O Grande Contraste: Metade do Mundo Sofre, a Outra Metade Fatura

O Grande Contraste: Metade do Mundo Sofre, a Outra Metade Fatura

Enquanto o mundo enfrenta crises econômicas, uma indústria segue crescendo como se estivesse em um happy hour de lucros.  Pois é, estamos falando da indústria de armamentos — ou, como gosto de chamar, "o setor que nunca tira férias". Entre 2010 e 2011, nenhum outro ramo da economia cresceu tanto quanto esse. E quando digo "tanto", estou falando de números que dariam inveja até ao cofrinho mais cheio: um aumento de 14% nas vendas globais de armas e equipamentos militares. Isso mesmo, enquanto muitos sofriam com a crise financeira, as empresas de armamento riam à toa.

Mas calma lá, porque tem mais. Segundo o Instituto de Investigação da Paz de Estocolmo (Sipri), só as 100 maiores empresas desse setor movimentaram impressionantes 465,77 bilhões de dólares em 2011 . Para você ter uma ideia, isso é quase o PIB de países inteiros! E adivinha quem está pagando essa conta? Sim, nós, os contribuintes. Afinal, são nossos impostos que financiam boa parte dos orçamentos militares globais. Ou seja, enquanto você economiza na hora de fazer compras no supermercado, talvez esteja ajudando sem saber a encher os bolsos das gigantes do mercado bélico.

Por Que as Guerras São Um Negócio Tão Lucrativo?

Aqui vai uma verdade dura de engolir: guerras não acontecem por acaso. Muitas vezes, elas são fabricadas, manipuladas ou justificadas com narrativas questionáveis. Lembra-se das famosas "armas químicas" de Saddam Hussein, que nunca foram encontradas? Esse foi apenas um exemplo de como histórias podem ser criadas para justificar intervenções militares — e, claro, vender mais armas.

As empresas que dominam esse mercado sabem muito bem disso. Na lista das 10 maiores companhias do setor, 7 delas são dos Estados Unidos. E olha só que curioso: essas mesmas empresas também estão na vanguarda da tecnologia de drones , os aviões não tripulados que hoje são a sensação do combate moderno. Parece até aquele ditado: "Se você quer algo feito, contrate quem sabe usar robôs."

Entre as líderes do ranking está a Lockheed Martin , cujo faturamento em 2011 chegou a 36,27 bilhões de dólares . Isso é mais dinheiro do que algumas pequenas nações arrecadam em décadas! A empresa americana é especializada em mísseis, eletrônica e tecnologia espacial — ou seja, ela literalmente domina o céu e o espaço. Logo atrás vem a Boeing , outra gigante que produz desde aviões comerciais até tanques de guerra. Juntas, essas duas empresas empregam centenas de milhares de pessoas. Mas será que todos esses postos de trabalho compensam o custo humano das guerras?

Os Números Que Você Precisa Conhecer

Vamos dar uma pausa para refletir sobre alguns dados chocantes:

  • As 10 maiores empresas de armamentos representam metade de todas as vendas do setor global.
  • Só nos EUA, as empresas controlam cerca de 60% do mercado mundial de armas. Isso explica muita coisa sobre a influência americana em conflitos internacionais, né?
  • Desde 2002, o crescimento acumulado das vendas dessas empresas foi de 60% . Enquanto isso, outras indústrias mal conseguiam sobreviver à crise.

E sabe o que é mais insano? Mesmo com tantos recursos sendo direcionados para a produção de armas, ainda há cortes de empregos nesse setor. Por exemplo, a Northrop Grumman reduziu sua força de trabalho de 117 mil para 72 mil funcionários entre 2010 e 2011. Então, fica a pergunta: se a indústria é tão lucrativa, por que demitir? Talvez porque, afinal, máquinas e drones precisam de menos gente do que soldados humanos...

Aqui estão as 10 maiores empresas de armamentos que representam metade de todas as vendas do setor global

  1. Lockheed Martin (EUA)
  2. Boeing (EUA)
  3. BAE Systems (Reino Unido)
  4. General Dynamics (EUA)
  5. Raytheon (EUA)
  6. Northrop Grumman (EUA)
  7. EADS (União Europeia - atualmente Airbus Group)
  8. Finmeccanica (Itália - atualmente Leonardo S.p.A.)
  9. L-3 Communications (EUA - atualmente L3Harris Technologies)
  10. United Technologies (EUA - atualmente parte da Raytheon Technologies após fusão)

E Se Houver Paz?

Essa é uma questão que poucos gostam de discutir abertamente. Imagine só: e se, num futuro improvável, o mundo resolvesse investir em paz ao invés de conflitos? O que aconteceria com essas empresas? Será que elas iriam começar a fabricar brinquedos ou bicicletas? Parece meio utópico, né? A verdade é que, para muitas dessas corporações, a paz seria um grande problema. Elas dependem de novos conflitos para manter seus negócios funcionando. É como aquela frase clássica: "Sem inimigos, não há heróis."

Mas não pense que isso é exclusividade dos EUA. Empresas europeias, como a BAE Systems (do Reino Unido) e a EADS (da União Europeia), também estão no páreo. A Finmeccanica, da Itália, por exemplo, embora menor em tamanho, ainda movimentou 14,56 bilhões de dólares em vendas. Até parece que existe uma competição global para ver quem consegue construir a arma mais letal.

O Futuro Está Nos Drones

Se você acha que já viu tudo, prepare-se para o próximo capítulo dessa história. Com o avanço da tecnologia, os drones estão se tornando as estrelas do show militar. Esses aviões não tripulados permitem realizar ataques sem colocar tropas em risco, o que soa prático — mas também levanta questões éticas enormes. Quem decide quando atacar? Uma máquina pode julgar melhor do que um ser humano?

Além disso, a popularização dos drones abre caminho para novas possibilidades (e preocupações). Já imaginou entregas feitas por drones adaptados para carregar explosivos? Ou cidades inteiras monitoradas por essas máquinas? É assustador, mas infelizmente não está tão distante da realidade.

Um Mundo Demente?

Voltando à nossa reflexão inicial, realmente dá para chamar tudo isso de "racional"? Vivemos em um planeta onde gastamos meio trilhão de dólares por ano apenas com as 100 maiores empresas de armamentos. Isso é dinheiro suficiente para resolver problemas urgentes como fome, saúde e educação em escala global. No entanto, preferimos alimentar máquinas de guerra.

Talvez o maior paradoxo seja que muitas dessas empresas recebem prêmios e reconhecimentos, enquanto suas atividades perpetuam ciclos de violência. Como disse George Orwell certa vez: "A guerra é a paz." Estranho, não? Mas faz sentido quando pensamos em como os conflitos continuam sendo usabizados para justificar lucros astronômicos.

Então, da próxima vez que você ouvir notícias sobre uma nova crise internacional, lembre-se deste artigo. Pergunte a si mesmo: quem realmente sai ganhando com tudo isso?