos, os mercenários se tornam meros bandidos.

Para se livrar deles, os franceses decidem enviá-los para longe. A grande companhia catalã é enviada para Constantinopla, onde cria um ducado autônomo em torno de Atenas que durará 63 anos. Outro destino é a Itália, Eldorado da época, dividida em vários principados rivais e cujos cidadãos preferem negociar a guerrear."Entre 1300 e 1375, quatro grandes ondas de companhias mercenárias invadem a Itália", informa Anthony Mockler. Os húngaros fundam uma tão grande "que se torna uma cidade-estado móvel, com uma administração interna meticulosa e que troca embaixadores em pé de igualdade com as repúblicas da Itália central.

Ela só devia fidelidade ao seu chefe, Fra Moriale, e recebia mais dinheiro para se afastar das cidades das quais se aproximava do que para lhes prestar serviços. Durante dois anos, os seus deslocamentos, reais ou presumidos, dominam a diplomacia e os assuntos políticos da Itália". Após a morte de Fra Moriale, é superada pelas companhias livres que o papa, instalado em Avignon, enviara para o outro lado dos Alpes. Na mais importante delas, a companhia branca, cada guerreiro pesadamente armado dispõe de um ou dois assistentes cujo trabalho consiste, segundo os cronistas da época, "em polir a armadura de tal forma que, quando os cavaleiros surgirem no campo de batalha, suas armas e couraças brilhem como espelhos, tornando-os mais temíveis". Mas o brilho das companhias começa a empalidecer.

Em 1379, "um marco divisório na história dos mercenários na Itália", segundo o historiador inglês, um antigo integrante da companhia branca, Alberico da Bardiano, que acaba de organizar a sua própria tropa inteiramente italiana, derrota os mercenários bretões do papa Clemente VII. Os condottieri italianos vão progressivamente substituir os comandantes estrangeiros e aperfeiçoar o ofício de mercenário. O condottiere - o mercenário - assina, na presença de uma notário, uma condotta, isto é, um contrato escrito, com um príncipe ou uma cidade. Em Florença há três tipos de contrato: a condotta a solda disteso, pela qual o soldado deve obedecer às ordens do general local; a condotta a mezzo solda, segundo a qual o condottiere é livre para invadir, quando e como desejar, os territórios do inimigo; e, por fim, a condotta in aspetto (espera), que corresponde aos tempos de paz. Habitualmente, o condottiere compromete-se também a não guerrear contra o seu último empregador.

A ambição dos primeiros mercenários se restringe a ganhar dinheiro, ocupar um ou dois castelos e impor seus serviços a um senhor, mas no final do século XV tudo muda. O apetite aumenta conforme os êxitos: os condottieri aspiram agora a formar principados independentes. Alguns se fazem duques, enquanto duques se tornam condottieri.

Entre esses grandes chefes podemos mencionar Muzio Attendolo, chamado de Sforza (1369-1424), camponês da Romagna cujo filho se tornará duque de Milão, e Braccio da Montone, que será senhor de Perúgia. Cada um deles organiza a sua própria escola de guerra. Os Bracceschi são conhecidos pela impetuosidade de seus ataques; os Sforzeschi, pela habilidade tática e pela rapidez das manobras. "A guerra na Itália torna-se cada vez mais refinada. No final de sua vida, Carmagnola trava uma grande batalha em que captura 5 mil cavaleiros e 5 mil soldados de infantaria: não houve mortos, embora o massacre dos cavalos tenha assumido proporções assombrosas", assinala o historiador britânico Anthony Mockler.

O primeiro exército

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Na França, o Tratado de Arras, em 1435, marca o fim da Guerra dos Cem Anos e a expulsão definitiva dos ingleses. Assim como o de Brétigny, o de Arras deixa no país numerosos soldados sem batalha. Carlos VII resolve o problema de maneira original. Ele remunera os bandos e forma assim o primeiro exército permanente e regular da Europa. Entretanto, como esclarece Michel Pene em um artigo no Cahiers de Mars (1998), "a França continua a recorrer a contingentes suíços: Francisco I recruta cerca de 160 mil, que são depois organizados por Carlos IX em guardas suíças. (...) Somente no final do século XVII, as exigências da política levarão, quase em toda parte, à constituição de exércitos nacionais. A partir de então, os suíços especialmente passam a formar uma guarda particular a serviço dos reis da França e não tanto uma tropa de combate".

Mas os soldados estrangeiros ainda constituem, freqüentemente, a maior parte dos exércitos "nacionais". A Inglaterra recorre a milhares de holandeses, austríacos e prussianos para conduzir as guerras de sucessão na Espanha e, depois, a Guerra dos Sete Anos e a guerra na América. Ainda que, como lembra Penne, "Kant condene o ofício de mercenário e Goethe reprove os mercenários derrotados por George Washington em 1776", somente com o advento do estado-nação o ofício se torna vergonhoso.

Com a Revolução, 1 milhão de franceses passa a empunhar armas. Em 1798, o general Jourdan institui o alistamento geral, prática desconhecida na Europa desde o declínio do feudalismo. O estado-nação torna-se a nação armada. O massacre nas Tulherias é o "sinal do desaparecimento do mercenário profissional que vendia seus bons e leais serviços aos empregadores tradicionais", sugere Mockler. E acrescenta: "Após a Revolução Francesa considera-se que cada um deve lutar por sua pátria e que é desonroso servir a outro país." O século XIX testemunha o gradual desaparecimento dos soldados de aluguel na Europa.

A guerra de 1870 é assim o primeiro conflito controlado inteiramente pelos estados-nações. Somente na segunda metade do século XX, e após o fim dos impérios coloniais na África, os mercenários reaparecerão nos campos de batalha. O best-seller de Jean Lartéguy, Les Chimères Noires, é baseado na história do coronel Trinquier em Kananga, no Zaire.

O mercenário torna-se um aventureiro dos tempos modernos. É a época em que um certo Bob Denard, liderando os seus "desprezíveis", começa a se fazer conhecido. Nos anos 90, "a intensificação das atividades mercenárias em todos os continentes é, em parte, um efeito do aumento da mão-de-obra disponível produzido pelo fim da Guerra Fria e do apartheid", explicam Chapleau e Misser em Mercenários AS. Trata-se de uma reconversão para os ex-soldados do Pacto de Varsóvia e da África do Sul que, hoje, vendem os seus serviços para as multinacionais.


Blackwater (Xe) – O Maior exército mercenário do mundo

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A Xe, antigamente conhecida como Blackwater, é atualmente o maior exército mercenário do mundo, com diversos contratos com o governo do EUA, atuaram muito no Iraque, causando muitas mortes de civis, pois graças a uma jogada politica, eles são imunes à Justiça iraquiana e não estão sujeitos à disciplina das forças regulares americanas. A blackwater sempre esteve envolvida em escândalos, um dos maiores deles envolveu o dono da empresa, onde foi acusado de matar 17 concorrentes de outras empresas do tipo. O cara é do mal mesmo.

Estima-se que a empresa já faturou mais de 1 bilhão em contratos, os mercenários ganham salários bastante generosos, nem se compara com as Forças Armadas.
A Blackwater foi criada na Carolina do Norte em 1996. Nas redondezas há um pântano de águas negras, por isso o nome: Blackwater. A empresa possui mais de 2,3 mil seguranças particulares operando em nove países, inclusive dentro dos EUA. Possuem um banco com mais de 21 mil ex-agentes e soldados de Forças Especiais e policiais aposentados, que pode convocar a qualquer momento. A companhia possui uma frota particular de mais de vinte aeronaves (incluindo “Super Tucanos”, helicópteros de combate e zepelins e aviões não-tripulados de reconhecimento). O quartel general possui 28 quilômetros quadrados em Moycock, na Carolina do Norte.

É a maior instalação militar privada do mundo! Além disso, é a mais moderna, realiza o treinamento de agentes da lei locais ou federais (FBI, por exemplo), bem como, soldados de países “amigos”. A Blackwater está construindo outros campos pelos EUA e um de treinamento na selva filipina. Os agentes da companhia são do mundo todo (Filipinas, Chile, Nepal, Colômbia, Equador, El Salvador, Honduras, Panamá e Peru), mas de países com longa ficha de ditaduras e desrespeito aos direitos humanos. Na seleção da Blackwater, os inscritos indicam sua experiência com o fuzil AK-47, Glock 19, M-16, carabinas M-4, metralhadoras, morteiros, foguetes e granadas, assim como se já pertenceram ou atuaram como franco atiradores, pilotos, peritos em explosivos e experiência em unidades de assalto.

mecek4 Erick Prince

O dono da companhia é Erik Prince, um bilionário, com grandes doações para candidatos republicanos. Erik, embora rico, fez parte do SEAL Team 8, da Marinha. Permaneceu por 4 anos na elite das forças armadas americanas e se associou a Al Clark para fundar a empresa. Al Clark foi durante onze anos um dos principais instrutores de tiro da elite da unidade (SEAL), ou seja, instruía a elite de atiradores da unidade de elite de todas as forças armadas da maior potência militar do planeta. O conceito da empresa nasceu para superar os campos de treinamento da elite das forças americanas.

Os dois queriam um campo de treinamento superior a tudo que existia até então. Conseguiram, hoje a Blackwater possui um centro de referencia mundial no treinamento de agentes. Inclusive, a empresa exporta tecnologia de treinamento, como alvos móveis e cenários “reais” de conflitos. A companhia produz carros blindados e aviões espiões (chamado Polars) para o governo dos EUA, em suma, é uma empresa de porte transnacional.


Monsanto Compra Blackwater, o Maior Exército Mercenário do Mundo

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02/08/2013, por Alexandre Esteves - Um relatório de Jeremy Scahill em The Nation revelou que o maior exército mercenário do mundo, Blackwater (mais tarde renomeada Xe Services e, mais recentemente, “Academi”), serviços de inteligência clandestinas foi vendida para a multinacional Monsanto. Blackwater foi rebaptizada em 2009 depois de ter sido exposta ao mundo, com inúmeros relatos de abusos no Iraque, incluindo os massacres de civis. Blackwater continua a ser o maior contratante privado do Departamento de Estado dos EUA de Serviços de Segurança, que pratica o terrorismo de estado dando ao governo a oportunidade de negá-lo e escondê-lo.

Muitos oficiais da CIA e ex-militares trabalham para a Blackwater ou empresas relacionadas, criadas para desviar a atenção de sua má reputação e ganhar mais lucro vendendo os seus serviços, que varia desde a infiltração de informação e inteligência, lobby político e treinos paramilitares de forma a servir outros governos, bancos e empresas multinacionais. De acordo com Scahill, os negócios com multinacionais, como a Monsanto, Chevron, e gigantes financeiros como o Barclays e o Deutsche Bank, são canalizados através de duas empresas de propriedade de Erik Prince, dono da Blackwater: Total Intelligence Solutions e Terrorism Research Center. Esses directores e conselheiros estão ligados à Blackwater.

mercek6 Cofer Black

Um deles, Cofer Black, conhecido pela sua brutalidade como um dos directores da CIA, foi quem fez contacto com a Monsanto em 2008, como director da Total Intelligence, para contratar a empresa para espionar e infiltrar organizações de direitos das pessoas e animais e actividades anti-transgénicas por parte dos gigantes de biotecnologia. O executivo da Monsanto, Kevin Wilson, recusou-se a comentar sobre o acordo, mas mais tarde confirmou ao The Nation que tinham contratado a Total Intelligence em 2008 e 2009, apenas para manter o controle de “informações públicas” dos seus opositores, de acordo com a empresa genocida, a Monsanto. Ele também disse que a Total Intelligence era uma “entidade completamente separada da Blackwater”.

Contudo, Scahill tem cópias de e-mails de Cofer Black, após a reunião com Wilson da Monsanto, onde explica a outros ex-agentes da CIA, usando os seus e-mails da Blackwater, que a discussão com Wilson foi que a Total Intelligence tornou-se o “braço de inteligência da Monsanto, que foi usado para espionar activistas e a oposição contra os transgénicos e contar como infiltravam agentes para desestabilizar as pessoas nesses grupos legalmente. Monsanto pagou $ 127.000 em 2008 e US $ 105.000 em 2009 para a Total Intelligence de forma a realizar esse monitoramento. Não é à toa que uma empresa se dedique há “ciência da morte”, como a Monsanto, que tem se dedicado desde o início para produzir venenos tóxicos como o Agente Laranja PCBs (bifenilas abordando poli clorados), pesticidas, hormónios e sementes geneticamente modificadas, esteja associada a outra empresa de bandidos.

Quase simultaneamente com a publicação deste artigo no The Nation, a Via Campesina informou a compra de 500.000 acções da Monsanto, por mais de US $ 23 milhões até à Fundação Bill e Melinda Gates, que com esta compra de acções, tem concluído a retirada da máscara da “filantropia de Gates, ¨. Esta poderia ser uma outra associação que não é surpreendente em tudo… Uma vez que é um casamento entre os dois monopólios mais brutais da história do industrialismo: Bill Gates controla mais de 90% da quota de mercado de computação de propriedade e Monsanto detém cerca de 90% do mercado global de sementes transgénicas e sementes comerciais global. Não há nenhum outro modo monopólio brutal dentro da indústria, cuja própria existência é uma negação do princípio alardeada de “competição do mercado” do capitalismo. Tanto Gates e Monsanto são muito agressivos na defesa dos seus monopólios.

mercek7 Bill Gates

Apesar de Bill Gates poder tentar dizer que a Fundação não está ligada ao seu negócio, tudo isto prova o contrário: a maioria das suas doações acabam favorecendo os investimentos comerciais do magnata, realmente não doa nada, mas em vez de pagar impostos para cofres do Estado, ele investe os seus lucros onde é favorável financeiramente (paraísos fiscais), incluindo propaganda das suas supostas boas intenções através da mainstream media. Por outro lado, a Fundação Bill Gates não esconde as suas “doações” para projectos destrutivos como a Geoengenharia ou a substituição de medicamentos naturais da comunidade por medicamentos patenteados de alta tecnologia nas áreas mais pobres do mundo. Que coincidência, o ex-secretário da Saúde, Júlio Frenk e Ernesto Zedillo são conselheiros da Fundação.

Como a Monsanto, Gates também está envolvido na tentativa de destruir o pequeno agricultor e a agricultura rural em todo o mundo, principalmente através da “Aliança para uma Revolução Verde na África” ??(AGRA). Ele funciona como um cavalo de Tróia para despojar os agricultores africanos pobres das suas sementes tradicionais, substituindo-os por empresas de sementes geneticamente modificadas, como a Monsanto. Para este fim, a Fundação contratou Robert Horsch em 2006, o director da Monsanto. Agora Gates, ambiciona grandes lucros financeiros, pois ele foi directo à fonte.

Blackwater, Monsanto e Gates são três lados da mesma moeda: a máquina de guerra genocida contra o capitalismo, contra o planeta e a maioria das pessoas que o habitam, os camponeses, as comunidades indígenas, as pessoas que querem compartilhar informações e conhecimentos ou qualquer outro que não quer estar na égide do lucro e destruição do capitalismo. Em tantos meios de comunicação, editorialistas e blogueiros que pretendem espalhar a notícia da compra da Blackwater pela Monsanto, haveria de ser considerada um “engano”?

Esta é uma boa pergunta. O mais alerta de nós poderia suspeitar de um incentivo financeiro próprio destes “jornalistas” da Monsanto. A Monsanto contratou uma equipa de relações públicas para encontrar blogs críticos e sites que relatam os crimes contra a natureza e a humanidade. Nós vimos em primeira mão nos comentários sobre os artigos sobre Monsanto em PoliticalBlindSpot.com. Não é fora do reino das possibilidades que têm sido capazes de criar blogs onde os autores escrevem pensamentos orgânicos aparentemente legítimos, comentários e refutações em favor da empresa mega-Monsanto. Esses sites estão disfarçados como as pessoas na vida real, quando são, na verdade, trabalho de relações públicas para o maior inimigo do planeta, a MONSANTO.

Mas o argumento central daqueles que dizem que a compra da Blackwater não ser verdade, é o facto de que ser possível documentar oficialmente a contratação da Blackwater pela Monsanto durante anos. Devido à natureza de como ocorre a venda, é impossível documentar uma eventual venda. A conclusão óbvia e lógica a esta informação privilegiada (em particular na indústria de segurança privada) é de que a venda é real, de facto, a Monsanto é quem tem andado a contratar este tipo de empresas.

Não há nenhuma maneira de documentar oficialmente quem são realmente os proprietários da BlackWater, mas a conclusão lógica seria a de que é a Monsanto, que tem vindo a utilizar estes mesmos mercenários antes da venda. Isto, é claro, também tem um senso de sigilo em torno do negócio e da identidade dos novos proprietários. A empresa foi comprada por investidores privados, por meio de empresas de capital privado que não precisa de divulgar publicamente qualquer um dos seus relacionamentos. Além disso, o Bank of America tem proporcionado grande parte do financiamento de US $ 200 milhões para este acordo genocida. Não é por acaso que há alguns meses atrás foi aprovada uma lei no Congresso dos EUA, que retira qualquer responsabilidade sobre a Monsanto… e agora, compram a maior empresa de mercenários do mundo. Está tudo interligado, siga o dinheiro e você vai descobrir a verdade!


Blackwater: Agência ianque de mercenários quer atuar na América do Sul

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2008 - Todos os anos, a Universidade Sonoma State, na Califórnia, publica o índice do chamado "Projeto Censurado". Trata-se de uma lista dos 25 assuntos mais boicotados pelo monopólio dos meios de comunicação do USA. São aqueles temas que as grandes emissoras de TV e os grandes jornalões, comprometidos com o poder imperialista, mais se esmeram para manter por debaixo dos panos. Na edição de 2008 do "Censurado", relativo ao que aconteceu no ano de 2007, pode-se ver na sétima posição do ranking o ítem "Por trás da Blackwater Inc".

Para medir as notícias mais sonegadas aos cidadãos do USA pelos veículos de massa ao longo de um ano, professores da Sonoma State enumeram os assuntos mais divulgados em pequenas emissoras de rádio e de TV, veículos alternativos da internet e em pequenas publicações voltadas para as classes populares. A sétima novidade mais difundida por estes veículos no ano passado — e a mais censurada pelos jornalistas e donos da grande imprensa — foi o lançamento do livro Blackwater: A ascensão do mais poderoso exército mercenário do mundo, do jornalista Jeremy Scahill.

Scahill, jornalista de um programa de rádio e TV chamado Democracy Now!, investigou o que chama de "nossos mercenários no Iraque": cerca de 20 mil indivíduos contratados pela administração Bush que compõem no Iraque a maior base militar privada do planeta, todos funcionários da Blackwater Security Consulting. Em uma palavra, mercenários. Mercenários que contam com a logística nada modesta de uma central de inteligência e uma esquadrilha de dezenas de aviões e helicópteros para reprimir o povo iraquiano.

OPRESSÃO MILITAR PRIVATIZADA

A Blackwater é uma empresa pioneira. Ela abocanhou os primeiros contratos ditos de "segurança" da estratégia ianque de dominação mundial pela via de aparatos militares privatizados — estratégia concebida pela nata da intelectualidade reacionária dos USA, ligada ao mesmo tempo ao poder dos monopólios ianques e ao alto escalão da administração Bush, o que no fim das contas dá no mesmo. Estes objetivos estão esquadrinhados no "Projeto para um Novo Século Americano" (PNAC, na sigla em inglês), elaborado em 1997 por gente como Dick Cheney, Donald Rumsfeld e Paul Wolfowitz. No ano 2000, pouco antes das eleições ianques, a mesma laia redigiu um documento chamado "Reconstruindo as defesas americanas: estratégia, forças e recursos para um novo século". O texto lançou as bases dos rearranjos da estratégia imperialista do USA para o século XXI. As condições para que o império passasse a terceirizar sua máquina assassina estavam criadas.

Hoje, são contratos de até 500 milhões de dólares, como aquele assinado com o Pentágono para, entre outras "missões", cercar de mercenários assassinos o perímetro da embaixada ianque em Bagdá, escolta de autoridades no Iraque e operações de apoio ao exército do USA no Oriente Médio. Quando pessoas foram torturadas, humilhadas e ridicularizadas na prisão de Abu Ghraib, mercenários da Blackwater puderam ser vistos nas imagens que vazaram e correram o mundo.

'DIVERSIFICAR OS NEGÓCIOS'

Caso alguma universidade brasileira se disponha a fazer um levantamento dos assuntos que mais são escondidos do povo pelo monopólio dos meios de comunicação, certamente iríamos nos deparar com uma notícia sobre a Blackwater que envolve o nosso continente e, por conseguinte, nosso país. A notícia é a seguinte: a maior fornecedora de mão-de-obra paramilitar para a administração Bush está de olho grande na América Latina, que vê como "mercado futuro". E quem diz isso é o mesmo Jeremy Scahill que escreveu o livro que desnuda magistralmente os negócios escusos entre o governo ianque e a companhia dita de "serviços de defesa independentes". Scahill diz que a Blackwater está em ascensão meteórica desde os acontecimentos de 11 de setembro de 2001, e está se convertendo em um dos poderes mais influentes sobre o complexo militar-industrial do USA. Em declarações à agência de notícias EFE no início do último mês de maio, ele disse que a empresa de mercenários conseguiu lucros recordes nos últimos dois trimestres, o que vem animando sua direção no sentindo de "diversificar os negócios", por assim dizer.

Como se sabe, a moderna empresa capitalista não pode parar, não pode arrefecer em sua sanha de reproduzir o dinheiro, não pode se contentar com ótimos resultados financeiros em mercados consolidados, sob pena de espantar investimentos, ver reduzir o valor de suas ações e cair no limbo da suspeita de estagnação que assombra as companhias que não conseguem apresentar ganhos com razão exponencial a cada prestação de contas. Por isso a Blackwater estaria buscando "se adaptar a novas realidades", o que, segundo Jeremy Scahill, passaria por estender sua área de atuação até a América Latina. Talvez os executivos da empresa ianque tenham se animado com a longa história de repasse de dinheiro do USA aos paramilitares da Colômbia que há décadas aterrorizam o povo daquele país. Pois foi exatamente um plano "contra as drogas" a ser implementado no México e na própria Colômbia que o Pentágono encomendou à Blackwater, acenando com um primeiro contrato de nada menos do que 15 milhões de dólares para a contratação de mercenários recrutados nos países do continente.

LULA FAZ NEGÓCIO COM OS MERCENÁRIOS

"O futuro passa pelo treinamento e pela preparação de militares latino-americanos, com o objetivo de ter pequenas equipes paramilitares trabalhando para estas empresas na América Latina", diz Scahill. Sim, "estas empresas", porque a Blackwater é a maior e mais sanguinária, mas não é a única prestadora de serviços mercenários para os fins imperialistas do USA. Existem ainda a britânica Aegis e as americanas Triple Canopy, Zapata, Titan e CACI, entre outras. Nem tampouco o Iraque é o único teatro de operações da Blackwater, o que mostra que a disposição para "diversificar os negócios" já está a todo vapor. Além do Pentágono, a CIA também já se vale de seus serviços paramilitares para reprimir o povo do Afeganistão. Em 2005, depois de o furacão Katrina devastar a cidade de Nova Orleans, os mercenários contratados pela empresa foram deslocados para a área afetada ao custo de 950 dólares por homem, pagos com dinheiro público do USA a fim de conter a revolta de seu próprio povo.

E uma notícia ainda mais fresca sobre a Blackwater envolve diretamente a gerência Luiz Inácio. No dia 25 de fevereiro deste ano, o Estado brasileiro entregou uma encomenda feita pela empresa. O produto? Um avião militar Super Tucano. A aeronave foi vendida na surdina pela Embraer para esta firma de contratação de assassinos que vem sendo investigada pelo próprio Congresso do USA. O negócio contou com autorização expressa da presidência da República depois de contatos diretos com o governo ianque. Noves fora a imoralidade óbvia, a legislação brasileira proíbe a venda de equipamentos militares para empresas particulares e para uso em guerras ou conflitos já existentes quando do momento da negociação.

PARTE 2